Sweet Cherry escrita por Kamiille


Capítulo 8
Capítulo 8 - Amor a primeira vista, destino.


Notas iniciais do capítulo

Eu só acho a Rosa meio exagerada. Só acho. u.u



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-Ahn, eu quero de pistache. –Lysandre havia pedido um de chocolate.

A menina assentiu. Ela pareceu meio atordoada. Achei que era por causa de Lysandre... Pelo menos eu não era a única garota que ficava assim perto dele.

Nós tínhamos dado uma volta no shopping antes de finalmente ir para a sorveteira.  

-Então você também toca guitarra? –Lysandre passou os dedos na corrente que eu estava usando na forma do meu instrumento.

-Sim... –Me arrepiei com o seu toque.

-Não me surpreende que se de bem com Castiel... –Ele estava encarando a corrente como se fosse um oraculo ou um telescópio que mostrava outro mundo ou outra dimensão... Ok, se Castiel precisava parar de assistir filme de tortura, eu precisava parar de assistir filme de ficção.

Então me veio na cabeça que se Castiel não falava nada, poderia conseguir alguma informação com Lysandre...

-Ei, por que você e Castiel não... Bem, parecem meio... Inimigos? –Levantei uma sobrancelha pra ele.

Ele soltou a guitarra no meu pescoço subitamente. Como se o outro “mundo” que ele estava vendo por ela tivesse em caos ou se destruindo.

Ele suspirou. E chegou a abrir a boca para falar alguma coisa... Quando a garçonete ruiva voltou.

-Aqui está o sorvete. –Dessa vez ela falou mais segura e chegou até dar uma piscadinha para Lysandre que a ignorou.

-Vamos nos sentar ali. –Ele pegou o meu sorvete e o dele, depois de pagar a garçonete atirada e eu o segui para a mesinha mais próxima.

Eu esperava que ele fosse continuar a falar o que estava prestes a dizer e finalmente matar minha curiosidade, mas ele ficou em silêncio. Um silêncio desconfortável.

-E então... ? –Tentei puxar novamente o assunto.

-Acho melhor você perguntar para ele já que vocês se conhecem há mais tempo. –Ele disse finalmente.

-Eu já tentei. –Confessei. –Mas ele não quis contar.

-Então acho melhor que seja assim. –Ele colocou uma colherada do sorvete na boca.

-Mas eu quero saber! –Porra!

Ele deu um sorriso. Não aquele sedutor “Colgate”, um sorriso mais metido.

-Um dia você saberá. –Ele tomou outra colherada do sorvete. –Não vai comer o seu? Está derretendo...

Suspirei. Mas comecei a toma-lo.

-Não fique assim. –Ele tirou uma mexa de cabelo do meu rosto. –Vamos conversar sobre outra coisa. –Ele pensou brevemente. –Você irá nesse tal passeio biológico?

-Provavelmente. A praia não é muito a minha por causa do calor, mas... Às vezes faz bem pegar um pouco de mar... E você vai?

-Concordo com você, mas não irei.

-Por quê? –Senti minha voz mais melancólica do deveria. Ele também pareceu perceber e sorriu.

-Eu e Leigh temos um batizado da família para ir. E não poderemos faltar. –Ele deu ombros. –Quem sabe em uma próxima...

-Que pena! –Ele arqueou a sobrancelha juntamente com um sorriso. Eu corei. –Seria bem legal se você fosse... –Tentei emendar. Mas já era tarde demais.

Então a expressão dele ficou mais séria, até parecia um pouco deprimida e seu corpo ereto.

-Então agora você está comprometida...  

 -Hãm?

-Você... E Castiel... –Ele colocou uma colher enorme de sorvete na boca.

-C-como você sabe? –Foi a minha vez de entupir a boca com o sorvete.

-Ele comentou comigo... Eu fico feliz por vocês. –Não era o que o rosto dele dizia.

Então Castiel disse á ele que estávamos comprometidos? Tipo, namorados? Senti uma sensação de alivio misturada com borboletas no estomago.

-Você tá bem? Você tá bem vermelha... –Ele passou o dedo pela minha bochecha.

-E-estou bem... –Ele ainda estava com a mão no meu rosto quando eu dei um pulo ouvindo a voz familiar.

-O que está acontecendo aqui?! –Castiel estava de pé ao lado da nossa mesa.

-Ah! Caraca! Que susto! –Coloquei a mão no coração que estava parecendo um tambor no carnaval.

-Olá Castiel. –Lysandre hesitou em estender a mão pra ele, mas desistiu.

-Por que você está tão assustada? –O olhar dele estava duro. E ele estava olhando pra mim!

-Porque você brotou do chão! –Respondi não gostando do tom dele.

