Devaneios Insanos De Uma Julieta escrita por Rocky Scarlet Fernandes


Capítulo 2
Capítulo 2 - Descontando seus sentimentos


Notas iniciais do capítulo

Bom, houve um imprevisto e tive que postar hj (eu iria postar ontem) 'mas está aí, e espero que gostem. Antes que vocês pensem que ela vai virar uma mocinha indefesa eu aviso - A coisa ainda vai piorar e muito - Ela é tão cabeça dura quanto eu. kkk '



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“Não! SIMPLESMENTE NÃO VOU ACEITAR ESSA MERDA DE NOVO!” Gritei internamente quando cheguei em casa, batendo a porta com toda minha força e gritando como uma bárbara. Meu irmão tinha saído para uma de suas viadagens, então joguei minha bolsa no sofá, com raiva. Fui em direção a cozinha, tirando meu short e jogando-o no chão, ficando de calcinha enquanto pegava minha cumbuca de porcelana, da qual derramei quase um quilo de cereal snow flakes, e não estou sendo exagerada. Meu telefone começou a tocar e subitamente dei-lhe um olhar mortal. Não vou atender merda de telefonema nenhum hoje.

Agora, vocês devem estar se perguntando por que eu fiquei tão saturada com o Gnomeu e estou descontando na minha pequena cumbuca do Harry Potter, customizada pela minha ‘amada’ tia.

Simples. Ele era meu melhor amigo. Eu tinha um abismo supremo pelo pequeno nerd desde os tempos mais remotos. Ano passado eu havia tentado esquecer essa situação e comecei a me afastar dele, no início ele não aceitou, tentou se reaproximar, mas depois foi me esquecendo. Foi tão doloroso que eu comecei a tratar todo mundo mal, assim como eu sou. Não é culpa minha, eu só sinto raiva o tempo todo, e agora estou aqui, sozinha em casa, de camiseta do The Smiths e calcinha, comendo cereal, andando em direção à sala com o controle remoto em uma mão e a cumbuca na outra, sentando no sofá e escrevendo isso num papel.

Eu pensei que havia superado.

Comecei a assistir televisão me acabando no cereal, o doce sabor do snow flakes descendo em minha garganta me lembrou de infância. Sem perceber, eu já tinha começado a chorar. MERDA!

Flashback on

“Promete que não vai me deixar nunca?” Perguntei observando os olhos do meu melhor amigo. Ele soltou meu sorriso favorito. “Prometo” Ele levantou seu dedo mindinho em minha direção. Eu gargalhei.

“Ah Charlie, você é incrível” Colei meu dedo e o abracei.

Depois de alguns segundos sentados eu havia percebido que ele tava quieto demais. Charlie se afastou lentamente, e sem tirar seus olhos dos meus, me perguntou. “Anny, você já beijou alguém?” Corei com a pergunta, eu tinha dez anos e estava conversando com meu melhor amigo, nos conhecíamos desde que eu tinha oito e ele era a pessoa em quem eu mais confiava. “Em Anny? Você já beijou alguém?” Seus olhos brilhavam de curiosidade. Neguei com a cabeça e fiz um muxoxo. Ele sorriu e falou “Então, eu posso ser o primeiro garoto a te beijar?” Ele perguntou olhando em meus olhos. Eu parei por uns dois segundos. “Charlie?” Pus a mão em sua cabeça. “Você tá falando sério?” Perguntei balançando a cabeça. Ele sorriu e segurou minha mão. “Aham” Então fechou os olhos e se aproximou de mim fazendo um bico estranho, não pude deixar de rir, ele abriu os olhos e me fitou. “Você não quer?” Fez um semblante triste. Eu corei, eu queria. “Claro que quero, Charlie” Sorri com sinceridade e me aproximei dele. Ao senti seus lábios nos meus, eu soltei um beijo rápido em sua boca e me afastei. Ele sorriu. “Nunca vou te deixar, Anny”. Então ele me abraçou.

