Um pouco mais calma. Desci e nada dela estar no meu caminho. Por um lado agradeci pois não queria olhar pra ela tão cedo. Isso não foi possível quando cheguei na escola e a vi na porta do colégio sentada à uma mesa distribuindo broches com a foto dela que pedia votos pra rainha do baile. Aquilo era patético. Entrei na sala de aula e ficaram todos me olhando espantados. Dessa vez não era pela mudança de visual, e sim pela mudança de comportamento. A Lola revoltada saiu de dentro de mim e estava se mostrando ao mundo. Depois daquela prova que deixei quase todas as questões em branco, essa de hoje seria a segunda prova que fazia na semana. O professor entregou a prova e eu resolvi fazer apesar da vontade de entregar em branco. Fiz todas as questões e sai da sala depois de entrega-la. Quando estava no corredor indo pra casa Frank apareceu do meu lado me parando agarrando-me pelo braço esquerdo.

L: o que você quer?

F: dá pra conversarmos agora?

L: o que você quer?

F: não se lembra que eu queria te falar algo importante.

L: nada me interessa agora.

F: mas isso eu sei que vai te interessar e muito.

L: então fala logo. – disse impaciente.

F: sua irmã e Gerard estão juntos. 
OK que aquilo eu já desconfiava, mas francamente foi uma surpresa pra mim quando tive a confirmação. Eu não queria que aquilo fosse verdade, mas era e me deixou muito mal. Quando olhei pro lado minha irmã me olhava lá da porta desconfiada do que conversávamos Frank e eu. Me deu vontade de andar até ela e encher-lhe de bofetadas. Que raiva que eu estava dela. Por que não me contou antes? Agora tudo fazia sentido. Era por isso que tinha ficado daquele jeito quando contei sobre o beijo e Gerard estava frio comigo, certamente os dois se encontraram depois dela ter saído as pressas da cozinha. Meu mundo estava caindo sobre minha cabeça, só pode. Deixei Frank falando sozinho e fui embora. Quando cheguei em casa andava no quarto de um lado a outro. Eu tinha que ir naquele baile, eu ia roubar uma entrada da minha irmã e tinha que confirmar com os próprios olhos que aquilo tudo era verdade. Sim por que no Frank eu não confiava em mais nada. Assim que ouvi ela chegar fiquei  encostada na porta do meu quarto esperando que ela entrasse no banheiro como de costume toda vez que ela chegava do colégio. Assim que ouvi o barulho do chuveiro eu fui pro quarto dela e nas pontas dos pés procurava pela mochila dela. Quando achei e abri o bolso menor estava vazio. Avistei a penteadeira dela e fui até lá olhando pra porta do banheiro, abri a gavetinha da penteadeira e não encontrei o que queria, mas encontrei algo pior. Um saquinho com um pó branco dentro aquilo só podia ser... Não acredito, ela não. Não acredito. Andava de um lado a outro da sala feito louca. Além de estar com a minha irmã Gerard ainda a viciou. Só pode ter sido ele. Enquanto andava pra lá e pra cá vi um montinho de envelopes em cima da estante e quando olhei eram convites pro baile. Peguei um deles e guardei no bolso da calça depois sai de casa pra respirar um ar puro. Andei e parei em frente a casa de Gerard, meu subconsciente acabou me levando até lá. Pensei em ir até lá e bater na porta dele, mas pensando melhor, era bom deixar pro dia do baile pra tirar tudo a limpo. Vi a porta dele abrir e corri pra trás da árvore que tinha na calçada dele. Pude ouvir a voz de Gerard e seu irmão chegando cada vez mais perto.

M: eu convidei a Dorinha.

G: eu nem sei quem chamo, eu queria convidar a... – e ficou calado.

M: convidar quem cara?

G: a Lola. – nesse momento senti uma pontada no peito.

Emoção talvez, mas não podia ficar emocionada eu estava com raiva dele. E as vozes cada vez chegavam mais perto e depois foram ficando distantes. Eles foram pro lado oposto que eu estava. Esperei eles ficarem mais longe dali e depois corri de volta em direção à minha casa. Quando entrei em casa Sarah estava descendo as escadas ela chegou a parar num dos degraus por uns segundos me olhando desconfiada, mas depois continuou a descer e passou do meu lado indo pra cozinha. Quando ia subir pro meu quarto o telefone tocou e eu atendi, era kaylan um dos meninos da banda.

