One More Night escrita por Lyandra Delcastanher


Capítulo 22
#22 Você foi empurrado pra fora do armário, Blaine


Notas iniciais do capítulo

a vida começa a se ajeitar os poucos e eu começo a retomar minha posição nela... ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/298834/chapter/22

– Você é gay?! - Gritava Rachel com desdém para todos da sala do coral ouvir. Blaine apenas encarava a judia, sem saber o que responder. De canto de olho pôde ver Finn, que tinha uma feição preocupada, como se não tivesse sido ele quem contara. - Como eu pude ser tão burra? - Dava socos leves no peito do ex-namorado. Todos os outros integrantes do coral estavam sentados encarando a cena que acontecia no meio da sala.

– C-como... - Blaine tentou falar alguma coisa, mas logo a baixinha já o enchia de perguntas novamente.

"- Você acha mesmo que isso é verdade? São só boatos, Rach. - Finn estacionou o carro um pouco longe do lugar onde iriam vigiar. A judia tirava de sua bolsa alguns binóculos e alguns salgadinhos que serviriam de aperitivo naquela longa noite.

– Artie me contou que ouviu do Azimio, que viu no blog do Jacob Israel que ouviu Mercedes conversando com Rory sobre isso. Segundo todo esse telefone sem fio, Kurt e Blaine estão juntos. Sei que é idiotice minha pensar que meu namorado está me traindo, com o seu irmão ainda, mas não dói checar, certo?

– Certo. - Finn tentava fingir que não sabia de nada, e aparentemente conseguia. Tentou avisar Kurt de que Rachel havia descoberto tudo, mas o irmão não atendia o celular.

E lá estavam eles, ex-namorados dentro de uma picape escondida perto de um arvoredo olhando para os quartos de um motel esperando algum sinal de vida.

– Faz oficialmente três horas que estamos aqui parados, Rachel. - Finn suspirou um tanto quando aliviado, colocando seu binóculo no colo. - Posso te deixar em casa ou você ainda quer ficar mais cinco horas aqui esperando uma coisa que você acha que é real?

– Tudo bem. - A morena levou as mãos ao alto. - Mas Artie tinha certeza que ouviu Azimio falar que viu no blog do Jacob, que ouviu Mercedes e Rory conversando que eles estavam saindo escondidos, e que combinaram de vir nesse motel, nesse horário. - Suspirou. - Talvez seja só coisa da minha cabeça mesmo.

Finn girou a chave do carro, mas desligou o veículo quando a morena deu um berro ao seu lado.

– Olha lá! - Apontava para uma porta se abrindo, e infelizmente para o grandalhão, dela saíam Kurt e Blaine de mãos dadas. - Eu sabia, eu sabia! - Falou animada, estava certa. Alguns segundos depois percebeu que não deveria estar feliz por estar certa, e repetiu com um tom mais baixo. - Eu sabia."


– C-com Kurt ainda, Blaine? Logo Kurt? - A morena gritava mais do que antes, se isso ainda fosse possível. Finn percebeu que Blaine tinha os olhos vagos, sem saber o que fazer, então foi até Rachel e a tirou de perto de Blaine, saindo da sala arrastando a judia.

O moreno encarou o chão, brincando com seus pés no assoalho. Kurt despejou o rosto em suas mãos por alguns instantes, então pegou sua bolsa e saiu da sala no mesmo instante que o professor entrava.

– Perdi alguma coisa...? - Se perguntou ao ver Blaine quase chorando no meio da sala, e perceber a ausência de Rachel, Finn e Kurt.

– Aparentemente temos um casal novo no coral. - Artie sorriu, ignorando o climão que estava no ambiente por conta de Blaine que continuava ali.

– Artie, finalmente. Pensei que você iria se formar e continuaria sem uma namorada! - O professor desabafou. - É claro que você namorou Tina por algumas semanas, mas depois esteve tão sozinho e... - - O cadeirante o interrompeu.

– Não comigo. - Disse cerrando os olhos. - Blaine e Kurt estão juntos.

– Me desculpa, eu realmente achei que fosse com vo-O quê?! Blaine e Kurt? O nosso Blaine... - Apontou para o moreno que ainda estava no centro da sala, o encarando curioso. - ...e nosso Kurt? - Apontou para a porta onde Kurt havia saído.

– Vocês não tem nada a ver com isso. - Santana interviu. Todos os que ainda restavam na sala a encararam. Não era a latina quem sempre se metia na vida dos outros?

– Podemos... Esquecer esse assunto? - Blaine finalmente se pronunciou, caminhando até sua cadeira e se sentando.

