Screaming escrita por caiquedelbuono


Capítulo 2
De volta ao inferno.


Notas iniciais do capítulo

Apenas lembrando que esse seria o capítulo 1, e não o 2. Sigam sucessivamente com essa regra nos próximos capítulos e tudo dará certo.
Aproveitem mais ainda agora, já que a história realmente começou!



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Fevereiro de 2012.

— Logan, acorde. — uma voz calma e serena sussurrou, bem de leve, como se estivesse a quilômetros de distância — Sophia está lá embaixo esperando.

A menção do nome foi a única coisa capaz de fazê-lo abrir os olhos, que pareciam grudentos. Tudo ainda estava embaçado e o que enxergava era apenas um borrão negro, que rapidamente foi ficando nítido. Mary, sua tia, estava parada ao lado da cama, com os braços cruzados e olhando para ele com uma cara que poderia ser descrita como repreensiva. Não ficaria surpreso se aquela não fosse a segunda ou a terceira vez que a tia lhe chamava, já que Logan era mais do que perito em sempre estar atrasado.

— Finalmente acordou! — ela exclamou — Fique o senhor sabendo que essa foi a sexta vez em que vim aqui lhe chamar. Estava me preparando para trazer um balde de água fria para o quarto.

Meu Deus.

Logan prometeu a si mesmo que se lembraria de enfiar o cotonete mais fundo na próxima vez que fosse limpar os ouvidos. Ele sentou na cama, esticando as pernas com toda a sua força para que pudesse excluir a preguiça que sentia. Mary aproximou-se dele e deu um beijo em seus cabelos desgrenhados, ao mesmo tempo em que sussurrava algo parecido com “vamos logo com isso” e saía do quarto, batendo levemente a porta.

Olhou para os cantos e percebeu que novamente tinha uma casa. Era a casa de Mary, na verdade, mas agora também era sua. Ainda conseguia se lembrar da casa dos pais, onde outrora eles viveram em harmonia, sem tudo desmoronar como uma avalanche de pedras da noite para o dia. Em tempos antigos, ele começaria a chorar e a ter ataques de fúria inexplicáveis toda vez em que se lembrava dos pais, mas agora ele já tinha superado. Apenas as lembranças boas habitavam sua mente e ele sorria cada vez em que pensava o quão importante aquele homem e aquela mulher foram para ele. Ensinaram-lhe tudo o que hoje sabia. Não seria nada se a presença deles não tivesse sido mais espetacular do que conseguia se lembrar.

Porém, hoje, aquilo não era o que mais o preocupava. Era uma fatídica segunda-feira e ele tinha que se preparar para voltar a Shavely, um internato para adolescentes problemáticos que se localizava na parte mais sombria da cidade. Antigamente, era um lugar que ele odiava, onde se sentia preso e não via perspectivas de vida, mas agora tudo estava diferente. Shavely é um internato onde o cargo da direção era hereditário, mas desde que a antiga diretora, Janeth, havia morrido em um assassinato trágico, não havia mais sucessores na linhagem da família, já que seu único filho, Brian, também havia sido morto. Foi exatamente por isso que Mary assumiu a diretoria e agora aquele internato era da tia de Logan.

Mudanças haviam sido feitas: o regime antigo de internato fechado mudara e agora era de regime semiaberto, o que indicava que os alunos poderiam sair dos confins do colégio durante o final de semana e irem para suas casas, embora a maioria deles fossem órfãos ou tivessem problemas familiares. Assim, a maioria deles continuava dormindo em Shavely, mas podiam sair nos finais de semana para distraírem a cabeça, não precisando necessariamente ficar dentro do internato.

Apesar disso, Logan achava que as pessoas nutriam o mesmo pensamento que ele quando ouviam falar sobre Shavely pela primeira vez: um internato fechado, onde os dormitórios assemelhavam-se a cadeias de cárcere privado, onde a comida era uma gororoba com cheiro podre, onde havia câmeras espalhadas por todos os lados e onde todos os alunos eram delinquentes juvenis. Mas, Shavely não era nada assim. Apesar de abrigar alunos com problemas, eles não eram bandidos e nem delinquentes. Eram pessoas traumatizadas e com algum tipo de distúrbio emocional, mas isso não as impediam de serem legais. Além do mais, o visual do colégio era incrível. Tinha um pomar gigantesco do lado de fora, com qualquer árvore frutífera que pudesse se imaginar; havia uma enorme piscina, com um deque e cadeiras de plástico com guarda-sóis enfiados no centro; uma quadra esportiva coberta também estava presente, além de um espaço gigantesco com uma grama bem aparada e um ar puro de dar inveja em qualquer campo ou fazenda.

