Devaneios Insanos De Uma Julieta escrita por Rocky Scarlet Fernandes


Capítulo 4
Capítulo 4 - O que seria de nós sem nossos amigos


Notas iniciais do capítulo

Oi oi gente, espero que gostem desse capítulo. Aconteceu uma coisa horrível aqui em casa, eu tinha duas cadelas, mãe e filha, e infelizmente a mãe morreu, porque envenenaram ela, jogaram veneno de rato na varanda da minha casa, e ela acabou comendo. E ainda o cara que minha mãe pagou jogou o corpo dela numa caçamba de lixo. Meu Deus, como existem pessoas ruins nesse mundo! estou realmente muito triste, e sei que não deveria falar disso aqui pra vocês, mas não sei o que fazer, já que a situação aqui tá meio complicada. Bem, de qualquer jeito, aqui está um novo capítulo.



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“Então... Você sonhou comigo...” Ele disse com calma as palavras, e eu assenti, me envergonhando cada vez mais. “E foi um sonho... Caliente?” Ele perguntou usando um falso sotaque. Assenti novamente, me afundando no sofá. Ainda bem que hoje é sábado e não precisaria me preocupar com aula. Mas quando resolvi falar ao Charlie o porquê do meu desespero, bom... Eu acho que em partes eu me arrependi, porque ele agora quer saber tudo! O sonho todo!

[flashback on]

“CHARLIE!” Gritei. Ele veio correndo até o banheiro, então apontei a marca em meu pescoço e ele a fitou por alguns instantes, e depois sorriu timidamente “Ah... Isso?” Perguntou encabulado. Eu estava vermelha, mas entre raiva e vergonha. Ele ficou atrás de mim, que estava fitando meu reflexo no espelho, e pôs a mão em minha cintura. Como ele era um pouco – ou seja, muito- mais alto que eu, me senti um pouco deslocada quando percebi seu olhar vitorioso observando a marca vermelha em meu pescoço. “Explique-se” Pedi, ele riu. “Vai, não me diga que não sabe como se acontece esse tipo de coisa?” Ele perguntou. Arregalei os olhos “Mas você disse que não aconteceu nada! Então aquilo não foi um sonho????” Perguntei nervosa. Ele me fitou sério. “Sonho? Mas quem falou em sonhos?”

[flashback off]

Não sei se eu posso gritar mais alto

Quantas vezes te mandei embora daqui

Ou disse alguma coisa que o insultou?

Posso ser tão má quando eu quero

Sou realmente capaz de qualquer coisa

Posso cortá-lo em pedaços

Quando meu coração está partido

Por favor, não me deixe.

Sempre digo como não preciso de você

Mas sempre acabo voltando a este ponto

Por favor, não me deixe.

Então aqui estou eu, tentando-o convencer a desistir de me fazer contar o bendito do sonho caliente que tive com ele ontem. Tentei me esquivar o máximo que pude, mas o garoto é mega insistente, então eu cedi. E agora estamos sentados de novo em sua cama – que parece espaçosa demais para uma cama de solteiro – e ele está me fitando com aqueles olhos inquisitórios. Respirei fundo e comecei a contar.

A reação dele foi a mais engraçada e assustadora possível. No principio eu achei que ele tinha sofrido um trauma, porque estava parado demais, então ele começou a ficar com a testa vermelha, e achei que ele tava passando mal, e logo ele pôs a mão na boca, e arregalando os olhos deitou-se na cama, logo percebi que ele na verdade estava morrendo de vergonha. Lógico que não mais do que eu. Nem queria imaginar a minha própria expressão. “Tsc... Você que pediu...” Comentei baixo, então ele retirou a coberta dos olhos e me fitou “Ah é? Okay Srta. Eu-estou-tendo-sonhos-eróticos-com-o-Charlie” Aposto que corei com esse comentário – desnecessário. “Então me explique... Por quê?” Ele perguntou. Porque o quê? “Você acha que eu sei??” Comentei novamente. Ele riu “Certo, então você teve um sonho comigo, de tchuplec tchuplim no ratcho fly, em que nós dois estávamos... fazendo tchuplec tchuplim no ratcho fly?” Ele perguntou. Meio repetitivo, não? Eu acabei de lhe dizer isso! – Hora da face palm. “E pareceu ser bom?” Ele perguntou curioso.

