Merlin andava de um lado ao outro da sala, tinha muitas perguntas em sua mente, Como? Quando? Por quê? E a mais importante, E Evelyn? Mas sabia que precisava se acalmar antes de falar qualquer coisa.

- Fale Merlin, - falou Arthur com uma mão na cabeça como se tentasse aplacar uma dor que já houvesse se alojado – Eu sei que tem um monte de questões para fazer e eu não quero perder tempo.

- Por que você inventou isso? Antes de qualquer coisa me responda o porquê.

- Porque eu não posso deixar minha irmã mal falada – respondeu Arthur como se fosse a coisa mais simples do mundo.

- Por isso, ninguém ao menos saberia, eu poderia manter ela aqui seria simples e depois seria mais fácil de executa-la depois.

- Você teria mesmo corajem de executa-la Merlin – o bruxo não respondeu, não havia como dizer que a protegeria apesar de tudo o que ela havia feito, nem expressar com palavras o que sentia por ela, como poderia explicar toda a energia que havia em uma simples troca de olhar, como explicar o que havia sentido naquela bendita noite quando os corpos se tocavam da forma mais intima de que se tinha noticia, não tinha como explicar a explosão de felicidade que passou por ele em um simples segundo quando acordou ao seu lado naquela manhã e menos ainda como havia sido difícil abandona-la ali deitada, parecia que Morgana sempre levava um pedaço de seu coração. Sem nenhum tipo de previsão de resposta o rei continuou – Existe outra coisa, eu acredito que você possa recuperar alguma coisa da antiga Morgana, e tenho quase certeza que só você pode fazer isso, por isso quero que case com ela, por isso eu tive essa ideia, se não der certo, eu vou fazer o que o meu povo achar melhor, mas antes eu tenho que tentar.

- Eu entendo – respondeu Merlin, no fim das contas havia pensado isso tantas incontáveis vezes, era bom saber que alguém pensava da mesma forma, mas ainda tinha algo lhe incomodado, uma coisa com nome e jeito próprio. – mas e Evelyn?

- Você terá que falar a verdade para ela Merlin – respondeu ele, era fantástico como seu amigo havia crescido e agora realmente parecia um rei, o rei que seria lembrado mesmo depois que todo o mundo se esquecesse de seu passado, u m rei que duraria gerações e milênios e milênios.

- Não sei como farei isso, pois eu a...

- Não Merlin, você não a ama, você pode desejar ama-la, mas não a ama – ele respondeu – Eu vejo o jeito que você e Morgana se tratam desde a primeira vez que esteve em Camelot, você e minha irmã são como eu e...- Arthur sabia que a pause poderia gerar duvidas, mas a verdade era essa, Gwen não era o nome que seu coração clamava a noite, mas era o que todos acreditavam - Gwen, podem se interessar por outras pessoas, mas no fim, é a ela que você ama e não há nada que se possa fazer contra.

A realidade o bateu com a força de mil dragões, sabia que Arthur estava certo, essa brincadeira de ping-pong com Morgana e Freya era apenas uma forma de esconder algo que a poucos anos seria impossível e isso foi a desculpa perfeita para tudo desde então, mas a verdade era que Morgana havia o encantado antes mesmo que ele falasse com ela pela primeira vez, com Morgana havia sido amor a primeira vista, não um amor ardente, mas um amor doce e ardente, calmo e devastador, um amor que não seria fácil de ser deixado para trás.

- Eu não posso machuca-la – ele murmurou com a cabeça baixa – E é o que irei fazer.

- Ira machuca-la mais se ficar com ela por pena e pior, ira machucar a si mesmo, a Morgana e a criança. - ainda era difícil ter um Arthur tão sábio próximo a si, mas de certa forma era bom ter alguém para manter seus pés no chão em meio a esse enorme furacão, nessas horas era que ele conseguia ver como era bom ter um amigo como Arthur, não como o Rei Arthur, mas simplesmente Arthur – Você e Morgana irão para Camelot? – perguntou o rei e Merlin assentiu.

- Eu vou avisa-la – ele falou.

As portas se fecharam com suavidade atrás de si, sabia que tudo o que ouvira do amigo era verdade, mas mesmo assim, não havia forma fácil de se fazer acreditar naquilo, Morgana era e sempre foi o amor da sua vida, mas aceitar aquilo significava deixar de lado todos os seus valores e tudo o que aprendeu em todo o tempo em que esteve em Camelot e ainda havia um outro porque, a companhia constante de Morgana e os resquícios do feitiço ainda estavam presentes quando se deitou com a bruxa, mas tinha certeza que esse sentimento tinha sido enterrado junto com ela quando aquela torre caiu e ela deixou Camelot.

Ele não se deu conta de nada até estar de frente para seu quarto, a mão tocou a fria fechadura de metal sabia que precisava pelo menos tentar dar uma chance a essa Morgana e foi com esse pensamento que abriu a porta e adentrou o recinto.

Morgana estava ali, a mão, firmemente presa envolta dos braços da serva e a palavra de uma ameaça sondando pelo ar:

- Se você fizer qualquer coisa contra mim – a voz da bruxa era firme e ameaçadora e Merlin não teve duvidas que a ameaça se dirigia a serva em sua frente – Você ira se arrepender de ter feito.

- Largue-a – até esse momento Merlin não sabia quem era a serva em questão, mas quando Morgana o viu largou o braço da jovem que correu até ele.

- Merlin – choramingou ela, os olhos do bruxo sustentavam os de Morgana da em uma batalha silenciosa e ininteligível, Morgana sabia o que passava pela mente do senhor, mas ele não fazia ideia do que acontecido.

- Acalme-se Evelyn – falou ele – Vamos lá fora para conversarmos – ele pediu.

- Deixe que eu saio – respondeu Morgana – Fique a vontade Evelyn, conte o que achar necessário.

Ela saiu com as saias rodando, Evelyn sentou-se junto de Merlin e apoiou a cabeça em seu peito com lágrimas nos olhos, querendo ou não vê-la daquela forma o deixava mal.

- Eu vim ver como ela estava, só isso, eu não pedi nada, não falei nada e ela me ameaçou. – ela a soltou e pegou apenas as mãos.

- Eu sei do que ela é capaz, mas porque disso? Eu preciso ao menos saber se você sabe de alguma coisa.

- Não – ela respondeu olhando para os seus pés.

- Você tem certeza?

- Por favor, Merlin, eu tenho medo – ela sussurrou, com as lágrimas ainda no canto dos olhos e encarando o chão, Merlin não falou mais nada – Posso me retirar senhor?

- Claro, não vou lhe prender aqui – ele respondeu – fique bem Evelyn.

Ela caminhou até a porta devagar, não era aquele andar que o prendia como o de Morgana e sim um andar tímido, como quem esconde algo.

- Não sei por que falam que você a ama – ela falou – Não importa quem ela foi no passado, eu não consigo ver você apaixonado por ela.

E saiu sem pronunciar, mais nenhuma palavra.