-Eu estou esperando em frente o chafariz já faz 15 minutos. –Eu me assustei e olhei pelo celular. Caraca já eram quase 18:30! O tempo tinha passado bem rápido com o Lysandre...

-Acho que vocês tinham um encontro marcado... Se divirtam. Vou ajudar Leigh a fechar a loja. Vejo vocês depois. –Lysandre piscou pra mim antes de ir embora.

-Desculpa. Acabei perdendo a hora... –Castiel ainda estava fuzilando as costa de Lysandre que já estava longe. –Ei? Você tá me ouvindo? –Tentei acenar com a mão na frente do olho dele.

Ele, sem dizer nada, se sentou na cadeira do lado. Sei que ele tomou cuidado para não sentar na cadeira vazia que Lysandre havia deixado. Como se a mesma estivesse “contaminada”.

-Desde quando você tá saindo com esse cara?

-Eu não estava saindo com Lysandre! E foi uma coincidência! Eu acabei entrando na loja do irmão dele e ele estava lá. Só que Rosalya também estava lá e acabou rolando um clima entre ela e o tal de Leigh... Enfim achamos melhor dar uma volta e deixar os dois sozinhos. –Contei. –Não tem por que você ficar desse jeito!

Ele suspirou.

-Estou indo pra casa. –Se levantou e começou a ir embora, mas eu segurei o seu pulso.

-E o nosso cinema? –Eu realmente estava interessada em “ver” o filme.

-Não estou mais afim. –Suspirei mentalmente.

-Castiel olha pra mim. –Eu ainda estava segurando o seu pulso, mas seu queixo estava empinado, não o deixando olhar diretamente pra mim.

Ele relutou, mas acabou achando meu olhar.

-Você vai realmente estragar nossa noite por causa disso? Eu não sei –Quase acrescentei um “por que você não quer me contar”, mas achei que pela cara dele não era a melhor situação – o que aconteceu entre você e Lysandre, mas comigo ele é legal. Tomamos um sorvete e conversamos. Você não confia em mim? E além do mais... Eu estou com você. Não com ele. E quero assistir um filme com você. Não com ele. Eu te amo! Não ele! Deixa de ser orgulhoso, vai! –Ele hesitou e soltou um suspiro.

-Você paga os refrigerantes. Só tenho dinheiro pra pipoca. –Ele ainda estava com uma cara séria. Me joguei no braço dele e o beijei. No começo ele hesitou novamente, mas correspondeu.

-Você é a pior pessoa do mundo. –Ele balançou a cabeça.

-Eu sei. –Sorri. –É por isso que você me ama tanto. –Pisquei. Ele passou a mão pelo meu ombro e fomos conversando e rindo até a bilheteria.

O filme eu nem prestei atenção no nome. Castiel realmente era bom em deixar as pessoas ocupadas.

Visão de Rosalya.

Rosalya.

O que era aquilo? Aquela sensação de estar completa? Era isso que eu sentia perto dele. Eu nunca tinha acreditado em toda aquela baboseira de amor a primeira vista... Mas eu estava começando a duvidar dos meus próprios conceitos.

-O que acha desse tecido? –Ele estendeu um tecido roxo com listras pretas. –Estou pensando em usa-lo para o cinto do meio... –Ele passou a mão pelo esboço de modelo que tínhamos acabado de desenhar juntos. Sinceramente, aquela tinha sido a “minha” melhor criação.

-Não... Esse tem que ser para o vestido. Para o cinto... –Fui para perto dele e passei a mão pelos tecidos até achar o perfeito. –Esse! –Peguei um tecido que era um pouco cintilante, daqueles que mudavam de cor dependendo da luz; o tecido variava de roxo/azul/e laranja. –Para o cinto, o babado do decote e o detalhe na borda.

Imaginei como ficaria. Não consegui deixar de sorrir.

-Nunca imaginei conhecer alguém com tanto talento como você. –Quantas vezes ele tinha conseguido me deixar vermelha? Só hoje?

-Obrigada. Mas eu tive uma ótima ajuda. Não conseguiria fazer sozinha. –Admiti.

Ele chegou mais perto de mim.

-Você... Jantaria comigo hoje? –Ele tirou uma pequena mexa de cabelo que caia no meu rosto.

-J-jantar? –Repeti as palavras dele.

-Sim. Lysandre me mandou uma mensagem dizendo que já estava em casa e estava indo se deitar. Eu odeio cozinhar! Então sempre acabo comendo em restaurantes ou lanchonetes... A sua companhia seria um bônus. Um grande e ótimo bônus. –O dedo dele passou por todo meu braço e finalmente pegou minha mão. Nossos dedos se entrelaçaram.

-Acho que posso fazer isso por você. Mas não posso demorar; minha vó não dorme enquanto eu não chego em casa... –Eu soltei minha mão vagamente da dele.

