Sweet Cherry escrita por Kamiille


Capítulo 13
Capítulo 13 - Zumbi ambulante.


Notas iniciais do capítulo

Yoo! Aproveitem o cap ^^



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Bem vindo, provável pior dia da minha vida. Na verdade, você está em terceiro lugar.

Eu não havia dormido nem um pouco essa noite. Na verdade, eu só havia conseguido chegar do parque até em casa, porque por sorte (ou não) Rosa me encontrou pelo caminho enquanto procurava Castiel.

Castiel...

Doía.

Era estranho pensar nele e doer. O normal, o bom, o perfeito, mas o antigo, era quando eu pensava nele e ficava preenchida daquela sensação de segurança, de afeto, confiança, carinho, amor... Amor... Como eu o amo! Amo. Não amei. Mas amo e continuarei amando. Eu sei.

Mas agora, não adiantava. Eu poderia continuar o amando, mas ele não. Eu começo a acreditar que com o que tinha passado no parque poderia ter acabado realmente todo o amor que ele tinha por mim.

Fiz impulso para levantar da cama. Inútil. Meu corpo parecia pesado. Extremamente pesado e sem vida. Sem pelo menos, metade dela. A metade estava do outro lado da rua, á vista da janela.

Suspirei.

Nala deu um chorinho e se sentou a beira da cama. Acaricie o focinho dela. Dragon...

-É Nala, parece que você será mãe solteira. –Ela abaixou as orelhas com um olhar entristecido.

Senti o celular vibrar na minha cabeça, embaixo do travesseiro. No começo, fui pra cima dele com tudo. Mas é claro que não era ele. Mas era Rosa.

Rosalya: Ei, como está? Melhorou? Quer que eu vou aí? Posso levar alguns filmes de ação, pote de sorvete... Chocolate branco ou perto?

Tentei dar um meio sorriso, mas ele não me veio.

Kamile: Estou péssima.

Foi a única coisa que saiu dos meus dedos trêmulos.

Rosalya: Por isso mesmo! Vamos, ás 16:00? Convidarei Íris também!

Kamile: Talvez outro dia Rosa. Não estou nada a fim. E tenho uma coisa a fazer.

Rosalya: Você quer dizer que você...

Kamile: Sim, eu vou.

Rosalya: Tem certeza?

Kamile: Sim. Tenho.

Rosalya: Ok, não vou te impedir por que acho que faria a mesma coisa. Mas mesmo assim, se der, passa aqui de noite. Vovó vai para um bingo de velhinhas linguarudas igual ela. Só pra levantar esse seu astral!

Kamile: Vou ver o que posso fazer.

Rosalya: Promete?

Suspirei.

Kamile: Prometo.

Rosalya: Ótimo, estou te esperando. E juro que se você não aparecer, eu chamo a policia!

Suspirei novamente e permaneceu por pouco tempo a vontade de um meio sorriso.

Fiquei mais alguns minutos olhando para o teto branco e opaco, até conseguir levantar. Mas deveria ter ficado deitada lá o resto do dia, ou pelo menos da manhã.

“Tec”

Ouvi algo caindo de mim. Iria ignorar, até avistar a cor rosada no chão. Peguei e acariciei-a entre meus dedos.

-Ayla... –A lembrança da praia invadiu minha mente.

A conchinha que Castiel havia me dado. Ayla... Logo depois, minha primeira vez, e logo antes, as palavras dele, que já não tinham mais valor, acredito.

“–Eu te amo. Pra sempre. –Ele disse entre o beijo.

–Pra sempre. –Repeti.”

Por um momento recebi aquela pontada de bem-estar. Mas aquilo era passado. E não se repetiria mais. Ao tomar noção disso, lágrimas involuntárias caíram em cima de Ayla; a devolvi no cordão e recoloquei no pescoço. Não sei bem o por quê.

Mas aquele deja vu também deu a força necessária para fazer o que eu tinha que fazer.

Peguei a primeira roupa que achei pela frente. Era um vestido cinza, simples. Calcei o all star sem ver. Uma jaqueta jeans preta. Estava frio. Ou pelo menos, eu sentia frio.

Olhei no espelho. Eu parecia um zumbi. Grandes olheiras, cabelo desalinhado, olhos vermelhos. Também, havia chorado bastante. E não dormido nada, mas virado bastante de um lado para o outro na cama.    

Tentei arrumar o mais razoável possível. Só para as pessoas não precisarem sai correndo na rua, gritando: “Apocalipse Zumbi!!” quando passassem por mim. Afinal, vai saber qual delas assisti séries de TV e tem uma arma preparada á qualquer momento...

Desci as escadas. O meu dia já estava ruim o bastante. Mas nada significava que ele não poderia piorar.

-Bom dia Kamile. –Debrah estava com um sorriso repugnante nos lábios. A voz e a expressão, sarcástica.

Me limitei em ignora-la. Mas ela era uma praga insistente.