Flashback Off

É, parece que vamos ter uma Annelise Benson muito dramática por aqui. Tem coisa pior? É, que se foda.

Chorei lembrando esse momento, que inferno, porque eu tinha que me lembrar de um momento como esse? Por quê? Eu estava tão triste desde que ele parou de me procurar, eu não quis realmente me afastar dele, só achei que seria melhor dessa forma, e estava torcendo pra que ele me provasse que eu estava errada. Então meu pequeno amigo se tornou um nerd antissocial e eu virei uma retardada boca suja que não respeita os outros. Grande avanço. E agora descubro que seu pai quer lhe botar em um reformatório. Eu havia ficado próxima o suficiente para ele me contar isso? Ou ele apenas quis se despedir? Confusa, eu estava completamente confusa com meus sentimentos, e até agora estou escrevendo nesse papel. Meu Deus, eu sinto tanta a falta daquele maldito. Porra, você podia parar de se martirizar, né garota? Só que não...

Então começou uma comédia romântica. Maldição, era tudo que faltava para estragar meu dia. Até que eu ouvi o tranco se abrindo.

“Luke?” Perguntei. O nome do meu irmão é Lucas, mas sempre o chamo carinhosamente de Luke. E sim, eu adoro Percy Jackson.

Nada.

Soltei a cumbuca e peguei a lamparina. Era tão imaginável uma garota com uma arma daquelas. É como se fosse ‘HEY, eu tenho uma lamparina e não tenho medo de usar!’ Nem lembrava que eu estava de calcinha, até que o vi. Derrubei a lamparina no chão, que se fez em pedaços. Droga, eu ia ter problemas mais tarde, ou agora...

“Como. Você. Entrou. Aqui?” Perguntei pausadamente. O menino moreno estava afobado e me olhava com raiva e com poucos passos, diminuiu a distância entre nós dois. “Eu perguntei... COMO... VOCÊ... ENTROU... AQUI... MERDA?!” Perguntei com raiva batendo em seu peito com muita força. Ele segurou meus braços facilmente. Suspirou.

“Por quê?” Charlie perguntou com um semblante triste. Aquela pergunta e aquela expressão me pegaram desprevenida. Só pensei em uma coisa no momento... Puta merda.

“Porque o quê? QUE INFERNO, EU TO DE CALCINHA!” Gritei e saí correndo quase caindo, ele foi atrás de mim e antes que eu pudesse vestir meu short, ele tinha me segurado novamente. “Responde Anny!”.

“Não me chama assim! Você não me procurou mais! Você não se preocupa comigo! Para com isso Charlie! PARA! Que droga garoto, vê se me esquece, como fez tão bem todo esse tempo!” Eu recomecei a chorar. “Charlie, não...” Choraminguei. Ah, grande momento para eu começar a chorar, logo na frente de quem? Né? Hormônios, como odeio vocês! Todos vocês!

“Me perdoa Anny, por favor. Eu não sabia que você esperava que eu tomasse uma atitude... Eu... Pensei q-que você me odiasse”. Ele disse segurando minhas mãos em seu rosto. Eu olhei em seus olhos.

“Desgraçado... E-eu... Eu achava que você não ia se afastar de mim! Você prometeu Charlie!” Disse com o rosto vermelho. E me segurando pra não socar aquele rostinho de bonequinha de porcelana. Parecia que ele era um fã alienado de cosméticos para retardar o envelhecimento, porque né...

“Anny...” Abaixei minha cabeça, encostando-a em seu peito sem querer. Então logo que percebi esse pequeno detalhe, resolvi erguer meu rosto, apenas para encontrá-lo com aquele olhar de piedade. Aquele olhar que não suportava ver nem em meus próprios pais. E que ELE estava fazendo agora. E ainda por cima, me segurando como se eu fosse uma louca tentando fugir de um hospício.

“Cala a boca Charlie! Deixa essa porcaria como está! Essa merda tá assim há um tempão, não vai mudar nada agora!” Eu disse gritando, sem olhar pra ele.

Então ele me abraçou. Gah.

