Sweet Cherry escrita por Kamiille


Capítulo 9
Capítulo 9 - Praia.


Notas iniciais do capítulo

Le surpresinha prometida. Le surpresinha cumprida. o



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A semana inteira não se falava de outra coisa. “Passeio biológico!”, “Um dia na praia!”, “O passeio escolar!”... Sábado finalmente havia chegado e tudo aquilo iria acabar.

-Você não pode me obrigar.

-Ah, eu posso sim. –Afirmei. –Agora, vem aqui! –Coloquei uma quantidade favorável de protetor solar na mão.

-Me pegue! –Castiel, igual uma criança, começou a correr pelo meu quarto, fugindo de mim.

E eu, igual outra criança, comecei a correr atrás dele. Depois de derrubar uma mesinha e quebrar três bugigangas minhas, eu finalmente encurralei ele na minha cama e espalhei protetor solar nas costas dele.

-Desde quando você ficou tão fraco? –Provoquei.

-Tá brincando? Eu me rendi, só isso. –Ele vestiu a camisa preta. –Agora vamos. Se não você vai chegar atrasada, como sempre. –Ele me deu um selinho.

-Nunca vi você tão animado para um passeio escolar... –Observei.

Ele deu ombros.

-É o nosso primeiro passeio escolar juntos. Tipo, juntos mesmo. –Ele piscou.  

“Toc” “Toc” “Bam!”

-Kamile e Castiel... Vocês não vão para esse tal passeio? –Anne falou da porta.

-Já estamos descendo. –Falei secamente enquanto terminava a mochila. Ela queria alguma coisa... Anne não se importaria se eu fosse ou não na escola, se eu fosse ou não em algum passeio escolar, se eu respirasse ou não...

-Castiel, não gostaria de acompanhar Debrah até a escola? Fiquei sabendo que a pesquisa vai ser realizada em dupla e, na minha visão, vocês combinam bastante. –Ah! Então era isso que ela queria...

-A pesquisa vai ser em dupla? –Ele perguntou. Eu também não sabia disso.

-Sim, estava na autorização. Você não leu? –É claro que ele não tinha lido. Ele tinha falsificado a assinatura quando recebeu a ligação da secretaria de seus pais falando que eles não tinham tempo para assinar mais advertências dele. Eu também não tinha lido por que minha assinatura também era falsa. Além do texto da autorização ser enorme e inútil.   

-Não, não li. Mas já que é assim, eu prefiro fazer dupla com a Kamile. –Ele passou o braço pelo meu ombro e a expressão de raiva controlada de Anne antes de bater a porta com força foi hilária.

-Obrigada. –Agradeci.

-Por escolher você em vez da Debrah? –Ele arqueou as sobrancelhas em uma expressão bizarra.

-Não, por irritar a Anne mesmo. –Sorri.

-Como eu disse, você é a pior pessoa do mundo. –Ele balançou a cabeça.

Caminhamos até a escola e logo na portaria estava um ônibus enorme e amarelo.

-Oi Rosa! –Eu a cumprimentei.

-Ah! Oi! Kamile, Castiel, essa é a Íris. –Ele nos “apresentou” para uma menina de cabelo ruivo alaranjado natural e olhos verde-piscina.

-Oi. –Ela disse um pouco tímida.

-Ah, eu lembro de você no primário. Bom te ver de novo! –Íris também não era uma “Ambre” ou “Debrah” da vida. Ela sempre dava impressão de ser simpática e doce.

-Eu imaginei que vocês dois fariam dupla pra corrida, então como eu e Íris temos aula de geometria juntas e nenhuma das duas tinha dupla, eu a chamei para ser a minha. –Rosa explicou. Eu fiquei aliviada, assim ela não ficaria sozinha no passeio e eu poderia aproveitar o tempo com Castiel.

-Vamos, o primeiro ônibus já está saindo. –Castiel puxou minha mão, Rosa e Íris no seguiram. Sentamos em bancos próximos e fomos conversando por uma hora, o tempo que demorava a viagem da cidade para a praia mais próxima.

O lugar chegava a ser paradisíaco. A areia branca e fina, o mar de um azul que chegava a doer os olhos de tão claro e limpo. A margem, havia varias rochas enormes com um pouco de musgo e chegavam a ter até algumas poças de aguas termais no interior delas.

