One More Night escrita por Lyandra Delcastanher


Capítulo 15
#15 Algumas fotos, algumas mensagens e muitas dicas




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Kurt vestiu sua camisa branca, suas calças pretas apertadas e seu avental verde. Ainda não sabia por que o pai queria que ele trabalhasse fora. Se dava muito bem na oficina (mesmo não sabendo qual era a diferença entre uma chave de eixo oito e uma chave de boca em "L", e acredite, tem muita). Um lenço, um broche, laquê no cabelo e Kurt estava finalmente pronto para sair de casa.

O dia no café passou tranquilo. Kurt conheceu seus colegas de trabalho; Anne era uma velha senhora que limpava o local, Niccholas era um garoto muito simpático que ficava no caixa (aparentemente gay, o que fez Kurt se surpreender já que até alguns dias atrás achava que era o único gay na cidade), e também Avah, uma loira da idade de Kurt que pareceu meio esnobe.

Kurt serviu as mesas durante o dia todo. Alguns clientes deixavam gorjetas, outros sequer olhavam para o rosto do atendente. Kurt continuou firme e forte até fechar, apesar de suas dores no pé após caminhar pelo estabelecimento o dia todo.

– Kurt, estou indo embora. - Disse Jason, o dono do café. - Hoje Nick irá fechar o café, então se quiser ir aprendendo pode ficar mais um pouco. Juízo, meninos. - O chefe deu uma pequena piscadinha e saiu, deixando os dois adolescentes ali sozinhos. Kurt sorriu rapidamente para Niccholas e continuou limpando as mesas e recolhendo as cadeiras. Nick terminava de limpar os copos e depois iria fechar as contas.

– Então, Kurt... Quantos anos você tem? - O loiro puxou assunto.

– 18. E você, Niccholas?

– Nick, por favor. - Kurt sorriu. – Tenho 20. Você estuda, Kurt?

– Sim, no McKinley. Você provavelmente já está na faculdade, certo?

– Sim. Meu ensino médio no McKinley foi um tremendo inferno. - Suspirou. - Mas depois que você sai por aquela porta, não quer nunca mais voltar! Agora faço fotografia na faculdade comunitária de Lima... Estou juntando meu dinheiro pra sair dessa cidade!

– Nem me fale! Meu pai achou melhor eu juntar dinheiro também. Daqui a alguns meses estarei longe daqui. Nova Iorque está à espera de Kurt Hummel! - Kurt foi até o balcão aonde Nick fechava as contas.

– Nova Iorque, huh? - É um sonho. Broadway, musicais, a cidade que nunca dorme... -

Kurt deu de ombros.

– Nunca me acostumei com essa cidade mesmo. É difícil achar alguma pessoa divertida e não tediosa. A maioria são neandertais que ficam me enchendo o saco por causa da minha orie... aparência. - Kurt engasgou.

– Eu faço parte dos neandertais ou dos não tediosos? - Nick sorriu.

– Ainda estou te analisando. - Gargalharam.

– Eu penso em ir para Los Angeles, ou Florida. Pensei em Nova Iorque, mas fotógrafos lá não tem vez. - Nick suspirou. - Uma pena, porque seria a cidade dos sonhos também.

– Me avise caso mude de ideia. Meu apartamento com vista para a Times Square sempre estará de portas abertas.

Nick sorriu mostrando dentes maravilhosamente brancos. Os dois adolescentes ficaram se encarando por alguns segundos até perceberem que aquilo estava estranhamente duvidoso. Foi Nick quem quebrou a troca de olhares.

– Olha, Kurtie. Nesse papel aqui está todos os cafés que foram vendidos. Todos os dias na hora de fechar você tem que pegar este outro papel e ver se confere, ok? - Kurt assentiu com a cabeça, pegando alguns papéis na mão também. - Além disso, você precisa checar o estoque. Ele sai todos os dias nessa folha aqui... - Nick foi pegar um papel que tinha nas mãos de Kurt e, acidentalmente, ficaram de mãos dadas por alguns segundos.

– Opa.

Kurt sorriu e Nick continuou explicando como era fechar o café; e conversas, olhares e lições foram ensinadas durante a noite toda. Kurt estacionou seu carro em casa era perto da meia-noite. Seu pai provavelmente estaria preocupado já que o Lima Bean fechava as portas às dez.


Kurt entrou de fininho, mas acabou encontrando Burt sentado na sala, levando um susto com o filho.

– Pelo amor... - Colocou a mão no coração. - Você quer que eu morra de susto, kiddo? - Burt respirava lentamente.

– D-desculpe, pensei que todos estivessem dormindo. - Kurt deixou suas chaves em uma vasilha e seu calçado perto da porta. - Fiquei até mais tarde com um colega que estava me ensinando algumas coisas.