Me peguei surpresa com a pergunta repentina dele. Na verdade, pareceu melhor do que bom. Pensei. Balancei a cabeça “Er... Pareceu ótimo” Disse envergonhada. Ele sorriu pervertido. Ei! Cadê o garoto que até agorinha estava morrendo de vergonha? “É mesmo? Mas como você começou a contar parecia mais um pesadelo” Ele disse “Eu também achei, mas depois aconteceu essa... Reviravolta” Fiz vários gestos nervosos com as minhas mãos. Ele riu despreocupado. “Uau... Você está se superando, Anny” Olhei para a janela, ainda parecia ser de manhã, pois o céu estava muito claro, estava desviando os meus olhos para o mais longe possível dele, já que eu não queria ter que encarar aquela cara de pervertido que eu sabia que ele iria fazer. Enfim,

“Posso te fazer uma pergunta?” Não se vire. Não se vire. “Claro” Respondi olhando para a janela. Ele segurou meu queixo e ao me fazer virar-se para ele perguntou-me: “Tinha aquelas coisas bizarras, tipo algemas, chicotes, etc?” Engoli seco.

“O Quê??” Perguntei assustada. Então para maior surpresa, ele caiu na gargalhada. Mas foi daquelas mais parecidas com uma convulsão, tipo as que meu irmão tem quando vê ‘Todo mundo em pânico’. Ele estava segurando a barriga com as duas mãos enquanto rolava na cama de tanto rir. Ok, tome alguma atitude. O que eu fiz? Simplesmente cruzei meus braços e pigarreei.

“Anny, você precisava ter visto a sua cara! Foi Hilário!” Ele respirou um pouco, ou pelo menos tentou respirar, já que logo ele começou a rir novamente. “O que tem de tão engraçado na minha cara? Eu por acaso to parecendo o Bozo ou algo do tipo?” Disse irônica.

“D-desculpa” Ele continuou rindo, o maldito nem estava conseguindo falar direito.

Sentei-lhe a mão na cabeça, quase o fazendo engasgar com a própria risada. Logo ele parou –graças a Deus- “Parou agora?” Cruzei os braços e ergui uma das sobrancelhas. “Putz Anny, você é muito forte para uma garota tão magricela” Ele coçou o couro cabeludo. “EU NÃO SOU MAGRICELA!” Fiz massagem nas minhas têmporas que haviam começado a arder. Se meu irmão estivesse aqui, ele teria dito algo parecido com – isso é dor de corno – e outras idiotices. Típico do Sr. Luke.

“Ah Anny... Você vai para o ensaio hoje, não vai?” Ele perguntou levantando-se da cama. Peguei um cachecol verde musgo e pus ao redor do pescoço. Odeio essa cor, mas parece que ele é apaixonado por ela. “Sou obrigada a ir lembra?” Repirei fundo “Controle mortal dos professores colegiais em relação a seus frágeis alunos de mentes férteis. É quase como uma lavagem cerebral” Ri baixinho. “Bota mente fértil nisso” Ele completou. “Enfim, para completar minha nota nas Artes cênicas” Fiz o sinal – entre aspas- quando disse isso. Ele gargalhou baixo. “Você é muito dramática, não sei por que não está feliz em protagonizar um drama como Romeu e Julieta” Ele disse me levando até a cozinha. “Não quando é uma pseudo-paródia que é autodenominada de Gnomeu e Juliteta” Ironicamente eu até havia me acostumado com os nomes, mas... Era frustrante. “Simplesmente Charlie, eu não nasci para o mundo do drama” Disse. “Jura? Não é o que parece. Você tem muito escapismo”. “Ressuscitaram o latim, fale minha língua!” Fiz gestos nervosos com as mãos.

