Devaneios Insanos De Uma Julieta escrita por Rocky Scarlet Fernandes


Capítulo 3
Capítulo 3 - E se eu quiser tentar?


Notas iniciais do capítulo

#Alerta DRAMA !
Oi oi gente. Sábado, assim como prometido (mesmo que eu não possa entrar no computador regularmente, não vou deixar de postar).
Caramba, to começando a achar que só cinco capítulos não vão dar conta da história por trás da fic :) '
O que vocês acham de eu aumentá-la só um pouquinho? ;P
~Título do capítulo baseado na música Start Again da banda Red ~que eu amo !



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Tome nota. Vejamos, eu dormi chorando, o que eu não fazia há décadas, agarrada a um travesseiro, o que não pensava em fazer desde que tinha uns cinco anos, e ainda chorando por Charlie, que prometi a mim mesma que nunca mais faria. E o que ganho em troca? A droga do despertador tocando às 5hr30min da manhã para avisar que eu tenho que – mais uma vez – comparecer ao inferno que chamam carinhosamente de colégio.

Arrumei-me rapidamente, embora não quisesse ir, mas digamos que eu não sou a pessoa com as maiores médias escolares, então logo não posso me dar ao luxo de faltar frequentemente. Além disso, aposto que iriam me infernizar até eu dizer chega e meu pai ainda não havia voltado de viagem. Ele era uma daquelas pessoas que viajavam frequentemente em busca de oportunidades e novos negócios, enfim, ele quase não ficava em casa, só vinha normalmente nos feriados como ação de graças, ou no nosso aniversário. E também ele havia adquirido uma pequena depressão após a morte da minha mãe, o que o fez ficar descuidado e ter que ir mais vezes ao trabalho, pelo tempo que ele ficou ‘se dando’ licença, porque antes o víamos com mais frequência do que agora, duvido que ele venha ver a peça do colégio. E pra falar a verdade, é até melhor que ele não vá mesmo.

Entrei no quarto do meu irmão, o infeliz havia dormido novamente com osheadphones no volume máximo, da porta tava dando para escutar o que ele estava ouvindo' system of a down' disse baixo. Ele se mexeu algumas vezes e voltou a dormir. Bufei e –sem querer- acabei soprando minha franja para o alto da minha cabeça. Dei alguns passos até chegar ao lado de sua cama.

“Luke, seu estúpido! Você vai ficar surdo” Disse tirando o aparelho de sua cabeça.

“O que é Ann?” Ele disse “São cinco horas da madrugada, tenha santa paciência, eu já acabei o colegial” Ele respondeu e virou-se para o outro lado. Bati os pés freneticamente no chão – impaciente-.

“Poxa, obrigada, irmão, é assim que você quer me ajudar?” Disse cruzando meus braços, eu já havia vestido o uniforme com uma calça de tachas e meio rasgada e tênis preto.

“Fala logo o que é” Ele levantou. Puta merda, porque ele tem que dormir pelado? “Luke! Desgraçado, você quer me traumatizar?” gritei tapando os olhos. Ele gargalhou sarcasticamente. A risada do meu irmão é assombrosa. Parece uma mistura do palhaço Bozo com um vizinho meu, que ri que nem um porco. Óinc óinc.

“Se você gosta do Charlie já deve ter imaginado ele pelado” Ele disse, e senti um peso enorme sair da cama, ele tinha levantado. Pensei comigo mesma se já era seguro destapar meus olhos “Anda, tire as mãos dos olhos, sua idiota”. Destapei lentamente meus olhos, pronta para que se ele ainda estivesse despido eu voltar a tapá-los.

“Idiota é sua...” Ele me interrompeu com aquela cara de sem vergonha.

“Ann, você está corada” Ele disse lentamente e com o dedo indicador apontando na direção das minhas bochechas. Fechei os olhos fortemente e respirei fundo. Se eu respondesse no exato momento, acho que um Nokia iria acabar partindo a cara dele em duas – Acidentalmente-.

“Vai pro inferno, Luke!” Disse saindo do quarto.

