Devaneios Insanos De Uma Julieta escrita por Rocky Scarlet Fernandes


Capítulo 1
Capítulo 1 - Ya! É hoje que mato aquele garoto!


Notas iniciais do capítulo

Antes que me perguntem, a personagem é uma Brasileira que foi morar no exterior quando ainda era pequena, por isso ela conhece alguns autores brasileiros como Jorge Amado, e no lugar onde ela mora neva, antes que vocês imaginem que eu confundi tudo, ou que ela mora em Santa Catarina. Não não!



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Se eu era maluca, acho que ele me superava. Enfim, não quero falar nisso, essa merda de introdução acaba com minha paciência, meu nome é Annelise Benson e tenho 16 anos. Yeah, muito boca suja por sinal. Tô fazendo uma porcaria de peça no colégio, aliás, não to fazendo, estou sendo subitamente forçada a pagar esse mico. Adivinha o nome da peça? Isso, Romeu & Julieta, pra ser mais cafona impossível (Não que eu não goste do tio Shake, mas do jeito que tão fazendo tá difícil de aguentar). Mas a pior parte é que ME escolheram pra fazer Julieta, esses escrotos não tem medo que aconteça uma terceira guerra mundial não? Tipo assim, eu não sou o protótipo de Julieta que o mundo moderno exige, mas parece que a anta do professor não entendeu isso. Ainda vem o palhaço que vai fazer o Romeu tomar uns porre e ser substituído por Charlie, aquele nerd moreno do segundo ano. É, tão querendo acabar com minha vida. E o garoto ainda veio me perguntar quantos xingamentos eu dizia em uma frase só e eu o mandei tomar num lugar bem profundo.

Não sou desaforada, tá bom? Esse é só meu jeito de falar. Agora eu quero contar o que aconteceu nos bastidores do inferno, porque isso merece ser espalhado para Deus e o mundo. Tudo começou numa tarde de sexta feira (tão querendo ferrar com meu final de semana), as antas escrotas que estão organizando a peça vieram conversar comigo, porque eu me recusei a fazer um cospobre de bolo de casamento, vulgo usar um vestido do século sei lá das quantas. Eles disseram que eu tinha que usar se eu quisesse passar de ano e outras baboseiras que nem dei ouvidos. Sim, e pra passar de ano eu tenho que me vestir de tanajura à moda Juliteta? Não entendeu? Vou explicar, surgiu esse nome porque eu tenho os peitos muito menores do que as garotas que iriam fazer o papel da Julieta, então os porres do 3º ano ficaram me chamando de Juliteta, que emocionante.

Agora pior foi a escolha do Romeu, ô cara chato, se você ver um tiozinho vendendo um pedaço de folha no ônibus por vinte centavos, multiplicar por dois professores de química, uma tia crente e um amigo pau no c*, não dá nem metade de tão chato o Gnomeu é. Enfim, Gnomeu foi mais um dos apelidos inventados, dessa vez, a autora fui eu. Quer que eu explique? Beleza, Gnomeu porque o garoto tem umas orelhas pontudas que pareciam que saía do ALfheim Online, e como provavelmente vocês não sabem que diabos é isso, vou explicar. ALfheim Online é a continuação de Sword Art Online, praticamente falando, é um anime, sobre jogo. Com orelhas de elfos. Ponto final. Então resolvi chamá-lo de Gnomeu, por que... Porque eu quis.

E não é que o escroto gostou do nome? Enfim, rolou tanta repercussão que pensaram em mudar os nomes oficiais e usar esses nomes, não sei pra que infernos, talvez pra fazer uma paródia água com limão chata pra caramba, por obséquio! Ô povo sem criatividade. Enfim, agora tenho que aguentar os filhos duma égua me chamando de Juliteta durante todos os turnos e mais um pouquinho. E de quebra, o Gnomeu está me ignorando há duas semanas. Que inferno, aquele garoto merece um bom chute no meio das pernas.

