Sangue de Jogos Vorazes escrita por Ytsay


Capítulo 50
E assim até que o sempre passe.


Notas iniciais do capítulo

Esse é O ULTIMO CAPITULO pelo resto de toda a existência.
Obrigada a todos que acompanharam, leram e comentaram. E quem não comentou ainda tenho tempo de responder comentários.
Essa Fic me ajudou muito (principalmente em escrever em primeira pessoa), e é a minha primeira de fato concluída. Muito obrigada pela companhia.



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Passou se um tempo e eu decidi jogar os jogos deles mais uma vez para me aliviarem da vigilância. A maioria dos especialistas acreditou na minha recuperação e me liberaram das suas seções, mas ainda existiam pacificadores dentro da minha casa e em todos os cantos que ia de olho em mim e na minha segurança.

Entretanto, durante uma madrugada consegui escapar. Os guardas eram em menor numero naquela noite e estavam sonolentos. Percorri a rua principal da vila dos vitoriosos e depois as ruas do centro. Cheguei a horrível praça onde ocorriam as colheitas. O grande edifício da justiça era grande, mas não como uma das fabricas, e estava completamente deserto. Fui até a porta e estava trancada, eu não tinha truque para aquilo. Dei a volta pelo prédio até encontrar uma janela de vidro que eu pudesse passar. Quebrei-a sem medo e entrei. Alguns estilhaços grudaram na minha mão quando me apoiei, mas nada de mais que se possa comparar com uma arena. As portas no interior estavam destrancadas. Sai da primeira sala e andei por alguns corredores escuros. Fiquei perdida até encontrar um amplo salão, que era a entrada, e as escadas. Subi até o ultimo andar do edifício da justiça, saindo por uma portinha de ferro para o terraço que tinha uma leve inclinação para a água da chuva escorrer.

Caminhei com curiosidade para ver a vista. A noite estava bem presente com um céu limpo em tom azul escuro e as estrelas estavam definidas com uma lua cheia iluminando tudo, era uma linda noite. Fiquei no parapeito e olhei para baixo. O pátio se fundia nas sombras negras dos prédios ao redor. Senti o vento forte e fresco soprar levantando as bordas do sobretudo que vesti sobre o pijama e soltando os meus cabelos do coque mal feito.

Era aquele O lugar. Que melhor escolha eu poderia ter para acabar com a vida sem liberdade que eu tinha. Seria um sinal contra a capital e uma morte certa. Subi da forma que consegui na pequena mureta. O vento tentou me empurrar de volta para o lugar seguro, mas eu resisti. De repente um pensamento passou pela minha mente, dando uma resposta de um sussurro que não ouvi: “Não! Eu não quero viver assim. Não quero ser dele. Quero a liberdade que você te!” Senti o medo depois, mas estava determinada demais, ou louca demais, e queria terminar com tudo. Algumas lágrimas rolavam pelo meu rosto. O meu lado ainda vivo se desesperava, pois achava que ainda podia viver nas mãos da capital. Neguei essa parte e olhei uma ultima vez a paisagem coberta pelo escuro das sombras e o brilho azulado da lua.

Respirei fundo e não pensei em mais nada. Pouco tempo depois consegui o silencio e a calma completa para poder saltar. Mas, de repente, tudo foi quebrado e estilhaçado pela voz de um pacificador.

–MAYA! Por favor, não faça isso!

A voz dele era estranhamente familiar, mas de qualquer forma eu não o conhecia e não pude reconhecê-lo ao me virar de costas para o abismo, pois a lua refletia exatamente no visor de seu capacete. O homem vestido de branco estava sozinho, parado e na frente da porta com uma das mãos estendida, como se de onde estivesse pudesse me segurar. Ele deu alguns passos na minha direção e parou na mesma pose.

–Eu não te conheço. – disse calma. - E isso não tem nada haver com você. Vá embora!

–Não! Não me conhece, mas conheceu o meu irmão... E deve sua vida á ele. Então reivindico a divida para mim. - Ele caminhou mais alguns passos e retirou o capacete deixando-o no chão sem desviara seus olhos de mim.

–Eu conheci muitas pessoas que morreram e me deixaram com essa vida. Não tenho paciência para me lembrar de todas. - dei um passo curto para trás.

–Desculpe. Você tem razão. - ele parecia nervoso. - Pullker é ele, era um bom garoto. E eu sei que você não se esqueceria dele tão fácil. - Ele caminhou erguendo a mão novamente. Seja ele que for, por que tinha que fazer lembrar-me dessa divida. Por que me fazer isso. Senti o vento gelar meu rosto úmido pelas novas lágrimas involuntárias que não percebi.

–Agora, por-favor desça. -o encava sem a menor intenção de obedecer. - Por ele.

–Não! E-e abaixe essa mão inútil! - falei engasgando com algumas palavras.

Ele fez o que eu disse e esperou. A cada minuto que passava minha decisão se desfazia e cada vez mais eu percebia a verdade da dividida que tinha, não só com o Pullker mais com todos os outros que morreram. Uma palavra que levou o meu plano de suicido embora. Não tinha esse direito. Desci, sentei no chão me encostando na mureta e abracei as pernas escondendo o rosto atrás dos joelhos. Não conseguia parar de chorar, nem impedir a dor dentro do coração. Fiquei assim e passou-se um tempo até que me sentissem minimamente melhor.

–Você esta bem agora?-ele disse gentilmente, bem diferente daqueles que ficam na minha casa.

Levantei o rosto e ele tinha se aproximado e ajoelhado sobre uma das pernas na minha frente. Estranho, ele realmente expressava uma preocupação verdadeira. Era possível ver, e eu... sentia isso.

–Eu nunca vou estar bem. - respondi.

