One More Night escrita por Lyandra Delcastanher


Capítulo 16
#15 Revirando, assumindo




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/298834/chapter/16

Não preciso nem narrar que depois de míseros segundos o quarto de Kurt já estava no chão. As roupas caras e bem cuidadas de Kurt cobriam o chão. As gavetas de seu guarda-roupa e cômoda estavam arregaçadas. A cama desarrumada e seus cadernos de escola praticamente com as folhas esgaçadas de tanto que o alto revistou.

Até agora não havia nenhum sinal de Blaine, ou qualquer outro garoto com qual Kurt havia se envolvido. Sua última chance era o celular do castanho que havia ficado em casa, porém a senha para entrar era o que impedia Finn. O grandalhão revirou a internet também, através de maneiras de desbloquear um celular sem a maldita senha, mas todas as respostas levavam a uma solução apenas: resetar o celular e perder todos os dados.

Finn havia desistido e estava prestes a tentar arrumar o quarto novamente, quando uma entidade divina o deu uma ideia. Finn cuidadosamente retirou a película que protegia a frente do iphone de Kurt e a colocou contra a luz, vendo marcas de dedo em alguns pontos da tela, ahá. Finn tinha os quatro números, agora só precisava saber a ordem.

Finn arrancou uma folha qualquer de um dos cadernos de Kurt e escreveu todos os números e suas combinações. Os pontos indicavam o zero, o três, o quatro e o sete.

0347, 0374, 0437, 0473, 0743, 0734, 3470, 3407, 3740, 3704, 3047, 3074, 4307, 4370, 4703, 4730, 4073, 4037, 7340, 7304, 7403, 7430, 7043 e, finalmente... 7034. A senha certa. Finn bufou ao saber que foi em sua última tentativa, após três horas tentando (sim, esperar alguns minutos por errar muitas vezes nunca é legal) foi a certa. Finn deslizou os dedos pela tela e suspirou em entrar nas mensagens. Algo, bem no fundo, lhe dizia para não ir em frente, que era errado o que Finn estava fazendo, mas nessa hora Finn já estava morto de curiosidade e clicou no ícone de mensagens.

"Maldito", o grandão bravejou. Kurt apagava as mensagens. Balançou a cabeça e entrou nas chamadas. Antes que Finn pudesse ler alguma coisa, o celular de Kurt vibrou em sua mão, o que assustou o moreno que deixou o aparelho cair no chão, descuidado.

Finn arregalou os olhos e encarou a enorme tela (quebrada) que dizia: BLAINE CHAMANDO. Pensou em deixar tocar, mas seu dedo deslizou até o botão atender chamada por impulso... Mas que bela merda você fez, Hudson.

"A-alô, Kurt?" Blaine pigarreou ao perguntar.

Finn ficou branco. Era mesmo Blaine. Os dois sequer se olhavam durante a escola, e agora estavam ligando um para o outro? Ignorando o fato de trocarem salivas no auditório em plena época de natal. Finn limpou a garganta para responder alguma coisa, mas Blaine foi mais rápido.

"E-eu sei que não deveria ter feito isso. E-eu deveria ter terminado com Rachel e nunca ter te deixado ir... É que eu nunca fui muito bom com esse lance de romance, Kurt... E você é o primeiro cara que eu me relaciono e eu... Eu gosto muito de você pra te perder..." Finn respirava fundo e tinha em seus olhos uma expressão de quem acabara de ver um fantasma. "E-eu não estou pronto pra me assumir pra todos ainda, como você disse. Mas estou pronto para parar de mentir, como você disse. Vou esperar mais uma semana, umazinha apenas, só até Rachel se recuperar do choque do cachorro ser atropelado e prometo que vou terminar com ela assim que o sol estiver no alto do céu, apenas... Não desista de mim... Estarei te esperando hoje, na porta do café... Não precisa me responder nada agora. Me responda lá. Confio em você."

Assim que Blaine desligou o telefone, Finn não sabia se ria, se chorava ou se começava a arrumar o quarto. Queria ir até o café, se esconder em uma moita e... Não, queria ligar para Santana e contar que havia descoberto absolutamente tudo... Não, queria ir até Rachel e a beijar, e finalmente a ter novamente em seus braços... Mas... Blaine confiava em Kurt, e eles iriam terminar de qualquer jeito. Merda, Finn. Agora você resolve ter princípios? Pensaria depois no que fazer, pois daqui a algumas horas Kurt chegaria em casa e encontrar um quarto bagunçado não estava em seus planos.

[...]


– Kurt? - Perguntou Nick saindo de dentro da cozinha do café com um prato com dois donuts em uma mão, e duas xícaras (mal equilibradas) em outra.

Kurt terminou de fechar as janelas e foi até o balcão, aonde Nick colocava o aperitivo dos dois. Kurt sorriu para o mais velho e começou a ver as fotos espalhadas ali. Nick estava mostrando seus últimos trabalhos da faculdade.

