Sweet Cherry escrita por Kamiille


Capítulo 24
Capítulo 24 - Quadros. Adeus.


Notas iniciais do capítulo

Oi! o
Sou uma escritora dedicada, voltei domingo da viagem e resolvi fazer uma "surpresinha" e postar hoje ^^
~indo responder os reviews e mensagens, não fiquem magoadas se eu não responder rápido ;s



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Acordei ainda um pouco cansada. Pé enfaixado e cabeça doendo. O pior de tudo era uma sensação estranha, dolorida de “faça alguma coisa!”. Levantei com um ruído na rua, mas quando ia espiar pela janela o que era, bateram na porta.

-Posso entrar? –Era Lys.

-Oi. –Disse eu, me ajeitando, cobrindo o pijama com a coberta, tentado desesperadamente passar os dedos pelos cabelos embaraçados e rezando para não estar com uma cara péssima.

Ele riu da minha reação boba e desajeitada.

-Passei na padaria e comprei seu café-da-manhã. –Ele balançou um saquinho e entrou no quarto.

O beijo, que fechei os olhos esperando ser na bochecha, foi na boca.

-Espero que goste! –Abri o saco que continha inúmeros croissants e uma bebida com muita cafeína do Starbucks. 

Agradeci e bebi o cappuccino.

-Está melhor? –Ele perguntou enquanto eu ouvia novamente o barulho vindo da janela. Era o motor de alguma coisa grande.

-Vou ficar. Cada vez mais. –Respondi sorrindo e pegando um croissant, não estava com fome de verdade, mas ele tinha sido fofo em trazer aquilo pensando em mim. –Posso abusar um pouco de você?

Ele me olhou com uma cara tão maliciosa que me fez ficar um tomate e me arrepender amargamente do jeito que falei.

-Como quiser! –Ele respondeu se aproximando.

-Para com isso! –Joguei um travesseiro nele. Nós rimos e ele passou a mão no meu cabelo.

-O que meu anjo quer? –Anjo? PQP Lysandre, na sua visão as garotas devem ter rostos vermelhos sempre por que você sempre as faz ficarem envergonhadas!

-Hãm... Você pinta bem?

-Acho que não sou tão mal. –Ele respondeu.

-Me ajude a chegar lá no sótão então. –Pedi. Sem questionar, ele se levantou. Achei que ele pegaria a muleta e me entregaria ou talvez me deixasse ir apoiada no seu ombro, mas simplesmente ele me pegou no colo de “cavalinho”.

Guiei ele pela escadaria até o sótão empoeirado. Digo, empoeirado mesmo!

-Por que você me trouxe nesse lugar, escuro, medonho, abandonado...? Quando estamos sozinhos... –Ele abaixou para que eu descesse e enquanto eu pulava de suas costas sua mão deslizou pela minha coxa inteira, o que me fez arrepiar.

-Você está... Indomável hoje! –Reclamei, mas não estava tão zangada. E não deveria, mas estava gostando. Afinal, Lys era meu futuro. De um passado que eu iria esquecer. Ou pelo menos, adormecer.

-Já que não isso... –Ele passou a mão na minha cintura. –O que viemos fazer aqui?

Abrimos um grande baú (de onde saiu tantas aranhas e insetos desconhecidos que quase liguei para o Ibama) e eu reuni as tintas e pinceis. Havia três telas intactas de outras 10 mofadas, rasgadas, machadas ou dominada por baratas horripilantes. Fico pensando que vivo quase em uma pensão se consideramos todos os “habitantes” do sótão.

No meio da tralha, havia ainda pinturas esquecida feitas por mamãe. Ela sempre fora muito boa em pintar! Pintava qualquer coisa que quisesse. Paisagens, rostos, objetos... Ao contrario de mim que só conseguia pintar o que estava sentido no exato momento. Seus quadros antigamente ficavam emoldurados e expostos por toda casa. Isso, claro, antes de Anne e Debrah chegarem.

Suspirei quando vi uma velha lembrança. Papai um dia contratara um fotografo. A foto era nos três: Sr. Joe, mamãe e eu. Juntos rindo. Depois mamãe havia passado para tela com um ar de pintura coloquial e tom sépia como se soubesse que daquilo, só restaria minha lembrança.

Senti vontade de chorar, mas como ultimamente, as lagrimas não me chegavam.

Me juntei a Lys e cada um começou a pintar uma tela. Eu não queria pintar o que eu estava sentido. Mas era inevitável. O pincel pulava da minha mão conforme o que eu estava sentido, sobre o que eu estava pensando. Era como as música e de vez em quando minhas bobas composições, redações, poemas... Eu não sabia me expressar pelo o que eu queria, somente pelo que sentia. Mas no meio daquilo tudo, quem tomou controle predominante foi minha intuição.

Lys estava concentrado, usando muito branco e preto. O meu desenho no começo estava mais para uma arte abstrata incompreensível e multicolorida. Mas foi formando forma pouco a pouco.

No fim quando terminamos, trocamos de lugar para cada um ver a obra do outro. Fiquei totalmente sem graça. Ele tinha me pintado. Não digo um retrato do meu rosto, digo eu em uma posição sexy, porém não vulgar, com asas brancas se misturando com o meu cabelo. Estava em um fundo preto que se confundia com meu vestido esvoaçado tocando uma lua cheia e brilhante. Meu olhar não estava virado para lua, no entanto. Estava disperso e sem rumo.  

No momento que eu ia falar alguma coisa o celular dele tocou. Acho que era Leigh.

-Sim, estou indo. Te encontro lá. –Ele desligou o telefone. –Tenho que ir.

-Aconteceu alguma coisa? –Sua cara estava preocupada.

-Nem. Só alguns acasos. –Sua cara se suavizou artificialmente. E antes que eu pudesse argumentar alguma coisa ele me calou com um beijo de tira o fôlego que me fez esquecer até quem eu era.

-Deixa eu abusar só mais um pouco de você. –Falei e ele arqueou a sobrancelha com um sorriso.

Subimos para o quarto com o quadro que ele pintara para mim e com o meu próprio. Emoldurei o dele e pendurei na parede do quarto. Combinamos que semana que vem, quando eu tirasse a joça do pé, conheceria o apartamento dele para variar um pouco (e evitar Debrah nos corredores). Eu sabia que no próximo final de semana Rosa e Leigh iriam viajar, mas nenhum de nós comentou nada. Beijo vai, beijo vem. finalmente ele me deixou deitada na cama e se foi.

Eram mais ou menos três da tarde e o maldito barulho na janela do quarto não cessava. Não aguentei. Puxei a muleta e me “arrastei” para janela.

O que vi, não foi muito. Nem muito claro. Mas só precisou ler a carreta em movimento que estava de saída. “Companhia de Mudanças São Galego Ltd.” Atrás, um taxi com malas, um Doberman no banco traseiro e através do retrovisor avistei o rosto de seu dono no banco de carona.

Castiel estava se mudando. Ou melhor, indo embora. Ou como eu estava me sentido: Me abandonando.    

Olhei para pintura e xinguei minha própria intuição. Minha pintura era uma silhueta de cabelos esbranquiçados se distanciando de outra silhueta, mas só se aparecia a metade da segunda silhueta lhe escondendo a identidade. Se você observasse bem, quanto mais a segunda se afastava, mais a primeira era preenchida de solidão e tristeza. Tristeza incurável.  


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Notas finais do capítulo

E é com esse capitulo que a fic chega na sua reta final 'u'