“Hey, porque você queria minha ajuda?” Ele disse ficando na porta do quarto, só de toalha. “Esquece” Disse pegando minha mochila e comendo uma barra de cereal. A última coisa que preciso é de Luke de toalha na minha frente, e ainda por cima, eu devendo um favor a ele. Então fui andando para o colégio (que não é muito longe daqui de casa, são só alguns quarteirões).


[...]

“Ora ora, quem está vindo. Se não é a vaca-mor” A maior vadia do colégio havia tirado o dia pra me infernizar, era realmente o que eu precisava pra começar o meu dia oficialmente. Que ótimo Anne, você está se superando.

“Eu acredito que você não saiba nem o que o sufixo mor significa, então vai procurar algo de útil para fazer, se é que você tem capacidade pra isso, né Hannah?”. Sorri sarcasticamente enquanto proferia essas palavras.

“O que é sufixo?” Ela perguntou com a maior cara de burra para um loiro ao seu lado. Ele fez cara de desentendido e balançou os ombros. Bufei irritada.

“Você sabe ao menos contar até dez?” Perguntei e a deixei falando sozinha.

“Oi...” Quase caí para trás quando vi Charlie encostado na porta da minha primeira aula. Ele estava com uma jaqueta jeans, calça e tênis. Parecia que o cabelo dele não havia visto pente, e ele estava com olheiras enormes, e ainda por cima eu estava com muita raiva por eu ter sido tão rude com ele, então eu fui pega em um momento onde eu estava bem vulnerável. Ponto pra ele.

“Você dormiu ontem?” Perguntei baixo, ainda perguntando-me se ele estava falando mesmo comigo. Ele mexeu os ombros desconfortavelmente, como se quisesse checar se eles não estavam doloridos, me perguntei se ele havia dormido no chão.

“Não, e você?” Ele perguntou me seguindo quando entrei na sala “Sim, dormi” Assenti (não tão bem, claro).

“Não parece” Ele disse “Sua cara tá meio inchada” Eu comecei a ficar vermelha “Inchada vai ficar sua bunda se você não sumir da minha frente” Disse levantando minha mão, mas ele segurou meu pulso. Droga, eu sempre tenho que fazer uma merda dessas, enfraqueci minha mão, mas ele ainda me segurava. Não era forte o suficiente para me machucar, mas foi forte o suficiente para me imobilizar. “Me solta” Disse. Ele ficou sério e pôs minha mão em seu rosto. “Vai, bate. Doía menos quando você me batia” Ele disse largando meu pulso. Arregalei meus olhos. Não comece a chorar agora!

“Charlie, eu...” Disse. “Porque você tá fazendo isso?” Eu respondi tirando minha mão do seu rosto. Ai droga, eu disse pra não chorar!

“Porque suas palavras me machucam muito mais do que um soco” Ele disse e olhou para a porta, bem na hora em que o professor Fiennes entrou. “Bem, vou sentar” Ele disse se direcionando ao outro lado da sala. Eu havia pegado um lugar perto da janela, bem no fundo da sala, então como percebi que ninguém ia se importar comigo ali, deitei minha cabeça na mesa e deixei algumas lágrimas rolarem, eu não ligava muito pra aula do professor Fiennes, porque era uma das matérias que eu podia me dar ao luxo de faltar algumas vezes, já que eu era absolutamente uma nerd nela.

[...]

“Annelise Benson, é melhor você acordar!” Ouvi uma voz estridente, a qual percebi ser da minha amiga, Alexis Marvel. Era uma boa pessoa, uma menina inteligente que fazia horários extras na biblioteca. Levantei minha cabeça e percebi que seus cabelos pretos com algumas mechas azuis estavam presos num rabo de cavalo desgrenhado com uma tiara de pano segurando sua franja. Ela ajeitou seus óculos de grau com aros pretos e me encarou ferozmente.

“Oh, Lexy, o que foi?” Disse coçando os olhos, torcendo para que não estivessem vermelhos. Olhei ao redor da sala, mas não havia mais ninguém lá. “Eu perdi o segundo horário não foi?” Disse.

“Perdeu sim, a professora ficou preocupada e me mandou checar se você estava bem, procurei, procurei, então lhe achei aqui, tadã” Ela pausou, como se estivesse tentando lembrar de mais alguma coisa “E o Charlie também ficou preocupado...” Bufei rapidamente, me afundando na cadeira. Isso fez ela se aproximar mais de mim com uma cara curiosa “Vocês brigaram?”. Desviei o olhar para a janela.

