Sweet Cherry escrita por Kamiille


Capítulo 14
Capítulo 14 - Amigos, consolo.


Notas iniciais do capítulo

Se depois de toda essa demora ainda tiver uma leitora... ;-;



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/300263/chapter/14

-Finalmente em casa! –Suspirei.

Lysandre havia me acompanhado até a porta, visto que eu ainda estava tropeçando a cada cinco passos que dava. Estava zonza de mais para poder xingar ele, espanca-lo ou qualquer coisa do tipo. O esquisito foi que enquanto Lys me dava um beijo na testa, de despedida, meu olhar encontrou o de Castiel na janela do quarto. Ele estava nos observando. Não pude definir se o brilho de seus olhos eram lágrimas ou apenas raiva. Ele fechou a cortina rapidamente quando sentiu meu olhar. Eu não soube exatamente o que fazer. Se é que tinha algo a ser feito. 

A casa estava vazia. Anne, Debrah e sua poodle tinham ido para um SPA de uma semana ou algo do tipo, segundo o bilhete mal escrito. Afinal uma noticia boa depois de tanta tempestade.

Nala passou entre minhas pernas enquanto eu terminava a última bacia de pipoca. Assim que eu confirmei para Rosa que não iria na casa dela, acabei escapando que Debrah não estava por aqui. Resultado: “Festa do pijama” se mudou para minha casa. Estava terminando de estender o último saco de dormir no chão da sala quando a campainha tocou.

-Chegamos! –As duas me deram abraços de urso mesmo com varias sacolas nas mãos.

-O-oi. –Gaguejei com o pouco de folego que me restava.

As duas riram e me largaram. Elas haviam comprado vários sorvetes, refrigerantes e guloseimas. Juro que quando vi tudo aquilo, refleti se elas estavam lá para “levantar meu astral” ou só para me engordar.

-E aí, o que me contam de bom? –Disse puxando assunto enquanto analisava os filmes que planejávamos assistir.

-Garota! Nem te conto! Tem tanto bafo! Aconteceu de tudo hoje! –Rosa exclamou.

Íris concordou com o rosto corado.

-Nossa, que coincidência eu ter faltado! –Desdenhei enchendo a boca de bala. –Se eu estivesse lá, não teria acontecido nada! –Revirei levemente os olhos, mas estava curiosa. -O que aconteceu enfim?

As duas se entreolharam e caíram na gargalhada. E por uns bons minutos eu fiquei lá, digerindo as balas lentamente e tentado raciocinar que tipo de loucas eu havia trazido para minha casa.

-Desculpa, é que a cena foi muito bizarra! –Dizia, ou tentava dizer, uma Íris sem fôlego.

-Caramba! O que aconteceu?! –Falei irritada. O que fez elas olharem para a minha cara irritada e ao mesmo tempo inchada pela quantidade de balas na boca. E então elas começaram a rolar no chão com a mão na barriga de tanto rir.

Não aguentei e comecei a bates nas duas!

Com travesseiros.

Elas estavam se matando de rir a dois minutos, mas parar revidar o ataque acharam força de não sei da onde. Por fim estava eu, indefesa enquanto as duas se uniam para me massacrar.

Demorou um pouco para reencontramos nossa humanidade.

O fato tão “hilário” (pelo menos para elas era hilário) foi um beijo que Ken deu em Ambre. Dizem elas que as expressões de ambos foram engraçadíssimas. Talvez eu realmente não fosse conseguir dar aquela gargalhada que elas estavam por que eu não havia visto as expressões, mas mesmo assim eu ficarei feliz por Kentin. Ele estaria finalmente me esquecendo e seguindo com a vida dele! Mesmo que isso fosse com a Ambre... Mas o fato de Kentin ter aparecido minutos antes do incidente me fez ficar aérea. Ele tinha esbarrado em mim pouco antes de eu poder chegar na pracinha onde Lysandre me esperava...

-O que foi Kamile? Alguma coisa errada? –Íris olhava para minha cara com preocupação.  

-Não, não... É... Bem, pouco antes de Lys me beijar ontem eu tinha esbarrado com Ken. –Disse desviando meu olhar do olhar delas.

