My Sunshine! escrita por LilyCarstairs


Capítulo 8
Capítulo 8 - Oh, Dammit!


Notas iniciais do capítulo

Own, obrigada a quem está acompanhando. Seilá, eu deveria escrever um texto grandão agradecendo os leitores, mas eu acho que um "Muito Obrigada, vocês são demais" resume bem. u_u
Boa leitura!



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– Desculpe. – gritei para Will.

De novo eu lancei a flecha em sua direção. Ele conseguiu desviar dessa vez, mas não teve tanta sorte ontem, pois acertei duas flechas nele. Mesmo assim continuou tentando me fazer aprender Arco e Flecha.

Como filho de Apolo, ele tinha um dom natural com isso e há três dias que ele tentava me ajudar com o arco e flecha. Não acertei o alvo nenhuma vez, acerto todos os lados, menos o alvo. Algumas flechas rasparam o braço de Will, nada muito grave. Claro que ninguém acertaria o namorado de propósito, mas eu não conseguia acertar a porcaria do alvo!

– Ei Sum, uma hora você vai conseguir. – ele incentivou. – Vamos, tente de novo.

Respirei fundo e peguei outra flecha, outro problema era colocar a flecha de modo correto no arco. Como os filhos de Apolo e Caçadoras de Ártemis faziam isso tão rápido? Puxei a corda do arco e mirei pouco acima do alvo que eu queria acertar. Soltei a corda e a flecha avançou para o alvo. Fechei meus olhos, não queria ver a flecha raspar no braço de Will de novo.

– Você conseguiu! – ele gritou entusiasmado. Abri os olhos e vi que eu tinha acertado o alvo. Bom, não foi exatamente no centro, mas pelo menos estava no alvo e não em alguma árvore próxima.

Sorri e fui em direção a Will. Ele estava sorrindo para mim também. Vestia a camiseta do Acampamento, a calça preta e o tênis vermelho. Sua franja estava arrumada para um lado e o cabelo meio arrepiado. Lindo, simplesmente.

– Agora podemos parar? – perguntei.

– Agora que você conseguiu? – ele perguntou. Ele sempre me encorajava a continuar tentando.

– Mas vai que eu te acerto de novo. – apontei para o braço esquerdo, duas cicatrizes perto do cotovelo, onde as flechas rasparam.

– Ei, tudo bem. – ele sorriu, segurando meu rosto entre as duas mãos. – Você conseguiu.

– Agora podemos falar sobre baseball? – perguntei.

Eu tentava fazê-lo gostar de baseball e ele tentava me ensinar a usar um arco e flecha. É, nenhum dos dois progrediu muito. Ele realmente não gostava de baseball e quase todas as noites no nosso tempo livre eu mostrava a ele os jogos pelo notebook (É proibido, mas quem liga?), íamos até a Praia dos Fogos e assistíamos. Ele ficava entediado e virava o olhar para o mar. Quem raios não gosta de baseball?

– Ou podemos ir almoçar. – ele sugeriu. Dei de ombros e andamos até o Pavilhão.

Estava na hora do almoço, cada um foi para sua mesa. Procurei por Travis e não achei. Então ele ainda não saiu de lá... Há quatro dias Connor foi atacado por um Cão Infernal (longa história), e desde então Travis vivia na enfermaria com Connor. Terminei meu almoço e peguei alguns bolinhos escondido e enfiei nos bolsos.

Levantei e fui até a porta, onde Will – que já acabara seu almoço – me esperava. Andamos juntos até a enfermaria e encontramos Travis lá.

– Ei, não pode viver só de bolinhos. – falei, entregando os bolinhos.

– Ele melhorou um pouco. – foi tudo o que disse, depois de algum tempo.

Olhei imediatamente para Connor. Ele estava menos pálido e seus ferimentos menores fechados e a grande mordida era o único ferimento que existia agora. Mas ainda parecia fundo e perigoso. Não dava para ter certeza, pois os curativos cobriam grande parte de seu tronco.

– Ei, vai lá fora. Respira um pouco, come algo, toma um banho. – mandei. – Eu fico aqui.