-Muito bem, muito bem. Agora que vocês já acabaram de apreciar o lugar se reúnam aqui. –O professor de biologia, Carl, um cara gordo que tinha mancha de mostarda da camisa social que usava por dentro das calças EGG. Ele tinha um cabelo enorme preto, que usava em um rabo de cavalo e uma barba em forma de cavanhaque. Se não fossem pelos óculos, ele poderia facilmente ser confundido com um caminhoneiro de 40 anos que vivia com a mãe.

A turma que ainda acabava de sair do ônibus se “organizou” em uma roda desorganizada em volta do professor.

-Bom eu preciso dos nomes das duplas da primeira turma. Vocês fizeram uma boa escolha em pegar o primeiro ônibus, poderão terminar a pesquisa mais cedo e serão os últimos a irem embora já que o ônibus de vocês acabou de quebrar. –O professor Carl tinha um sotaque irlandês meio irritante. O ônibus realmente tinha feito uns barulhos estranho na viagem... Uma fila se formou diante do professor e os monitores. –Vocês também vão ser divididos em grupos de 8.

-Ah! Estou tão animada! –Íris deu um pulinho.

-Por quê? –Arquei a sobrancelha.

-Para pegar uma cor! Conseguir uma marca de biquíni... E fazer um banho de mar. –Ela suspirou imaginando.

-Marquinha de biquíni? Eu prefiro maiô. –Rosa opinou.

-Estou me sentindo um gay. –Castiel bufou.

Nós três rimos.

-Ok, grupo 3, monitora Lola. Nomes? –Professor Carl anotava tudo compulsivamente em uma prancheta.

-Rosalya, vou fazer dupla com Íris. –Ela insinuou para menina baixinha e doce do nosso lado.

-Castiel e Kamile. –Falei.

-Ok, se dirijam á Angel, vou arrumar mais duas duplas para o grupo de vocês. –Nós assentimos. –Nomes? –Ele já se dirigia para os próximos da fila.

Angel era uma monitora que se parecia mesmo com uma “anja”. Ela tinha um longo cabelo loiro e olhos azuis que pareciam gelo, penetrantes.   

-Que gostosa! –Ouvi uma voz de fundo.

Olhei para trás eu não acreditei em quem também estaria no nosso grupo! Debrah e Ambre! Desde quando elas eram amigas? Elas estavam formando uma dupla. E a outra dupla era Nathaniel e o tal do Dakota. Era o surfista que tinha chamado a monitora de gostosa. Ambre, Debrah e Nathaniel no mesmo grupo que eu e Castiel? Eu só conhecia uma palavra para descrever todas as possibilidades que saíram daquela “pesquisa”: VISH!

-Se você ou qualquer outro aluno fazer outro “elogio” parecido, vou ser obrigada mostrar o que se aprende em três anos fazendo jiu-jitsu. –A voz de Angel soou angelicamente assassina. –Enfim, prazer, eu sou Angel e vou ser a monitora de vocês. Sigam-me! –Ela sorriu e começou a andar. Nós a seguimos.

Quando digo “nós a seguimos”, poderia ser mais precisa dizendo que Ambre e Debrah cochicharam e deram risadinhas estridentes o caminho todo, Dake deu em cima em cada uma de nós (eu, Rosa, Íris e novamente Angel. E sim ele levou quatro foras e quase dois socos; um de Castiel e outro de Angel) e claro, Castiel e Nathaniel assassinando um ao outro com o olhar. Suspirei mentalmente. Aquilo ia ser, no mínimo, tenso. Isso se, nenhum assassinato acontecesse. Aquilo facilmente poderia se tornar uma cena de crime a qualquer momento...

Angel estava nos levando por um trecho de asfalto que dividia a praia paradisíaca de uma floresta com palmeiras, coqueiros e outras árvores estranhas.

-Ok, aqui está a lista do que vocês precisam encontrar. –Ela entregou uma lista para Íris. –Eu estarei aqui para dar dicas e monitorar a pesquisa. Vocês precisarão trabalhar juntos pra conseguir todos os itens da lista! E lembrem-se! Quanto mais rápido terminarem, mais tempo terão para aproveitar esse belo lugar! Boa sorte! –Ela piscou e se sentou em uma cadeira que parecia já estar esperando por ela. Com uma revista na mão e óculos de sol ela simplesmente não disse mais nada.