“Esquece, sua pisciana nervosinha” Ele disse enquanto bagunçava meus cabelos. Droga.

[...]


“ME DEIXA ACABAR COM ESSE PROJETO DE GAROTO PROPAGANDA DE CLEAR MEN!” Gritei na sala de teatro. O professor estava em pânico.

“Não! Não! Não! Você não pode bater nele!” Ele me puxava constantemente enquanto eu rosnava mais que um leão vendo sua presa. “AAAH! Só um chute nas partes! Por favorzinho!” Gritei. O aluno em questão era um dos mais idiotas – fora o Charlie, claro- que eu conhecia. Seu nome era Ethan Conrad. E já disse que ele era muito idiota? Enfim, o que a criatura dos céus fez foi o seguinte:

Nós estávamos repassando uma adaptação da cena 5. A cena da sacada.

JULIETA — Ei!Já vai embora? Tá tão perto de amanhecer! Foi o rouxinol, não a cotovia, que penetrou o canal receoso de teu ouvido. Toda a noite ele canta lá na romãzeira. Acredita, amor, foi o rouxinol.

ROMEU — Foi a cotovia, arauto da manhã, e não o rouxinol. Olha, amor, as riscas invejosas que tecem um rendado nas nuvens que vão partindo lá para os lados do nascente. As velas noturnas consumiram-se, e o dia, bem-disposto, põe-se nas pontas dos pés sobre os cimos nevoentos dos morros. Devo partir e viver, ou fico para morrer.

JULIETA — Essa luz não é a luz do dia, eu sei que não é, eu sei. É só algum meteoro que se desprendeu do sol, enviado para esta noite portador de tocha a teu dispor, e iluminar-te em teu caminho para Mântua. Portanto, fica ainda, não... precisas partir.

ROMEU — Que me prendam! Que me matem! Se assim o queres, estou de acordo. Digo que aquele acinzentado não é o raiar do dia; antes, é o pálido reflexo da lua. Digo que não é a cotovia que lança notas melodiosas para a abóbada do céu, tão acima de nossas cabeças. Tenho mais ânsia de ficar que vontade de partir. — Vem, morte, e seja bem-vinda! Julieta assim o quer. — Está bem assim, meu coração? Vamos conversar... Posto que ainda não é dia!

[...]

Até essa parte tudo perfeitamente elaborado (embora eu tivesse mudado alguns elementos da frase), mas o Ethan, que fazia o boticário que vendia a poção fatal para Romeu- e que nem deveria estar naquela cena- resolveu improvisar do jeito dele. E ele ‘sem querer’ acabou me derrubando do alto da sacada.

“CONRAD! Vou matastes!” Disse. Charlie fez uma cara de espanto “Mataste? Que hás a acontecer?” Ele perguntou. “Anny? Oh Meu Deus!” Ele segurou-se para não rir enquanto me via pendurada apenas pelo tecido da roupa, como uma Rapunzel maluca. “CORTA! CORTA! Que absurdo é esse?” O ‘diretor’ gritou com muita raiva.

“Que absurdo é esse energúmeno me derrubar do alto dessa sacada. ISSO É UM ABSURDO!” Disse tentando não cair.

“Cala a boca ouriço!” Ele gritou. “Ouriço é meu pé no seu traseiro!” Então ouvi um barulho e quando percebi, o cenário estava se estatelando no chão. Oh God. Merda.

Caí no chão com força, batendo minhas costas no processo. Eu deveria ter quebrado umas trocentas costelas, mas digamos que minha sorte não permitiu.

“Srta. Benson! Está bem?” O diretor saiu correndo em minha direção. “Eu pareço estar bem? Ai!” Disse quando Charlie me movimentou, tentando me carregar. “Essa droga tá doendo!” Disse apontando para uma tora de madeira enorme que estava em cima da minha perna. “Tira! Tira! Tira!” Entrei em desespero quando me movimentei e senti o peso em cima de mim. Charlie me soltou e foi retirar a tora. “AAAAAAAI!” Gritei com raiva quando ele fez um movimento brusco e minha perna ficou sofrendo as consequências.

