L: me desculpa eu devia bater na porta... – disse mesmo sendo tarde pra ter pensado nisso. – eu não vi nada com licença. – disse me retirando.

J: espera. Você veio assinar o contrato? – perguntou ele mudando o assunto como se nada tivesse acontecido e indo pra mesa dele e tirando um papel de dentro dela.

L: eu acabei de repassar a música que você me pediu pra avaliar. – dizia olhando pra cara da minha irmã que ajeitava seu vestido e me olhava assustada com cara de culpada. – aí vim avisar...

J: vem aqui. – disse me chamando pra mesa dele. Fechei a porta e fui até ele. – leia e depois assina aqui embaixo.
Eu li o papel que continha um contrato com a gravadora dele. Eu assinei depois de ler, o que dizia que estava de acordo com o contrato.

J: ótimo, seja bem vinda a minha gravadora.

L: obrigada.

J: vamos marcar de na quarta-feira você aparecer aqui pra conhecer sua banda, não sei se o Bruno já te falou.

L: já sim.

J: então te espero na quarta.

L: ótimo. – apertei a mão dele ainda sem graça pela situação que eu os encontrei e depois sai seguida pela minha irmã. Não comentei nada até chegarmos do lado de fora do prédio.

L: eu não acredito que fez isso. – dizia inconformada.

S: fiz o que?

L: não se faça de boba Sarah, eu te encontrei numa situação constrangedora. Essa cena não sai da minha cabeça, vocês dois no maior amasso...

S: ah vai me dizer que nunca fez isso?

L: não, sabe por que? Por que sou uma menina direita, não sou como você que vai pulando de colo em colo.

S: o que disse? – ela me agarrou pelo braço irritada e paramos no meio da calçada pra discutir onde milhares de pessoas passavam indo e voltando do trabalho.

L: é isso que você ouviu, não queria dizer nada, mas agora foi. Ta aí o que eu penso de você.

S: você é uma pirralha sem graça e nerd que está se achando só por que perdeu todo aquele monte de banha. Acorda pra vida sua otária. Tem que aprender a se virar pois eu não te acompanho mais. – e saiu enfezada.

L: ótimo, vai embora. – gritei pra ela que já estava lá na frente. Fiquei parada no meio da calçada de braços cruzados com vontade de chorar.

 

Quando cheguei em casa ela não estava lá. Liguei pra minha mãe pra conversar com ela.

L: oi mãe, é a Lola.

D: oi minha filha como está?

L: mal.

D: por que, você e sua irmã brigaram?

L: sim.

D: o que houve?

L: eu não posso falar, mas estou muito triste com o
que aconteceu.

D: não fica assim minha filha, amanhã é seu aniversário e irmãos são assim mesmo. Sempre tem briga, mas depois voltam a se falar. – nesse momento Sarah chegou batendo a porta com força, me olhou com cara de raiva e subiu a escada às pressas. – que barulho foi esse?

L: Sarah chegou em casa. Mãe vou desligar.

D: ta bom.

L: beijo tchau.

 

Coloquei o telefone no gancho e fui até o quarto de Sarah, quando abri a porta ela me tacou o travesseiro e me mandou embora. Ela arrumava seu quarto quando abri a porta.

L: eu só quero dizer que sinto muito pelo que te disse.

S: não quero saber.

L: eu não quero ficar brigada com você. É a única pessoa que tenho da família aqui nesse lugar, a única pessoa que tenho em quem me apoiar. A única pessoa que eu mais amo aqui nesse lugar. Não vou me conformar se ficarmos brigadas assim pro resto de nossas vidas. Por causa de uma briga estúpida...

S: o que você disse lá... – Disse apoiando os braços na cama.

L: esquece.

S: não esqueço sabe por que? Por que não passam de acusações verdadeiras. A verdade dói sabia? Eu sei muito bem que é isso que você pensa de mim. E é o que eu sou de verdade. Não consigo parar com uma pessoa só. To sempre pulando de colo em colo como você diz. Agora saia e me deixe só com minha angústia. Por favor.

 

Fechei a porta e fui pra sala e me sentei no sofá, em meio ao choro peguei uma folha de papel e comecei a rabiscar uma nova música.

 

Momentos mais tarde liguei pro Gerard e pedi que nos encontrássemos numa cafeteria. Quando cheguei lá ele me esperava sentado de boné no fundo da cafeteria. Sentei no banco em frente a ele e depois de fazermos nossos pedidos fiquei procurando palavras de como começar uma conversa.

