Continuação do capítulo anterior...

Annabeth, jardim do hotel

– Percy, eu te amo - Ele abriu um sorriso - Mas eu tenho medo de fazer você sofrer. De novo.

– Você não vai, Annie. Eu sei que não.

– De qualquer maneira eu tenho medo, ok? Sem contar que você é um deus agora. Não pode se relacionar com mortais, mesmo eu sendo uma semideusa.

– Te torno imortal, oras. Acha que não pensei em todos os ''e se''?

Arqueei uma sobrancelha.

– E se Zeus não conceder a imortalidade? - Pergunto.

– Meu pai concede.

– E se ele não conceder?

– Abro mão de ser deus.

Arregalei os olhos.

– Mas... e se Zeus não aceitar?

– Roubo uma das Maçãs das Hespérides.

– E se eu não quiser?

Agora ele se assustou.

– Mas... m-mas você disse que... - O interrompo.

– Eu amo você, sim. Mas é melhor não, Percy. Você é meu melhor amigo e realmente não quero fazer algo errado e acabar com isso. Sinto muito, Percy.

Ver a decepção nos olhos dele quase me fez voltar atrás, mas mil vezes ver decepção do que tristeza, ou até mesmo ódio.

– Tudo bem. Se você não quer eu não vou forçar - Ele falou e saiu dali antes que eu pudesse responder.

Fiquei ali vendo-o se afastar durante alguns minutos

Eu quis isso, não é? Então porque eu estava chorando?

Percy, quarto do hotel.

Depois de uma noite mal dormida e nada de lágrimas - já derramei demais dois anos atrás - eu acordei e fui tomar banho.

Fiz o ritual de sempre, e como eu estava afim de ir na piscina do hotel, eu vesti uma sunga, bermuda e camiseta. Como estávamos no verão o calor ali de Atenas era insuportável.

Deve estar se perguntando: ''Cadê a depressão?'' ou, ''Você não está triste?''. A verdade é que estou sim triste. Triste é um eufemismo para o que eu estou sentindo, mas não vou entrar em depressão por isso. A fase ''já-que-você-não-me-quer-eu-vou-me-jogar-no-fundo-do-poço'' foi a dois anos atrás e não vou passar por isso de novo. Mesmo desmoronando por dentro eu vou agir como se nada tivesse acontecido.

Porque, para começar, Annabeth havia sido altruísta em não ter ficado comigo, por mais estranho que pareça.

Quando cheguei na nossa mesa pude sentir um clima... misto.

Felicidade de um lado - Thalia, Nico, Luke e Mellanie - tristeza em um - Annabeth - e raiva de outro - Atena e Poseidon. Parecia um degradê. Bom, mal, péssimo. (N/A: Não sei porque coloquei o ''degradê'', mas foda-se)

Sentei entre Atena e Poseidon - primeiro porque era o único lugar vago, e segundo porque assim os impedia de tentar fulminar um ao outro.

Durante todo o café meu pai e Atena ficavam brigando por coisinhas bestas, como quem usava a geleia primeiro. Teve até uma vez que eles, acidentalmente, pegaram o mesmo cookie e encostaram levemente os dedos. Isso ocasionou um grito de ''Não me toque'' de ambos e vários olhares. Foi engraçado, porém assustador.

Quando eu tive que acalmá-los - caso o contrário eles iriam se transformar na sua forma divina e iriam duelar ali mesmo, sob o pó que outrora fora os mortais - eu me irritei e arrastei os dois para o saguão.

– Tá legal, o que está acontecendo? - Perguntei com a voz cansada.

– Viu o estado dele, Atena? - Meu pai gritou - É culpa da sua filha!

– Não a culpe. Ela só estava preocupada com ele - Ela gritou mais alto.

– Ah claro. Fazê-lo sofrer é uma ótima maneira de demonstrar preocupação - Ele falou irônico.

– PERA AÍ - Gritei mais alto que os dois - Vocês estavam nos espionando ontem?

– Bem... é q-que... - Atena gaguejou.

– Pelos deuses. Vocês estão brigando por isso? - Continuei gritando - Annabeth não tem culpa. E eu estou bem sim, pai. Mas que merda. Porque vocês sempre tem que se meter nisso? - Perguntei - E porque hades estão brigando por isso se é assunto meu e dela? Pensei que a fase vou-fulminá-lo já tivesse passado... E NÃO OUSE ME INTERROMPER - Gritei quando meu pai abriu a boca - Se vocês se meterem na minha vida ou na dela, ou até mesmo brigarem por isso as coisas vão ficar realmente sérias - Ameacei - Agora vão para o quarto reconciliar - Terminei e voltei para o restaurante onde todos assistiam a discussão.

Não sei de onde tirei coragem para ameaçá-los, mas a verdade é que eu estava com tanto ódio que simplesmente saiu. Sem contar que após uma briga eu os deixei dois dias trancados em um quarto (tirei os poderes deles com a ajuda de Afrodite, é claro) até eles reconciliarem.

Annie me olhava de um jeito estranho, mas eu simplesmente sorri, desejei bom dia e voltei a tomar o café. Eu iria agir normalmente, afinal de contas.

Depois do café fui até a área da piscina, tirei a roupa e mergulhei.

Fiquei lá durante uma hora até Thalia, Nico, Luke, Mellanie e uma Annie irritada resolverem pular na piscina também. Thalia adorava tentar me afogar, o que era impossível. Nico ria da cara dela e eu falava com a barriga de Mellanie, recebendo olhares nada amistosos de Annabeth, mas que no fim se rendeu e veio conversar com Diana também. Mellanie ora ria da nossa infantilidade, ora conversava com Luke, que aliás, parecia estar caidinho. Afoguei Annie algumas vezes, brinquei com ela na água, conversei com Diana mais um pouquinho e então todo mundo resolveu sair. Nos secamos e entramos no elevador - que ficou meio apertadinho - passamos pelo corredor rindo um pouco dos gemidos de Atena e fomos para os nossos quartos, afinal éramos uma família feliz, apesar de tudo.