– É 22:30, Nick. - Se referiu ao café nas mãos do loiro.

– Esse será nosso jantafé. - Nick entregou os de Kurt, o encarando com um sorriso de canto de boca.

Merci.– Piscou Kurt encarando aquele donut como um leão faminto olha para um pedaço de carne com uma placa "me coma, leão". O castanho não havia comido desde o almoço do outro dia, então atacou aquele doce com gosto. - Meo'des que hmglícia. - Dizia de boca cheia.

Nick gargalhou e empurrou seu prato até Kurt.

– Não, é seu. - Kurt respondeu, finalmente engolindo o que mastigava.

– Eu daria toda a comida da minha casa só pra ver seu rosto quando comendo um donut. É impagável. - Ambos gargalharam e Kurt aceitou o donut do amigo.

– Só porque estou morrendo de fome.

– Não duvido disso. - Nick sorriu e Kurt deu uma mordiscada na comida do amigo.

Continuaram a ver as fotos, conversar e fechar contas até meia-noite. Sim, e dessa vez, Kurt havia avisado Burt que iria demorar, o que foi estranho, já que o pai achou que o castanho estava namorando esse tal cara do café. Ficar até mais tarde no café apenas favoreceu Finn, que ainda arrumava o quarto do castanho.

– Acho que é isso... - Kurt mordeu os lábios e colocou as duas mãos na cintura. Nick piscou algumas vezes observando Kurt. Como um menino de 18 anos podia ser tão... sexy?

– Você é tão sexy... - Falou rouco e inaudível.

– O quê?

– Rápido. - Corrigiu, não acreditando no que havia acabado de falar. - Você é tão rápido que já conseguimos fechar o Lima Bean.

– Nick, é uma hora da manhã. - Kurt riu e caminhou até o amigo. - Se conversássemos mais um pouco não precisaríamos nem fechar. Jason voltaria as seis e nos encontraria aqui... - Riu.

Nick assentiu com a cabeça, entregando a bolsa de Kurt e terminando de colocar seu casaco de couro. Ambos caminharam até a porta. O loiro ficou por trás para chavear o local. Do lado de fora havia neve, estava tão frio que o fino lenço verde de Kurt não foi capaz de proteger sua garganta, passou as mãos pelos braços tentando se aquecer.

– Você... - Nick colocou as mãos no ombro de Kurt, que era singelamente mais baixo que o loiro. - Kurt, você está congelando!

– Estou bem. - Negou, enxergando seu carro do outro lado do estacionamento. O trajeto até lá parecia como ir até o México andando.

– Pegue isso. - Tirou a jaqueta gentilmente e colocou sobre Kurt.

– Nã-não precisa. - Kurt iria tirar o tecido quente sobre si, mas Nick o impediu.

– Kurt, faça. - Falou com uma cara de bravo.

– O-okay... - Kurt vestiu o casaco de couro do amigo em si, o que ficou (muito) largo. - Obrigado, de verdade. Pelo donut e pelo casaco. Iria virar um picolé faminto se não fosse por você. Fico devendo duas pra você. - Sorriu sincero.

– Vou anotar. - Nick piscou. Ambos sorriam, ainda na porta do café. Alguns momentos se passaram e perceberam que aquilo havia ficado constrangedor demais.

– Bom... Eu... - Falaram ao mesmo tempo, e quando perceberam isso caíram na risada.

– É tarde. - Kurt completou.

– Sim. Até mais, Kurtie. - O loiro não sabia como se despedir do castanho, então estendeu a mão. Kurt levantou uma das sobrancelhas.

– A-acho que... - E abraçou lentamente o loiro, tomando cuidado com câmera que estava no pescoço de Nick. Alguns segundos depois se separaram.

– Te vejo amanhã? - Perguntou Nick com um olhar encantador.

– Vê sim.

Kurt sorriu torto e caminhou até seu carro. Nick deu a volta no café e foi caminhando até sua casa, não era longe (mas pareceu uma eternidade agora que estava sem casaco). Kurt pegou em sua bolsa sua chave do carro, mas desastradamente as deixou cair no chão. Se abaixou para pegar, sempre com um ouvido atento. Era uma hora da manhã e ali perto era Lima Heights Adjacent, e isso provavelmente daria medo. Tateou o chão congelado atrás de suas chaves, e ao fundo ouviu alguns passos atrás de si. Kurt era cagão o suficiente para não olhar quem estava vindo, e começou a tatear o chão mais rápido atrás de suas chaves.

– Quer ajuda?

Kurt fechou os olhos com o susto que havia levado, mas felizmente (será?) era Blaine. Kurt pegou suas chaves (finalmente as havia achado) e se levantou, encarando o rapaz de cabelos negros com alguns flocos de neve sobre seu cabelo. As sobrancelhas de Blaine pareciam calmas, assim como seu olhar. O moreno ficava maravilhoso sob a luz do estacionamento, aliás.