“Para brigar, precisamos primeiro nos falar, fiz uma merda daquelas, Lexy”. Fiz questão de soltar uma boa dose de ênfase em uma das palavras. Ela sentou-se em cima da mesa. “Sério? Uma daquelas... Níveis asiáticos?” Ela perguntou “Pior” Disse. Ela abriu a boca assustada. “Uau, o que foi dessa vez?” Respirei fundo antes de contar tudo para ela. Ela ouviu atentamente minhas palavras, até que no final da história, ela encolheu os ombros.

“Puxa, que tenso” Ela disse “E você não vai conversar com ele?” Ela disse me observando com aqueles enormes olhos cor de avelã. “Eu bem que tentaria, mas...” Desviei meus olhos “Não sei se ele iria querer me ouvir” Disse triste. Estava estranhando porque ela ainda não tinha gritado comigo, esse era normalmente o jeito que ela tinha para me reprimir. Enfim, ela ainda estava me fitando, como se estivesse pensando em um plano diabólico, e eu apostaria todas minhas fichas que ela estiva fazendo realmente isso. Ela ajeitou seus óculos novamente e pigarreou.

“Bom, eu só sei que ele tá faltando o terceiro horário, lá no pátio. Porque você não vai lá?” Ela disse me encorajando.

“Posso pensar nisso...” Falei desanimada. “Sei lá, Lexy, eu não sei se é o que tem que acontecer, talvez fosse até melhor deixar assim como tá”. Ela arregalou os olhos, a garota parecia até um bicho estranho quando fazia isso.

“Não, não mesmo!” Ela levantou, quase caindo da cadeira. “Você vai falar com ele, ou não me chamo Lexy Marvel!” Ela saiu me puxando. Para uma baixinha, até que ela era forte demais.

“EEEH? Lexy, calma!” Disse.

“Vamos, sobreviva, você é tão inexperiente nessa coisa de amor!” Ela falou animada. Inexperiente? Ergui uma das sobrancelhas. Olha quem fala...

Ela me empurrou até o pátio, vejamos, estava um sol miserável, mas conseguia enxergar uma forma masculina sentada perto do pequeno parque no pátio do colégio, parecia estar tirando um cochilo debaixo da arvore.

“Vai lá...” Ela me empurrou.

“Mas... Lexy, ele tá dormindo!” Disse me recusando a ir, mas ela me empurrou até lá.

Andei em passos muito curtos e lentos, até a árvore onde Charlie estava repousando. Ele parecia tão relaxado, embora seu cabelo estivesse parecendo um furacão, ele até que ficava atraente daquele jeito. O que eu queria dizer, ele é atraente. Até usando uma toalha do Mickey mouse, ri imaginando essa cena, e logo ao perceber que ele havia suspirado eu congelei.

“Eu gosto desse som” Ele disse baixo, ainda sem abrir os olhos.

Tapei minha boca com as duas mãos e ele abriu um dos olhos, olhou nos meus, e voltou a fechá-lo. “O que veio fazer aqui?”. Respirei procurando as palavras certas para tentar me expressar... Inutilmente.

“Conversar” Disse sem sentar. Ele franziu o cenho e abriu os olhos, fitando o céu, que havia ficado um pouco mais escuro, com as nuvens escondendo o sol. Respirei fundo esperando sua resposta. Ele ainda mantinha os braços formando um apoio atrás da cabeça, com as pernas esticadas sobre a grama do pátio.

“Sim, sou todo a ouvidos, Anny” Ele disse me fitando. Eu respirei profundamente, sentindo um cheiro de baunilha que reconhecia de longe. Pensei numa música. “Podemos recomeçar?” Essas foram as únicas palavras que consegui proferir, mesmo que fosse em um sussurro. Mas eu sabia que ele havia escutado, o garoto tinha um ouvido de tuberculoso de deixar qualquer surdo com inveja, “Recomeçar?” Ele perguntou.