K: oi Lola.

L: oi mas que surpresa.

K: eu e os meninos vamos sair hoje pro tal clube,
você não quer nos encontrar lá?

L: ok, qual o endereço? – e quando ele deu o endereço soube que o clube era o mesmo que Gerard freqüentava. – ah sim, eu sei onde fica. Conheço.

K: então a gente te espera lá as sete combinado?

L: combinado. Até às sete.   Enquanto me arrumava pra me encontrar com os meninos eu pensava no Gerard. Eu não queria me encontrar com ele lá. Queria sair pra me divertir e conhecer os garotos, queria esquecer o que tinha visto no quarto da minha irmã. Queria esfriar a cabeça um pouco. Depois de colocar uma roupa bem dark e encher meu olho com lápis de olho bem forte fui pro clube. Quando cheguei lá os meninos se espantaram com minha transformação.

K: nossa chefa, que isso?

B: está uma gata dark.

C: está revoltada?

L: um pouco. E aí compraram as entradas?

K: já, compramos uma pra você também.

L: valeu. – disse pegando a entrada.
 Quando enfim entramos no clube nos sentamos numa mesa. Não estava muito cheio como sempre ficava. Até estranhei um pouco.

L: ta vazio aqui. – gritei, pois a música estava altíssima.

K: hoje não tem apresentação de nenhuma banda aí fica assim....

L: ah entendi.

K: mas é legal mesmo assim, adoramos vir aqui pra beber.

C: o que vai querer beber?

L: eu não bebo.

B: fala sério, experimenta um copo, não vai fazer mal.

L: meninos, não insistam.

C: se solta, só por hoje. – disse querendo me desafiar.

L: ok, só hoje vou beber, vou esquecer dos problemas. Pode trazer.  
Dois minutos depois Clarck trazia uma bandeja com vários copos de cerveja em cima. Eu nem contei quantas eram só sei que depois de uns vinte minutos aquilo ali já estava vazio. Bebi até dizer chega e já estávamos rindo a toa e falando um monte de merda sem parar. Foi quando levantei pra dançar com um copo de cerveja na mão que eu estendia e chamei eles pra dançarem.

L: vamos dançar pessoal.

K: eu não gosto muito de dançar.

C: nem eu.

L: que isso vem, eu também nunca dancei e lá vou eu.

B: eu te acompanho. – disse Brian vindo comigo e fomos pro meio da pista dançando feitos dois loucos. Dançamos uma dança louca totalmente fora do ritmo nada a ver com o estilo de música que tocava. Eu ria toda louca, acho que a cerveja tinha subido pro meu cérebro na situação que eu me encontrava era bem provável. Foi quando Brian me rodou puxou pra ele e depois me jogou de volta segurando  pela minha mão, nesse instante bati em alguém.

L: nossa, foi profundo cheguei a sentir o... – quando vi quem era parei na hora de falar. Ele massageava o “júnior” dele no qual dei com tudo quando fui pra trás. – opa! É você é? – perguntei fazendo cara de deboche.


G: quem é esse? – perguntou ele olhando pro Brian.

L: meu baterista, gostou dele? – perguntei me divertindo com a situação.

G: você está bêbada!?

L: uh! Como você é um cara inteligente, soube assim na hora? Eu bebi algumas sim, mas eu não estou bêbada, não to vendo nenhuma bêbada aqui.

B: meu nome é Brian. Prazer. – disse estendendo a mão pro Gerard.

L: ih, esquece ele Brian, ele não é amigo de ninguém.

G: o que deu pra ela?

B: nada, só bebemos umas cervejinhas.

G: umas cervejinhas? Umas trinta né? – disse me segurando que já estava caindo de tanto rir. – vamos sair daqui.

B: a gente vai levar ela pra casa.

G: eu levo, eu sou vizinho dela.

L: mas eu não quero ir com você.

B: ela não quer ir com você.

G: Lola, eu vou te levar pra casa sim e pronto.

L: não quero. – Gerard me pegou no colo e me
colocou em seus ombros de pernas pro ar e eu batia nas costas dele até adormecer.