G: fala logo que está me dando nervoso. – disse ele segurando minhas mãos que se mexiam nervosas.

L: brigueicomaminhairmã. – disse rápido.

G: com quem?

L: com a minha irmã. Falei coisas horríveis pra ela.

G: por que?

L: ela mereceu e aí ela começou a me dizer coisas horríveis também e começamos a discutir e pronto acabou tudo bem feio. – eu comecei a chorar e ele saiu de onde estava e sentou ao meu lado colocando o braço por trás do meu pescoço.

G: fica assim não Lolinha.

L: amanhã é meu aniversário, poxa, eu quero passar bem esse dia o lado dela e não brigadas.

G: calma, vai tudo dar certo. O que aconteceu é que vocês duas têm um gênio forte e acabou que
explodiram, mas depois isso passa. Eu também vivo batendo no Mikey, mas logo depois estamos de bem novamente. – era incrível como Gerard me fazia rir sempre nas piores das situações. Podia alguém ter morrido, mas ele sempre tinha algo engraçado pra dizer que cortava o clima tenso. – ta rindo do que?

L: você dizendo que bate no seu irmão. Que covardia Gerard.

G: ele me bate também, fica empatado.

L: ta bom, parei de chorar.

G: que bom, por que você precisa ver como fica feia chorando eu vou tirar uma foto sua quando chorar da próxima vez.

L: ai Gerard para. – disse dando um tapa nele de leve o que estava virando costume, coitado.

G: está linda agora.

L: para de graça garoto.

G: é sério e seus olhos estão ainda mais lindos com a luz do sol refletindo neles.

L: assim vai acabar conseguindo me deixar sem graça.

G: eu to falando sério Lola. – disse segurando meu rosto e olhando nos meus olhos.

 

Novamente ele se aproximava de mim bem devagar como na noite anterior, eu tinha certeza que íamos nos beijar naquela hora. Ele queria me beijar e eu também queria beija-lo. É, eu também tava com vontade de beija-lo naquela hora. Se não fosse pela garçonete que chegou com os pedidos eu ia beijar aqueles lábios rosados que estava me deixando com sentimentos a mais por Gerard. Nos desgrudamos e quando a garçonete saiu Gerard voltou pro outro banco de frente pra mim pra comer o lanche. Depois de comermos entramos na vã dele pra ir embora. Na vã íamos conversando.

G: o que você fez hoje de manhã que ninguém atendia?

L: eu estava no centro da cidade.

G: fazia o que lá? Arrumou emprego?

L: sim. Como cantora.

G: uau!  Mal começou e já?

L: sabe aquele empresário que eu te falei na carta? Ele tem uma gravadora é um cara muito importante e é empresário de várias bandas famosas e ele me ligou hoje pedindo que eu fosse lá. Eu nem acreditei sabia, pensei que ele não me ligaria, mas ele me ligou e eu até gravei uma música demo e depois ele me mandou assinar um contrato e já começo a gravar o cd na próxima semana.

G: nossa que máximo.

L: é... – eu disse ficando pra baixo quando lembrei da minha irmã.

G: o que foi?

L: é que até isso me lembra minha irmã.

G: não entendi.

L: foi por isso que discutimos, quando saí da sala de gravação e voltei pra sala do empresário eu peguei ele com a minha irmã no maior amasso. – disse ingenuamente. Quando olhei pro meu lado Gerard que não dizia nada estava de boca aberta talvez não acreditando no que eu disse. – Gerard o que foi?

G: nada. – disse ele parecendo acordar de um pensamento profundo.

L: então foi por isso, saímos de lá e comecei a insulta-la no meio de milhares de pessoas, ela não podia ter feito isso comigo, não agora que estou começando. Ela não podia mesmo. Me entende agora?

G: claro. Ahan. – dizia ele parecendo atordoado.

L: Gerard você está bem?

G: to eu só lembrei que tenho que fazer uma coisa então vou te deixar em casa e ir voando pra casa do Frank.

L: ta.

Ele me deixou em casa e foi embora. Aquilo não fez muito sentido naquela hora por que eu estava muito chateada com a briga que tive com a minha irmã. Mas logo aquilo tudo iria se encaixar, e eu estava mais certa do que imaginava.