“Sim, começar de novo...” Disse fitando a grama. “Por quê?” Ele perguntou me fitando com aquele olhar que eu nunca conseguir decodificar, era um misto de surpresa, admiração, carinho, mas também dúvida, se deveria me escutar, mágoa, e talvez até um pouco de raiva. Senti-me desconfortável e falei baixo demais “Eu estou me sentindo perdida... Eu só... Eu queria recomeçar porque eu sei que... Eu queria lhe...” Disse. Respirei fundo novamente, tomei coragem “Eu queria lhe pedir desculpas”. Ele ficou um pouco mais surpreso, sua boca formava um pequeno ‘O’ e ele havia tirado as mãos de trás da cabeça no susto e havia batido com a cabeça na arvore. “Pedir desculpas?” Ele perguntou “Foi o que eu disse, idiota!” Disse quase sem paciência. Ele sorriu torto, mas logo o escondeu.

“Você não parece tentada a recomeçar” Ele disse me examinando, por um momento me senti como um frango de açougue, mas tentei ignorar e pigarreei. “Eu to tentando, mas e você?” Perguntei. Ele revirou os olhos “Você é tão difícil de conversar, senta...” Ele disse batendo a palma da mão na grama e relutei por alguns segundos, mas logo havia me sentado na grama verde do pátio. Ele estava me observando, quando resolvi relaxar, estiquei minhas pernas, como ele havia feito antes e pus minhas mãos atrás da cabeça.

“Vamos, me mostre sua proposta” Ele disse. Proposta? Espero que ele esteja sendo irônico. “Bom, vejamos...” Disse falando um pouco mais suave do que o de costume, o que pareceu surpreendê-lo. “Eu apenas queria passar um pouco de tempo contigo, nós costumávamos fazer tanto isso”. Disse. “Como tomar banho pelados numa cachoeira?” Ele riu e senti meu rosto arder “Não!” Disse exasperada. Só fizemos isso uma vez, e foi micoso demais.

“Ah, qual é, Juliteta” Ele me fitou com os olhos sedutores, e senti um calafrio. “Bem, Gnomeu. Ah, falando nisso... Quando vai ser a peça?” Perguntei ainda não me acostumando a falar tão calmamente com ele, meu coração estava quase saltando do meu corpo. É o que ele faz com você, sua idiota apaixonada. “Você não sabe?” Ele me perguntou. Neguei. Ele pensou um pouco. “Na próxima semana, eu acho” Ele disse calmamente. “Anny...” Virei para fitá-lo “Posso deitar no seu colo?” Me espantei com sua repentina pergunta, então quando lentamente eu assentia, o infeliz sorriu e deixou sua cabeça repousar em minhas coxas. “Você tem umas coxas decentes” Ele disse. Que coisa para se dizer num momento desse! “Falando na peça, quando vão recomeçar os ensaios?” Ele perguntou “Acho que amanhã” Disse convicta. Ele se levantou e deixou seu rosto próximo ao meu. “Posso te beijar novamente?” Eu arregalei os olhos. Ele estava pedindo demais. “O quê???” Perguntei. Ele pôs uma de suas mãos na minha nuca e chegou ainda mais perto “Perguntei se posso lhe beijar novamente...” Ele disse calmamente.

“Charlie, eu...” Neguei com a cabeça, quando ele se aproximou ainda mais, acabando com o pouco espaço que ainda restava entre nós dois. Maldito. Tinha dito para não se aproximar... Na verdade, não tinha dito nada. Apenas senti sua boca junto à minha, e um gosto de bala de cereja, minha favorita, o que acredito que ele não havia esquecido tão fácil. Ele se deitou por cima de mim, acariciando minha nuca. Gemi, que droga, ele havia ficado muito bom nisso.

“C-charlie... Para idiota!” Disse num fio de voz. Tanto que a palavra idiota quase não saiu.

“Parar?” Ele disse se afastando apenas para me fitar “Você quer mesmo que eu pare?” Ele perguntou.

“Claro idiota, estamos no pátio do colégio!” Disse tentando absorver um fio de consciência. Ah, que tentação, merda! O garoto pareceu esquecer rapidamente das minhas súplicas e direcionou seus beijos ao meu pescoço. Droga, droga, droga. Desse jeito não ia dar coisa que preste, até que ele inalou profundamente meu cheiro e sorriu, por cima da minha pele. Puta merda, ele era mesmo muito bom nisso. “Ah...” Eu gemi baixo, mas ele pode escutar. “Está gostando, Anny?” Ele disse enquanto repirava calmamente em meu pescoço, e depositava beijos até chegar aos meus ombros. “Para Charlie...” Gemi.

