O Orgulho Dos Feitiçeiros escrita por Moon


Capítulo 3
Capítulo 2 - Closing Time.




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Acordo graças à Lilyam, que me alerta de que temos que ir à escola. Não é bem uma escola... Mas o lugar, para o qual iremos, é um lugar onde alguns Elders passam informações para bruxos mais novos. Ensinam feitiços, maldições, fórmulas para poções e nos alertam sobre certas coisas, além de nos contar a história do mundo.

Levanto sonolenta e percebo que Jun já havia acordado, estava sentado à nossa pequena mesa de centro e comia sanduíches, que com certeza, a Lilyam fez. Vou para um canto e digo para o garoto fechar os olhos, afinal, vou trocar de roupa e quero privacidade. Ele obedece e eu ponho roupas de costume. Uma camisa de mangas compridas, em azul clarinho, bem fresca, um broxe pesado e foleado na gola da camisa, saia azul marinho, botas de couro marrom e uma capa da mesma coloração que a saia. Aviso à Jun que já pode abrir os olhos, ele o faz e volta a comer, enquanto arrumo meus cabelos, em duas tranças grossas que vão ficando mais finas na medida em que chegam ao fim.

Ao terminar, dou uma boa olhada em meus amigos, que estão comendo juntos. Jun está com os cabelos molhados, veste uma camisa de mangas compridas amarela, com botões, calça jeans, sapatos sociais e uma capa marrom. Lilyam usa uma peça de roupa curiosa, uma espécie de maiô vermelho, decotado e detalhado, saia preta, botas da mesma cor e uma capa também negra. Os cabelos ruivos, presos à um rabo de cavalo com uma fita.

Sento, junto ao casal e como com eles. Ao terminarmos o café da manhã, saímos de nossa barraca e nos dirigimos ao espaço dos Elders, onde iremos aprender coisas novas. Lá, além de nós, há vários jovens, mais ou menos, da nossa idade. Todos em grupos, cada um se dirigindo para uma barraca diferente.

Aquele espaço era curioso. Um grupo de barracas afastadas do resto da vila, o espaço dos anciãos. O espaço dos Elders. Cada barraca tinha a mesma coloração, porém placas com diferentes temas, que diziam o que aquele Elder ensinava ali.

É aí que eu, Lilyam e Jun nos separamos. Lilyam vai para a barraca de "feitiços", Jun vai para "poções" e eu vou para "história mundial". Lá dentro, alguns bruxos jovens estavam sentados no chão, olhando atentamente para um Elder de cabelos brancos e rugas, que explicava o que eu já sabia. Mas, depois de um tempo, o assunto começa a ficar interessante.

- Os Elders mais velhos têm cerca de 1000 anos. - ele diz, me surpreendendo, pois os Elders que eu conhecia tinham, no máximo, 540 anos. - Só que, como a primeira bruxaria havia sido a negra, as Elders mais velhas são as damas negras.

- Damas negras? - um aluno pergunta.

- Sim, damas negras. - o Elder sorri - As primeiras bruxas, as mais experientes e as mais belas, certamente. Mas, elas usaram a bruxaria para amaldiçoar os humanos, logo numa época em que a mente deles era primitiva...

- Então foram elas que causaram a guerra... - murmuro um pouco alto demais, fazendo o ancião olhar para mim, sorrindo.

- Oh, era justamente isso que eu queria que concluíssem! - ele aponta para mim e os alunos se voltam para onde ele estava apontando. - Levante-se, dê sua opnião sobre o assunto!

- Bem... - levanto tímida, ignorando os olhares e me voltando apenas para o idoso - Acho que, se elas tivessem mais cuidade, a guerra não teria ocorrido e os clãs viveriam em harmonia...

- Você é contra a guerra, jovem?

- Na verdade, não. Sou a favor. Não gosto de como os humanos nos tratavam sem antes saber bastante sobre nós.

- Curioso... Acredita que eles se escondem por aí?

- Não... - suspiro - Temo que não...

O Elder me manda sentar e continua falando, dessa vez sobre os outros clãs. Depois de um tempo, ele anuncia que nosso tempo com ele acabou e os alunos saem de sua barraca. Então, vou para a barraca de feitiços, onde aprendo truques de envenenamento e sequências de palavras que desencadeiam feitiços bastante úteis em batalha. Em seguida, vou à barraca de poções e, ao fim, à de treino em batalha.