“Sabe quanto tempo eu venho tentando lhe dar um tempo pra pensar? Eu pensei que você me odiasse, que se chegasse perto de você novamente, você iria começar a se sentir mal, você lembra o que você me disse quando brigamos?” Abaixei minha cabeça, lentamente recordando da mega idiotice que falei. Ok, certo, confesso que exagerei um pouquinho. “Você me disse que me odiava Anny. Que eu tinha sido a pior coisa que poderia ter acontecido na sua vida, que por minha causa, sua mãe teria sofrido aquele acidente de carro” Sim, minha mãe está morta. Ela havia ido atrás de mim depois que eu briguei com Charlie, mas como a estrada estava com muita neve e minha mãe não era a melhor motorista do mundo, ela sofreu um acidente horrível, que a deixou completamente irreconhecível, ela morreu com traumatismo craniano na hora, eu penso que pelo menos ela não agonizou de dor. Pensar desse jeito parecia me aliviar, até que eu havia descoberto que foi Charlie que tentou convencê-la a ir atrás de mim. E eu fiquei com tanta raiva que o chamei de assassino. Agora eu posso perceber que talvez a culpa não tenha sido dele afinal. “Eu não fui o culpado” Ele disse fechando os olhos. “Eu não pude fazer nada porque você se afastou de mim, eu tentei durante muito tempo, mas chega uma hora em que precisamos seguir em frente, você sabe disso. Já passou da hora de você seguir sua vida” Senti um nó na minha maldita garganta quando ele disse isso. “V-você desistiu de mim?” Perguntei engolindo o nó da minha garganta com muito esforço. Não era como se eu realmente me importasse. Ah vamos, a quem estou querendo enganar? Esse garoto causa um efeito perturbador em mim.

Ele sorriu.

“Eu prometi que nunca desistiria de você, Anny” Ele disse me olhando “Eu apenas...” Suspirou. “Anny... por favor...” Ele levantou meu rosto e selou seus lábios nos meus. Arregalei meus olhos. Ele estava me beijando, mesmo? O que eu deveria fazer? Parte de mim queria chutá-lo pra fora da minha casa e fazer questão que ele ficasse completamente cheio de hematomas, e outra parte... A parte da Anny que enterrei com minha mãe há tempos... Essa parte maldita queria que eu desse uma chance a ele, uma chance pela qual eu talvez não me arrependesse. E eu segui esse lado. Então eu simplesmente me ignorei profundamente e puxei a nuca dele. Ele soltou um som abafado e pôs as mãos em minha cintura. Ele estava beijando muito bem. Então me peguei pensando se ele havia beijado outras garotas depois de mim. Afastei-me dele rapidamente quando uma promessa me veio à mente. Porque eu só me lembro dessas merdas quando eu to num momento não muito propício para que elas apareçam? Ah, dane-se, essas merdas não tem horário marcado para consulta.

“O que foi?” Ele perguntou.

“Eu não posso! Droga eu jurei a mim mesma que eu não ia mais...” Lágrimas escorriam em meus olhos. Que diabos estava acontecendo comigo naquele momento? Parecia que a super garota independente estava sendo trocada pela garota sensível e indecisa. My bad.

“Anny, por favor...” Ele fechou os olhos. “Não faz isso de novo, não se afasta de mim... Eu sinto tanto sua falta. Eu...” Ele travou nessa frase. Então eu abri meus olhos novamente e o encarei desafiadora. Eu não iria o deixar mudar minha linha de pensamento.

“Sai...” Disse. “Vá embora”.

“Dessa vez não Anny” Ele disse me abraçando. Ele tinha um cheiro de testosterona que me... Deixa quieto viu ...

Porque ele tava fazendo essa pombagirisse comigo? Porque ele resolveu dar uma de menino dedicado quando ele simplesmente havia desistido de mim antes? E porque diabos estou tão tentada a aceitar?

“Não me tente, Charlie” Respondi. Que droga. Ele deu o sorriso e me puxou novamente para perto dele. “Sou obrigado a te convencer” Ele respondeu e me beijou novamente.