– Tudo bem, mas da próxima vez avise caso for ficar até mais tarde com seu namoradinho. - Burt riu da careta que Kurt havia feito. - Boa noite, filho.

Beijou a testa do castanho e subiu as escadas lentamente. Kurt fez o mesmo. Colocou qualquer pijama e foi para a cama. A última coisa que viu antes de fechar os olhos e dormir foi seu celular se acendendo por uma mensagem de Blaine, mas sequer se importou em abrir e ler. Não seria nada importante de qualquer jeito. Virou e dormiu, sonhando com máquinas de cafés e clientes chatos.

[...]



– Blaine, porque você não está prestando atenção em mim?

Rachel estalava os dedos na frente dos olhos do moreno, que tinha a atenção em seu celular. Não havia conversado com Kurt desde o fiasco do cachorro de Rachel ser atropelado. Ouviu nos corredores, de algumas líderes de torcida, que Kurt (ou o voz-fina do segundo ano, como elas costumavam o chamar) havia começado a trabalhar em um café perto da escola. Blaine odiou ficar sabendo da notícia por outras pessoas, e agora, Kurt não respondia suas mensagens e nem atendia suas ligações. E ainda tinha Rachel...

– Blaine! - Gritou a namorada com as duas mãos na cintura.

– Sim? - Perguntou desatento.

– ...Eu estava falando sobre meus pais irem viajar semana que vem em um cruzeiro gay, e talvez você quisesse ir.

– P-por que eu i-ria querer ir a um c-cruzeiro gay? - Blaine arregalou os olhos e gaguejava de medo da namorada ter descoberto seu segredo.

– Não você sozinho. Digo, nós dois. - Rachel sentou no colo do namorado. - Eu sempre acompanho eles nesses cruzeiros anuais, e é sempre um tédio total. Achei que dessa vez eu pudesse te levar, te apresentar pros meus amigos do navio... Seria divertido. Além disso... - Rachel sorriu sem graça, passando o dedo pelos ombros largos de Blaine. - ...teríamos um quarto só pra gente.

– Rachel, querida, hora de ir. - Gritou Leroy do primeiro piso da casa. Rachel se levantou da cama e começou a recolher suas coisas que estavam espalhadas pelo quarto do namorado.

– Me avise quando decidir. - Depositou um selinho rápido em Blaine e desceu as escadas, sem esperar que o namorado a acompanhasse.

[...]



Os jantares na casa de Blaine costumavam ser divertidos, mas Rachel nunca se sentia completa. Namorar o cara mais popular do colégio finalmente havia dado a Rachel o que ela sempre quis. Fama, respeito de todos, um lugar para almoçar (diferente daquelas mesas afastadas aonde lanchava antes de ter alguma fama), mas isso não parecia ser o suficiente para Rachel. Ela era Rachel Berry, e sempre queria mais.

Chegou em casa e a primeira coisa que fez foi entrar em seu notebook. Sentiu nostalgia dos tempos que apenas mexia nele para enviar seus vídeos no myspace, ou youtube, e todo o tempo dedicado para receber algumas centenas de visualizações e a maioria delas para xingar Rachel.

Suspirou e entrou em seu facebook, vendo algumas notificações de Santana e Nicky a convidando para ir em uma festa de arromba, ou de Leonora pedindo incansavelmente para Rachel entrar para as Cheerios, mas o que mais chamou atenção de Rachel foi uma notificação mostrando que Finn havia curtido sua foto.

De repente todos os sentimentos que Rachel se sentia vazia sobre vieram à tona. Desde que terminara com Finn Rachel sempre se sentiu vazia. Blaine era maravilhoso, um melhor amigo para Rachel, adorava seus beijos e adorava passar o tempo com ele, mas Finn... Como explicar? Foi seu primeiro namorado, seu primeiro amor... Ah, Finn.

Não! Rachel não podia sentir essas coisas! Rachel era comprometida com Blaine Anderson, o cara mais popular e mais desejado do colégio, e Blaine o amava de volta. Rachel se sentia uma boba por cogitar voltar com Finn. Pertencia à Blaine, e Blaine pertencia a si. Sorriu e fechou seu navegador, encarando uma grande e linda foto de Blaine. Suspirou e foi se deitar.

Em toda Lima, todos dormiam tranquilos.

[...]



~When I was twenty two the day I met you

When you took my hand through the night... ~

O celular de Kurt vibrava ao lado da cama. O toque trazia ao sono de Kurt lembranças do dueto que tivera com Blaine no auditório, não lembranças boas, nem ruins... Apenas lembranças. Acordou sem abrir os olhos e levou sua mão até o criado-mudo, tateando atrás de seu telefone.

~It was getting late and you asked me to stay

And hold you until we see light~

– Cadê? - Sussurrou, achando o objeto que fazia a casa toda vibrar. Colocou no ouvido, até perceber que não havia atendido. Deslizou o dedo pela tela rapidamente. - Alô?