“Caham, vocês estão no colégio” Pulei de súbito quando ouvi a voz do professor Fiennes. Droga, puta merda, shit, damn. Ajeitei meu cabelo enquanto deixava Charlie no vácuo. Ouvi-o dizer “Merda” e me levantei.

“Professor... Droga...” Disse a segunda parte o mais baixo possível.

“Posso saber o que o jovem casalzinho está fazendo fora da sala?” Ele perguntou e Charlie sorriu quando ele proferiu as palavras ‘jovem casalzinho’. Pra mim pareceu algo como no filme crepúsculo, ou seja, não estou acostumada com esses ‘apelidos’.

“Nos beijando, oras!” Charlie respondeu calmamente. O professor soltou uma gargalhada “Se beijando é pouco, vocês estavam quase acasalando”. Que modo estranho pra dizer que... Oh inferno, não! Senti minhas bochechas arderem e desviei meu olhar, algo que nunca faço na frente de um professor.

“Certo, sei que adolescentes tem hormônios à flor da pele, então, podem fazer o favor de voltar pra sala de aula, e posso pensar em não dedurar vocês dois para a diretora”. Ele consertou os óculos. “Estamos conversados?”.

“Claro, Sr. Fiennes” Nós dois dissemos em unis som.

[...]

“Eu vou te matar!” Disse quando chegamos à sala. “E aquela proposta de tentar recomeçar?” Ele perguntou. Respirei fundo e respondi irônica “Não havia nada no contrato que falasse sobre beijos e carícias sob as arvores do pátio”. Sentei numa carteira e ele sentou ao meu lado.

“Mas confesse que você gostou, não gostou?” Ele sorriu. Fiz um bico e abaixei o rosto para o meu caderno rabiscado. A professora de Química nem estava parecendo perceber nossa animada conversa no fundo da sala, embora às vezes ela desse algumas olhadelas para onde estávamos sentados.

“Vocês andam muito animadinhos esses dias” Hannah disse “está no cio, sua cadela?”.

“Porque você não vai à merda?” Disse mordendo a ponta do meu lápis.

“Porque é lá que você mora” Ela disse.

“Antes morar na merda, do que conviver com uma puta que nem você” Peguei meu material e me levantei.

“Vai embora, vadia. Vai se chupar com seu nerd maldito longe daqui” Ela disse “Todo mundo sabe que vocês dois andam transando né?” Respirei fundo, voltei alguns passos e dei-lhe um soco na cara.

“Aprenda. A. Não. Me. Confundir. Com. Alguém. Do. Seu. Rebanho” Disse e fui embora. “Licença, professora”. Charlie me seguiu.

“Vai lá, cachorrinho... Nem pra ela lhe trocar por um fortão do time de basquete” Ela disse, com a boca inchada.

“Praga de puta não pega” Quando eu disse isso, a sala inteira caiu na risada, inclusive a professora, que soltou um riso tímido. Puxei Charlie pela mão até o corredor.

“Oi? Anny é você mesmo?” Ele perguntou, pondo sua mão em minha testa para ver se eu estava com febre. “Não to com febre, ela me irrita” Disse fitando a porta da sala, agora fechada.

“Com razão” Ele disse tirando uma mecha de cabelo do meu rosto. “Como você consegue?” Disse rindo. Ajeitei minha mochila e saí andando calmamente. Ele me seguiu em silêncio. Estava constrangedor. Pigarreei uma ou duas vezes. Na terceira ele pôs a mão na frente da porta de saída, me impedindo de sair. “O quê?” Disse surpresa. “Vem comigo?” Ele perguntou calmamente. “Ah...” Respirei “Não é uma boa ideia” Disse. “Oh, vamos... Eu não mordo... Só se você pedir” Ele pegou dois de meus dedos e deu uma mordida leve, não chegou a doer, mas senti uma sensação mega estranha. Puxei minha mão rapidamente.