– Então nunca mais vou te deixar sozinha. - e ele sorriu descontraído e amável.

Olhando-o percebi como eles ligeiramente diferente do irmão. Ele tinhaos cabelos castanhos claros, se não loiro escuro, e seus olhos eram de um azul mais claro do que os de Pullker. E claramente este tinha um porte físico mais trabalhado e desenvolvido. Fiquei pensando em algumas coisas até perceber que a situação estava ficando estranha. Então me levantei, caminhei para a porta, parei no meio do caminho para pegar o capacete abandonado e estendi para o dono dizendo:

– Vamos. Você pode me acompanhar de volta. Assim pouparei explicações para aqueles pacificadores.

Quando descíamos pela escada ele me perguntou o que devia dizer ao chefe.

– Diga a verdade. - respondi - O que quiser, eu não me importo.

E é verdade. Eu não ligo para o que eles pensem de mim agora e não vou fingir que os jogos não me fizeram mal. Parei no hall me perguntando por onde sairíamos.

–Por aqui. - Disse o pacificador indo para a porta.

–Mas esta fech...- E ele abre aporta e me olha com um sorrisinho querendo terminar de ouvir. -Como você abriu?

–Eu sei de coisas. - riu- Não se precisa das chaves com as ferramentas certas.

O segui. A madrugada já ia e nós seguimos para a vila dos vitoriosos.

– Porque ia fazer aquilo. -perguntou meio sem jeito.

– Pensei em me voluntariar nos próximos jogos, como minha mãe fez. Mas qualquer tempo é muito para se esperar a dar um fim nessa vida amaldiçoada. Por isso resolvi... -olhei o chão brevemente. - Acabar tudo por conta própria. -respirei fundo- Mas agora, eu percebi que é egoísmo. É aquilo que você disse: é uma divida que tenho com muitos. E é cara demais para morrer comigo.

O silencio da madrugada ficou no ar por um tempo. Eu preferi que isso não continuasse:

– Por que se tornou pacificador?

Ele me olhou estranhando eu querer manter uma conversa.

– É-é um trabalho que paga bem, se comparar com o que temos. Sei que a maioria são do distrito 2, mas nada pode impedir os outros distritos. Depois de convencer o comandante consegui fazer o teste de admissão...duas vezes.

–Duas vezes?

–É. Faz pouco tempo, mas até hoje muitos pacificadores fazem graça com isso.

–Bom. Agora você pode mostrar pra eles que é melhor que eles. Nenhum dos quatro que me vigiavam percebeu que eu fugi. -E nós rimos disso.

****

Alguns meses depois, todos já sabiam de tudo. Ele tinha dito a verdade ao comandante e a historia se espalhou. Andrew foi colocado na equipe que me guardava e mais alguns meses de reabilitação vieram juntos. Com o tempo ele se tornou um amigo... Que me vigiava. Confiava nele e era o único que eu realmente podia contar tudo. E a presença dele me ajudou mais dos que aqueles especialistas da capital.

****

Chegará a minha primeira colheita. Giulen, que eu via de vez em quando, se aproximou mais algumas semanas antes com conversas sobre como ‘trabalhar’, já totalmente de volta ao estilo bem vestido que mostrava para capital. Ele queria me ajudar, devia saber que seria bem complicado e eu não era nada estável.

Naquela tarde os jovens caminhavam para uma colheita em que eu me sentia bem mal. Não queria ir nem assistir aquilo, queria fugir, mesmo que Giulen me alertasse das punições. Contudo, não era isso que me mantinham no lugar naquele palco e com coragem de encarara-los. Era o fato de eu seria, junto com Giulen, a chance deles de sair vivo e de conseguir ajuda durante a arena. Eles tinham que ter alguma esperança.

Os tributos foram sorteados, e eu não conseguia me sintonizar no momento. Fui deixada em uma sala reservada, o mesmo tratamento dos tributos. Eu mal me lembrava dos rostos deles enquanto esperava que se despedissem. Então um pacificador bate e entra fechando a porta logo atrás dele. Ele se aproximou de mim e me dá um abraço. O mesmo abraço forte e aconchegante e um outro coração jovem batendo. Batendo tão rápido quanto o meu.

–Você esta bem?- diz Andrew sem me soltar.

–Não, eu nunca vou estar bem. - já tinha descoberto que abraça-lo me acalmava.

–Maya... -eu só resmunguei sem solta-lo. - Na ultima colheita eu ia me voluntariar. S-se meu irmão não tivesse sido sorteado. -eu quis me separa para olha-lo, mas ele me segurou no lugar. - Para poder te conhecer e cuidar de você ao menos em um momento da minha vida. Mas... ele foi sorteado. Eu não podia deixar os meus irmãos pequenos sozinhos e Pullker não saberia como ajudar sem mim. Eu não pude fazer nada. Queria que vocês dois voltassem. E nunca pude escolher, nem quando aqueles da capital apareceram para entrevistar a minha família. - e me mantinha junto dele, que ouvia imóvel e com mil pensamentos com o coração agitado. - Eu queria você. Sempre tão diferente das outras... Maya, -ele me segurou pelos ombros e me afastou me olhando nos olhos- eu sempre te amei e Pullker sabia muito bem disso.

"Eu sou Victory Maya, moradora do distrito oito e descendendo de uma vencedora do distrito 10. Eu não tina interesse de saber sobre meu passado. Mas quando isso, uma coisa tão minha, se tornou um item de decoração para uma edição dos Jogos Vorazes eu não pude negar a oportunidade. Melhor, eu não tive a opção de negar."

FIM

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Notas finais do capítulo

Espero saber o que acharam!

Até breve quando o destino nos unir novamente, amigos.



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