-E a gente aqui fazendo você se lembrar disso! Caramba, que levanto de astral o nosso! –As duas logo começaram a me distrair novamente (lê-se: começaram a me encher de cócegas e torturas do tipo).

O outro “bafo” e o fato de ter 2 alunos novos na escola.

-Tem o Alexy que é lindo! –Rosa exclamou.

-Ele é muito bonito mesmo! –Íris concorda.

-Como ele é? –Digo enfiando mais guloseimas goela a baixo.

-Ele tem um cabelo azul meio liso e comprido, jogado para o lado! Olhos cor-de-rosa de tirar o fôlego! Além de ser pra lá de estiloso! –Rosa o descrevia friamente.

-Caramba! E o Leigh? –Pergunto.

-Ele não concorrência para ele. –Íris afirma.

-Por quê? –Pergunto arqueando as sobrancelhas.

-Ele é gay! –As duas falam com uma voz manhosa e decepcionada.

O que me faz rir. Era bom se distrair desse jeito. Rir, ter amigas... Aquilo era bom. Mesmo a dor da perda de Castiel ainda ficar martelando em alguma parte do meu coração, dava para ocupar a cabeça com coisas idiotas de duas idiotas. Também, para serem MINHAS amigas, tinham que ter algum tipo de problema mental.

-E tem o Armin. –Rosa fez uma cara maliciosa e olhou pelo canto do olho para Íris.

-Para Rosa! –Íris tenta exclamar com uma voz séria, mas seu rosto está escarlate! Como o cabelo dele...

-O que tem esse tal de Armin?! –Falo rapidamente fugindo de meus próprios pensamentos.

-É o irmão gêmeo de Alexy! Eles são praticamente iguais. Só que Armin tem cabelo preto e olhos azuis e se veste diferente do irmão. Ele e Íris vão se casar e viver felizes para sempre!

-Não vamos não! Eu só disse que ele era bonitinho! –Íris retrucou.

-Sério? Na minha cabeça eu ouvi claramente “Eu prometo que vou me casar com esse gatinho do Armin e vamos viver felizes para sempre! Ah, e você será nossa madrinha de casamento! E também a minha estilista por ser tão talentosa com as roupas e minhas obras sempre saírem uma perfeição, sem dizer...” –Eu e Íris tampamos a boca de Rosa.

-Rosalya? Convencida? Essa duas palavras podem ser usadas na mesma frase? –Ironizei. –Mas, eu acho... Só acho... Que você está conversando demais com sua vó... –Claro que não saí impune da minha provocação...

O resto da noite foi assim, besta, mas divertido. Assistimos alguns filmes, conversamos, elas me maquiaram (ou melhor, me transformaram em um palhaço ambulante para rir da minha cara...), a noite passou rapidamente.

O ultimo pensamento que eu tive naquela noite antes de apagar, foi como eu iria encarar Castiel amanhã na escola... Mas o fato de saber que Rosa e Íris estariam lá também, me deixou um pouco mais relaxada. Um pouco.

Leigh.

Visão de Leigh.

Eu não estava acreditando que Lysandre havia feito isso! Não era possível! Beijar Kamile?! Logo a namorada de Castiel?! Pela primeira vez eu tinha visto que Castiel realmente estava gostando verdadeiramente de uma menina. E Lysandre, mais uma vez, arruinou tudo! Ás vezes eu o dava razão por odiá-lo. Mas o que eu podia fazer? Ele era meu irmão! Talvez eu devesse tomar medidas mais drásticas com ele...

“Au! Au! Au! Au! Au!”

As latidas de Dragon me fizeram ver que havia chego em meu destino.

Bati uma. Bati duas. Bati três. Na quarta vez, ouvi um barulho, mas só na quinta batida Castiel atendeu a porta. Eu quase não o reconheci.

Ele estava usando uma calça de moletom e uma camisa preta de gola V, seu cabelo tenho certeza que há minutos antes estava tão bagunçado que não encontraríamos seu rosto dentro da “juba” vermelha. Estalados olhos vermelhos com olheiras roxas e profundas acima da bochecha. Eu iria achar algum jeito de fazer Lysandre se desculpar com Castiel. Com toda certeza!  