– É, hm, claro. - O professor caminhou até o quadro e com seu canetão escreveu os dizeres "WEST SIDE STORY" . - A estreia é daqui a dois dias, no final da semana. E eu acredito que estamos prontos. - Completou o professor sorrindo. Essa aula seria livre, de qualquer jeito. Aproveitem para conversar sobre seus papeis, se alguém quiser cantar também... Essa aula é de vocês. - Pegou algumas partituras na bolsa e foi conversar com Brad.

Blaine fechou os olhos, respirou fundo e começou a guardar seu material. Mercedes se levantou do fundo da sala e caminhou até o amigo, que percebeu a presença da negra, mas não deixou de fazer o que estava fazendo.

– Blaine, eu- - Blaine tentou não culpá-la, mas era quase impossível.

– Eu e Kurt estávamos levando isso do nosso jeito. - A encarava com os olhos cerrados e tinha a voz firme e rouca, um pouco de raiva e um pouco de mágoa a afetava. - Estávamos bolando um jeito de contarmos para Rachel e para nossos amigos. Isso vem acontecendo há praticamente um mês.

– Um mês?! - Perguntou surpresa, mas logo tentou se defender. - M-mas, mas isso era uma coisa enorme. E-eu não consegui suportar o peso de ser a única a saber, e meu único erro foi contar para Rory. Talvez para Sugar, e algumas pessoas da minha sala de espanhol, mas foi só isso!

– Finn sabia há algum tempo, Santana também, e eles nunca abriram a boca, mesmo sendo as primeiras pessoas quem eu pensei que contariam para todos. Você é a melhor amiga do Kurt desde o meu primeiro dia no colégio, e tem sido desde então. Você é a única pessoal pela qual não esperávamos que isso se espalhasse. - Blaine terminou de colocar os cadernos de partitura dentro de sua bolsa de ombro. - E agora está tudo arruinado. Karofsky sabe, Azimio sabe, e praticamente toda a escola depois desse espetáculo que a Rach fez. - Se levantou, olhando uma última vez para a negra. - Espero que esteja satisfeita em perder dois amigos.

E caminhou para longe. Mercedes sentiu como se seu mundo caísse. Como se fosse a única pessoa naquela sala e o holofote que estivesse sobre ela se apagasse, como o fim de tudo. Kurt era a única pessoal qual podia conversar, ser ela mesma, e ela havia estragado. Mais uma vez, culpa de sua boca grande.



Kurt estava sentado em sua cama encarando Blaine que não conseguia manter contato visual. Conversavam sobre como iriam à escola a partir de agora, já que se antes de Kurt assumir um namorado ele já era perturbado, imagine agora depois de toda essa confusão.

Ao lado dos garotos havia o laptop de Kurt aberto no blog de Jacob, os comentários apenas subiam. O McKinley inteiro já havia visto a postagem, como provavelmente todas as escolas de Ohio. Blaine tremia de medo, não por ter se assumido, mas sim de como o receberiam no outro dia.

– Então... - Kurt brincava com os dedos, tenso.

– Eu juro que vou jogar Mercedes do quinto andar do primeiro edifício que eu ver. - Blaine fechou os olhos, soltando uma gargalhada baixa. - E-eu não sei, Kurt. Eu tenho que chegar amanhã no colégio fingindo que nada aconteceu e que ainda sou a mesma pessoa e... Geez, agradeço por meus pais terem descoberto isso de mim.

– Vai dar tudo certo... - Respondeu como se fosse automático.

– Você acredita nisso? - Blaine soltou um sorriso lindo e Kurt negou rapidamente, gargalhando também. Alcançou a mão de Blaine que estava na cama e olhou em seus olhos.

– Mesmo se não der certo, estou aqui. Não parece ser uma troca injusta, não é? - Kurt franziu o cenho tentando convencer o "namorado" do mesmo.

O moreno apenas sorriu e puxou Kurt para um abraço.



[...]

O sol apareceu, para o desespero de Blaine. O moreno foi até a janela do hotel e viu que o dia já estava posto e que precisava, eventualmente, enfrentar as coisas que aconteceriam. Em seu celular algumas mensagem de Cooper perguntando se o irmão estava bem e se precisava de dinheiro emprestado para pagar o hotel em que estava ficando provisoriamente. Tomou um banho, fez seu ritual que era colocar o gel, pegou seu carro e foi até a escola. Provavelmente Azimio e Karofsky já estivessem o esperando na porta do colégio para o jogar em um tanque de lixo. Droga, tanto tempo para construir uma popularidade para em segundos destruí-la.

Não havia tido notícias de Rach. Só esperava que ela estivesse bem.