Droga Charlie, não faz isso...

O empurrei novamente.

“Você. Melhor. Do. Que. Ninguém. Sabe. Que. É. Tarde. Demais!” Disse as palavras entrecortadas com tapas e lágrimas.

“Vá embora Charlie! Mas que droga!” Disse-lhe apontando a saída sem olhar em seu rosto.

“Anny...” Ele desviou os olhos. Droga. Vai logo embora!

“Por favor... Vá embora! AGORA!” Disse já vermelha de tanto chorar.

Ele se afastou um pouco mais, fitando novamente meu rosto. Droga, como esse desgraçado era bonito! “Você sabe que dessa vez, eu não vou desistir... Não sabe?” Ele perguntou segurando meus ombros.

“Eu só sei que você se tornou um incrível mentiroso” Disse baixo, desviando meu olhar do seu. Ele me puxou, fazendo-me olhar para ele. Foi tão rude, mas sem me machucar. Isso não era típico dele.

“Ai!” Disse quando ele me forçou a olhá-lo.

“Não estou mentindo. Você não vai se livrar de mim tão facilmente” Ele disse sorrindo. “VÁ EMBORA, porra!” Gritei novamente.

Então ele saiu, deixando a porta aberta. Meu primeiro impulso foi de impedi-lo no momento em que passou pela porta, mas não podia fazer isso, eu não tinha o direito de fazer isso, já que eu mesma havia o mandado ir embora da minha casa. Mas eu sentia falta dele, isso eu afirmo. Porra! Esse garoto me deixa maluca!

Então no exato momento em que não vi mais a sombra do garoto, observei o céu, que estava tingido em lindos tons vermelhos, rosas e laranjas. Sentei no chão, chorando. Eu tinha que superar isso, assim como tenho feito todos esses anos. Era tão fácil, não era? Não fiz isso todo esse tempo? Era só mais um pouco, só mais uma vez.

E se ele realmente estiver falando a verdade?

“Não, ele não está” Disse baixo “Ele... Ele é só um idiota mentiroso. E só” Bati com minhas mãos em minha têmpora.

“Falando sozinha, mana?” Meu irmão apareceu na minha frente, com seus músculos bronzeados de fora, ele era tão diferente de mim.

“KYAAAH!” Gritei levantando rapidamente “Seu maldito estúpido! O que pensa que está fazendo Luke?” Perguntei-lhe com raiva.

“Bom, você está falando sozinha, então a senhorita... Me deve explicações, não acha?” Ele disse apontando o dedo para mim e enfatizando o ‘senhorita’.

“Não te devo porra de explicações nenhuma!” Disse.

“Já te disse pra parar de xingar, Ann” Ele falou cruzando os braços “Você não tem culhões pra isso”.

“Que se foda os seus malditos culhões Luke!” Disse pondo as duas mãos para o céu e entrando na sala.

“Hah, duas perguntas. Por que você tá de calcinha, e por que a lamparina tá quebrada?” Ele disse erguendo uma das sobrancelhas.

“Porque eu cheguei aqui tem pouco tempo e fui comer uma droga de snow flakes, e a lamparina, foi porque ele veio aqui” disse enfatizando o ‘ele’. Meu irmão sabia muito bem quem ele era.

“Ele?” Ele suspirou “Pensei que vocês haviam superado essa discórdia” Ele disse entrando em casa.

“Pensei também” Disse baixo “Mas ele me beijou novamente”.

“Beijou?” Ele arregalou os olhos “Novamente??? Que história é essa, garota?” Ele se encostou na parede, com uma cara de detetive, daqueles que não desistem até saber a história por completo. Suspirei, meu irmão não sabia que Charlie havia me dado meu primeiro beijo.

“Hm... Ele tirou meu bv há algum tempo” Disse simplesmente.

“E você não me contou nada!!! Eu estava pensando que ele era um stalker, mas agora a história é outra...” Ele suspirou. “E você gosta dele, não é Ann?” Ele perguntou e eu neguei “Não minta pra mim, você é uma péssima mentirosa” Ele disse rindo.