Nessa barraca, batalho contra uma garota de cabelos cinzentos e enrolados, olhos penetrantes vermelhos e roupas engraçadas. Uma blusa verde com capuz que possui orelhas de gato e short jeans preto, com botas e uma capa. Luto usando o que havia acabado de aprender e utilizo alguns golpes que já conhecia, mas a garota era muito rápida e forte, lutava corpo a corpo o tempo todo, o que me impedia de usar feitiços.

Ao final, a Elder que nos assistia declarou vitória para a outra garota. Que, ao escutar a idosa, chegou perto de mim e apertou minha mão, sem sorrir em momento algum.

- Nemuri - ela se apresenta - Nemuri Tachibana.

- Lluvy Louhi - me apresento e retribuo o cumprimento.

Ela solta minha mão e sai, de costas para mim. Dou de ombros e saio da barraca, também. Ao sair, percebo que o sol já está se pondo e tento encontrar meus amigos. Procurando um pouco, encontro Jun e depois, encontro Lilyam. Juntos, voltamos para casa.

- Argh! - Jun resmunga, ao chegarmos. - Vamos nos mudar?

- O que? Por que? - Lilyam se assusta.

- Já estou cansado dessa rotina...

- E que tal mudarmos um pouco e... - sorrio maliciosamente - Irmos procurar vampiros na floresta??

- Não. - ele responde secamente.

- Waah, por favor!

- Não, Lluvy.

- Ei... - Lilyam chama nossa atenção - Precisamos fazer compras para o jantar de hoje. Quem vai? Ah, e quem for pode preparar a refeição, também? Já estou cozinhando desde que vocês vieram para cá.

- Eu vou. - falo rapidamente.

- Tem certeza de que sabe cozinhar?

- Tenho sim! Faço uma omelete maravilhosa! - minto.

- Mas eu estou acostumada a comer as coisas daqui, Lluvy!

- Vai ter que mudar algum dia, certo, Hoshimura?

- Por que você continua me chamando assim?

- Ué, você mesma disse que aqui vocês só se chamam pelo segundo nome...

- Não. Eu disse que só se chamam pelo segundo nome, aqueles que já são muito íntimos.

- Que seja!

- Então, - ela suspira - Vai mesmo fazer o jantar?

- Sim, sim.

- Então vá logo. - Jun reclama - Estou morto de fome!

Pobre Jun, mal sabe que vou demorar.

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Visto minha capa novamente, pego algum dinheiro, uma lanterna, minha espada de prata e saio da barraca. Ao invés de ir para o mercado, sigo na direção contrária e vou para a floresta.

"Por favor" penso, enquanto vasculho as árvores com a luz da lanterna. " Por favor, apareçam!". Espero um pouco, adentro mais, pela floresta. Nada. Fico mais de meia hora procurando, até que tropeço em um toco de árvore e, sem querer, solto um grito de dor. Com o tropeço, caí e derrubei a lanterna, arranhei meu rosto, rasguei a ponta de minha capa em um galho do chão e meu dedão do pé doía. ouço um ruído de arbustos se mechendo à minha frente. Olho e não vejo nada, apenas um arbusto, se remexendo e sendo iluminado pela minha lanterna.

"Um vampiro?". Meu rosto se ilumina.

- Quem quer que esteja aí. - grito - Saia de onde estiver!

Em seguida, ao meu lado, do meio dos arbustos, sai uma silhueta magra, pálida e rápida, que me agarra pela cintura e me põe contra o tronco de uma árvore próxima. Olho para meu agressor. Um garoto que parecia um pouco mais velho que eu, com olhos vermelhos e cabelos completamente negros, assim como suas roupas. Não consigo esconder minha felicidade, sorrindo loucamente e o deixando confuso. Mas, logo ele adquire um olhar sério e me pressiona mais contra a árvore, pelos braços.

- O que uma bruxa está fazendo aqui? - ele pergunta, com uma voz rouca.

- Procurando pessoas como você. - acabo falando animada demais.

- Defina "pessoas como eu".

- Você é um vampiro, não é?

- Veio caçar vampiros, é? - ele rebate.

- Mais ou menos. - dou de ombros.

- Na verdade, sou um renegado. - ele me solta.

- Renegado?

- Sim. "Pessoas que se escondem na escuridão", como dizem os bruxos.

- Pessoas que sobrevivem após a guerra?

- Acho que sim. - ele dá de ombros. - Mas é melhor sair daqui.

- Por que? - o olho como se fosse louco - Acabei de encontrar um vampiro, quero fazer muitas perguntas!