-O que você quer? –Ele perguntou de braços cruzados e uma esforçada cara carrancuda.

-Posso entrar? –Perguntei, mas entrei sem esperar resposta.

-O que você quer? –Ele repetiu fechando a porta com força.

Como você consola um amigo? Bom, você pode achar varias ideias, mas... Como se consola um Castiel?

-Vim ver como você estava. Como amigo, me preocupo com você. –Afirmei. –Talvez em vão, mas me desculpar por...

-NÃO FALE O NOME DESSE IDIOTA! –O mal humorado subiu raivosamente a escada. Esperei um pouco antes de segui-lo calmamente.

O achei no quarto folheando uma revista ferozmente. Meu olho percorreu o resto do local até achar o que precisava.

-Toma! –Estendi o instrumento na direção dele. Ele nem sequer olhou. –Toque! –Insisti.

-Minha cabeça já se lembra o suficientemente dela o tempo todo. Não preciso de ajuda. –Ele empurrou a guitarra.

-Ao contrario. Faço música há pouco tempo, mas sei o efeito mágico que ela tem nas pessoas. Você ama música. Se expresse através dela. Coloque tudo que você está sentindo na guitarra. Transforme essa raiva, essa magoa... Em som. –Estendi novamente o instrumento. Ele hesitou, mas a pegou de má vontade.

Os primeiros acordes foram tímidos, mas logo aquilo se transformou em um verdadeiro Heavy Metal. Pelo menos, através da guitarra, ele conseguia se expressa perfeitamente. E talvez amedrontadoramente, no momento.

Meus ouvidos já estavam começando a latejar quando ele parou bruscamente, mas bem mais aliviado só pelo seu olhar dava para perceber.

-Obrigado. –Ele praticamente cuspiu a palavra.

Sentei em um puff que se encontrava jogado pela bagunça do quarto.

-Quer conversar? –Estava sendo o mais cuidadoso possível.

-Você parece minha mãe. Se ela se importasse comigo. –Vi, por um milésimo de segundo, um meio sorriso se formando no canto direito dos lábios dele. Mas quando eu pisquei já havia sumido.

-Você a ama. –Confirmei.

-Sim. –A voz dele soava fria, relutante. –Vou esquecê-la.

-Tem certeza que é isso que você quer? Não faça nada por impulso, por raiva ou de cabeça quente. –Imaginei como Kamile estaria reagindo a tudo isso. Espero que Rosa esteja conseguindo fazer um bom trabalho...

-Não é questão de querer. Eu vou. Isso irá parar a dor. E definitivamente fará que ela não volte.

Ficamos em silêncio por um momento.

-O que é mais intenso? A dor de agora, ou a alegria de antes?

Ele ficou tanto tempo olhando para o nada que achei que não responderia.

-Não sei. –Ele disse finalmente. –Não importa. Eu quero parar a dor e estaca-la. Para não senti-la novamente nunca mais. Esquece-la é a solução. Pronto! A felicidade de antes foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida. Sim, mas FOI. Se anda para frente, não para trás. –Ele parecia estar pensando sobre isso há dias. Quando finalmente chegou a uma conclusão, estava convencendo si mesmo a aceita-la.

-E como você pensa esquece-la? –Perguntei incisivamente.

-Já sei o que devo fazer. –Não consegui descrever como essa ultima fala dele soou, mas me deu uma má sensação.

Não toquei mais no assunto. Aquilo era uma decisão dele. E ele era daqueles que não aceitavam conselhos.

No resto do tempo que estive lá pedi para ele tocar novamente, conversei com ele sobre o novo ajudante da loja, Alexy, mas evitei assuntos evasivos (Lys e Kamile), o fiz comer um sanduiche e beber uma garrafa d’agua e brincamos com Dragon. Ele chegou até dar uns sorrisos vacilantes de vez em quando com alguma piada minha.

Quando fui embora, tive certeza de tê-lo deixado umas 5 vezes melhor do que antes, embora não fosse muita coisa no seu estado, era melhor do que nada.

Mas eu ainda tinha que pensar... “O que fazer com Lysandre?!” 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Próximo capitulo surpresinha... Mas não surpresa boa o