Ele tentou teimar, mas lancei o olhar “super mandona” para ele. Travis saiu cabisbaixo de lá. Ok, ele merecia uma folga. Sentei-me onde ele estava.

– Sum, ele vai melhorar. – quase me esqueci de que Will estava ali. Ele sentou perto de mim e segurou minha mão.

Fiquei em silencio e olhei para meu meio-irmão. “Como eu queria que você melhorasse logo, idiota”, falei mentalmente com ele. Levantei e fui para perto dele. Analisei mais de perto e notei que sua respiração estava mais precisa e uniforme. Toquei seu rosto e ajeitei os cabelos.

– Não se preocupe, os meus irmãos estão cuidando bem dele. – Will falou com um tom suave.

– Will, se ele morrer, eu juro que destruo o Nico... – falei, estrangulando o nada. – Pedaço por pedaço. Ele vai sentir tanta dor que...

– Para com isso. – Will me interrompeu suavemente. - Ele vai ficar bem. E Nico... Ele não vai mais fazer nada, parece arrependido. – acrescentou.

Eu até discutiria, mas Connor fez um barulho estranho e olhei pra trás e notei que seu ferimento estava sangrando de novo. MERDA! Arregalei meus olhos e me afastei da cama, coloquei as mãos na boca e fiquei sem reação. Will foi até Connor e começou a abrir o curativo. ARGH, que coisa horrível! O ferimento ia do ombro até pouco acima do umbigo e tinha as marcas de dentes do Cão.

Eu nunca gostei de ver sangue, e aquilo assustava até o mais corajoso. Virei para a parede e fechei os olhos. Pobre Connor, aquilo devia doer muito... Tentei parar de pensar em sangue e na dor que meu meio-irmão sentia. Olhei para trás e vi Will limpando os ferimentos, passando algum remédio na marca de mordida e refazendo os curativos. Ele fez isso rápido e habilidosamente, como um verdadeiro filho de Apolo. Ficou olhando para os curativos e analisando seu trabalho.

– Você seria um bom médico. – comentei. Ele me olhou e deu um sorriso amarelo. “Oh, droga, o irmão dele!”, repreendo a mim mesma silenciosamente. – Desculpe. – digo.

– Tudo bem. – ele responde dando de ombros, mas seus olhos parecem tristes agora. Summer idiota!

Ele sentou onde estava antes de ir ajudar Connor e fez sinal para eu me sentar também. Ele está com as mãos um pouco sujas de sangue e olhei – admito – com nojo. Eu realmente não gosto de sangue. Ele notou e foi lavar as mãos.

Travis voltou uma hora depois e estava de banho tomado e parecia ter comido bastante.

– Não quer dormir? – perguntei. – Não me importo de ficar de olho em Connor.

– Eu não consigo. – ele admitiu, suspirou e me lançou um olhar significativo.

Eu o entendia. Ele estava tendo pesadelos com a morte do irmão.

– Dorme em alguma cama daqui. Eu e Will ficaremos aqui. – falei, apontando para Will que concordou com a cabeça. Mesmo que fosse começo de tarde, ele merecia descansar. Eu deveria ficar ali como uma boa irmã até ele acordar.

Ele apenas deitou em uma cama perto de nós e fechou os olhos. Levou alguns minutos para pegar no sono. Fiquei olhando para Travis. Ele deve estar tão preocupado com tudo que está acontecendo que nem teve tempo para pregar peças. Pensando bem, ninguém mais pregava peças em ninguém. Os filhos de Hermes estavam tristes. Nós – os maiores trolls daquele lugar – paramos de trollar. Afinal, ninguém tinha animo para isso. Nosso meio-irmão estava morrendo. E se ele morresse? O que aconteceria conosco? E com Travis? Ele ficaria pior do que já está para sempre ou superaria depois de um tempo? E como eu reagiria ao perder meu meio-irmão/amigo?

Droga. Meus olhos estavam enchendo de lágrimas, olhei para cima para elas não descerem pelo meu rosto.

– Sum? – Will chamou. Olhei para ele. Aqueles olhos castanhos estavam me fitando com preocupação. Dei de ombros e ele me abraçou. – Ele vai melhorar, pare de pensar nisso.

