O Orgulho Dos Feitiçeiros escrita por Moon


Capítulo 4
Capítulo 3 - Tomorrow Comes Today


Notas iniciais do capítulo

desculpem a demora '3'



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Acordo sem entusiasmo, sonolenta demais. Tento convencer Lilyam a me deixar faltar às aulas com Elders hoje, mas foi em vão, pois ela me obrigou a ir. Até me vestiu! Só tivemos um problem... Eu havia jogado minha capa rasgada pela floresta, ontem e, hoje, quando ela estava me vestindo, não achou a peça. Menti que havia perdido e compramos outra, no caminho para os Elders. Lilyam sugeriu uma cor diferente, mas teimei em comprar uma capa em azul marinho.

Meus cabelos permaneceram soltos, para cobrir minha marca. Isso me incomodou um pouco, pois minha marca sempre foram as tranças. Duas tranças que caíam sobre meus ombros...

Ao chegar no espaço dos Elders, me dirijo para a barraca que falava sobre clãs. Ao entrar, vejo que já há alguns alunos ali dentro e que a Elder ainda não havia chegado, por isso, alguns grupos conversavam. Outros, estavam solitários, como eu. Depois de alguns minutos, a Elder chega. Entra e se posiciona na frente de todos, arranhando a garganta para chamar nossa atenção.

- Bom, - ela começa a dizer - Queria começar esta aula, lhes fazendo uma pergunta. - todos ficam em silêncio. - Vieram aqui por acreditar em outros clãs?

Um grande murmúrio começa. Sorrio, estou vendo que vou gostar dessa aula.

- Podem até não acreditar em clãs... - a velha volta a falar. - Mas eu posso lhes assegurar que eles existem. Eu conheci um renegado.

Sorrio de orelha a orelha, inquieta. Eu também conheci um.

- O que é um renegado? - um dos jovens pergunta.

- Um renegado pode ser duas coisas. Pode ser uma pessoa que não é bruxo, ou seja, clãs que sobreviveram após a guerra. Ou pode ser uma pessoa que saiu de sua tribo ou reino, e não voltou depois de um ano.

Gelo. Sou uma renegada? Não volto para a tribo de gelo há onze anos!

- Renegados são caçados? - mais uma pergunta de um aluno.

- Na América do Norte e na África, sim. Já aqui e, principalmente, na Oceania, não.

- Por que "pricipalmente" na Oceania? - pergunto rapidamente.

- Pois é lá que os renegados são acolhidos. Sabe, as pessoas das vilas de ouro são muito solidárias. Abrigam renegados.

Assinto. Ela começa a contar sobre o renegado que conheceu. Um samurai chamado Noah, do clã Asakura. Contou, também, que os Asakura eram bruxos que possuíam certa habilidade com armas. Noah era humano, portanto, não seria aceito no clã. Mas seu desejo para adentrar no grupo era tão grande, que se passou por bruxo para entrar. E conseguiu! Como não usavam magia no clã, ele não precisou fazer muitos esforços. Para provar que era um bruxo, precisou da ajuda da Elder. Ela o enfeitiçou, para que conseguisse "cheirar" como um bruxo.

Depois da aula da Elder, decido fugir um pouco, afinal, Jun e Lilyam estariam em aula, não me veriam tão cedo. Eu só precisava voltar ao pôr-do-sol. Saio da área e corro para a floresta. Veria Alex mais cedo.

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- Alex? - chamo, dentre as árvores. Em alguns minutos, o vampiro aparece.

- Yoo, mestra - ele sorri e eu dou um tapa em sua testa - Ai! Por que fez isso?

- Já disse para não me chamar de mestra. - cruzo os braços, irritada.

- Por que? Qualquer mulher ficaria exitada só de ser chamada assim, por um vampiro.. - ele sorri, maliciosamente.

- Não sou qualquer mulher. - resmungo.

- É claro. - murmura, irônico. - É apenas uma garota, nem tem seios. Tábua.

Dou um soco acima de sua bochecha. Ele reclama, mas eu o ignoro.

- Ei. - lembo-me de algo - Eu disse que queria te fazer perguntas, certo?

- ... Bom... - ele suspira, mas não termina a frase.

- Tem quantos anos, Alex?

- Cento e dezoito.

- Oh, você já seria um Elder, se fosse bruxo. - rio.

- Elder?

- Ancião.

