Sangue de Jogos Vorazes escrita por Ytsay


Capítulo 49
Reprise dos melhores piores momentos.


Notas iniciais do capítulo

PENÚLTIMO CAPITULO!!!
A fic já ta no final. Como eu disse eu não ia desistir... e o fim chegou. -quer dizer esta para chegar-
Em breve ,ou agora, peço que divulguem para quem quiser ler uma fic de Jogos vorazes do começo ao fim.
Até, e boa leitura.



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Caeser me cumprimenta e todos nos sentamos. O apresentador me olha, acabou de fazer uma pergunta que eu não escutei. Para me ajudar, Caeser repete a pergunta após um comentário que amenizava a situação. Era sobre o meu novo corte de cabelo.

Sorrio e respondo:

– Após sair daquele lugar e passar todo aquele tempo me recuperando, achei uma boa me livrar do peso. Dar uma nova cara... para esse novo momento. E a minha equipe fez um bom trabalho.

–Falando neles, vamos chama-los?- Eu concordo.

Após um bate-papo envolvendo todos no palco, chega o momento da reprise do jogo. Como eu já esperava: meus piores momentos são os melhores para deles. Olhei na direção do telão as coisas próximas ignorando as imagens. Entretanto não pude evitar ouvir e a canção me encantou para ver o que se passava. Era como ver e estar lá novamente, ter medo, frio e fome. E o pior: poder sentir o cheiro de sangue fresco. O controle que eu tinha começou a fugir de mim e um suor frio cobria a minha pele. Fechei os olhos por alguns segundos e concentrei-me em uma canção apenas para mim, e na sensação dos dedos afundando em penteando a pelagem longa da poltrona em que estava. Depois observo os rostos da plateia até que o vídeo acabe.

A entrevista acaba, comigo fugindo de pensamentos ruins. Depois, passei mais três dias na capital indo a festas, reuniões e eventos. Laara me obrigava a ir, estando bem ou não. Então chegou o dia de ir embora.

No distrito oito uma boa parte das pessoas se mostraram estranhamente felizes pela minha volta. Depois compreendi que elas tinham interesses, mas não as culpei, sei o quanto é difícil sobreviver no distrito oito. E qualquer oportunidade de fazer dinheiro ou conseguir comida merecia a luta ou encenação.

Laara, Giulen e eu fomos para a vila dos vitoriosos. Laara estava lá só para me ajudar a me ‘acomodar’ na casa, depois voltaria para a capital. E prometeu me ligar de vez em quando dando noticias.

As casas eram brancas e de arquitetura bem detalhistas, se destacando no meio das construções quadradas que eram as fabricas do distrito. De cada lado da larga rua principal da vila havia cinco casas. Giulen morava em uma mais distante do lado esquerdo, não sei se foi a opção dele ou determinação da capital. A minha era a segunda do lado direito, perto do portal de entrada.

Uma casa grande, limpa, mobilhada e decorada. Laara até comentou que poderia viver ali... por um tempo. Vaguei pela casa até encontrar o quarto principal com tudo bem grande: cama, closet e banheiro com banheira e chuveiro. Olhei a vista da janela do quarto e encontrei a fabrica distante com a numeração 45. Era essa a fabrica que ficava próximo a casa dos meus tutores, onde facilmente eu batia o ponto e fugia para os treinos secretos.

Desci as escadas e fui até um dos jovens carregadores de malas de doze anos contratados e pedi que encontrasse Tina Jhoel, a minha antiga vizinha, e lhe disse que era para trazer meus tutores para aa nova casa. Mais tarde Tina apareceu sozinha e me falou a decisão dos dois velhos: eles queriam ficar na velha casa, já que provavelmente não tinham muito tempo na terra. Não questionei, mas mesmo assim lhes daria melhores condições pra viver e também contratei Tina para cuidar deles integralmente com um bom salário.

Nos dias seguintes não tive coragem de sair, pois me sentia mal e desanimada depois de terem retirado todos os meus remédios. Neste tempo Laara disse em uma ligação que eu devia aprender a fazer alguma coisa. E logo uma conhecida cozinheira do distrito apareceu disposta a me ensinar a cozinhar, após ter descoberto que vitoriosos deveriam desenvolver um hobby ou habilidade. Não era do meu interesse, mas foi a melhor opção que me apareceu.

Laara voltou da capital para a turnê do vitorioso. Trouxe toda a turma. Prepararam-me, me vestiram e me deixaram pronta para a viagem. O tempo todo um câmera vagava pela casa e filmava tudo, para passar na capital.

Viajamos por cada distrito. Em cada um tive tempo suficiente para me lembrar dos rostos e das mortes que vi ao vivo, ou na reprise dos melhores momentos. Ficando tempo demais em cada lugar. Mal passamos pelo distrito quatro e os pesadelos que nunca tive tomaram conta das noites. E para ajudar alguns Prefeitos fizeram questão de me contar sobre quem eram os tributos e suas famílias. Absorver essas informações queria saber sobre eles, mas isso foi apenas me tirando todo o sentido da minha vida e sono. Ninguém mais a minha volta percebeu isso, eu estava perdendo a cabeça e sem remédios. Eu sabia, aos poucos estava ficando uma louca paranoica ansiosa e suicida.

Quando voltei para o distrito, eu não era mais eu. Não precisei de muitas noites para o desespero me possuir e minha vida se definiu como sem importância. Em um colapso resolvi acabar com tudo, mas na minha casa não tinha remédios aceitáveis e eu não tenho a capacidade de me machucar. Porém conhecia algumas plantas do treinamento e fiz um chá caprichado de ervas... um erro talvez. Após toma-lo uma empregada teve tempo suficiente para me encontrar e chamar por ajuda. Só sentia o gosto amargo na boca, o estomago revirando, o coração acelerado, o suor frio, a respiração lenta e os pensamentos desaparecendo. Não foi nada eficaz e nem rápido como imaginei.

Acordei alguns dias depois, no quarto. Eu ainda não tinha desistido. Quando fiquei boa dei férias para qualquer empregado. Entretanto no outro dia Laara apareceu para me levar para a capital para mais algumas festas e reuniões. Não fui uma boa menina lá, muitas vezes encontrei bons remédios - qualquer coisa - para me deixar feliz ou acabar com tudo.

Quando voltei para casa, a capital tinha decidido me fazer uma reabilitação. Eu nem tinha sido mentora e já estava naquele estado, solitário e alto destrutivo, era o que pensavam. Eles não queriam me perder tão cedo, uma peça com um passado totalmente envolvido nos jogos. Aqueles dias com psicólogos, nutricionistas e vigilância de muito pacificadores, só me deixava com mais raiva e certeza de que nem naquele lugar, que devia ser minha casa, eu seria livre. Na verdade nunca mais na minha vida seria.


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Notas finais do capítulo

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