Quando eles finalmente tiraram o pedaço de madeira de cima de mim, eu já não estava nem sentindo mais meus membros inferiores. O que era ao mesmo tempo bom e ruim. Bom porque eu não sentia mais a dor, e ruim porque eu não sabia o que diabos iria acontecer com minha perninha. Resultado? Eu tive que ir urgentemente para enfermaria. Charlie foi comigo, então eles tiveram que ensaiar as cenas sem a gente, o que foi quase impossível.

[...]

“Você está melhor?” Perguntou pela milésima vez depois que acordei. “Tô sim, quanto tempo passei dormindo?” Perguntei bocejando. Ele fez uns cálculos mentais e respondeu logo em seguida “Umas três horas” E então me espantei. “Você está aqui há três horas??”

“Precisamente sim” Ele respondeu, tentei me levantar e percebi que estava cambaleando, mas conseguia me mexer (o que era um meio passo andado). “Me deixa matar aquela praga!” Disse tentando sair da enfermaria com um Charlie procurando evitar isso. “AAAH LARGA!” Gritei pondo minhas mãos extremamente pequenas no rosto dele apenas para afastá-lo de mim.

“DEIXA ACABAR COM ESSE PROJETO DE GAROTO PROPAGANDA DE CLEAR MEN!” (Tive que repetir essa parte)

[...]

Então, foi mais ou menos isso que aconteceu. Depois da patacoada toda, a diretora veio conversar com meu irmão, e me ‘convenceu’ a ir pra casa. Sendo levada por Charlie e Luke, que cena linda... Eu... Cheia de ataduras, parecendo que tava fazendo um cosplay de múmia – mesmo que eu ache que a múmia não usava tantas ataduras como eu – E foi simplesmente um milagre ela não ter me suspendido, me feito lavar a biblioteca nem nada do gênero, coisas que ela adora fazer. Ela simplesmente me mandou pra casa! Inédito! E ainda por cima podíamos ter gravado um clipe da música I believe I can fly, porque foi o que quase aconteceu comigo.

Como? Difícil explicar, mas eles quase me fizeram voar, e o pior que minhas pernas estavam cheias de curativos, ou seja, tive que trocar todos. Foi uma dor dos infernos! Ah, sem contar que caí rolando a escada da minha própria casa. Foi algo que talvez mais tarde eu ache engraçado, mas que na hora foi simplesmente horrendo! Não sabia se chorava de dor ou se ria de Charlie e Luke correndo atrás do rolinho primavera descendo as escadas- vulgo, eu. Eu acho que fiz um misto das duas coisas, porque minutos depois eles acharam que eu tava tendo uma convulsão e ligaram para a emergência. Nunca gritei tanto em toda minha vida. Que inferno.

Resumindo, agora estou escrevendo no meu notebook, com a perna em cima da mesa de centro e um travesseiro embaixo dela. Ah, e Charlie está com Luke na cozinha tentando fazer uma lasanha, além de estar tocando Lady Gaga no rádio e vi Luke passando umas três vezes dançando mimosamente na minha frente. Eu ri até meus pulmões começarem a doer.

Aposto que vão deixar a cozinha toda suja, e ainda por cima podem queimar a lasanha, afinal, só eu consigo cozinhar verdadeiramente nessa casa. Mas Charlie aqui me fez lembrar quando nos juntávamos na cozinha para fazer bolos com minha... Com minha mãe. Ela o adorava! Aposto que se ela estivesse aqui, iria querer saber todos os detalhes sórdidos do meu sonho. Minha mãe era assim mesmo, adorava saber de tudo picante e mais um pouco, uma heroína. Pena que ela não está aqui agora, eu estaria muito mais alegre.

Foi então que eu percebi Charlie me observando com um pano de prato repousando em seu pescoço. Tomei um susto enorme e quase derrubei meu note. “O que você tanto escreve aí?” Ele perguntou. Fechei o aparelho e o pus do lado do sofá, ainda bem que ele tem senha. Meu bebê. “Nada demais” Respondi.