Juro que eu não sou malvada. Apenas ele me tira do sério. Vejamos, onde foi que eu parei? Oh, o infeliz, Gnomeu. Aquele que até Mário comeu. O infeliz tava enchendo tanto meu saco (e olha que eu nem tenho um), eu sinto uma infecção de boiolisse vinda daquele cara. E o pior é que o idiota não se toca! Esse é daqueles que gostam de levar toco e de levar uma porra na cara sem dó. Então eu falei uns desaforos e ele parou de me encher, e me ignorou. Só pra variar. Já estou acostumada a desistirem de mim. Puta merda. Lá vou eu xingando de novo, tudo isso é culpa desse bando de merda. Ok, voltando à história. Ferraram com meu final de semana, aí eu tava lá, cuti-cuti toda quieta no meu canto, com meu all star tão podre quanto à cara daquela vadia do 1º ano. Eles fizeram os pares para a dança no salão, e adivinha? Tão querendo fazer a Julieta virar quenga! Como assim? Tão querendo que a Juliteta, vulgo euzinha, faça um supremo strip tease para mostrar a diferença entre os tempos antigos e atuais. Beleza, MAS PORQUE DIABOS LOGO EU FAZER UM STRIP TEASE??? Eu ainda durmo agarrada com meu ursinho Josh, vão se ferrar, eu tenho um ursinho mesmo! E ainda por cima, tenho que usar uma saia-calcinha que de acordo com meus cálculos, nenhum ser humano teria a capacidade de medir, de tão quase invisível que é. Eu me senti pelada usando aquela bagaça. E o pior é que o infeliz do Gnomeu ficou rindo. Eu acho que tão fazendo complô pra ver meu corpo nu. Então cá estou eu, sentada numa merda de uma cadeira, tomando uma droga de uma coca light e escrevendo numa porra de uma folha de papel porque eu to querendo desabafar e nenhum filho da mãe seria capaz de me entender. Let’s go, mother fuckers.

Então começamos a ensaiar às 15:30 e logo no primeiro minuto o Gnomeu havia se machucado. Juro que não tenho NADA a ver com isso. Ele ralou as pernas quando caiu da escada que estava no meio do palco, é uma anta lerda mesmo.

Ele ficou até as 16:30 choramingando de dor, mas mesmo assim, o desgraçado não desistiu da peça, e continuamos a ensaiar. Foi um porre tentar gravar aquele texto, e olha que eu gosto de W. Shakespeare, mas pelas forças supremas do universo, me entendam! Eu não gosto de ser a Julieta porque não sou certinha como ela, aliás, como a Julieta era, porque nessa peça ela tá mais pra Maria Machadão (pra quem não sabe, é a dona do bataclã, sim eu leio Jorge Amado). E, principalmente, são aquelas quengas metidas à patricinha, as netas da Barbie, sabe? Aí disse minhas falas, com minha camisa super linda do The Smiths (Adoro essa banda) e fui sentar na cadeira, sendo ridiculamente chamada de volta para completar a cena do baile. Será o Benedito?

Não... Sabe a pior parte? Digo, a pior parte dessa bagaceira toda? É que meu irmão mais velho estava na peça também, e ele também seria meu irmão na merda da peça. E o cara tava me zoando dizendo que eu não tenho culhões (e não tenho mesmo) para ser Julieta, quando eu disse que nem ele tinha culhões, e que não tenho porque eu sou uma garota, ele veio me dizer que sentia um quê de Ariadna em mim, ainda por cima o infeliz veio me chamar de travesti. Eu dei um soco muito bem desferido na fuça dele e fui sentar resmungando que eu tinha um viado como irmão.

Então, eis que me surge Gnomeu Charlie, mas ele tava diferente do de costume (tirando o olho meio arroxeado). Perguntei-lhe o que tinha acontecido para ele estar com aquela cara de bunda e ele me disse que os pais dele queria botá-lo num reformatório. Ai que a minha ficha ficou no modo what the fuck. Como é? O todo certinho nerd, num reformatório para ‘crianças’ delinquentes. Taí uma coisa que eu não esperava é nunca ouvir do Gnomeu.

Aí eu resolvi perguntar o que diabos ele estava aprontando pra o pai querer ferrar com a vida dele assim, e o desgraçado me deu um sorriso malicioso que eu nunca tinha visto na minha vida nem um playboy do 3º ano dar. E nesse momento, meu modo mocinha indefesa e assustada veio à tona. Ele riu da minha cara quando percebeu que um dos meus olhos pareciam está maior do que o outro. Então ele tentou me explicar o que tinha acontecido, mas não posso contar aqui porque eu jurei com a minha vida, e também ele me deixou assustada, o que não é normal em hipótese alguma, mesmo quando você percebe que nem meu irmão tinha feito isso comigo.

Olhei em seus olhos (que me deu um calafrio de recordação) e fiquei tipo, me belisca que eu to chocada em nível 100. Então, o senhor Charlie certinho iria provavelmente ser mandado pra um reformatório, isso me fez soltar um risinho debochado.

“Posso saber o que é tão engraçado?” Ele estreitou os olhos, o que (involuntariamente, eu juro), até que achei sensual. Onde ele aprendeu a fazer essas caras? Ele me olhou por mais alguns segundos até sermos chamados para uma cena nova, onde tínhamos que praticar uma dança com máscaras, foi a cena onde a Juliteta, ou seja, eu, tinha que fazer o strip tease. Esse pensamento me deixou com uma puta tensão. E parece que o infeliz do Gnomeu percebeu isso, dando outro dos seus recentes sorrisinhos debochados e sarcásticos, me lembrem de perguntar a ele onde ele aprendeu essas merdas.

