Tive de parar por um momento. Então era isso mesmo!

_Deixa eu  ver se entendi... você se apaixonou por ele ou quer ser a sucessora?

_Não! – falou com a voz um pouco alta demais – Esse negócio de ser sucessor é pro Mello e pro Near. E eu não estou apaixonada, de jeito nenhum – sacudiu a cabeça negativamente – Eu só queria reencontra-lo porque... eu re-aprendi a sorrir com o sorriso dele – dizendo isso, ela sorriu docemente – Um sorriso que, pode ser às vezes puro e inocente... à pervertido e sexy – dessa vez ela riu

_Eu não entendo nada. – murmurei, com a voz baixa

 Ela ficou com a expressão vazia por um momento. Me encarou com os dois olhos bem abertos e perguntou, com a voz completamente diferente:

_Você sabe qual é a semelhança entre um corvo e uma escrivaninha?

Whaaaaat?

_N-não...

_Nem eu – ela falou, mostrando a língua e visivelmente  tentando encontrar um jeito de voltar ao assunto anterior – Digamos que eu me encantei por ele... no sentido de admiração da palavra. Me sinto atraída pelo estilo de investigação dele. Ninguém nunca sabe o que acontece com aqueles que tentam se passar por ele, e ninguém sabe exatamente quem ele é. Se é uma mulher, uma organização com várias pessoas sob o codinome de L... mas poucos da Wammy House sabem que não. Por isso eu tive a idéia de virmos para resolver esse caso, e assim, quem sabe, chamar a atenção dele – deu de ombros – ele deve ter acesso as notícias de casos do mundo todo, não é?

_Você... avisou Watari?

_Segredo – respondeu, com o ar divertido – Sabe, eu adoraria um dia ajudar L em alguma investigação, servindo como os olhos ouvidos braços e pernas dele... afinal, ele deve ter pessoas que fazem isso pra ele de vez em quando, certo? Uma mente como a dele deve ser protegida... seria ótimo ganhar a confiança dele, mesmo que só um pouco e à distância ^^

_Se esforce – disse, com um sorriso.

_Pode deixar – ela devolveu o sorriso e percorreu o restante do caminho fazendo uma dança retardada e cantando em inglês parecido com árabe, tradução francesa e letra em espanhol.

 Miruku, que havia sido a criança do gênero feminino mais inteligente da Wammy’s House, com uma personalidade completamente indecifrável e que sempre detestou ser subestimada.  Que havia aprendido a sorrir novamente depois d e tudo que ela passou antes de ir para o orfanato, mesmo que isso tenha trazido algumas marcas em seu jeito de ser. Que tinha superado tanta coisa, enquanto muita gente que passava por menos que isso não conseguia superar nem metade. E agora, nada vai poder detê-la de se aproximar de L, esteja onde ele estiver e sejam qual forem as conseqüências disso.

“Entrei no orfanato com cerca de cinco ou seis anos de idade, e não parava de chorar um só minuto. Tinha presenciado coisas que não precisava com minha idade, e o pior era a responsabilidade de não ter podido impedir. Até que L chegou no orfanato, quando tinha oito anos. Ele era o mais inteligente de todos nós, e não costumava se misturar muito. Pra falar a verdade, ele era muito fechado, e raras vezes se aproximava de mim, Mello e Matt. Na primeira vez que nós nos vimos, ele sorriu. Não um sorriso qualquer, mas o sorriso mais gentil que eu já tinha visto além do de Watari. Instantaneamente eu sorri também. Com o tempo, por causa dos vários gatinhos (além de outros animais) de pelúcia que eu colecionava, passei a ser apelidada pelas outras crianças por “neko-chan”. E depois acabei me decidindo pelo nome de Miruku. E foi assim que eu comecei a ser a pessoa mais excêntrica da Wammy House.”