Just a girl escrita por Emilly


Capítulo 3
Quem é Alícia?




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Narrado por Gabriel:

Cheguei ontem aqui no Brasil, e cara, como eu sinto saudades desse país. Nasci e vivi aqui até os meus 10 anos, mas depois tive que mudar para os Estados Unidos, pra ser sincero, nunca gostei de lá. Sei falar inglês e português, então não tenho problemas em me comunicar com as pessoas. Hoje é meu primeiro dia de aula em uma nova escola e acho que não terei problemas em fazer amigos.
Assim que deu a hora, peguei minha mochila e fui até lá. Fui direto na secretaria e peguei os horários das minhas aulas. Voltei pro pátio.
- Oi você deve ser o Gabriel, certo?
- Sou eu sim, como sabe?
- Estamos na mesma classe, é fácil saber. - Ela disse sorrindo.
- E você é... ?
- Natalia.
- Prazer em conhece-la.
- O prazer é todo meu.
Enquanto conversava com Natalia, uma garota me chamou atenção. Ela estava sentada no pátio com um caderno e um lápis na mão, estranhei mais ainda o modo que estava vestida em uma manhã tão quente como essa. Ela estava sozinha e parecia infeliz. Eu tem prestava mais atenção no que Natalia estava falando, apenas concordava balançando a cabeça.

- Gabriel? - Ela me chamou a atenção, percebendo que eu não estava prestando atenção em nada do que ela dizia.
- O que foi?
- Nada, mas você parece distraído - Ela se virou tentando descobrir o que eu tanto olhava.
- Ei, Natalia.
- Fala.
- Quem é aquela garota?
- Quem?
- A que está sentada no chão, com roupa de frio.
- É tonta da Alícia, com certeza você não vai querer se aproximar dela. - Natalia disse e riu.
Resolvi não dizer nada e apenas a olhei mais uma vez, antes do sinal bater. Natalia me puxou pela mão e me levou até a sala de aula.
- Senta perto de mim hoje. - Ela disse sorrindo.
- Acho melhor eu me sentar longe de você, pra conhecer outras pessoas.
- Ah, ok, eu entendo. - Ela disse se sentando na frente.
Outras pessoas começaram a chegar e eu me sentei em uma das ultimas carteiras ou lado da fileira do canto da janela. Várias pessoas foram chegando, e aquela garota também, Alícia como Natalia havia me falado. Ela sentou-se na fileira do lado da minha o que me deixou inquieto, eu quero muito falar com ela, mas ela parece tão fechado para o mundo.
- E Ai, cara? Tudo bem? - Fizemos nosso toque.
- Rafael! Quanto tempo, cara! - Respondi.
Rafael foi meu amigo de infância, não imaginava que ele ainda se lembrava de mim.
- E Ai, como anda as coisas? Não te vejo a anos, brother. 
Conversamos um pouco e ele me contou como andavam as coisas aqui no Brasil, e depois de alguns minutos um professor entrou e começou a aula.

Narrado por Alícia:

Assim que o sinal bateu, me levantei e fui guardar meu caderno de artes dentro do fichário, mas um garoto chegou e derrubou meu fichário no chão e chutou pra longe. Apenas o fuzilei com os olhos e ele saiu rindo com os "amigos" dele. Ótimo, o tormento já começou. Me abaixei e peguei meu fichário e fui pra sala. Me sentei no mesmo lugar de sempre, no fundo da sala na fileira da janela. Enquando a aula não começava eu fiquei desenhando, até o professor chegar na sala. As aulas passaram rápido até demais, sinto isso, porque por um milagre ninguém veio mexer comigo hoje, durante a aula. Quando o sinal bateu, peguei meu fichário e saí da sala. No corredor, Natalia colocou o pé na minha frente sem eu perceber e eu caí. Ela estava rindo e eu senti uma enorme ardência em minha boca, coloquei a mão na mesma e estava sangrando muito. Alguém me ajudou a levantar, não consegui identificar quem, porque não parava de encarar minha mão que estava com sangue da minha boca.
- Natalia, queria ver se você riria se fosse com você! - Essa pessoa disse elevando um pouco o tom de voz - Você esta bem?
Me virei de frente para ele. Era aquele garoto novo da classe, ele tinha o cabelo preto e os olhos azuis, muito lindo por sinal.
- Sim estou. - Falei me afastando dele.
- Quer que eu te acompanhe até a enfermaria? - Ele disse segurando de leve o meu braço.
- Não precisa. - Falei me soltando dele.
- Tem certeza? - Ele perguntou novamente, mas eu não respondi nada.
Fui pra casa mesmo, não queria ir pra enfermaria de jeito nenhum, mas não saí na rua com a boca sangrando, antes lavei na pia do pátio e voltei pra casa de cabeça baixa. Cheguei e joguei meu fichário em cima do sofá. Subi e fui até o banheiro e olhei minha boca no espelho. Não havia acontecido nada de mais com ela, apenas um pequeno corte. Lavei e passei uma pomada que tinha. Abri a ultima gaveta da minha cômoda, e peguei uma lamina, que estava escondida de baixo de vários papeis. Fiquei fitando-a por alguns segundos.

Narrado por Gabriel:

Natalia me olhou um pouco irritada.
- Por que ajudou ela, Gabriel? Ela não se enxerga!
- Natalia, o que ela fez de tão errado pra você tratar ela assim? A garota ficou sozinha o dia inteiro, não fez nada a ninguém! Não tem motivo!
- Vai ficar defendendo ela agora? - Ela disse e eu fiquei calado.
Curiosos já estavam se aproximando, e eu não queria discutir com uma garota logo no primeiro dia. Apenas saí e deixei ela sem resposta.
Fui pra casa e joguei a mochila no chão e fiquei fitando o teto. 
Depois de alguns minutos, tomei um banho e fui andar pela rua, e o bom, era que a praia era em frente a minha casa.




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