Luke é o tipo de cara legal que sabe ser chato na hora que quer, mas também, ele sabe me apoiar nos momentos que preciso dele. Meu irmão é uma das poucas pessoas que consegue me fazer falar a verdade simplesmente, sem medo.

“Sim, eu gosto” Disse, ele estava prestes a soltar aquele sorriso debochado de ‘eu sabia’ então rapidamente gritei “M-mas eu não posso!” e um sorriso formou-se nos lábios dele “sério Luke, eu não posso gostar do garoto que fez promessa de nunca me abandonar e me abandonou” disse.

“Mas que eu me lembre, você que disse para ele se afastar de você” Ele disse pensativo.

“EU SEI! Mas eu achava que ele era a causa da morte da mamãe, né idiota?” Perguntei.

“Se ponha no lugar do garoto, você pôs a culpa de um acidente em um garoto que estava cheio de preocupação por você, que nem eu consegui fazer você mudar de ideia, enfim, ele ficou confuso, não? E se ele achou mesmo que matou sua mãe durante todo esse tempo?” Luke disse, e eu odiava ter que concordar com ele. Estava me sentindo mal por ter culpado ele, mesmo que não quisesse admitir.

“Mas Luke... Ele... Ele convenceu minha... Ele” Eu gaguejei.

“Se você gosta dele, de verdade, mana... Não há empecilhos que vão impedir isso, muito menos um mal entendido de anos atrás, Ann, viva. Ele te fazia tão bem, você lembra como você ficava feliz com ele aqui? Eu sinto falta do seu sorriso...” Dei um sorriso tristonho “Ops... Não esse” Ele disse rindo e bagunçando meu cabelo, fiz uma careta.

“Mas, eu o mandei embora... Ele vai fazer que nem antes” Eu disse.

“Duvido. Ele gosta de você” Luke disse piscando um dos olhos.

“Droga, que diabos eu faço?” Disse.

“Primeiro? Pare de usar esses palavrões ridículos, uma menina tão bonita como você não pode ser uma boca suja” Ele disse revirando os olhos.

“Porque não? Quer que eu me transforme num protótipo de Barbie? Me poupe Luke” Disse.

“Não Ann, você não precisa de palavreados quando se tem motivos para sorrir” Ele disse.

“Falou o filósofo... mas Luke... Saca só, eu não tenho motivos para sorrir” Disse irônica imitando uma bomba explodindo com as mãos. Caboom. Ele bufou “O Charlie era um dos seus motivos favoritos, você mesma me disse isso, lembra?” Deixei meus ombros se afundarem, ele me deixou desarmada. Com minhas próprias palavras de anos atrás.

Flashback ON

“Hey Charlie, você vem almoçar aqui de novo?” Luke perguntou, ele estava usando uma blusa azul e uma bermuda surrada “Vocês estão namorando?” Ele virou-se para mim. “Mamãe vai saber disso!” ele saiu correndo até a cozinha.

“Não!” Gritei abruptamente puxando-o para junto de mim, Charlie soltou um risinho e disse que iria lavar as mãos. Sentei-me no sofá e Luke veio falar comigo. “Porque você tá irritada, Ann?” Ele perguntou. “Não to irritada, Luke” Disse. “Só que... Eu gosto do Charlie” Disse tristonha e baixinho, para ele não me ouvir. “E porque você não fala pra ele?” Perguntou-me. “Tá louco? E estragar nossa amizade? Não, não, não” Neguei “Charlie é uma das poucas pessoas que me fazem sorrir” Disse “É um dos meus motivos favoritos de tê-lo aqui, comigo” Disse corando.

“Mas fale a ele...” Ele insistiu “Não Luke, tenho 12 anos, o Charlie nunca iria gostar de mim desse jeito, ele ia me rejeitar. Eu não vou fazer isso, não vou!” Disse negando novamente. Até que Charlie apareceu na porta.