- Ah... Bom, ainda sou muito novo para os Kyuketsuki.

- Quantos anos tem um vampiro adulto?

- Cerca de... Duzentos e quarenta... Acho.

- Uou. Vampiros vivem bastante!

- Na verdade, somos imortais.

- Quais os objetivos de vocês?

- Nada além de sentir prazer e nos alimentar. Se é que você me entende. - ele ri.

- Tarado.

- Não sou tarado - ele dá de ombros - É apenas o que meu clã manda.

- Sei...

- Tem curiosidade de conhecer outros renegados? - dessa vez, ele indaga.

- Claro que tenho!

- Então, siga-me - Alex adentra mais na floresta. - Conheço todos desta floresta.

- Tenho que voltar para a vila ao pôr-do-sol. - alerto.

- Não se preocupe - o vampiro sorri. - Lhe trarei de volta.

Fico em silêncio, enquanto ele me leva para a floresta. Depois de, quase, uma hora andando, chegamos à um conjunto de barracas pequenas, onde várias pessoas andavam de um lado para o outro. Alguns trazendo madeira e outros materiais, outros cozinhando e algumas crianças correndo.

- Lluvy. - Alex se volta para mim. - É aqui que eu moro, desde que a guerra acabou.

- São todos vampiros? - aponto para a tribo.

- Não. - ele dá de ombros e adentra no local. - São uma mistura. Há humanos, metamorfos e alguns bruxos que nunca voltaram para casa.

- Olá, Alex. - uma garota de cabelos negros, presos em marias chiquinhas decoradas, se aproxima.

- Como vai, Lucy? - ele a cumprimenta.

- Quem é essa? - ela aponta para mim, com uma expressão um pouco reprovadora.

- Essa é Lluvy. Uma bruxa de Ashura.

- Na verdade. - me intrometo, antes que Lucy o mate - Sou uma bruxa de gelo. Sou uma renegada, pois não voltei para casa há onze anos.

Lucy olha para mim, me analiza, depois se volta para Alex e seu rosto se contorce em uma expressão desaprovadora.

- Também sou uma bruxa. - ela estende a mão para mim, a qual, aperto - Sou do reino da terra. Não volto há dois anos.

- Só isso? - Alex volta a se manifestar.

- Você não sabia? - a bruxa solta minha mão. - Eu havia lhe dito!

- Ah, desculpe. Me esqueci. - ela protesta, mas ele ignora, adentrando na tribo. Rio deste casal, enquanto os sigo.

Alex me apresenta algumas pessoas, entre elas, bruxas e bruxos que já haviam se tornado Elders. Todos haviam saído de suas casas pelos mesmos motivos que eu. Depois, Lucy me apresenta alguns humanos e fala que pretendia ir à Oceania, pois, lá, renegados são abrigados e escondidos dos reinos caçadores.

- Deve ser horrível morar na escuridão e ter que se esconder dos bruxos. - digo, tomando café com Lucy.

- Que nada! - ela ri, dando um tapa fraco em meu ombro. - É bom ter liberdade!

- Liberdade? - franzi a testa.

- Sim!

- Mas vocês se escondem.

- Pelo menos não precisamos trabalhar para os reinos. - ela dá de ombros.

- Quantos clãs existem nessa floresta? - mudo de assunto.

- Acho que uns sete... Mas, quase todos, estão reunidos na Oceania.

- Dizem que esse continente é independente, não é?

- Se não me engano, sim.

Dou um gole em meu café e percebo que o céu já estava ficando escuro. Essa não... O pôr-do-sol se foi e eu ainda não voltei. Jun deve estar preocupado... Termino meu café e aviso à Lucy que precisava voltar.

- Eles te aceitam normalmente em Ashura? - fica confusa.

- Bem... Sim. Acham que sou uma bruxa de veneno. E, além do mais, eu nem sabia que era uma renegada, portanto, ninguém nunca soube. Inclusive, tenho uns amigos que me encobertam.

- Hm... - ela sorri.

- ... Onde o Alex se meteu? - vasculho o lugar com os olhos, mas não o vejo em lugar nenhum.

- Deve estar na própria barraca - Lucy também termina seu café e se levanta - Venha, vou lhe levar até lá.

A garota me guia pelas barracas da tribo, até que chegamos em uma mais isolada que as outras. Do lado de fora, dava para ver uma sombra magra. Lucy sorrio e chamou o vampiro, que saiu sem camisa de dentro da barraca. De repente, a garota ficara muito vermelha.

