E finalmente chegou o dia do casamento de Elizabeth, eu estava feliz por ela, e também estava feliz por mim, afinal iria ter comida de graça! Coloquei meu terno que ela havia comprado pra mim (com o meu dinheiro), e tentei dar um jeito no meu cabelo, que não parava de jeito nenhum.

Ontem eu havia comprado um vinho e mais umas comidas caras, que só serve para presente mesmo. Eu também estava nervoso, não gostava muito de ficar em lugares que tinham muitas pessoas, e como conheço Beth, seu casamento deveria ter muitas! Beth havia escolhido um local um pouco mais longe e resolvi ir de carro.

Peguei meu Monza 85 vermelho (que raramente saia da garagem) e tentei ir o mais rápido possível. Primeiro passei na casa de Beth, para ver como ela estava, já que seria a ultima a chegar ao casamento.  Estava linda num vestido de casamento branco com detalhes azuis no final.

- Elizabeth, como está se sentindo a um passo de desencalhar? – dei uma risada, e ela parecia que ia me matar com o olhar, acho que no dia do casamento não é muito bom fazer alguns comentários.

- Ben, estou bem obrigada.- Fui e a dei um abraço.

- Então estou bem? – eu, meu terno novo, e um sorriso de orelha a orelha.

- Dá pro gasto... – ela revirou os olhos, e me senti um mendigo – é brincadeira você está bem sim, da pra ver que se esforçou um pouco pra se arrumar.

- Você sempre tão gentil...

- Sei que você me ama

- Infelizmente – nós rimos, e conversamos mais um pouco e eu fui para o local onde seria o casamento.

A cerimônia se dava numa fazenda, tinha um pasto atrás e algumas árvores de fundo. Era tudo ao ar livre, e mais ao lado tinha umas tendas onde seria a festa. O lugar era bonito, e dava uma sensação de paz, lembrava a minha infância quando fomos passar umas semanas de verão,  em algum lugar que eu não me lembro o nome, porque já faz muito tempo, mas foi um dos melhores verões que eu já tive, sempre que lembro daquele local, sinto uma paz invadir meu corpo.

Não havia tanta gente quanto eu esperava, acho que com um casamento “relâmpago” não da pra convidar tantas pessoas. Percebi que eu não conhecia o noivo, e com isso mais da metade das pessoas que estavam lá. Isso me deixou um pouco aliviado até, menos formalidades com as pessoas.

Tentei descobrir dentre aqueles homens bem vestidos (muito melhores que eu), quem seria o noivo. Tinha três homens que se destacavam pela roupa, um eu achava ser um dos músicos, pois usava uma roupa muito estranha, eu achava que Elizabeth não deixaria o noivo dela usar aquilo, e os outros dois usavam um smoking.

Quando olho pro lado, fico paralisado. Eu não acreditava no que estava vendo. Olhei rápido procurando algum lugar onde eu pudesse me esconder. Não havia nada, que droga de lugar que era tudo ao ar livre.

- Boa tarde Sr. Benjamin.

- Boa tarde Sr. Rogers, que coincidência encontra-lo aqui. – que homem do diabo! Tenho que ver ele quase todo dia, e ainda encontrar com ele no casamento da minha irmã! Merda!

- Eu sou o pai do noivo, eu tenho que estar aqui. – coitada da minha irmã, será que ela conhece o sogro que vai ter?  – e você? Veio por causa da noiva?

- Sim, eu sou irmão da noiva.

- Humm... – ele me olhou de cima a baixo, como se tivesse me analisando, pelo jeito ele já conhecia Beth.

Ele se virou e foi conversar com outra pessoa que eu não reconhecia. E a nossa conversa acabou por ali, graças aos céus. Depois de um tempo rondando o território fomos chamados a sentar nos lugares, porque a cerimônia já iria começar.

Como padrinho eu tinha que ficar perto do altar ao lado da noiva, a madrinha de Beth era uma amiga dela que eu conhecia. Acho que elas se conheciam desde o Ensino Fundamental, me lembro dela mais nova de aparelho e um cabelo horrível indo estudar lá em casa, enquanto eu tentava arrombar a porta de Beth só pra incomoda-la.

Cumprimentei-a e fiquei na posição esperando os outros se ajeitarem, no final o noivo era o segundo cara de smoking, como eu imaginava não ia ser o cara de roupa estranha. Ele tinha cabelo loiro, e uma boa postura, tive a impressão que era um politico, ou trabalhava com muitas pessoas. Pensando nisso percebi que nunca conversei com Beth a respeito de seu noivo.

Todos já estavam em seus lugares, e olhei em volta pra ver se reconhecia alguém. A marcha nupcial começou a tocar, via Beth entrando lá no final e de repente vi um vestido vermelho, lindo, numa mulher morena de olhos castanhos iguais a dois buracos negros que me sugavam para dentro deles.

Era ela!