Depois de alguns minutos, Logan percebeu que já tinha divagado demais. Ele apenas substituiu o pijama por uma calça jeans escura, uma camiseta preta onde estava escrito “SHUT UP AND SMILE” e um All Star vermelho. Não se preocupou em arrumar o cabelo ou em olhar para o reflexo no espelho; já estava atrasado demais para isso. Apenas pegou a mochila que estava encostada na parede ao lado de sua cama (que continha algumas peças de roupa que ele levaria para o internato, já que ele deixara metade de todas as suas peças por lá) e a colocou no ombro, dando uma última olhada no quarto e saindo de lá às pressas.

Quando chegou a sala de estar, deu de cara com uma menina que rapidamente fez seu coração bater mais rápido. Ela estava sentada no sofá, com as duas mãos repousadas no joelho. Os cabelos loiros e os olhos verdes destacavam-se em meio a sua pele, que era tão branca como a neve.

Sophia era tão encantadora e ao mesmo tempo tão linda... E ela era sua namorada. As férias foram difíceis para ela, já que não podia de jeito nenhum voltar para casa, não depois de ter sido vítima de abuso sexual do monstro que ela era obrigada a chamar de pai quando tinha apenas sete anos. Na época, cansada dos abusos, fugira de casa e se não tivesse sido encontrada por Janeth enquanto dormia em um banco e sido levada para o internato, teria se transformado em uma garota de rua. Agora, ela desdobrava-se a ficar uma semana na casa de Logan e outra na de Helena, sua melhor amiga. Aquela última semana tinha sido a vez de Helena, mas parecia que algo tinha dado errado.

— Sophia? — ele chamou e a garota desviou o olhar, sorrindo quando encontrou os olhos castanhos dele — O que aconteceu? Helena deu a louca e a expulsou de casa?

Ela deu uma leve risadinha. Logan repousou a mochila no braço do sofá e sentou ao lado dela, dando-lhe um leve beijo nos lábios.

— Na verdade, eu resolvi vir aqui antes de ir para o colégio. Só para ver você. — ela ficou levemente corada depois de dizer isso, Logan percebeu — Mary foi me buscar de manhãzinha. Mas, já que tocou no assunto Helena, devo dizer que ela anda muito chata ultimamente.

Logan deu de ombros.

— E quando é que ela não é?

— Eu sei, ela é sempre chata — disse Sophia. Logan tentou se lembrar de um momento em que Sophia e Helena não fossem motivo de implicância uma da outra, mas ele infelizmente não conseguiu. — Mas agora está demais. Você sabe como ela é. Sempre desconfia de tudo e tem um faro apurado para confusão. Ainda mais depois que começou a namorar o Tommy. Eles não andam bem. Terminam e reatam a quase todo instante.

Logan quase riu depois de ouvir aquilo.

— Será que você pode me dizer alguma coisa que eu não saiba? Era de se esperar que isso fosse acontecer com aqueles dois. Quero dizer, eles não têm nada a ver um com o outro. São totalmente opostos.

— Mas ficou pior durante as férias. Tommy não tem para onde ir e ficou em Shavely durante esse período. Helena ficou uma fera por saber que ele está lá, sozinho, como foi mesmo que ela disse? Submisso aos prazeres carnais — Sophia imitou a voz irritante de Helena, com as duas mãos levantadas em frente ao corpo — E isso é uma droga, porque Helena fica com aquele mau-humor insuportável, dando patada até na própria sombra.

— E eles não se viram esse tempo todo? — perguntou Logan, franzindo as sobrancelhas.

— Tommy foi algumas vezes à casa de Helena, e ela foi algumas vezes ao internato, mas eles sempre acabavam brigando quando se viam. — Sophia suspirou — E eu sempre tinha que apaziguar tudo.

Logan tentou imaginar uma cena de Tommy e Helena imersos em uma discussão onde se xingavam de nomes horríveis e logo depois se abraçavam apaixonadamente. A única coisa que conseguiu fazer foi rir.

— Pobre Sophia. — ele disse, afagando a mão da namorada — Mas e o pai de Helena? Ela fez as pazes com ele, afinal?