“Charlie... Charlie” Disse tentada a aceitar. O que você está fazendo comigo? Pensei internamente. “Vamos...” ele disse esticando sua mão. Ele não iria querer que eu... Que eu andasse pela rua de mãos dadas, não é? Olhei para sua mão, para seu rosto, para o canto, para sua mão novamente, para seus olhos, para a minha mão, até que eu não sabia mais o que eu tava fazendo e quando percebi, ele havia entrelaçado seus dedos com os meus. Não que eu não tivesse gostado... Olhei desesperada para as mãos entrelaçadas, não porque não gostava do calor emanando de suas mãos, e sim porque não estava acostumada a tê-lo. E eu havia parado de xingar em pensamento. Isso faz parte do pacote ‘paixão por encomenda’?Balancei minha cabeça duas vezes deixando o pensamento de lado.

“Queria saber o que você tanto pensa” Oh inferno, não queira. Ri internamente. “Você não iria querer saber, acredite” Ele levantou meu queixo com a mão que estava livre, droga Charlie, porque você tem que ter esse controle absoluto e parecer tão calmo? Sua cara nem arde, garoto. Ele sorriu. “Você fica bem fofa assim” Ele disse. Arregalei meus olhos. Assim como? E foi isso que eu disse em seguida. “Corada”. Ele respondeu.

Desviei meus olhos “Não estou corada” Zombei. Mas eu mesma sabia que era uma grande mentira. Sentia meu rosto arder tanto que estava perto de entrar na primeira sorveteria que visse e enfiasse minha cabeça no freezer de lá. Ouvi sua gargalhada quando pensei nesse ato e só então percebi que – inconscientemente- havia posto um bico em minha expressão. Droga, não fazia isso há séculos. Então resolvi apenas o seguir, deixando que ele me levasse pra onde queria.

[...]

“Hey Charlie, onde estamos?” Disse entrando com ele num lugar escuro, cujas paredes eram de um cinza intenso, embora fosse uma cor sóbria, aquilo me dava arrepios, mas eram bons arrepios. Ele ainda estava com o cabelo bagunçado, e sem camisa. Perguntei-me quando ele havia retirado aquela peça.