-O que foi, sua carinha está tão triste... E acabada! –Ele tinha parado na frente da porta, bloqueando-a.

-Não te interessa Debrah. Agora sai da frente. –Minha voz soava cansada, e muito baixa.

-Coitadinha... Brigou com o namorado? Foi? –Ela fez um bico. Nojento, aliás.

Naquele momento parei para pensar se Debrah não tinha a ver com tudo aquilo...

Por mais que a ideia fosse confortante, poder culpar Debrah, ela era irreal. Dessa vez, a participação dela se tornava impossível. A culpa era minha.

-Debrah. Você sabe que eu te odeio. Mas hoje nem com ódio o suficiente pra te dar um tapa na cara, eu estou. Então sai da frente.

-Que conversar de tapa é esse? –A voz de Anne soou detrás de mim.

No mesmo momento, Debrah se jogou com tudo contra a porta. Fazendo parecer que eu a tinha empurrado.

-Manhêeeeeeeeeee! Ainda bem que você chegou! –Ela correu para perto de Anne, se escondendo atrás da longa sai dela. –Eu estava chegando em casa, e Kamile veio para cima de mim. Começou com um papo que tinha que descontar sua raiva em alguém! Começou a me ameaçar, você viu na hora que ela me empurrou, né?! Ela ia começar a me bater agorinha mesmo! Eu não sei o que tá acontecendo com essa menina! Eu ainda fui buscar doces pra gente! –Ela tirou do bolso da jaqueta, um saquinho de padaria. –Eu só queria ser uma boa irmã. –Lágrimas artificiais percorriam seu rosto.

Me passou pela cabeça que talvez, sem ele, eu acabasse não sobrevivendo com Anne e Debrah. Para onde eu iria quando elas me tirassem do sério? Com quem eu planejaria mortes torturantes para as duas? 

Antes que Anne começasse a falar sem parar, em um enorme discurso “Vou ligar para o seu pai”, aproveitei que Debrah tinha saído do caminho e sai de casa. Não tendo a força necessária para bater a porta estrondosamente.

Não pude deixar de olhar para lá. Afinal, a casa dele era de frente para minha, como não olharia? As cortinas estavam fechadas. Mas se via uma silhueta. Parecia que ele estava sentado, segurando a cabeça com as mãos, e a chacoalhando de um lado para o outro.

Será que ele estava arrependido? Será que eu deveria falar com ele?

...

Que besteira, Kamile.

Virei com relutância e segui. Peguei caminhos diferentes do que estava acostumada a sempre passar com ele. Achei melhor assim.

Eu nunca tinha frequentado muito aquele lugar, por isso era um bom ponto para conversar com ele. Quando cheguei, já o avistei sentado nas poltronas da recepção do clube.

-Olá Kamile. –Ele sorriu. Ele, ao contrario de minha pessoa, estava esbanjando felicidade e bem-estar. Era deprimente conversar com pessoas assim agora.

-Oi. –Acenei brevemente e me sentei em uma poltrona ao lado da dele, mas em uma distancia “segura”.

-Você não parece muito bem... –Oh, Lysandre? Sério? Como você descobriu? Pelo meu olho vermelho, pelas minhas olheiras, pelo meu cabelo ou por todos eles juntos?!

-Eu ESTOU péssima. –Me limitei em dizer.

Ele pegou minhas mãos e as colocou entre as dele. Pela primeira vez, não estremeci com o seu toque. E nem tinha achado aquele sorriso tão sedutor...

-Mas bem, por que pediu para eu vir aqui? –Ele falou calmamente.

Are you fucking kidding me, Lysandre?!

-Por que você fez aquilo? –Perguntei tirando as mãos das dele.

-Aquilo o que? –A sobrancelha dele arqueou.

Se eu realmente não tivesse tão mal, ele seria a minha terceira vitima de assassinato só hoje. Eu gostaria de gritar “Por que você me beijou?! PORRA!”, mas as palavras entalaram na garganta.

-Ah, entendi, você quer dizer isso... –Ele se aproximou de mim. E realmente começou a me beijar novamente. No começo, eu até correspondi. Acho eu, que devo ter tido alguma alucinação e ter visto Castiel no lugar de Lysandre. Mas os beijos são muito diferentes...

Castiel tinha um hálito doce, familiar, aconchegante... O beijo dele era quente e confortável.

Já Lysandre tinha um hálito gélido, como se a todo o momento tivesse com uma bala de menta na boca. O beijo dele tinha mais adrenalina.

Ao me dar conta da diferença clara, o afastei. Mesmo assim ele ainda estava sorrindo quando olhei para o seu rosto.

-Você não podia ter feito isso. Nem hoje e muito menos ontem! O que te deu na cabeça?! –Minha voz foi elevando tom. –Você sabia que eu estava namorando! Por que me beijou?! O que você queria?! –Quando fui ver, estava gritando.