“Anny, cadê seu peixinho dourado?” Levantei os olhos para a porta. “O que eu te dei?”

“No quarto, Charlie. Ele fica do lado da minha cama” Disse sorrindo. Ele sorriu também “Te amo, Anny! Você é minha melhor amiga” Essas cinco palavras me deixaram triste, mas o abraço e o beijo na bochecha em seguida me fizeram esquecer que Charlie nunca me amaria como uma namorada. Nunca.

Flashback OFF

“Tá falando daquela conversa de quando eu tinha 12 anos? Luke, isso foi há tanto tempo! ” Disse balançando a cabeça. E mamãe ainda estava viva naquele tempo.

“Mas você lembra, isso é o que importa” Ele disse bagunçando meu cabelo.

“Pare com isso, maldito!” Disse “Eu preciso dormir, não aguento mais manter os olhos abertos... Nem mais um segundo!” Disse.

“Vai, dorminhoca. Sonhe com Charlitos tendo Charlices” Ele disse rindo, girando seu dedo indicador no ar.

“Vai à merda” Disse entrando no meu quarto.

Meu quarto era como um pandemônio de 4 paredes e 2 janelas. Com vários pôsteres de Harry Potter, Jogos Vorazes, Percy Jackson, Senhor dos anéis, Guerra dos tronos, Star Wars, entre outras coisas. Ah, tinham outros filmes não tanto conhecidos, sim eu curto os clássicos. Tinha um retrato do laranja mecânica na minha mesa, e meu chaveiro do Happy estava em cima da prateleira (Fairy Tail), eu tinha comprado a chave estelar do meu signo que é leão, e sim, eu vejo animes, amo animes. Sou o que posso chamar de Otome, Gamer e Rocker. Sem tirar nem por, fui até meu rádio, cheio de adesivos da banda Linkin Park, Nirvana e Green Day, além de uns dois do Blue Stahli, que meu primo havia me dado. Coloquei uma música para tocar, achava Red uma banda super bacana.

E eu me lembro de tudo,

Tudo que eu amava,

Eu o dei como isso não fosse suficiente

Todas as palavras que eu disse e tudo o que você perdoou

Como eu poderia te machucar novamente?

Porque toda vez que eu ponho uma música sem escolher, acabo descobrindo uma música que faz me sentir ainda pior com meus sentimentos? Porque eu estava prestes a chorar, e puta merda, eu não chorava assim há muito tempo.

Imagens da cara surpresa de Charlie quando eu proferi as palavras que hoje me causam tanta dor passam por minha mente, está me fazendo sentir como se meu coração estivesse sendo apertado por gigantes, gigantes como nos filmes de ficção. Isso foi meio tosco de se dizer, meio melancólico, mas que droga, é o que eu to sentindo, então porque eu não assumo logo essa merda de uma vez? Talvez porque você seja uma mega covarde?

Simples, é porque eu odeio ter que admitir um erro, por mais insignificante que ele seja, eu não gosto de pedir desculpas, a não ser quando é necessário. E nesse momento, uma boa desculpa é necessária. Eu sei que devia várias desculpas ao Charlie, e não só as desculpas, mas minha cara de pau não está me deixando raciocinar corretamente.

Então o que a bonita aqui faz? Agarra-se no travesseiro, começa a chorar, e o resto que se exploda. Dor maldita, parecia que eu havia levado dez mil socos no estômago, cadê a lei Maria da Penha agora? Ops, eu me esqueci de que ela não se aplica a romances adolescentes...

[...]

Próximo capítulo : Tome nota. Vejamos, eu dormi chorando, o que eu não fazia há décadas, agarrada a um travesseiro, o que não fazia desde que tinha uns cinco anos, e ainda chorando por Charlie, que prometi a mim mesma que nunca mais faria


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Notas finais do capítulo

Essa menina ainda vai causar muuuitos problemas, enfim, comentem se gostaram, se odiaram, se choveu na sua cidade, e_e ' kkk ' Faça uma autora soltar fireworks por todos os poros do corpo - ou quase todos .



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