- Vai ter que ficar com essas perguntas para você. - ele resmunga. - Agora que já sabe que nós existimos, tem que sair antes que eles te matem.

- E por que você não me matou?

- Você é bonitinha e inocente demais para ser seduzida por mim. - ele dá de ombros - Prefiro mulheres mais maduras.

- Sei... - cruzo os braços.

- E você quase despertou a atenção de uma tribo de magia negra aqui perto. Tenha mais cuidado da próxima vez. - ele se vira e vai andando, mas eu corro para ficar ao seu lado. Eu ia fazer algumas perguntas contra sua vontade, mas algo nos interrompe. Uma silhueta bem a nossa frente.

A figura se aproxima e nos possibilita de vê-la. Uma mulher de cabelos compridos negros, vestes negras, longas e o capuz da capa estava cobrindo um pouco o seu rosto abaixado. Ao levantar o rosto, percebo que a mulher tem algumas tatuagens e marcas no local.

- Ora, ora... - ela sorri. - O que temos aqui? Foi esta linda moça que gritou agora à pouco?

Engulo em seco. O vampiro se põe diante de mim.

- O que quer, Tíbia? - ele lança um olhar ameaçador para a bruxa.

- Ah, nada de mais, querido Kyuketsuki. - ela abana uma das mãos - Apenas um brinquedo para mim, sabe? Antes de eu partir para a Oceania.

- Desculpe, mas não vai conseguir, hoje.

- Ah, não? Veremos.

Ao dizer isso, as sombras ao redor de Tíbia se movem, levantando-se e dispondo-se como tentáculos ao seu redor. Logo, um deles se dirige rapidamente para nossa dirção, mas o Kyuketsuki se desvia e me empurra para que eu saia do caminho.

- Fuja. - ele grita para mim, enquanto tenta lutar contra a bruxa.

- Nunca vai conseguir derrotá-la sozinha! - grito em resposta, tirando minha espada da bainha.

Ele me ignora e continua tentando atacar a bruxa, sem sucesso. Me ponho de pé e ataco um dos tentáculos da bruxa, conseguindo cortá-lo e fazendo-o desintegrar. Ela grunhe e me lança um ataque. Corto o tentáculo seguinte e percebo algo. Enquanto eu distraía Tíbia, o Kyuketsuki se aproximava por suas costas, pronto para um ataque, mas nos últimos segundos, ela percebe e o ataca em tempo. Fazendo ele ser atingido em cheio e caindo inerte, quase ao meu lado.

Grito e continuo revidando os golpes da bruxas. Ouço gemidos vindos do vampiro e me assusto. Com raiva, tento chegar cada vez mais perto da bruxa negra, que investe cada vez mais, refanzendo os tentáculos com as sombras. Fico na defensiva até ver a oportunidade certa. O momento do ponto fraco. Reparo bem em seus movimentos e logo descubro qual é. O momento em que ela para de atacar para refazer uma sombra, porém, é muito rápido. Rápido demais. Me preparo e espero o momento chegar. Quando chega, invisto com minha espada, em sua barriga. Fazendo a bruxa parar de usar magia. As sombras que eram tentáculos se desistengraram e a bruxa caiu inerte no chão.

Então, retiro minha espada de sua barriga, agora com sangue transbordando do local, limpo-a com a ponta de minha capa e a guardo na bainha, de novo. Depois, corro para o vampiro.

- Kyuketsuki! - grito e me ajoelho ao seu lado.

- Ei, meu nome não é esse. - ele ri, nervoso, com as mão em volta da barriga e se curvando. - Ugh. Maldita bruxa.

- Deixe-me ver isso. - digo, então ele tira as mão do ferimento e se deita no chão. Exibindo o corte gingantesco, profundo e sangrento que havia ganhado bem no meio do peito, sobre o coração..

- Se eu perder mais sangue eu, meio que, morrerei, de novo. - ele resmunga.

- Não há nenhum jeito de te curar? - pergunto, arrependida. Aquilo era minha culpa...

- Você pode usar algum feitiço para curar o corte e... - ele me olha como se estivesse decidindo se falava ou não. - E me deixa sugar um pouco de seu sangue para recuperar a quantidade que perdi...

- O que?!! - grito.

- Pare de gritar! - ele alerta. - Bem, eu não preciso sugar o bastante para te transformar em uma Kyuketsuki. Só o bastante para me recompor. E, eu teria que me tornar seu escravo...