Suspirei de verdade. Aquilo não ia ser fácil.

-Vamos logo com isso! Eu quero aproveitar todas as ondas desse lugar! –Dake apressou.

-Hum, ok. Vou ler a lista. Bem, a gente precisa achar 8 coisas. Podemos dividir dois por cada dupla! –Íris sorriu docemente.

-Ai, tá bom, já entendemos! Faça logo essa divisão e não ouse deixar nada difícil pra gente! –Ambre está conferindo se as unhas estavam bem lixadas.

-O-ok. –Íris e Rosalya olharam brevemente o papel.

-Muito bem! Ambre e Debrah peguem uma rocha e um ouriço do mar. Dake e Nathaniel, um pouco de agua do mar e um coco de algum coqueiro, Kamile e Castiel ficam com a concha e uma alga. Eu e Íris cuidaremos da folha de bananeira e de um punhado de areia. –Rosalya parecia uma coordenadora. Na verdade, ela tinha posto mais ordem do que a verdadeira monitora...

-Humpft! –Ambre e Debrah ecoaram e saíram rebolando.

-Folha de bananeira! Coco! Wow! E depois muitas ondas! –Dake saiu gritando com as mão pra cima. Nathaniel trocou um ultimo olhar de “eu vou te matar” com Cast antes de segui-lo.

-Ei, bobona, vamos. –Castiel puxou minha mão. Pelo menos nessa “estratégia” não teríamos que realmente trabalhar juntos. Não me imaginaria pegando conchinhas com a Debrah.

-Por que essa cara de nojo? –Castiel ainda segurava minha mão.

-Imaginação fértil nem sempre é benéfica. –Afirmei.

-Benéfica... –Ele repetiu. –Desde quando começou a sair com nerds e começar a falar a língua estranha deles? –Mostrei a língua pra ele.

-Pra onde a gente tá indo? Conchas se ficam na beira do mar! –Perguntei percebendo que estávamos andando em linha reta.

-“Água do mar” também se encontrar no mar. Vamos o mais longe possível daqueles dois. –Ele assentiu.

Andamos um pouco mais e paramos quando avistamos uma enorme rocha. Tipo enorme mesmo. Daquelas que na ponta, se formava um precipício. Ela ficava mais afastada do resto da praia e a área dela era deserta. Embaixo do precipício havia uma grande concentração de rochas e pedras do tamanho aproximado da prancha de surf do tal Dakota.

-Vamos! –Castiel tirou a blusa preta que estava usando com a bermuda. Eu não me lembro desde quando ele tinha aquele tanquinho, mas ele era muito sexy. Tirei a regata e o shorts que eu estava vestindo por cima do biquíni preto e nós fomos pro mar, deixando a roupa ali na areia mesmo.

A agua não era só bonita de se ver. Ela era uma delicia também. Nem muito gelada, nem “abafada”.

-Ei! –Castiel reclamou depois que eu bati a mão na agua e espirrou um pouco na cara dele. Mas é claro, ele revidou. Só que ele não sabia exatamente a definição de “pouco”.

-Vai, vamos logo achar essa concha! Depois eu te afogo. –Ele começou a passar a mão na areia.

-Idiot. You é idiot. –Também comecei a procurar.

-“You é?” Sério mesmo? “You é?” Tsc, tsc... Retiro o que disse sobre os nerds. –Ele fez cara de decepção. Espirrei um pouco mais de agua nele antes de colocar o pé em alguma coisa dura.

-Achei! –Mostrei a cocha que media mais ou menos o tamanho da palma da minha mão.

-Eu também. –Ele mostrou o pé, onde tinha uma pequena concha rosada entre o dedo dele.

-A minha é melhor. –Afirmei com cara de vitória.

-Não diga isso da Ayla!

-De quem? –Arquei a sobrancelha.

-Da Ayla! –Ele repetiu insinuando para a concha.

-Idiota... É tudo o que tenho a declarar. –Ou sérios problemas mentais.

