No dia seguinte acordei as 4:30 da manhã. Meus olhos deviam estar inchados de tanto chorar. Passei a noite chorando, não havia conseguido dormir por mais sono que eu tivesse.
Me levantei e tomei um banho. Joguei água gelada no rosto pra ver se conseguia espantar o sono. Coloquei qualquer roupa. Olhei no relógio e eram 4:45.
- 15 minutos pra ele partir. - Senti uma lágrimas escorrer pelo meu rosto.
Peguei minha chave e desci em silêncio pra não acordar o resto da casa. 
Caminhei em direção a casa de Lysandre, e um caminhão de mudanças estava estacionado bem em frente a ela, onde alguns homens carregavam os móveis. Vi ele parado de costas pra mim. Corri até ele e o abracei por trás. Ele se virou e sorriu a me ver, mas o sorriso de seus lábios sumiu, quando ele viu meu rosto.
- Por que seus olhos estão inchados, minha pequena?
- Eu, não consegui dormir essa noite.
- Odeio ver você assim.
- Eu vou ficar bem, pelo menos eu espero conseguir.
- Não importa o que aconteça, eu nunca vou te esquecer.
Lysandre me abraçou, e acariciou meus cabelos com a mão. Era bom senti-lo perto de mim, pelo menos mais uma vez.
- LYSANDRE, ESTA NA HORA DE IRMOS! - Ouvi a mãe dele gritar do carro e meu coração apertou.
- Não, Lys. - O abracei mais forte e senti várias lágrimas escorrerem pelo meu rosto.
Sem que eu esperasse, Lysandre selou seus lábios aos meus rapidamente, sem que eu tivesse alguma reação.
- Desculpa, Alícia. Eu precisava disso antes de ir. - Ele disse e sorriu olhando meu rosto. - Eu te amo. - Me abraçou.
Lysandre foi até o carro e entrou, apenas o observei sumir no horizonte, com a visão embaçada por conta das lágrimas.
Voltei pra casa e me joguei na cama. Com o rosto no travesseiro eu não conseguia fazer outra coisa a não ser chorar. Sinto como se uma parte de mim, tivesse ido embora para sempre, como se parte do meu chão tivesse sumido e que metade do meu mundo, estivesse em outro lugar. Nenhuma palavra é capaz de explicar a dor que eu sinto nesse momento.
Acabei adormecendo, e acordei novamente exatamente no horário de ir pra escola. Lavei meu rosto, e apenas troquei minha blusa por uma de capuz. Peguei meu fichário e desci, tentando esconder meu rosto ao máximo.
- Olha quem ta aqui! - Anny sorriu com ironia. - O que foi? Não vai olhar pra mim?
- Não enche, Anny. - Passei reto por ela, indo até a porta da frente.
- Garota metida, ta achando que é quem? Pelo jeito esqueceu com quem esta falando, né?
Apenas a ignorei e fechei a porta depois de sair. Andei em direção a escola cabisbaixa, e com o fone nos ouvidos. Estava tentando me desligar do mundo, esquecer um pouco sobre a vida e tentar me confortar.
Senti alguém me abraçar por trás, e me beijar na bochecha.
- O que foi? - Gabriel perguntou andando ao meu lado.
- O Lysandre foi embora hoje. - Olhei pro chão.
- Não fica assim, Alícia. - Ele me abraçou de lado.
- É inevitável, ele é meu melhor amigo, sabe?
- Eu odeio te ver assim. Eu faria de tudo pra poder ver o seu sorriso novamente.
Fomos conversando até chegar na escola. Consegui me distrair no caminho com Gabriel tentando arrancar sorrisos meus fazendo graça.
- ALÍCIA, ALÍCIA. - Natalia correu até mim e me abraçou. 
- Nossa, o que aconteceu? - Sorri sem perceber meio surpresa.
- Obrigada, muito obrigada. Eu e o Breno estamos juntos.
- Mas eu não fiz nada, Natalia - Falei rindo a vendo tão animada.
- Sim, você fez. Você falou com ele e eu agradeço isso, muito obrigada. Mesmo com todo mal que eu te fiz, você me ajudou. Obrigada, obrigada.
- Ei, Natalia, assim você vai esmagar minha namorada. - Gabriel falou e eu gelei.
- N-namorada? - Falei o olhando.
- Já vi que sobrei aqui. - Natalia disse rindo e saiu. - Até depois.
- Eu ainda não pedi formalmente não é? Pode me encontrar hoje, depois da aula na praia?
- P-posso.
O sinal bateu e fomos pra sala.
As aulas passaram rápido, e logo o sinal da saída bateu. Deixei meu fichário em casa e fui pra praia, assim como Gabriel havia pedido. Me sentei nas rochas e olhei o horizonte, enquanto ouvia o barulho do mar.
- Obrigada por vir. - Ouvi a voz do Gabriel.
Ele se sentou ao meu lado e pegou na minha mão.
- Foi aqui que conversamos pela primeira vez. - Ele disse sorrindo.
- É verdade. - Ri. - Eu fui muito grossa com você naquele dia.
FLASH-BACK ON:
– Alícia? - Escutei uma voz conhecida e olhei para o lado.
– O que foi? - Perguntei, olhando novamente para o mar.
Era aquele garoto novo da escola, eu não fazia ideia de que me encontraria aqui.
– Nada. - Ele disse se sentando ao meu lado.
– Como sabe meu nome? - Perguntei, sem demonstrar nenhuma emoção.
– Natalia me contou. - Ele disse.
Ficamos em um completo silencio, por vários minutos, até que ele decidi quebrar.
– Você fez alguma coisa pra Natalia? Ela parece não gostar muito de você. - Percebi que ele me fitou.
– Não. - Respondi ainda olhando para o vazio.
Percebi que ele fitou o meu pulso.
– Você se corta? Porq...
– Odeio ser questionada. - Falei friamente antes que ele terminasse a frase.
FLASH-BACK OFF.
Ri ao lembrar daquela cena e Gabriel sorriu.
- Ei. - Ele disse e pegou meu braço, levantou minha manga e olhou meu pulso. - Nenhum corte recente? - Ele perguntou sorrindo.
- Corte? - Falei.
- Estou orgulhoso de você. - Ele sorriu e me abraçou.
É verdade, já faz um longo tempo em que eu não me corto, eu nem lembro qual foi a ultima vez em que fiz isso, parei sem perceber nada.
- Já faz tempo em que não me corto.
- E eu espero que você continue assim.
Gabriel, tirou uma caixinha do bolso, e olhou em meus olhos. Meus olhos brilharam, e eu não obtive nenhuma reação, a não ser sorrir.
- Aceita namorar comigo? - Ele disse a a abriu.
- Claro. - Falei sorrindo. - Nem acredito nisso, é sério?
- Claro, por que não seria? Eu te amo, Alícia.
Ele tirou o anel, e colocou em meu dedo, logo em seguida me beijou.
- Obrigada. - O abracei. - Eu te amo. De agora em diante, farei de tudo para ser feliz.
- Se depender de mim, você nunca mais vai chorar, minha princesa.