- V.. vá se vestir.. A... Alex! - parecia que seu rosto ia explodir.

- Oras, só estou sem camisa, não estou nu. - ele dá de ombros.

- Alex. - chamo a atenção dele. - Preciso voltar. O pôr-do-sol já se foi.

- Ah, me desculpe. - ele sai da barraca e se afasta dela, eu o sigo.

Acabo ficando distraída. Como aquelas pessoas viviam sendo perseguidas? Elas apóiam umas às outras... Tentam sobreviver, mesmo naquela floresta. Têm que tomar cuidado para não serem achados e ainda correm risco de serem atacados por tribos de magia negra. Sendo que, o único "jovem" que pode protegê-los é Alex. Ou pelo menos, o único que vi. Fico presa aos meus pensamentos, mas sou trazida para a realidade, ao ouvir meu nome sendo chamado. Mas é tarde demais, esbarrei em alguém e ouço barulhos de baques surdos, como se algumas coisas estivessem caindo.

Com o impacto, caí no chão. Abro os olhos e peço desculpas desesperadamente. Me levanto e estendo a mão para minha vítima levantar. Um garoto de cabelos curtos, castanhos, olhos verdes, vestia calça marrom, uma camisa branca e botas, sem falar da espada que estava presa ao cinto. Ele pega minha mão e eu o ajudo a levantar. Olho em seus olhos, ele faz o mesmo ao se levantar. Depois, olho para o chão e descubro o que caíra. Vários pedaços de madeira.

- Me desculpe. - repito pela décima vez. Dessa vez, ajudando o garoto a juntar os pedaços de madeira.

- Quem é essa, Alex? - ele indaga, depois de recolher tudo.

- Lluvy. Uma bruxa renegada que eu achei por aí.

- Ei, não fale assim de mim! - protesto

- É um prazer, Lluvy. - ele estende uma das mãos, colocando a madeira abaixo do outro braço. - Sou Masayuki Norikata.

- Sou Lluvy Louhi. - aperto sua mão - É um prazer.

- Masayuki é um humano, Lluvy. - Alex ri.

- Ah! - meu rosto se ilumina - É mesmo?

- S... Sim. Na verdade, eu era um samurai do clã Hojo

- Oh! Você conheceu os Asakura?

- Um deles. Durante a guerra.

Tento fazer mais perguntas, mas Alex me arrasta para Ashura.

- Você disse que conhecia todos da floresta, certo? - indago, antes de ir embora.

- Sim.

- São só aqueles? - levanto uma das sobrancelhas.

- Claro que não. - ele me olha como se fosse louca. - Eu realmente conheço todos da floresta. Incluindo as tribos de magia negra. Era por isso que eu conhecia Tíbia.

- ... Está nessa floresta há quanto tempo?

- Mais de treze anos.

- Nossa. - me surpreendo.

- Eu vivia sozinho, no começo. Por isso, resolvi fazer companhia a algumas tribos negras. Até que achei aqueles baixinhos.

- Baixinhos? - rio.

- É. - ele também ri um pouco.  Me analiza por uns segundos, olha para meus cabelos soltos e levanta uma sobrancelha. - Por que os cabelos soltos?

- Ah... - suspiro - Para tentar esconder minha marca. - Mostro a mordida dele, que ri. - Qual a graça?

- Você pode se curar. - ele põe a mão na testa - Vai dizer que se esqueceu?

- Ah... Esque... ci... - coro, ao admitir.

- Idiota. - o vampiro dá um peteleco em minha testa. Fico em silêncio por um tempo, até que o lanço um olhar mortal para ele, que recua.

- Tá pedindo pra morrer? - dou um passo à frente, me preparando para socá-lo, mas me contenho. - Vou deixar essa passar, só porque já devia estar em casa.

- Oh, quem é você e o que fez com a Lluvy?! - ele ri.

- Idiota. - resmungo e vou embora.

Chegando à vila, faço um lanche e penso no que dizer para meus amigos. Enquanto dou uma mordida em meu pão com salsicha, vou caminhando para minha barraca. Ao chegar, vejo que não há ninguém. Estariam me procurando? Dou de ombros. Acabei ficando um pouco cansada naquela tribo. Deito-me ainda pensando nos clãs e, sem querer, adormeço.


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