Então ele tirou um dos cordões pretos que sempre usava no pescoço e colocou “Ayla” lá.

-Venha aqui. –Ele chamou e eu me aproximei dele.

Ele foi para trás de mim. Vagamente tirou o cabelo do meu pescoço e beijou a lateral dele antes de colocar o colar lá.

-Eu devia falar alguma coisa poética e bonita agora. Mas não sou bom com palavras então... –Ele me virou e me beijou. “Aquele” beijo de tirar o folego.

-Eu não entendo poesias mesmo. –Falei arfando depois do beijo.

Ele sorriu metido e pegou minha mão em direção nossas roupas na areia.

-Falta a alga! –Tive que conferir se ainda estava com a concha na mão depois daquele beijo.

Pegamos alguma alga perto de algumas rochas e fomos ao “ponto de encontro”. Éramos os últimos a chegar, mas não tínhamos demorado muito depois dos outros. Mas é claro que Ambre, Debrah, e Nathaniel não deixaram isso passar. Até Dakota reclamou por causa das ondas dele... Antes que aquilo virasse uma luta livre, Angel interviu. Ela confiscou os itens e depois deu uma explicação sobre as propriedades de cada um, como a natureza precisava de cada um deles e coisa assim...

Quando terminamos, recebemos um lanche e uma garrafa d’agua que eles nos fizeram engolir para não passarmos mal ou nos desidratamos. Só depois nos liberaram. Dake foi correndo pegar ondas com a prancha de surf. E um monte de garotas como Debrah e Ambre foram pagar pau para ele. É só uma observação, mas se Debrah e Ambre tivessem peladas, não faria diferença pelo tamanho do biquíni que estavam usando. Nathaniel ficou lendo um livro na toalha a beira do mar junto com Melody. Eu e Cast ficamos um tempo com Rosa e Íris nas cadeiras de praia “pegando” uma cor, mas depois de tanto ele reclamar que era um garoto e garotos não “pegam” uma cor (não garotos de verdade, segundo ele), fomos dar uma volta perto daquela enorme rocha “precipício”. De onde eu atiraria Debrah/Anne/Ambre. Mas na boa intenção... Claro...

-Onde estamos indo? –Perguntei.

Já era fim de tarde e o mar estava “engolindo” o sol, fazendo o céu ficar de tons rosado e alaranjando. Nós já tínhamos recebido a noticia que só iriamos embora lá pelas dez da noite... Se o mecânico chegasse até lá...

-Ver o pôr do sol. –Ele respondeu sorrindo. 

-Oh! Você está se tornando romântico? –Ele balançou nossas mãos dadas pra frente e pra trás.

-Para sair daquele papo de “Olha que gatinho”, “Vai ficar linda essa marquinha de biquíni com tal roupa de tal loja...” eu estou me tornando até nerd. –Ele afirmou. 

-Você é desprezível. –Assenti.

Ele riu. Nós andamos até abaixo o precipício. Se aproximando dava pra ver que a concentração de pedras formava um verdadeiro “circulo” de pedras, quase uma caverna. Demos um jeito de entrar na “gruta” e sentamos na areia. Ficamos encarando pôr do sol em silencio por pouco tempo antes dele me beijar.

Eu deitei na areia ele ficou “por cima”, me fazendo lembra da maravilhosa tarde no parque.

-Eu te amo. Pra sempre. –Ele disse entre o beijo.

-Pra sempre. –Repeti.

Beijo vai, amasso vem, a mão dele começou a descer para parte de cima do meu biquíni.

-Espera. –Eu coloquei a mão de leve no peitoral dele, afastando-o vagamente. –Você tem preservativo?

-Tenho. –Ele começou a beijar meu pescoço.

-Espera. –Repeti.

-O que foi? Você não quer? –Ele estava começando a se afastar demais.

-Não. Não é isso. –O puxei novamente para mim. –Eu só queria saber... Como uma pessoa traz preservativo para um passeio escolar na praia? –Arquei a sobrancelha.

Ele sorriu de um jeito sexy antes de me beijar novamente e  nos entregarmos um ao outro.

“E é depois dessa lembrança que tudo começa a dar errado...”   


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Notas finais do capítulo

Estou desanimada com a quantidade de review... =[