-Eu quero você. –Os olhos penetrantes deles estavam nos meus. Mas eu não me perdi neles.

-Mas eu não era sua! Então você não podia...

-Mas agora pode ser. –Ele sorriu.

Por um momento eu me paralisei.

-V-você quer dizer que planejou tudo isso? –Indaguei.

Ele assumiu uma postura mais séria.

-Não pense essas coisas de mim. –Ele pediu seriamente. –Eu só queria uma chance com você. Quando eu cheguei, você disse que...

-Por favor não pronuncie o nome dele. –Pedi o interrompendo.

-Certo... Enfim, você eram só amigos. E eu me encantei com você no instante que te vi. Existem muitas garotas bonitas, sim. Mas você é totalmente diferente. Você... –Ele suspirou como se não tivesse achado as palavras certas.

-Obrigada, eu acho. Mas mesmo isso, não te dá o direito de fazer o que você fez! Mais que perder um namorado, eu perdi um amigo. Meu melhor amigo e a pessoa que eu mais considerava na vida! –A garganta apertou, mas eu segurei as lágrimas.

Suguei um pouco de ar e engoli saliva, esperando que ela empurrasse o choro garganta adentro, mas isso não aconteceu. Ao, contrario, tudo ao meu redor começou a girar e de repente tudo ficou escuro. A última imagem que tive antes de apagar foi uma expressão preocupada de Lysandre.

Acordei em uma maca. Ainda estava meio tonta, mas melhor.

-Oh, você acordou. –Ouvi a voz dele, mas não consegui ver de onde ela vinha, até que ele pegou minha mão e percebi que estava conectada á um “pacote” de soro. –Você está melhor? –Ele acariciou meu braço e eu me arrepiei.

-Isso é um hospital? –Eu disse. Minha boca estava rigorosamente seca.

-Sim, você não se lembra? Você desmaiou e eu te trouxe pra cá.

-E o que eu tinha? –No mesmo momento um homem de jaleco branco entrou no quarto extremamente iluminado.

-Foi só uma crise de fraqueza. Há quanto tempo você não come algo? –Era um médico que devia ter seus trinta anos, sério e profissional. Seu cabelo era loiro e encaracolado, com olhos cor de caramelo.

Mas pensando na sua pergunta... Eu não havia jantado nem tomado café essa manhã. Eu não tinha nenhuma fome.

-Hm, acho que há um dia. –Respondi e senti um olhar endurecido de Lysandre pra mim. O que ele estava olhando?! A culpa era dele!

-Bom, não repita mais isso. Você precisa se alimentar bem, mesmo quando está deprimida, como seu namorado me contou. –Lysandre assentiu seriamente para o médico como “Pode deixar, vou cuidar dela.”

Eu ia rebate e dizer “Lysandre não é meu namorado, é a causa do fim do meu namoro.” Mas ainda estava enfraquecida. Então só joguei a cabeça para trás em um longo suspiro.

-Enfim, você não gostaria de ir lá embaixo ajudar a enfermeira a preparar alguma coisa que sua namorada irá gostar? Ela só sai daqui depois de ter algo no estomago. –O médico deve ter entendido meu suspiro errado. Mas não contestei.

-Claro! Vai ser um prazer. –Só vi um vulto de cabelo branco saindo pela porta rapidamente.

O médico estava me encarando. E apesar dele ser bonitinho, aquilo estava me incomodando. “Cadê Castiel para ensinar esse cara não encarar a namorado dos outros?!”-O pensamento ocorreu rápido e automático demais para que eu pudesse detê-lo.

-O que foi? –Queria que aquele médico começasse a falar sem parar baboseiras de médico para que eu pudesse me distrair.

-Bom, nos fizemos alguns exames enquanto você estava inconsciente... Talvez deva procurar seu médico, alguns resultados estão meio desregulados. –Ele afirmou.

-Como assim? –Levantei a sobrancelha.

-Estou dizendo que uma consulta de rotina caberá bem no seu caso. Nada mais. –Ele se apressou em direção a porta. –Coma algo e depois estará liberada. Boa tarde senhorita Kamile. –Antes que eu pudesse responder ele fechou a porta na minha cara. Ótimo!  Mais uma coisa a se fazer. Junte-se a lista!

Lista:

1-Matar Debrah

2-Matar Anne

3-Tentar recuperar uma parte de mim mesma em pessoa

4-Ter uma conversa séria e definitiva com Lysandre

5-Ir na “festinha do pijama” de Rosalya antes que a policia me levasse até lá

6-Consulta com o doutor Peeta

7-Estar cansada demais para fazer tudo (tirando o item 3 e 5 um é “obrigatório” e o outro, impossível de realizar no momento) e deixar tudo pra depois. ☑  


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Notas finais do capítulo

Dar uma chance para o Lys? Ficar remoendo as magouas com Cast... Qual for sua opinião, acho que ela mudará no próximo capitulo e.e