“Vamos comer!” Luke chegou com o seu cabelo parecendo que havia levado um choque daqueles. Ele estava falando isso como se estivesse cantando poker face, então estava mais ou menos ‘Vamos co-co-comer, co-co-co-comer’. Ou seja, gargalhada na certa. E pulmões doendo, claro. Só pra constar.

Tive que ser carregada por Charlie para chegar até a cozinha. Embora eu tivesse a certeza que foi um exagero de Luke imobilizar minha perna desse jeito, não fiz nenhuma contradição. E eu sabia que estava pesada, dava pra perceber o esforço que Charlie tava fazendo pra me carregar, e olha que eu nem era gorda.

[...]

Então faltavam uns dois dias para a apresentação da peça no colégio e eu já estava tremendo feito vara verde, Charlie estava tentando me ajudar – eu acho – mas não tinha surtido muito efeito. Já meu irmão... Bem, o Luke estava fazendo-me sentir ainda mais estressada com toda essa história, e estou descontando tudo no energético, junto com Lexy. Ela era a única pessoa que no momento parecia causar um efeito positivo nesse meu estado humilhante, Lexy permanecia sentada de pernas cruzadas na cadeira da lanchonete (me perguntei como as pernas dela não estão doloridas) e tentando revisar comigo algumas das falas. Não que Lexy fosse a melhor atriz do mundo, mas ela era muito melhor do que eu – Fato- Perguntei-lhe porque ela não quis o papel de Julieta. Ela riu.

“Talvez se eu tivesse aceitado o papel, tudo isso não teria acontecido” Ela disse e tive que concordar. Se eu não estivesse nesse papel – mesmo que contra vontade – talvez eu ainda estivesse brigada com Charlie, ou até pior. Sorri pensando em seus beijos, que eu nunca mais iria experimentá-los. Lexy pigarreou. “Oh mocinha apaixonada, temos deveres aqui, lembra?” Ela disse sarcástica. “Claro” Concordei. Eu estava com um suco de laranja e um duplo de queijo em cima da mesa, só esperando o intervalo do nosso ensaio para serem devorados. E logo esse intervalo chegou, saboreei meu hambúrguer enquanto Lexy mordiscava umas batatas fritas. “O que foi Lexy?” Perguntei. Ela virou seu rosto pra mim “Eh... Nada não” Disse. Ela estava com seus papéis na mão. Bom, pra quem não sabe... – ou seja, todo mundo – a Lexy quer ser escritora quando crescer, e sinceramente ela tem talento pra isso. “É o livro?” Perguntei-lhe. Ela respirou fundo “A quem estou querendo enganar... Não vou conseguir!” Ela disse pondo os papeis com força em cima da mesa. “Porque você não tenta organizá-los no seu computador?” Perguntei pegando uma das folhas. “Bem, eu poderia fazer, mas não sei como continuar essa estória... Estou enrolando pro ápice há 6 capítulos!” Ela pôs suas mãos para cima e desabou em cima da mesa.

“Ei, calma...” Disse. “Você é uma ótima escritora... Lembra que eu já li seus resumos? Eu não mentiria pra você em hipótese alguma” Li um dos conteúdos “Espere... Esse garoto...” Disse lendo as características de seus personagens “Eles parecem conosco” Disse espantada. “Lexy... Explique-se” Fiz uma cara travessa e ela fechou os olhos com força. “Desculpa Anna... Eu gosto tanto de vocês! Achei que poderia escrever algo legal. Sei lá, escrever sobre vocês... Mas não sei inventar muitas coisas sobre você, porque te conheço há tanto tempo... E se não mudasse nada, simplesmente iria continuar você...” Ela falou. “Não tá tão parecido assim” E realmente não estava.