– Para você... É tão fácil falar. Não sabe o que estou passando. – resmunguei. E ele ficou tenso. Droga, o irmão dele. Ele deve ter sofrido muito mais do que eu.

Toda vez que eu tocava naquele assunto Will ficava tenso e com o olhar triste. Mas afinal de contas, o que aconteceu com o irmão dele? Minha curiosidade não me deixou ficar calada e perguntei:

– O que aconteceu naquele dia?

– Quer mesmo saber? - perguntou. Concordei com a cabeça.

Ele olhou para mim e parecia escolher as palavras. Suspirou e começou a contar:

– Ele chegou do supermercado e foi até a cozinha onde minha mãe estava gritando comigo porque eu tinha quebrado uma porcelana muito cara dela. – ele suspirou novamente. – Ela perdia a cabeça com muita facilidade, precisava de tratamento. Ela pegou uma vassoura e jogou em mim. Que mãe faz isso? – ele parecia ter raiva da mãe, mas ao mesmo tempo medo e saudades. O tom de voz dele deixava claro os seus sentimentos confusos.

– E seu irmão interferiu? – perguntei.

– Sim. Ele foi até ela e a segurou. Ela ficou doida e tentou se soltar de todas as maneiras. Para uma mulher de 40 anos ela era bem forte. – ele deu um sorriso com o canto da boca. – Um empurrava o outro pela cozinha. Ela o empurrou na pia, onde ficavam as facas, naquele suporte onde elas ficam em pé que eu me esqueci do nome. E aconteceu. – contou, suspirou mais uma vez e olhou para mim.

– E você sente falta dele. – conclui.

– Você nem imagina o que sinto... – ele suspirou.

– Sim, imagino. – ele olhou confuso e resolvi que era hora de falar sobre isso com alguém. – Eu tinha dois irmãos, gêmeos, eles eram dois anos mais novos, quando eu tinha onze anos sofremos um acidente de carro. Meu padrasto e meus irmãos morreram.

– Só você e sua mãe escaparam? – ele perguntou cuidadoso.

– Sim, e eu mal falo com ela. Eu sei que deveria, mas... – dei de ombros.

– Ela se casou de novo e você fica aqui. – ele concluiu.

– Terei de vê-la nas férias, então terei de voltar a conversar com ela. – dei de ombros de novo. Tentei parecer indiferente, mas eu sentia um pouco de falta dela.

– E você foi para o hospital ou algo assim? - ele perguntou.

Puxei a gola da camiseta até o ombro, onde a cicatriz ficava. Ganhei a cicatriz no acidente, mas ele deve ter entendido a mensagem. Ele olhou em silencio.



O resto da tarde passou rápido, eu não estava participando das minhas atividades, então fiquei esperando Travis acordar. Ele não pareceu ter nenhum pesadelo e ficou parado durante todo o sono. Acordou e olhou para o irmão.

– Ele vai acordar em poucos dias. – Will falou. – Os meus irmãos vieram aqui e cuidaram um pouco dele. Agora ele vai melhorar rápido.

Travis sentou ao lado do irmão e ficou lá. Deu a hora do jantar e ele nos pediu para trazer alguns bolinhos. “Esse garoto quer mesmo morrer de fome”, pensei comigo mesma. O jantar foi calmo, nada demais aconteceu. Depois disso levei os bolinhos rapidamente até Travis e resolvi caminhar pela Praia dos Fogos. Will ficou conversando com seus irmãos, então eu caminhava sozinha.

Mas nesse Acampamento nunca se fica completamente sozinho. Droga. Ouvi passos me seguindo, virei e encontrei o olhar perdido de Nico. Ele estava a mais ou menos 5 metros de onde eu estava. Usava suas típicas roupas pretas e uma jaqueta nova – notei – com algumas palavras em um idioma que não reconheci imediatamente, algo entre alemão e russo. Ele sorriu timidamente e levantei uma sobrancelha para ele.

– Summer... Oi. – cumprimentou baixinho.

– Oi. – respondi secamente virando as costas e seguindo meu caminho.

– Ei, me desculpe, eu não queria acertar seu irmão... – ele começou a acelerar o passo para me alcançar.