Kurt não conseguiu dormir, e se comparou à um panda conforme viu o tamanho de suas olheiras pelo espelho. Finn desceu as escadas e encontrou o irmão, quase sonâmbulo, fazendo alguns waffes.

– Bom dia...? - Foi mais uma pergunta que uma afirmação. Kurt se virou para o irmão com os cabelos bagunçados e os olhos vermelhos.

– Bom dia. - Entregou o prato para Finn. - Bom apetite, vou me vestir.

E lá se foram mais uma hora e meia da manhã. Kurt desceu as escadas revigorado, vestindo uma camisa listrada preto e branca com uma calça cinza. Não se importou nos detalhes porque saberia que eventualmente acabaria dentro de uma lixeira ou com alguma raspadinha no rosto. Finn pegou sua mochila e seguiu até a escola em silêncio.

– Como está Rachel? - Arriscou assim que o carro entrava no estacionamento do colégio.

– Abalada. Não quis chorar na minha frente, mas ela vai ficar bem. Vamos ter que esperar algumas semanas de solos dramáticos no coral, mas vai acabar sendo igual quando ela terminou com Jesse. - Kurt assentiu.

– E vocês dois?

– Bem. - Se sentiu um pouco culpado de ter ameaçado Blaine.

– Te vejo em casa, Finn. - Kurt soltou um sorriso preocupado e saiu do carro. Abraçou seus livros e caminhou do estacionamento até a entrada do colégio com um frio na barriga.

O carro de Blaine já estava estacionado na mesma vaga de sempre, então presumiu que as coisas já estivessem acontecendo ao lado de dentro. Assim que entrou no corredor, todos (sim, todos) o olharam. Não teve uma pessoa que não encarou Kurt Hummel assim que ele entrou no colégio. O castanho teve que checar se havia vestido as calças, porque do jeito que as pessoas o encaravam, alguma coisa estava de errada naquele lugar. Continuou caminhando até seu armário, com todos os olhares caindo sobre si. Até as cheerios, que antes nem se atreviam a olhar para Kurt, o encaravam. Mas o castanho não conseguia decifrar porque todos estavam o olhando.

Fechou a porta de seu armário, pegando um caderno apenas e caminhou como todas as quarta-feiras até o fim do corredor para a aula da Srta. McNeil. Seu corpo gelou assim que viu no fim do corredor Azimio aparecer com uma raspadinha em mãos. Foi naquele momento que teve uma visão do que aconteceria: a raspadinha de blueberry mancharia sua blusa nova. E assim seria até o fim do ano letivo. Se antes já era perturbado, imagina agora.

Imaginou Blaine sendo vítima desses valentões. Suspirou e continuou a caminhar em direção do jogador de futebol. Estavam a alguns passos de distância, então Kurt parou de andar e fechou os olhos, esperando o choque gelado contra seu rosto.

– E aí, Kurt? - Azimio sorriu sem graça e passou pelo moreno, dando antes um gole da bebida que estava em suas mãos.

– Como? - Arqueou as sobrancelhas confuso ao ver que não havia recebido a bebida na cara da parte do jogador. Abriu os olhos e viu o negro andar para longe. Se tivesse ouvido bem, Azimio ainda teria chamado Kurt pelo nome... Era isso mesmo? - Ei. - Correu até o jogador. - Ei!

– O quê foi, Kurt? - Disse com uma pitada de medo.

– V-você me chamou pelo nome? - Arqueou uma sobrancelha. - E você não me jogou a raspadinha quando passou por mim, e também nem tentou me empurrar... O que aconteceu com você? - Perguntou como se implorasse pela agressão.

– É que... - Azimio se conseguisse ficaria roxo de vergonha. Kurt achou aquilo adorável e ao mesmo tempo assustador. Azimio estava com vergonha de... Kurt? - E-é que você agora é namorado de Blaine Anderson, o cara mais popular do colégio. Se eu fizesse alguma coisa, seria bem capaz de Blaine vir atrás de mim e... Bom, desculpa por tudo que te fiz no passado, Kurt. - Disse sincero.

– Oi? - Kurt tinha os olhos arregalados, sem entender ainda o que estava acontecendo. - Isso é algum tipo de pegadinha, certo?

– Não, cara. Blaine é o rei do McKinley, e se os boatos de vocês estarem juntos forem verdade, você é tipo a rainha dele. - Kurt franziu o cenho ainda mais. - Cara, desculpa, é que... Você manda tanto quanto ele agora. Até Karosfky não quis dar as caras hoje pelo colégio com medo do que aconteceria já que você é popular também. As coisas mudaram.

Isso só poderia ser uma pegadinha.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

APROVEITA E SE JOGA, BEE