“Estamos num lugar onde ninguém vai poder nos achar...” Ele sorriu. Arregalei os olhos e dei alguns passos para trás, batendo minhas costas fortemente numa parede. Pude jurar que vi um reflexo vermelho em seus olhos, e me assustei. Ele se aproximou de mim, com passos largos e lentos. Então ele pôs uma mão em meu pescoço, não muito forte, mas seguro de si. Engoli seco, o que ele estava tentando fazer? Senti sua mão descer até meu ombro, e a outra se posicionar na minha nuca, então o vi se aproximando ainda mais, ficando a milímetros de mim. Sorriu perverso e disse “Quero brincar com você, Anny. Você aceita?” Não respondi, podia sentir seu hálito quente me inebriando e fechei meus olhos, instintivamente. Seus cabelos pretos estavam roçando em meu pescoço quando ele começou a beijá-lo. Gemi baixo, droga Charlie, pare com isso. Mas não pude dizer nada porque ele havia posto seus lábios em cima dos meus. Eles estavam doces e gélidos. Muito frio. Então ele me puxou até a cama, uma cama enorme, com lençóis pretos e travesseiros vermelhos, com alguns detalhes bordados, mas não prestei atenção suficiente para descobrir o que estava ali, mas havia uma cômoda do lado esquerdo da cama, e Charlie estava sentado ao meu lado, então finalmente percebi a roupa que eu estava usando. Era um espartilho vermelho, com uns laços pretos, incrivelmente sensuais, ou seja, algo que eu nunca usaria na minha vida. Senti meu rosto arder quando percebi que ele havia se aproximado bastante do meu corpo quase imóvel e estava segurando minha cintura com força, enquanto beijava meu ombro. Eu não ia aguentar aquela tortura, então ele resolveu retirar o espartilho... Com a própria boca! O que havia acontecido com meu nerd? Quando ele tinha adquirido essa personalidade tão... Tão diferente... – por falta de palavra melhor – Fiquei com vergonha quando percebi que ele estava me admirando. “Não faça isso!” Disse levantando minhas mãos para tentar fechar seus olhos, mas ele segurou meus pulsos, pondo-os em cima da minha cabeça. “Fique quietinha, está bem?” Ele disse quase como um sussurro. Uma de suas mãos havia descido até minha omoplata esquerda e me levantando um pouco, para que nós dois ficássemos com uma distância quase inexistente, ele ainda beijava meu pescoço, às vezes beijava, às vezes mordiscava, mas era tão gostoso que eu nem estava me importando que ele estivesse realmente me mordendo – Até porque aquilo poderia ser tudo, menos uma mordida forte- Eu fitei seus olhos, estavam brilhando de desejo, fiquei encarando aqueles olhos azuis, que agora estavam num tom muito mais escuro do que o de costume, sua boca estava com um sorriso torto e suas mãos tinham saído de minhas costas, agora uma delas faziam carinhos em minha cintura, e a outra tirava uma mecha de cabelo de meu rosto. Ele beijou meu queixo e inverteu as posições. Eu fiquei tão envergonhada que não consegui fazer nada, então ele meio que se levantou, comigo ainda no colo dele, e disse “O que foi Anny?” Seu olhar agora estava me recordando o antigo Charlie, atencioso, carinhoso (não que ele não estivesse sendo totalmente carinhoso), eu aposto que corei, o que o fez soltar um riso baixo. Tô ferrada, foi o que eu pensei. Bom, se está no inferno, então abraça o capeta. Então resolvi sorrir, provocando ele com as minhas mãos. “Você não pode mandar em mim” Disse. Ele sorriu, dizendo baixo “Essa é a minha garota”. Então tirei suas roupas, primeiro sua blusa social branca, depois, sua calça preta. Ele estava descalço, e eu também, mas eu ainda estava com a parte de baixo da lingerie. Então ele percebeu esse pequeno ‘erro’. E fez questão de consertá-lo. Logo nós dois estávamos nus, o que era estranho, porque eu não estava com vergonha, nem ele (Embora na posição que estávamos eu conseguia sentir absolutamente tudo referente ao corpo dele). Mas a nossa libido já havia sido deixada de lado há muito tempo. Foi então que – finalmente- percebi o que eu realmente queria dele. E foi isso que eu tive.

[...]

Levantei assustada soltando um grito abafado por minhas mãos. Então eu me virei, percebendo um corpo imóvel ao meu lado. Droga, droga. Mas eu estava completamente vestida, e ele só estava sem camisa. Ou pelo menos eu achava isso, já que havia uma coberta impedindo minha visão total do corpo dele. Não sei se fiquei com vergonha, ou com medo, mas me segurei um pouco antes de – finalmente- resolver descer a coberta. Não que eu quisesse ver se ele estava mesmo vestido – E talvez porque a visão do corpo nu dele no meu sonho, ou o que pelo menos acreditava ser um sonho, era perfeito – Desci um pouco a coberta, até perceber uma calça jeans. Suspirei aliviada e percebi que ele estava acordado, pulei quase caindo da cama. Ele gargalhou.

“Estava querendo me ver?” Ele perguntou erguendo uma sobrancelha. “Não! Óbvio que não! Tá me achando com cara de quê? Pervertida?” Preferi que ele não respondesse essa pergunta. “Claro” Ele respondeu “Mas só pra a senhorita saber, não aconteceu nada aqui, e você adormeceu depois de termos assistido àquela minissérie, lembra?” Ele disse sorrindo timidamente quando percebeu a causa da minha preocupação. Suspirei. Ah é... A minissérie.