“Você acha?” Podia jurar que seus olhos estavam brilhando. “Claro, olha só... Você tem muito talento! Só precisa parar de se autocriticar tanto...” Virei a cabeça pro lado direito. Bem, ainda temos tempo. “Quando você terminar, quero ser a primeira a ler, ok?” Sorri devolvendo o papel para ela. “CLARO! Sempre a primeira Anna!” Ela pulou em meu pescoço, me abraçando. Ri alegremente. Sentia falta de rir por nada, assim como estamos fazendo agora. Bem, eu sinto falta de tanta coisa. “Lexy...” Disse. A garota pequena ainda mantinha seus braços ao redor de mim, como se eu fosse sua irmã mais velha e ela precisasse de atenção. “Oi?” Ela enxugou algumas lágrimas que lhe escaparam e se endireitou. Então meu celular começou a tocar, o toque de Luke, pensei. Saquei o aparelho e percebi que dia era hoje, oh não, se for o que estou pensando. “Oh droga, parece que meu pesadelo vai começar” Disse baixinho, mas ela ouviu “Que pesadelo?” Lexy enxugou o que restava de suas lágrimas e se endireitou para me ouvir.

Alô” Disse com receio.

Tenho uma boa e uma má notícia. Qual você quer ouvir primeiro?” Ele disse com a voz embargada. Mil vezes droga.

“A boa” Disse, mas já sabia a que ele se referia.

Papai tá chegando...” Ele disse. Respirei fundo.

“Se ele tá vindo, ela virá também, porque ela deveria estar cuidando da gente enquanto ele viajava, mas ela sumiu desde que... Aconteceu aquilo” Disse baixo. Lexy me fitou com uma expressão curiosa.

Eu sei, Anna por favor, tente se acalmar e não procure briga com ela, por favor, por mim” Ele disse “Tenho que desligar” respondeu após uma longa pausa.

“Droga!” Gritei quando desliguei o celular. ELA não.

“O que foi Anna?” Lexy me perguntou, respirei fundo antes de começar a falar. “Bem...” Olhei para os lados para ver se alguém estava prestando atenção em nós duas. Nada. “Existe uma mulher... O nome dela é Karen Dresch, ela seria a mulher que iria tomar conta de mim e do Luke durante a viagem do meu pai “ Pausei, esperando que ele absorvesse essa parte. “Mas ela não o fez, em vez disso, as primeiras semanas foram as piores da minha vida. E não estou sendo dramática. Ela é uma torturadora profissional, Luke teve os maiores hematomas porque ele sempre omitia minha culpa na história, mas eu também tive alguns” Desci um lado da minha camiseta enquanto olhava para os lados, esperando que o comparsa dela estivesse em algum lugar nos vigiando. Lexy fez uma expressão de horror. “Oh Anne, ela te espancava? Porque você não denuncia? Como ninguém na sua rua ouviu nada?” Respirei. “Ela sabia que se eu gritasse ela iria ser presa, porque meu pai não iria deixar que ela nos batesse desse jeito... Mas... Ela nos amordaçava, para impedir que soltássemos gritos” Disse baixo. “Que horror!” Lexy sussurrou. “E ela vai voltar, ela foi embora depois que o comparsa dela, o Ian, disse que ela não merecia gastar o tempo dela conosco, e ela deveria ir aproveitar uma viagem em sei lá onde” respirei “Mas o papai vai voltar... E ela vai ter que voltar!” Fechei os olhos com força, ela pausou, “Mas com seu pai aqui ela não poderá fazer nada contigo...” Ela disse. “Eu esperava que fosse assim, mas... Quando nós estivermos sozinhos, ela vai se vingar. E vamos estar sozinho em algum momento” Disse. Ela levantou “Não se depender de mim e do Charlie!” Ela disse convencida. Arregalei os olhos. “Não! Você não pode meter o Charlie nem a si mesma nessa enrascada!” Disse. “E como fica você e o Luke? Não, amigos servem para isso Anne, aposto que o Charlie não iria se recusar em ficar junto com você, mesmo que ele não saiba o motivo. E além do mais, seu pai o adora” Ela explicou. Desse ponto até faz sentido, mas se ela quiser se vingar?