— Eu não estava presente na cena comovente, mas tudo indica que sim. — explicou ela, dando de ombros — Pelo menos eles se cumprimentavam normalmente quando eu estava na casa dela. Mas Helena não conversava com ele do mesmo modo que conversava com a mãe. Acho que ela nunca mais terá a chance de consertar isso.

— Então, se ela fez as pazes com o pai, tecnicamente, não haveria mais motivos para continuar em Shavely, certo? Poderia arrumar outro colégio que não fosse um internato e no qual ela não fosse obrigada a permanecer por lá durante os cinco dias da semana.

Logan sabia que estava sendo uma suposição estúpida, a julgar pela expressão de Sophia, que o olhava como se ele fosse um idiota.

— Que pergunta boba! Os amigos e o namorado dela estão lá. Acha mesmo que ela quereria mudar de colégio nessas circunstâncias? E, além do mais, a convivência com o pai ainda não é das melhores. Seria bom se ela continuasse afastada, tentando ganhar mais tempo.

Logan deu um leve ganido quando percebeu que a voz de Sophia estava rude demais.

— Poxa, perguntar não ofende.

Ela franziu as sobrancelhas e estava abrindo a boca para dizer alguma coisa, quando Mary entrou na sala, carregada de sacolas de papelão em ambos os braços.

— O que são essas coisas? — perguntou Logan.

Mary estava escondida atrás das sacolas e segurava uma delas até com os dentes para que um dos dedos pudesse ficar livre a fim de alcançar o bolso da calça. Sophia levantou do sofá e a ajudou, segurando algumas das sacolas.

— Obrigada, querida. — Mary agradeceu, resgatando do bolso a chave do carro — E isso são coisas novas para o colégio. Têm caixas de giz, apagadores, folhas de vários tipos de papéis, canetas, lápis, e vários outros objetos de uso escolar. Aprendi cedo que uma diretora de um internato onde os alunos são em parte portadores de problemas, deve encarregar-se de comprar tudo o que for necessário. Não posso exigir isso dos alunos.

Logan e Sophia assentiram, enquanto dirigiam-se para a porta da sala. Logan não se esqueceu de novamente pendurar a mochila nas costas e dar um último suspiro antes de se despedir da casa que deixava para trás. Pelo menos, aquele não era um adeus definitivo. Apenas uma semana.



O primeiro dia de aulas foi assustadoramente estafante. Agora que avançara um ano, as matérias estavam mais complexas e exigiam muito mais esforço da parte dele, principalmente aquelas em que contavam com números, as quais eram as mais difíceis para Logan.

O quadro de horários era específico para cada aluno e eles os receberam durante o café-da-manhã. Logan sabia que seria assustador, a julgar pelos dois tempos de química logo no início da manhã. Alguns horários batiam com o dos amigos, como as aulas de geografia à tarde com Tommy, as de inglês no dia seguinte com Sophia e as de física, ao final da semana, com Helena.

As novidades no colégio não eram tão grandes. Com Mary na direção, muita coisa havia mudado. A decoração não se assemelhava mais a um castelo antigo e misterioso e as paredes de pedra não emanavam mais aquele frio desconcertante. Parecia que o colégio estava mais animado, uma aura dourada pairando sobre toda sua extensão. Alunos novos também estavam presentes, Logan conseguiu notar facilmente, mas ainda não teve tempo de conversar com nenhum deles. Podia se lembrar de um garoto de cabelos negros da aula de geografia e de uma garota com a pele escura que estava na aula de química.

A noite já estava se aproximando e o período de aulas se encerrara. Aquele era o tempo livre dos alunos e eles podiam fazer o que bem quisessem pelo colégio, desde que isso não incluísse correr desenfreadamente pelos quatro cantos, pichar a parede com tinta spray, cometer atos de vandalismos ou provocar brigas e rebeliões. Havia uma sala de estar gigantesca onde diversão não faltava. Televisão, vários tipos de filmes, computadores, mesinhas de jogos, jogos de tabuleiros empilhados em cima de uma estante — tudo isso à disposição de todos.

Logan não estava interessado em jogar. Estava dentro da sala da direção, juntamente com Mary, que assinava alguns papéis. A cabeça dela estava repousada em uma das mãos e ela parecia já estar extremamente cansada em seu primeiro dia de trabalho.