– Você me deu um susto. - Colocou as chaves no bolso do casaco.

– Não foi a intenção... - Deu mais alguns passos. - Então é aqui que você trabalha? Vim aqui algumas vezes com Brittany, ensaiar o dueto de natal...

– É... Eu vinha aqui com Mercedes toda hora. Isso antes de ficarmos tão ocupados e cheios de coisa para fazer. - Limpou a garganta. - Blaine, por que está aqui?

– Eu te falei.

– Quando?

– Ao telefone.

– Hoje mais cedo? - Kurt suspirou. - Só me lembro de brigarmos e...

– Não. - Blaine o interrompeu. - Há alguns minutos, quando você me atendeu no trabalho... Bem profissional da sua parte, aliás!

Kurt perdeu o foco de seus olhos e suas sobrancelhas foram para o lugar.

– Blaine...

– Foi há trinta minutos se não me engano... - Blaine pegou seu celular e procurou pelo registro de chamadas, sem perceber no olhar atônito de Kurt.

– Blaine, eu não trouxe meu celular pro trabalho. E-eu deixei ele em casa logo após de desligar. Ele ficou no meu quarto carregando... - Kurt encarava Blaine com certa dúvida. Agora quem tinha os olhos arregalados eram Blaine.

– Q-quem está na sua casa que possa ter atendido?

– Meu pai, Carole ou... Finn. - Blaine passou as mãos na cabeça, preocupado. - Qual a gravidade das coisas que você falou?

– Em uma escada de dez? Onze.

– Alguma chance de você ter deixado um recado na secretária eletrônica e se confundiu?

– Não.

Blaine passou as mãos no cabelo e Kurt mordeu os lábios, também preocupado. O moreno andava em círculos no estacionamento, enquanto Kurt tentava fazer algo para acalmá-lo.

– Não, Kurt. Não! E-eu falei coisas sobre nós, sobre mim... Você mesmo me contou que Finn era apaixonado por Rachel. Sabe quais as chances de eu chegar amanhã no colégio e todos já saberem? - Sua voz estava rouca. - E-e você nem ouviu as coisas que te disse, e provavelmente foi por isso que cheguei aqui e você estava flertando com esse cara... Meu deus, eu fiz tudo errado!

Kurt abriu a boca para falar alguma coisa, mas não conseguiu achar palavras. Abriu a porta de trás do carro e arrastou Blaine até dentro do veículo.

– K-kurt? - Perguntou ao ver Kurt fechar a porta atrás de si.

Antes que pudesse perguntar que merda Kurt estava fazendo, sua boca foi invadida por uma língua quente, pedindo permissão. Blaine não pensou duas vezes e agarrou o rosto de Kurt, retribuindo o beijo com todo o fôlego que havia no pulmão. Ah, os beijos de Kurt eram maravilhosos. O mesmo achava isso dos beijos do tenor. Ficaram na troca de saliva por alguns segundos, até que se separaram para pegar ar. Ambos tinham um sorriso embutido em seus rostos.

– O-o que foi isso?

– E-eu não sei. Vi você todo fofo lá fora e não consegui me segurar. - Blaine sorriu. - Blaine, eu conheço Finn por anos e sei que ele não irá fazer isso com você, e caso for pra você se sentir mais seguro, eu converso com o girafa. Você só tem que se acalmar e se preparar para se assumir, porque antes você tinha todo o tempo do mundo, e agora a vida está quase te empurrando pra fora do armário... Entendeu? - Blaine assentiu lentamente. - Talvez alguns de seus amigos, principalmente Karofsky... - Sussurrou na última parte.

– Karofsky não é meu amigo. - Respondeu sério.

– Alguns de seus amigos irão parar de falar com você, te chamar de nomes e até picharem coisas sobre você pelo colégio, mas eu, e todos do glee club estaremos lá pra te receber de braços abertos.

– Até Rachel? - Perguntou divertido.

– Não, Rachel vai ser a primeira a pichar a escola.

Gargalharam e deram as mãos.

– O que seria de mim sem você?

– Nada. - Sorriu. - Agora saia do meu carro antes que alguém nos veja juntos, e vá pensando em um jeito de terminar com Rachel, porque Finn pode esconder de todos que estamos juntos, mas tudo tem seu preço, e o dele é Rachel.

Blaine engoliu seco e antes de sair do carro, pegou os lábios de Kurt nos seus.

Foi caminhando até seu carro, pensando em como sua vida havia dado a volta nessas últimas horas.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

já pensou em participar de um grupo no facebook aonde todos os escritores klainers estão, e outras pessoas maravilhosas também? https://www.facebook.com/groups/KlainerLikeMe/

E AI MANO
E AI FINN
E AI BLAINE
E AI