Não deu tempo para responder, quando dei por mim, seus lábios já estavam nos meus.

–-------------------------------------------------------------------------------------------

Uma de suas mãos foram para minha cintura, me puxando para mais próximo dele, enquanto a outra foi para meu rosto. Meus braços envolveram o pescoço dele.

O beijo, que começou com calma, estava ficando mais intenso, mais urgente.

– Jake? - Era Seth, que parecia vir correndo em nossa direção. Jacob o ignorou completamente. Mas, enquanto Seth se aproximava, Jake foi me soltando devagar, e quando o fez, segurou na minha cintura e se virou para Seth, que vinha correndo e gritando:

– Jake? Jake?

– O que é, caramba?!

– Iiiih, você tava ai? - disse Seth, agora perto, olhando para mim. - Eu... eu atrapalhei alguma coisa? - disse ele parecendo segurar o riso. Seth era realmente um garoto de coração bom, sem maldade. Eu gostava dele, ele faria Laryssa bem feliz, ou isso, ou ele teria uma conversa séria comigo.

– Não, não. Mas então, Seth, como foi sua noite com a Laryssa? Não quebraram o quarto todo, não, né? - Disse Jake, revidando a bricadeira de Seth, gargalhando.

– Haha, muito engraçado, você devia virar humorista. - Disse Seth sem rir. - Bom, só vim aqui por que Sam pediu pra avisar que terá fogueira hoje a noite. Ele acha que vai ser interessante se as meninas participarem. Ele te convidou - ele falou, olhando para mim.

– Fogueira? - perguntei.

– É, a gente faz uma fogueira, tudo mundo senta em volta dela, e meu pai conta as histórias da tribo. - quem respondeu dessa vez foi Jake.

– Ah sim.

– Aê Maria, vai encontrar o sogrão! - Disse Seth rindo. Senti minhas bochechas esquentarem. Droga!

– Tá Seth, já deu o recado, certo? Já pode ir. - Falou Jake.

– Tudo bem, tudo bem - falou ele, ainda rindo. - Desculpa ai, se atrapalhei alguma coisa. Vejo vocês depois.

Ele saiu correndo em direção as casas da tribo, e, quando Seth estava longe o suficiente, Jake se virou para mim:

– Não sei o que está acontecendo com ele. Ele não era tão irônico assim...

– Deve ser a convivência. - Mandei indireta para ele, que entendeu o que eu quis dizer.

– Ei, eu não sou irônico! - falou ele, com tom de ofendido, mas com o sorriso perfeito no rosto.

– Não, imagina, só um pouquinho. - eu falei rindo.

– Haha , quem está sendo a irônica agora? - disse ele, caindo na gargalhada.

– Ah, para, seu chato! - bati de leve no braço dele, e ele ria ainda mais.

Foi então que um vento frio chegou até nós, me fazendo estremecer, batendo o arrependimento de ter colocado aqueles shorts, como eu previa.

– Está com frio? - ele perguntou, parecendo preocupado.

– Você não? - perguntei, olhando seu peitoral sem camisa. Ele riu.

– Não! Assim você me ofende! Eu bati 42,5 graus hoje de manhã.

– Caramba! - exclamei, realmente chocada, esfregando meus braços, com a esperança que o frio passasse.

– Vem, vou te esquentar. - Ele me puxou, e eu acomodei meu rosto em seu peito quente. Envolvendo suas costas com meus braços.

– Caramba Maria, você está congelando!

– E você fervendo.

– Pois é, os opostos se atraem... - deu um risinho de leve e continuou - A gente andou muito, as vezes esqueço que vocês humanos não tem a mesma disposição que nós, você deve estar cansada, vamos sentar. - Ele me soltou e sentou na areia, bateu nela de leve duas vezes, como se sinalizasse para eu sentar ao lado dele.

– Nossa! - Fiz cara de ofendida - Assim quem me ofende é você! Como assim, "vocês humanos não tem a mesma disposição que nós" ?! - Ele me olhou com sorriso no rosto, sabendo que eu não discutiria por muito tempo. E bom, ele estava certo. - Eu queria dizer que a sua opinião sobre mim e sobre os humanos é muito... - parei, procurando as palavras certas. - muito... certa. Tem razão, tô morrendo de cansaço. - Ele gargalhava, enquanto eu sentava ao lado dele. Ele me abraçou e me puxou para perto dele.

– Você é melhor do que eu pensava, sabia? Eu queria falar com você sobre isso... sobre como foi o imprinting... -ele disse.

– Fale. - levantei a cabeça para olha-lo, e ele fez o mesmo, olhando tão fundo nos meus olhos, que eu não duvidaria nada que ele poderia ter enxergado a minha alma.

– Quando te vi lá na campina, eu... eu... é complicado colocar em palavras. Tudo se deligou de mim, sabe? Todas as coisas que eu tinha feito até aquele momento, perderam o sentido, porque não tinha você ao meu lado. Tudo que eu era, o amor que eu tinha pelo meu pai, a fidelidade a minha matilha, tudo foi embora, ficou escuro, apagado. Tudo. Menos você. Você brilhava pra mim. Você virou o motivo de tudo aquilo, o motivo de eu estar aqui agora, o motivo de eu ter nascido. Foi a coisa mais estranha, louca e ... certa que já me aconteceu! E eu queria que você soubesse, que eu não estou aqui com você por causa do imprinting, que mesmo que não houvesse isso, essa coisa toda de lobo, mesmo que as coisas não tivessem que sumir pra você aparecer, eu as teria feito sumir. Eu amaria você do mesmo jeito, nada mudaria. Eu amo você.

Senti uma lágrima escapar dos meus olhos, e a limpei. Sabe quando você fica sem palavras? Então.

Quando fui responder, abri a boca, mas a fechei. Não havia palavras, nada saia. Sabia que nunca, nem daqui a 100 anos, conseguiria dizer algo que fizesse jus as palavras dele.

Sorri, o sorriso mais puro e feliz que já tinha dado. Ele retribuiu o sorriso, fazendo meu coração disparar. Sabia que ele precisava de uma respostas, e eu queria lhe dar, queria dizer tudo o que eu sentia por ele, o quanto aquele sorriso fazia meu coração disparar, o quanto eu me sentia bem ao lado dele, e que queria que fosse assim pelo resto da minha, queria dizer tudo isso e muito mais, mas as palavras simplesmente não saiam. Olhei para o mar e para o Sol, que dizia adeus a La Push e deixava a Lua tomar o seu lugar, procurava as palavras, então fui pelo caminho mais obvio e verdadeiro:

– Eu também amo você. - E o beijei.