O diretor estava dizendo que eu devia ser sensual sem parecer vulgar, como uma garota descobrindo seu corpo e as sensações da adolescência, isso me deixou ainda mais tensa, porque eu não sou sensual, e não sou uma garotinha inocente descobrindo os desprazeres da adolescência. Gnomeu me fitou com um olhar desafiador, então ele estava duvidando se eu conseguiria? Ok, essa eu vou provar que consigo.

“Vai, Anny” Ele me chamou pelo meu apelido secreto, me perguntei como ele conseguia se lembrar. Eu suspirei. Estava vestindo um daqueles vestidos que minha avó adoraria usar, sério. Então segurei a manga que apertava meus ombros e com um olhar inocente (o máximo que pude, essa porra é difícil) olhei nos olhos do Gnomeu, parecia ser outra pessoa. Porque em três passos eu me aproximei dele, e percebi que ele estava apertando suas mãos, estavam roxas! Eu sorri inocentemente e desci um pouco da manga, deixando meu ombro exposto. Ele ficou me fitando e eu – internamente – me senti vitoriosa. Dei alguns passos para trás quando ele levantou a mão para tocar a parte exposta do meu corpo. Tarado maldito. O diretor tinha estranhado minha mudança súbita de interesse na porcaria da peça, mas eu não tava interessada nela, eu tava mesmo é querendo brincar com as expressões de Charlie, o tão enigmático-nerd Gnomeu. O vestido tinha algumas tiras que eram amarradas em meu tronco, como um espartilho. Soltei-os em parte, fazendo uma cara de inocência que não faço ideia de onde aprendi. Mas parecia estar fazendo efeito positivo, o diretor estava adorando a cena, e Gnomeu estava paralisado. Então eu deixei o vestido escorrer pelos meus pés, deixando à mostra um vestido branco (curtíssimo, mas foi melhor do que a saia invisível). Ele sorriu e começou o strip tease dele. Eu não sabia que ele iria fazer um também, não tinha porra nenhuma escrita no script. Ele estava andando lentamente até onde eu estava parada, tipo no modo ‘Eu sou sexy e sei disso’, qual é, onde ele aprende essas coisas? Em livros? Charlie parecia um pequeno garoto muito tentador tirando as roupas de época. Era minha vez de ficar paralisada, ele estava sem camisa por baixo? O quê? Ele vai ficar de cueca? Me explica isso direito aí, produção. Controlei pra não ficar boquiaberta, o danado malhava! Ele deu um sorriso de meia boca e só com uma calça preta de fraque, tomou minha mão e num puxão se encostou em mim. Eu dei um gritinho apavorado. Eu tinha mesmo feito um som bizarro daquele??

“PERFEITO! ADMIRÁVEL! SEN-SA-CI-O-NAL!” O diretor da peça gritou pelo alto falante “MÁGNIFICO!” Ele aplaudiu. “Menina, adorei esse seu gritinho espantado ao fim! Foi o que precisávamos para ter uma Julieta admiravelmente inocente e doce”.

Inocente e doce? Pareciam ser palavras mega estranhas pra mim. Torci minha boca com o comentário e perguntei se eu estava liberada, estava exausta e precisava dormir. PQP, esse menino é o diabo! Ele agora estava silencioso e pensativo, me fez ter calafrios internos. Soltei uma carranca.

“E aí tio, posso vazar?” Perguntei pondo minhas mãos nos ares.

“Pode minha querida” Ele me deu dois beijos na bochecha e virou-se. Virei espantada e amedrontada e então percebi que Gnomeu me espiava.

“O que é?” Perguntei estreitando os olhos.

Ele não disse nada, o maldito veio andando lentamente, como na peça, mas dessa vez ele já estava despido. Eu fiquei boquiaberta novamente quando percebi que ele já estava tão perto de mim. O que o maldito pretendia.

Ele então, mudou do lado sensual para o infantil rapidamente, pisquei os olhos duas vezes.

“Você foi incrível lá” Ele disse dando um sorriso acolhedor.

“E-eh?” Disse torcendo a boca.

“Está gaguejando?” Ele levantou meu queixo com apenas dois dedos. Fui forçada a olhar em seus olhos. Ele estava me fazendo retornar com os meus sentimentos antigos mais profundos. Dei um suspiro.

“Pensei que nunca mais sentiria isso” Cheguei para trás, dei um tapa em sua mão e saí andando, pegando minha T-shirt, meu short e meu all star na saída da sala.

Não acredito que eu voltaria com essa baboseira. Esperava estar errada.

Só esperava.

[..]

Próximo capítulo - “Não! SIMPLESMENTE NÃO VOU ACEITAR ESSA MERDA DE NOVO!” Gritei internamente quando cheguei em casa, batendo a porta com toda minha força e gritando como uma bárbara.




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Notas finais do capítulo

Bom gente, espero que gostem. Vou mesmo tentar postar todo fim de semana :) Já tenho 4 dos 5 capítulos prontos. Estou vendo se farei mesmo os bônus. tudo depende de vocês!



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