Flashback ON

“Então... Você veio me trazer pra assistir um filme em sua casa?” Levantei uma das sobrancelhas, ele sorriu concordando. “Não é exatamente um filme, é uma minissérie. Por quê? Não gostou?” Ele disse. Neguei, pensando que não era isso que eu queria dizer e deixando minha bolsa cair no chão. Ele foi para a cozinha e sentei no braço do sofá, tirando meus tênis. Demorou alguns segundos para eu me lembrar como era a casa de Charlie, tinha mudado um pouco. Quando nos conhecemos, aquela casa tinha tons de azul bebê na sala, agora um pouco desbotado, não havia aqueles quadros (que aposto que foram pintados por ele), e a televisão era um pouco menor. Além do mais, a casa agora parece tão silenciosa... Perguntei-me onde os pais dele estariam uma hora dessas, então me recordei de que o pai dele havia se separado da mãe quando ele tinha uns 13 anos, e que a mãe dele não mora mais aqui, pelo que eu soube. Ou seja, o Charlie está morando sozinho. Entristeci quando me lembrei do pequeno garoto que odiava o silêncio, que adorava o som de risadas altas e brincadeiras ao pôr do sol, ele tem lidado com a solidão todo esse tempo. Quando ele voltou, tinha em suas mãos pipoca e uma garrafa de coca cola de 1,5 litros. Segurei um riso de entusiasmo e podia jurar que meus olhos brilharam, eu AMO coca cola!Ele ainda se lembrava disso! YAY!Deixei meus devaneios sobre Charlie e pulei levantando minhas mãos.

Ele gargalhou com a visão e quase deixou a pipoca cair, então eu levantei correndo do sofá e peguei a pipoca da sua mão, alegando que ele iria fazer um desastre se continuasse com a posse da mesma. Perguntei qual minissérie ele estava querendo assistir, quando ele resolveu dizer “It” uma de 1990 com – argh- palhaços. E havia o livro, que eu achava ser menos pior, embora nunca tivesse visto a minissérie por falta de coragem, o livro era de Stephen King, um dos meus autores favoritos, e que ironia, não gosto de filmes de terror (muito menos minisséries), mas um dos meus autores de livros favoritos escreve sobre esse gênero,Eu ergui meus olhos, não gostava muito de filmes de terror, porque ... Porque era minha fraqueza! E ele sabia disso. Quando percebeu que eu havia ficado calada, ele pôs a coca na mesinha em frente ao sofá e pegou a pipoca da minha mão paralisada, e pondo no mesmo local. Então se aproximou de mim, com suas mãos em minha cintura e disse “Ainda tem medo desses filmes?” Embora eu tivesse negado, ele não acreditou. E começamos a ver o filme, não vou contar muito sobre ele, afinal eu quase não o assisti, mas Charlie não parecia estar com medo. Em uma cena, eu espiei meio que sem querer, e com o susto, pulei no colo dele, afundando meu rosto na curva do seu pescoço. Então ele me olhou com aqueles olhos, aqueles olhos que tanto adoro ver, mesmo que antes não assumisse nem para mim mesma. Ficamos por alguns segundos nos encarando, e não posso reclamar, já que eu adoro encará-lo. Nem percebi quando ele começou a me beijar, só sei que não percebi mais que havia um filme de terror, minissérie ou sei lá o quê passando na sala, estávamos apenas eu, ele e o sofá. Isso bastava pra mim.

Flashback OFF

“Não aconteceu nada?” Perguntei, me surpreendendo com meu tom de decepção. Ele chegou mais perto “Você queria que acontecesse?” Levantei da cama rapidamente quando percebi meu pescoço ardendo. Chegando ao banheiro, vi uma marca vermelha ali, uma marca que era impossível de não saber o que era, nem quem havia feito-a.

“CHARLIE!” Gritei.

[...]

Próximo capítulo: “Então... Você sonhou comigo...” Ele disse com calma as palavras, e eu assenti, me envergonhando cada vez mais. “E foi um sonho... Caliente?” Ele perguntou usando um falso sotaque.



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Notas finais do capítulo

~Gente, ao contrário dela eu super A-D-O-R-O filmes de terror. Embora tenha muito medo de palhaços, bem, acho que temos isso em comum. Eu já vi essa minissérie, e puxa vida, é assustador! [Eu amo Tim Curry *w*] Eu vi quando era criança e isso é um dos motivos do meu paranoico medo de palhaços. Esse capítulo foi um mediano, umas coisas dramáticas, outras não. Enfim, minha amiga disse que ela parecia comigo, o que eu discordo totalmente. Acho que essa é a única característica parecida de nós duas.
espero que gostem do capítulo ! COMENTEM VIUUU ! Se não o Pennywise vai pegar vocês ! KKKK ' [brinks, eu n desejaria isso para meu pior inimigo, aquele palhaço é dumal] ' Beiijuuuux !



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