-Obrigado. –Ele sorriu e fez menção para que eu o seguisse.

Nós fomos conversando até a área de alimentação do shopping.

No jantar, descobri que, assim como eu, Leigh tinha a paixão pela moda desde pequeno. Contei para ele, que não só pela moda, eu gostava da arte. Fotografar, pintar, costurar, criar esculturas... Todas essas eram minhas eternas paixões. Ele me disse que então tinha uma ideia para o nosso próximo encontro. Sim, foi nessa hora que eu pirei. Próximo encontro... Poderia sair dando gritinhos histéricos pelo shopping se não tivessem tantas pessoas lá.

Ele me contou também que a mãe dele era bastante rígida, e que fora depois de uma briga que ele resolveu vim morar com Lysandre de ultima hora. Me senti mais a vontade (do que me sentia normalmente com a maioria das pessoas) á contar para ele sobre o meu padrasto. O cara mais canalha do mundo que batia na minha mãe. Mas ela parecia até que gostava, afinal todas as vezes ela perdoava e fingia que nada tinha acontecido! Mas a gota d’agua foi quando ele achou que podia batem em MIM.

Concordamos em não falar sobre assuntos que nos entristeciam. E percebemos que já tínhamos ido no mesmo desfiles diversas vezes! O intrigante é que só hoje tínhamos nos encontrado. Ok, eu também não acredito em destino! Ou também não acreditava...

-Posso te levar pra casa? –Nós já estávamos no estacionamento do shopping.

-Minha casa é perto. Seria besteira pegar carona. –Apesar da ideia não ser nada desagradável...

-Quem falou de carona? –Ele arqueou as sobrancelhas.

E eu também.

-Hãm?

-Sim, eu tenho um carro. Mas eu aprecio as caminhadas à noite. E minha casa também é perto. Não seria nenhum incomodo te levar até lá. Ao contrario, seria um prazer. –Ele pegou novamente minha mão, mas dessa vez a beijou suavemente.

-Então acho que não vou recusar. –Segurei a ponta do meu vestido e agachei me curvando, como naquelas quadrilhas de festa junina. Olhamos um para o outro e rimos.

Minha nova casa realmente não era nada longe. Chegamos rapidamente.

-Aqui, aqui. –Disse quando chegamos na casa do vizinho.

-Essa é sua casa? –Ele arregalou os olhos. A casa da vizinha era realmente horrenda. Totalmente estilo “casa mal assombrada abandona”.

-Não, não. –Eu ri um pouco. –É que minha vó deve estar esperando na janela. E acredite, não seria bom ela me ver chegando em casa com um garoto no segundo dia meu aqui. –Balancei a cabeça concordando comigo mesma.

-Entendo. Sua vó deve ser meio minha mãe... –Ele pareceu falar mais com ele mesmo do que comigo.

-É... Então... Você me deixou um pouco curiosa com esse tal de próximo encontro... –Confessei. Vi um sorriso lindo e totalmente sexy se abrir nos seus lábios.

-Isso é bom. Curiosidade deixa a surpresa mais divertida. –Ele piscou. –Que tal domingo? Sábado tenho um batizado de família. Pode ser?

-Combinado. Sábado também não daria pra mim. Tem um passeio biológico idiota ou alguma coisa assim.

-Lysandre comentou. –Ele afirmou.

Houve um segundo de silêncio.

-Posso levar uma lembrança desse dia incrível? –Ele se aproximou de mim.

-Lembrança? –Também me aproximei dele.

Fiquei na ponta do pé, conseguia sentir a respiração dele no meu rosto, nossos lábios se encontraram.

E de todos os beijos que eu havia provado, aquele sem duvida era o melhor. No beijo dele havia... Algo como magia! Era, sem duvida, a melhor coisa que eu poderia sentir. Nossos corpos se encaixavam, nossos movimentos, nossas respirações, as batidas dos corações. Tudo nele parecia em sincronia comigo.

Ele terminou a melhor coisa do mundo com um selinho.

-Acho melhor eu entrar. –Foi o que eu disse (ou pelo menos tentei) ofegante.

-Até domingo, Rosalya. –A voz dele, ao contrario, conseguiu soar firme.

Caminhei até a porta. Antes de abri-la, olhei para trás e o encontrei me espiando. Corei e finalmente entrei.  Quase dei um pulo com o que achei ser um monstro. Mas era só minha vó de pijama e toquinha, segurando uma vela.

Ela começou a falar sobre como estava preocupada e como a nova regra era não chegar tarde em casa, mas nada ia estragar aquela noite. Nada. 


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Notas finais do capítulo

Próximo capitulo: "Passeio biológico" e supresinha e.e