Não demorei muito no telefone com minha mãe, disse apenas o necessário para que a conversa não ficasse chata. Guardei o celular novamente na bolsa e comecei a olhar o lindo cenário que me rodeava. Árvores, flores, pássaros, era uma vista linda. Comecei a observar as pessoas paradas na praça, conversavam alto com um sotaque esquisito, como e de minha tia.

Resolvi levantar e andar mais um pouco, não sei o que encontraria, mas apenas segui andando. Passava por cada canto observando detalhadamente tudo. Continuei andando por uma rua com muitas, e belas, árvores quando vi de longe alguns banquinhos. Já estava cansada e com sede então fui direto em um dos bancos para procurar algum lugar em que eu pudesse comprar uma garrafa d’água. Encontrei uma barraca e fui até ela. Ao chegar lá logo chegou um garoto do meu lado, ele me lançou um rápido olhar e depois fitou o nada como se tentasse lembrar alguma coisa. Aquilo me incomodou um pouco, mas logo esqueci. Peguei minha garrafa e logo voltei para onde estava sentada. Olhei novamente para aquele mesmo garoto e percebi-o vindo quase na minha direção e sentando-se em um banco 10 metros a frente do meu, onde também estava sentada uma bela garota. Ele me olhou de novo, mas eu o ignorei distraindo meu olhar observando algumas árvores. Não pude evitar em olha-lo novamente e foi quando percebi seu olhar grudado em mim, ele parecia não se preocupar com o que aquela garota falava, ele apenas me observava como se eu tivesse alguma coisa que o atraia. Ignorei-o novamente, dessa vez peguei meu celular e disquei o número de uma amiga discando e esperando ansiosamente para que ela me atendesse.

–Alo?

–Katy! – disse um tanto quanto alto – já estou na Inglaterra – reduzi o tom de voz

– Sim eu sei, tentei te ligar ontem, mas seu celular estava desligado. Estava tentando evitar quem? – disse com ironia na voz

– Brian! Mas não quero falar disso agora

– O que aconteceu entre vocês? – disse desesperada em saber a notícia

– Depois conversamos sobre isso, não estou em casa

– Então por que me ligou?

– Porque tem um maluco me observando e estou tentando me distrair antes de levantar de onde estou- disse quase num sussurro

– Liga pra sua tia ir te buscar – disse óbvia

– Eu nem ao menos sei onde estou! Ele levantou, vou desligar tchau – disse me apressando com as palavras

O garoto começou a andar na direção oposta ao meu caminho de volta. Apenas esperei ele tomar distância e então levantei e comecei a andar pelo mesmo caminho que eu tinha feito. Não conseguia tirar da minha cabeça o rosto daquele garoto, era um pouco familiar, mas tinha certeza que nunca tinha o visto antes. O cabelo escuro e os olhos claros não me levavam a nenhum rosto conhecido.

Alguns minutos depois já estava passando pela praça qual havia me sentado antes, olhei o relógio em meu pulso na tentativa de saber as horas o que foi um fracasso, pois meu relógio apontava mais de 19:00 enquanto a luz do dia me mostrava que não passava das 15:00. Continuei andando, dessa vez não adiantou observar o caminho, isso me deixou um pouco entediada.

Senti meu celular tocar na minha bolsa, era o toque de uma ligação. Peguei e antes de atender reparei no nome que aparecia no visor. Brian. Desliguei sem nenhuma pena e guardei novamente o celular. Logo escuto outra chamada. Brian de novo. Desliguei de novo, dessa vez com um pouco incerteza, talvez devesse conversar com ele, saber o que ele tinha para me dizer. Repensei a ideia e desisti. Eu não estava nem em casa, não tinha como discutir relação no meio da rua.

Senti meu celular tocar novamente, agora era apenas uma mensagem. Brian de novo. Não quis ler a mensagem então apenas guardei o celular e continuei andando.

Quando finalmente chego, passo pelo jardim e olhando pelas janelas logo reparo em uma agitação dentro de casa. Passei pela porta devagar dando leves passos no chão. Assim que passo pela porta da cozinha vejo uma moça parada, baixa com curtos cabelos loiros, ela conversava bem animada com a tia Emma. Preferi não atrapalhar então continuei o caminho até meu quarto sem fazer muito barulho.

Entro no meu quarto, sento na cama e lembro que aquela moça deve ser a filha da minha tia. Alicia!

Desço pra conhecer ela, mesmo não tendo certeza se é mesmo Alicia. Descendo as escadas percebo que ela já está na sala. Minha tia quando me olha abre um sorriso me apressando pra descer e conhecer a moça.

– Aria venha, venha! Essa é Alicia, aquela menininha da foto – disse realmente muito entusiasmada

– Olá! Minha mãe não para de falar de você desde a hora que eu cheguei! – sorri um pouco forçada enquanto ela falava – Então Aria, já conhece a cidade?

– Não. Eu saí um pouco, mas minha tentativa de conhecer algum lugar interessante foi fracasso – ri pelo nariz- só passei por duas praças, bem bonitas, mas pouco interessantes – falei fazendo uma careta engraçada que fez Alicia rir

–Ok então vamos sair! – no momento que disse puxou meu braço em direção à porta

Não tive tempo de pegar nada, apenas a acompanhei.

Alicia tem um rosto muito simpático, uma voz doce e um lindo sorriso. Mesmo não a conhecendo bem já imaginei que ela é uma pessoa bastante agradável. Ela conversou comigo o caminho inteiro enquanto me comentava sobre cada coisa que víamos. Não paramos de conversar nem um segundo até que, enfim, chegamos a uma tal sorveteria que de acordo com ela tinha o melhor sorvete de toda a cidade.

– Alicia, você já está no seu terceiro sorvete! Temos que ir embora – disse achando graça disso tudo

– Aria, você já provou esse de creme? Eu vou buscar um pra você – disse se levantando tão rápido que não pude impedi-la

Alicia é uma ótima pessoa, é bastante divertida e uma tarde com ela já foi suficiente pra saber que ela seria uma ótima companhia nessas férias.

O sorvete de creme era realmente muito bom, mas já estava ficando tarde então decidimos voltar. Só o tempo que demoramos pra voltar já demorou o suficiente para o céu ficar totalmente escuro.

Chegamos em casa, a tia Emma falava ao telefone. Assim que nos viu se apressou em desligar e veio logo conversar.

– Pit já esta na cidade. Preferiu ficar na casa de um amigo – disse Emma um pouco desapontada

– Pit é tão gay que tenho certeza que foi porque não quer ficar aqui com a Aria também – falou Alicia enquanto dava uma gargalhada puxando uma gargalhada minha e da tia Emma também

– Vamos jantar? Eu só estava esperando vocês chegarem – disse tia Emma já indo em direção à sala de jantar. Estranhei o fato de ser um pouco cedo demais para jantar, mas apenas a segui

Demoramos um pouco no jantar e assim que terminei subi pra o meu quarto. Liguei a televisão para me distrair um pouco e de repente o rosto daquele garoto da praça voltou a minha mente. Não conseguia parar de pensar nele nenhum momento, queria associar o rosto dele a alguém conhecido, mas nada me fazia lembrar. Olhei para o relógio na parede e ele já marcava 00:30, não percebi mas havia passado bastante tempo lembrando daquele garoto.

Tomei um banho, coloquei uma roupa bem leve e deitei a cabeça do travesseiro deixando o sono vir enquanto eu me afogava em meus pensamentos.