- Por que?

- Porque assim você salvaria minha vida. E isso, meio que, é uma norma dos Kyuketsuki.

- Hum... - fico insegura - Bom... Se for só para você sobreviver.

- Ugh. - ele grunhe - Então feche logo o corte, pois já devo estar no meu limite.

Começo a usar um feitiço de cura que aprendi em uma tribo de ar. Fecho o corte, depois de alguns longos minutos. Em seguida ele senta e se aproxima de mim.

- Não se preocupe. - ele sussurra. - Vai ser mais prazeroso do que você pensa.

Então ele perfura meu pescoço com seus dentes. No começo sinto uma dor insuportável, mas logo isso se transforma em um verdadeiro prazer. Me sinto quase no ápice quando ele termina e deixa meu pescoço.

- E então, como foi? - ele ri.

- Ah... Eu... Bem... Não vou virar vampira, certo? - mudo de assunto.

- Não, não vai. Mas eu agora sou seu escravo.

- Escravo... - repito.

- Pois é. Irei lhe proteger, daqui para a frente, mas... Você teria que voltar aqui. Eu não posso ir para a vila, iriam me matar!

- Eu sei... - suspiro - Voltarei aqui todas as noites, tudo bem? Me espere aqui, sempre.

- Tudo bem, - ele sorri maliciosamente - Mestra.

- Não me chame assim! - dou um tapa em sua testa. Ele reclama, mas eu ignoro. - Ah, qual o seu nome?

- Alex. - ele responde. - Alex Eastwik. Do clã Kyuketsuki.

- Eastwik? - me espanto - Você tem antepassados bruxos?

- O único vampiro com esse credo. - ele confirma. - Minha avó era uma grande vadia...

- Você é neto da Sra. Eastwick? - indago, rindo.

- Sim, eu sou...

- Oras, não diga essas coisas. Sua avó foi uma visionária no feitiço de clonagem.

- É claro... - ele murmura, irônico - Ela clonou a si mesma várias vezes para satisfazer os prazeres de homens humanos.

Rio um pouco.

- Enfim, - ele me corta - E você, como se chama?

- Lluvy Louhi. Eu sei, nome estranho.

- Não. É bonito. Eu gostei, Lluvy.

- Bem, eu acho que já demorei de mais aqui. - digo, me levantando e pegando minha lanterna que ainda estava jogada no chão. - Adeus, Alex.

- Até amanhã... Lluvy.

Sorrio e saio da floresta, deixando-o sozinho. Mordo o lábia, pensando no que irei dizer para o Jun e para Lilyam." Como eu explicaria meu atraso, minha roupa amarrotada, meu rosto arranhado e..." Toco meu pescoço. "Minha marca de mordidas?".

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- POR QUE DEMOROU TANTO?? -  Jun berra, quando chego em casa com as sacolas de compras. - SABIA QUE EU ESTOU QUASE MORRENDO DE FOME????

- D... Desculpe, Jun... - gaguejo. - É... É que, eu.. eu...

- SEM DESCULPAS! VÁ PREPARAR ESSE JANTAR AGORA! - ele berra novamente e, dessa vez, juro que vi fogo saindo de suas narinas.

Fico feliz de ele não ter perguntado nada. No caminho, eu havia feito as compras, jogado minha capa fora, limpado os arranhões em meu rosto com um feitiço e soltado meus cabelos para que ele não visse minha marca no pescoço.

Me sinto nervosa enquanto preparo o jantar. Omeletes, assim como havia dito. Omeletes douradas e caprichadas, que eu havia dado duro para preparar. Quando ficam prontas, coloco três pratos sobre a mesa, cada uma com uma porção de minha obra prima. Depois, os outros dois vêm comer e todos nós limpamos o prato. Estava realmente bom, me saí muito bem.

Todos nós trocamos de roupas e deitamos para dormir. Dessa vez, convenço Lilyam a dormir com Jun. Ela dá de ombros e se deita abraçada com o garoto. Em um momento, ele se vira para mim e mexe a boca, onde pude ler um "obrigado". Sorrio e apago as velas, depois, vou para meu saco de dormir e adormeço rapidamente. Pensando em como o dia havia sido maravilhoso.


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Notas finais do capítulo

Desculpem se ficou muito curto @-@
Mas, lembrem-se, Reviews!
Quanto mais reviews, mais longos os capítulos ficam e mais rápido eles chegam ^~^
Bye bye~~~