Acordei com um sorriso estampado no rosto. Quando cheguei na cozinha minha irmã logo notou.

S: nossa que felicidade é essa...por acaso viu um passarinho verde cantando na sua janela?

L: algo melhor.

S: o que aconteceu pra te deixar assim hoje?L: minha noite foi maravilhosa.

S: ah é, posso saber por que?

L: Gerard e eu nos beijamos. – na mesma hora minha irmã quase cuspiu o leite que bebia, tapou a boca pra que não fosse tudo pra fora e colocou a xícara de leite na mesa.

S: o que?

L: nos beijamos. Foi lindo.

S: nossa! É sério isso?

L: foi o melhor aniversário da minha vida Sarah. Acho que estou gostando dele.

S: você não pode gostar dele.

L: ora, por que não?

S: por que não, ele não serve pra você.

L: está com ciúmes?

S: claro que não. Se fosse outro cara eu apoiaria, mas o Gerard...francamente não tem alguém melhor não?

L: eu gosto dele, pra mim ele é perfeito. Nos damos muito bem.

S: eu preciso ir. – disse se levantando do banco.

L: mas vai pra onde? Não vai me esperar?S: não posso, tenho que resolver uns negócios no colégio agora. Te vejo mais tarde tchau. – disse saindo da cozinha às pressas.  

Aquilo estava muito estranho. Viu como ela ficou nervosa? Será que ela também gostava do Gerard? Não, ela não é mulher de um só. Ela até saiu com o meu empresário...falando em empresário, amanhã tenho um encontro com a minha possível futura banda. Estava empolgadíssima pra que chegasse quarta-feira. Opa!  Hora de ir pro colégio. Corri pra sala e peguei minha mochila. Em cima havia uma folha de uma música não terminada que escrevi depois do beijo. Ai o beijo, preciso comentar alguma coisa sobre ele? Acho que não precisa né? Deu pra perceber que eu tinha adorado. E deu pra perceber também que eu estava gostando do Gerard. É, estava gostando mesmo... Quando cheguei no colégio pude sentir as mãos de alguém tapando meus olhos.  

L: Gerard?

F: não. – disse destapando minha visão e quando virei tive uma surpresa ao ver o Frank.

L: o que você quer? – perguntei seca.

F: queria conversar com você pode ser?

L: tenho prova agora.

F: depois da aula.

L: talvez.

F: é algo sério você vai se interessar.

L: eu tenho que ir, preciso me preparar pra prova.   

Quando entrei na sala Gerard estava sentado no meu lugar de sempre então sentei ao lado dele. Ele estava com um boné que tampava todo seu rosto.

L: está dormindo? – disse arrancando o boné dele.

G: perai Lola, me devolve.

L: ih, o que foi? Está estranho. Chateado?

G: não. To com sono. Me deixa em paz vai.

L: então acorda por que já vai começar a prova. – disse devolvendo o boné dele.  Ele estava tão estranho. Nem falou comigo direito. Talvez estivesse mesmo com sono.

Nem consegui fazer a prova direito pensando no jeito que ele tinha me tratado, me tratou seco e nem me olhou direito. Parece até que ontem não ocorreu nada entre nós dois. Tive vontade de chorar e acabei deixando algumas lágrimas pingarem na prova, mas me segurei pra que aquilo não virasse algo pior e tentei me concentrar na prova. Fiz umas duas questões e entreguei com o resto em branco. Não estava mais com cabeça praquilo. O professor olhou pra minha prova espantado estava quase tudo em branco.

P: tem certeza que vai entregar assim? – eu só balancei a cabeça que sim. – está se sentindo mal? Eu posso aplicar outra prova pra você num outro tempo...

L: estou bem. Tchau. – e sai logo dali por que já estava mal com todos aqueles olhares da turma.

Quando saia da sala olhei pro Gerard que me olhava espantado, virei meu rosto pra frente e me retirei.  Realmente aquilo foi um espanto, isso nunca tinha acontecido antes. Eu era sempre a primeira a entregar, mas sempre tudo feito. E daquela vez fiz duas questões e desisti de fazer o resto.  Não estava ligando muito pra nota, por que mesmo tirando zero já tinha passado em todas as matérias. Mas mesmo assim com zero não ficaria, pois tinha certeza que tinha acertado aquelas duas questões. Fui pro pátio esperar pela outra prova que teríamos. Sentei embaixo da arvore que Gerard estava num outro dia. Tirei uma folha de papel e escrevi outra música enquanto me derramava em lágrimas. Era só isso que sabia fazer, qualquer motivo me dava vontade de escrever uma outra música.   

Momentos mais tarde chegou a hora do intervalo. Aquele lugar começou a encher de gente. Eu estava lendo um livro quando Gerard chegou.

G: por que fez aquilo?

L: aquilo o que?

G: Entregou a prova em branco.

L: não estava em branco.

G: você me entendeu...por acaso estava passando mal?

L: não.

G: então o que? O professor ficou preocupado, você nunca tinha feito uma coisa dessas antes. Se fosse eu ou outros dali da turma, não seria de espantar, mas você...

L: não se preocupe, já passei nessa matéria.

G: o que está havendo?

L: quer mesmo saber? – perguntei levantando e ficando próxima até demais dele.  

Minha respiração ficou ofegante e percebi que a dele também. Ficamos parados por alguns segundos e então ele se virou e foi embora dali. Definitivamente, ele não queria mais saber de mim.