"Alô... Você acordou agora?!"– Blaine parecia chocado.

"Hmm?" Bocejou.

"Você ao menos sabe que horas são?" Blaine não esperou o castanho olhar no relógio. "É quase seis horas da tarde, e você dormiu tanto que conseguiu faltar à escola e perder o ensaio de West Side Story... Todos ficaram preocupados com você!" Blaine estava com muito orgulho para assumir que também sentiu saudades do castanho.

"E-eu fiquei acordado até tarde ontem e não consegui acordar..." Kurt falava com a voz arrastada de sono. Em uma hora teria que ir trabalhar, e não poderia se atrasar em seu segundo dia.

"Acordado até tarde...?" Blaine perguntou desconfiado.

"É... Comecei a trabalhar e ontem fiquei até tarde conversando com um colega..." Kurt sequer se importou em fazer ciúmes em Blaine. Estava apenas contando a verdade. "Preciso desligar, não posso perder esse emprego... Ainda mais no segundo dia..." Kurt soltou uma risada gostosa, finalmente acordando e sentando na cama.

"E passou pela sua cabeça, por um instante, me contar?"

"E-eu... Cheguei cansado, e tirando conclusões dos últimos acontecimentos, eu não lhe devo satisfação de nada porque não somos nada." As ultimas palavras de Kurt foram fortes, Blaine abriu a boca do outro lado da linha, mas não conseguiu falar nada. "O que eu quis dizer é que não podemos ser vistos juntos, conversando ou outra coisa até que você resolva o que quer."

"Eu quero você."

"Não é o que parece, sabia? Um dia você me faz uma declaração, me beija e no outro sequer olha pra mim nos corredores. Isso machuca! Você é apenas um garoto assustado com medo do que as pessoas irão falar e fazer com você quando descobrirem que você é gay, mas não vê que eu aguento isso há muito mais tempo." Kurt suspirou. "E-eu acho que você não está pronto ainda. E não posso ficar me prendendo a você. Minhas notas diminuíram, e minha presença em casa também. Eu não posso perder minha essência, não posso perder quem eu sou. É por isso que vou te dar o tempo que precisar pra pensar e descobrir se eu sou o que você quer, mas não espere que eu esteja ainda te esperando quando finalmente se decidir."

Blaine arfava, não sabia o que falar. Sua boca estava aberta, mas nada saía dela.

"E-eu tenho que ir."

Kurt tirou o celular da orelha, e antes que Blaine pudesse o desejar um bom dia de trabalho, o castanho já havia desligado. Jogou suas costas no colchão frio e passou as mãos pelos cabelos oleosos dormidos. Kurt queria dormir pra sempre.


– Finn, o que você está fazendo? - Carole perguntou encontrando o grandalhão com os ouvidos grudados na porta do quarto do irmão e com os olhos arregalados. Finn levou um susto e quase caiu do segundo andar quando viu a mãe.

– Geez, mãe. - Colocou a mão no coração, sussurrando e fazendo sinal pra mãe fazer o mesmo.

– Por que você está bisbilhotando seu irmão?

– Passei por aqui e fiquei curioso sobre quem Kurt estava no telefone... - Se atrapalhava nas palavras.

– Finn, você é um terrível mentiroso. - Carole puxou o grandão até seu quarto. - Eu não quero que você bisbilhote a vida do seu irmão. Nós somos uma família agora e temos que nos respeitar. Eu não me importo se Kurt está traficando drogas, ou qualquer outra coisa. Se for algo importante ele irá nos contar quando quiser. Casar com Burt e ter todos nós como uma família foi a melhor coisa que nos aconteceu até hoje. Não faça que as coisas piorem, entendeu?

Carole falou no melhor estilo "bronca de mãe". Finn tinha seus olhos arregalados, mas assentiu, chacoalhando a cabeça para tirar os pensamentos que tinha. Mesmo com a bronca, não havia dúvidas que falaria com Blaine, ou talvez outro cara, já que Kurt não havia citado o nome de ninguém durante a ligação. Maldito.

Kurt saiu do quarto vestido em seu uniforme do Lima Bean e acabou esbarrando em Finn no corredor. O castanho se desculpou e voou escadas abaixo, subindo em seu carro e dirigindo até o Lima Bean.

Finn sorriu com seu plano. Não seria muita invasão de privacidade vasculhar o quarto do irmão, seria? Foda-se. Quando se deu conta já estava com todos os cadernos de Kurt espalhados pela cama, seu celular (que Kurt havia deixado em casa carregando) e algumas fotos reveladas recentemente. Isso daria alguma dica, não?


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Notas finais do capítulo

HISTÓRIA NOVA: http://fanfiction.com.br/historia/467514/Secrets_are_to_be_kept/

não me matem!



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