– Cale-se! – respondi. – Connor está melhorando, para sua sorte. – acrescentei olhando com desagrado para ele.

– Summer, você sabe que eu não machucaria ninguém importante para você. – ele disse.

Não sei por que, mas o modo como ele falou me fez parar e olhar para ele.

– Como eu saberia? – perguntei.

– Porque você me conhece melhor que ninguém aqui, – ele respondeu. – E sabe que eu não sou assim.

Ele tinha razão. Ele não fazia esse tipo de coisa. Nico era sempre gentil – a sua maneira - e calado. Olhei para seu rosto. Parecia abatido e seus olhos tristes. Talvez eu tivesse julgado mal. Talvez Will tivesse entendido errado. Nico era um bom amigo e eu sentia falta disso. Droga.

– É. Que seja. – tentei parecer indiferente, mas minha voz tremia.

– Me desculpa... Summer? – ele pediu. Aquela voz dele entrou em meus ouvidos e eu senti algo no coração que eu não sentia há alguns dias por ele. Droga, eu ainda gostava dele.

Concordei com a cabeça e ele sorriu, aproximou-se devagar para me abraçar. Aquele abraço me fez ter certeza de que ainda gostava dele. Mas eu não podia ter mais nada com ele. “Will é meu namorado, é meu. Nico será apenas um amigo”, prometi a mim mesma.

– Deveria pedir desculpas a Travis e a Connor quando ele acordar. – falei, quando ele me soltou do abraço.

Ele concordou com a cabeça e disse baixinho:

– Summer eu sinto muito se não consegui entender a tempo que você gostava de mim. E queria dizer que gosto de você, mesmo que agora esteja com o William. – suspirou. – Tudo bem. Fico feliz que tenha me desculpado, pelo menos. – ele sorriu e saiu de perto antes que eu pudesse responder. Segui o garoto com meu olhar, enquanto ele desaparecia para o Acampamento.

Merda. As últimas palavras de Nico martelavam minha cabeça. “Gosto de você, mesmo que agora esteja com o William”, ele falou. Nico Di Angelo ainda gostava de mim. Em outra época eu ficaria feliz e correria para seus braços, mas agora eu não podia fazer isso. Eu tinha Will e não poderia brincar com o coração dele dessa maneira. Era injusto com ele e com Nico. Talvez injusto comigo também.

O barulho lá do Acampamento aumentou consideravelmente. Resolvi ver o que era e descobri que estava na hora da fogueira. Dei de ombros e fui até lá. Sentei-me com as pessoas e ouvi os filhos de Apolo cantando. Uma nova voz que não costumava estar nas canções agora estava. Procurei o dono da voz e só achei quando só ele ficou cantando, enquanto seus irmãos tocavam instrumentos. Will.

Will tem uma voz linda. Como nunca notei isso? Ele cantava timidamente em um canto, muitos olhares de dirigiram para ele. Ele corou, mas continuou a cantar. Olhava a multidão de um lado para o outro, encontrou meu olhar e nos fitamos por um tempo. Ele olhou para baixo, parecia estar um pouco envergonhado. “Envergonhado por quê? Sua voz é linda...”, pensei. Ele voltou a olhar para mim e eu sorri. A voz dele me encantava.

Desviei meus olhos depois de algum tempo e – infelizmente – eles pararam justamente em Nico. Ele me olhava pela multidão. Dei um meio sorriso para ele e ele acenou. Ele era tão bonito... Desviei rapidamente os olhos para Will que agora tocava violão concentrado.

Que merda, por que não posso gostar de uma só pessoa? Por que tenho que ser tão confusa?

Depois da fogueira os filhos de Apolo foram cercados pelos campistas. Nico veio em minha direção e conversamos por um tempo sobre assuntos banais. Depois de um tempo ele me deu outro abraço. Fechei os olhos enquanto ele me abraçava. Para quem nunca abraçava ninguém, seus abraços estavam se tornando algo frequente. Resolvi abrir os olhos e descobri que Will nos olhava. Não consegui decifrar seu olhar, mas não parecia animado ou feliz.

Oh, Droga.


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Notas finais do capítulo

Mandem reviews para mim. É de graça e me anima a escrever né. Então não me odeie, comente. u_u ♥



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