“Não sei Lexy... ela pode querer afastar vocês para...” Ela me interrompeu “Anne, não vamos deixar você sozinha um minuto, nem eu , nem o Charlie, e o Luke também, vamos ficar todos juntos. Ela não pode fazer nada contra vocês enquanto há duas testemunhas em sua casa!” Ela me convenceu. “Certo, mas e a sua mãe?” Disse. “Ela tá louca pra se livrar de mim, não iria se importar se eu ficasse algum tempo na sua casa, e mesmo que seja por pouco tempo, eu acho que o Charlie poderia morar lá se ele quisesse. Enfim, só não faz isso porque o Luke o mataria”.

Ri baixo com a imagem dos dois em minha casa, nossa, não ia dar o que preste. “Certo, então você vem comigo até a minha casa para eu falar com minha mãe e arrumar algumas coisas, ok?” Ela disse. Concordei com a cabeça, calada. “Vamos lá Anne, você não vai ficar sozinha com essa coisa monstra” Ela disse apertando minhas bochechas e eu fiz uma carranca “Não faça isso!”. Rimos juntas.

[...]

“Passar uns dias na casa na Anna?” Safira disse. Ela é a mãe da Alexis, que é o nome verdadeiro da Lexy, pra quem não se lembra. Ela é uma pessoa legal, embora às vezes seja meio dramática, mas no fundo a maioria das mães são assim. “Por que isso?” Ela perguntou com os braços cruzados e os cabelos castanhos caindo em cascata pelas costas. “É... Precisamos de mais tempos juntas! E também vamos todos ficar lá, sabe... Eu, o Sr. Oliver, Charlie, Luke e a Anne!” Ela sorriu. A expressão da mãe dela mudou na hora. “Lucas vai estar lá?” Perguntou e vi que Lexy tapou a boca na mesma hora. Franzi minhas sobrancelhas, afinal, o que o Luke tem a ver com isso?

“S-sim mãe...” Ela disse baixinho e Safira sorriu. “Então está certo. Pode ir” Aquelas cinco palavras fizeram Lexy soltar um gritinho de entusiasmo bem agudo, o que quase me deixou surda.

“Obrigada tia Safira!” Disse feliz e a abraçando. “Claro, vocês merecem” ela sorriu calmamente e nos soltou “Mas...” Lexy se afastou receosa. “Tem que me prometer uma coisa” Lexy assentiu “Usem proteção!”.

Quê?

Lexy ficou paralisada com as palavras da mãe, e posso dizer que minha reação não foi nada diferente. Eu fiquei parada, com os braços esticados de quem acabou de sair de um abraço caloroso e foi congelada. E Safira estava com os braços cruzados, eu juro que esperei que ela estivesse brincando, mas ela parecia estar falando muito sério. Lexy e meu irmão? Ok, essa é nova pra mim.

“Oh, você não sabia?” Safira ficou boquiaberta. Eu não sabia? Olhei para Lexy, que estava vermelha. “Você gosta do meu irmão?” Perguntei. Sim, eu sou lerda. “É melhor eu deixar vocês duas sozinhas” Ela saiu da sala. “Valeu em mãe!” Lexy disse irônica. “Porque você nunca me contou?” Disse. Ela coçou o pescoço. “Bem...” Desviou o olhar. “Eu podia ter ajudado!” disse. “Luke é lesado demais pra perceber alguma coisa... Poxa, nós temos que resolver isso logo!” Disse entusiasmada. Aquilo pegou Lexy totalmente de surpresa.

“Quê?” Foi a única coisa que ela conseguiu dizer. Sorri maliciosamente.

Raise your glass Lexy! Essa semana vai ser a semana!” Disse animada. Aposto que ela se assustou. É isso aí, vamos tornar essa semana inesquecível!

E eu mal sabia como essa semana seria impossível de ser esquecida.



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Notas finais do capítulo

#Hey, comentem ok? /sábado que vem tem mais



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