Ele olhou em volta e percebeu que a sala estava completamente diferente do que se lembrava da última vez em que a vira. Fora ali que Logan provocara um incêndio que matara Kofuf, uma espécie de zumbi superinteligente que causara pânico e terror nele e em seus amigos no ano passado. A criatura sobrenatural, antes de morrer, dissera que aquilo não era o fim e que existia um exército de outros zumbis que estava planejando um ataque ao internato. Logan preferia acreditar que aquilo era mentira de Kofuf, já que nada sobrenatural acontecera desde que a criatura havia sido morta.

— Sinto cheiro de fumaça queimando. — disse Mary, repousando a caneta sobre a mesa e olhando para Logan — Pensando muito em alguma coisa?

Não estava pensando em algo que fosse muito comum e não sabia se revelava à tia os seus mais profundos pensamentos, mas, parando para pensar, ela sabia sobre o ataque zumbi e não havia dado indícios de que não acreditava no sobrinho. Então, ele resolveu dizer:

— Estava pensando em Kofuf. Foi aqui que o matei. Essa sala ficou reduzida a cinzas.

Logan percebeu que Mary se retesou a cadeira. Podia sentir que um arrepio gelado lhe subira à espinha.

— Ele já está morto, Logan. Acabou. Não devia mais pensar nessas coisas.

Agora foi a vez dele de sentir o arrepio. A palavra morto ainda não soava suficiente para ele. Era quase como se Kofuf pudesse renascer a qualquer momento, trazendo consigo mais e mais zumbis.

— Ele disse que tinha um exército. Eu lembro nitidamente das palavras.

Um exército de zumbis antropomórficos está por vir. Em breve entrarei em contato com outros zumbis que vivem pelas redondezas e os trarei até aqui para que possam se deliciar assim como eu me deliciei.

Mas Logan não as repetiu em voz alta. Não conseguia transformar aquele sentimento estranho em palavras, não quando sentia o medo novamente voltando a tomar conta de seu corpo, fazendo pequenas cócegas por sua pele.

— Esqueça isso, querido. — disse Mary carinhosamente — Você apenas ficou impressionado com toda essa história. É isso. Sabe que não consegue lidar muito bem com choques emocionais.

Logan apenas assentiu com a cabeça. Mary sorriu gentilmente e endireitou vários papéis em uma pilha. Repousou-os no canto da mesa e, do outro lado, pegou ainda mais papéis, essa pilha parecendo ainda maior do que a outra.

— O que você está fazendo? — perguntou Logan — Parece chato e entediante.

— E é. — disse Mary, cansada — Estou assinando os papéis das matriculas dos alunos, conferindo os pagamentos da primeira mensalidade e analisando a ficha dos novatos.

Logan esticou o pescoço para tentar enxergar algo naquela pilha de papéis, mas não conseguia ver nada que não fossem várias letras minúsculas que não faziam sentido algum.

— Há anexado nesses papéis o motivo de cada aluno ser transferido para cá? — perguntou Logan, pensando se em sua ficha estava escrito que era um garoto órfão que não tinha para onde ir.

Mary hesitou um instante. Apesar de ser sua tia, talvez não devesse ficar dando esse tipo de satisfação para ele, que ainda era um aluno como todo mundo.

— Há tudo o que você imaginar aqui. — ela respondeu, rabiscando sua assinatura com uma caneta preta na parte inferior de um dos papéis — Causa da transferência, tipo sanguíneo, cor da pele e dos olhos, se tem alguma alergia ou se toma algum tipo de medicamento. É uma mina de ouro no quesito informação confidencial. — ela apontou a caneta para Logan e a mexeu duas vezes no ar — Ah, e nem pense em vir aqui tentar descobrir coisas sobre os alunos novos, mocinho. Sei que você provavelmente vê muito isso em filmes e deve morrer de vontade de fazer igual.

Logan deu um sorriso amarelo.

— O que é isso, tia? Isso nem se passou pela minha cabeça.

— Vou terminar de assinar essa papelada e fingir que acredito no que acabou de me dizer.

Logan olhou para os contornos da sala: as paredes de tijolos avermelhados, alguns quadros contemporâneos que Mary gostava pregados à parede, todos os móveis feitos de uma madeira clara e quase esbranquiçada, alguns vasos de plantas repousados ao fundo da sala — estava tudo ao estilo da tia e era muito elegante e reservada. Não se assemelhava em nada à pilha de cinzas, escombros e pó de zumbi em que a sala se transformara depois do incêndio. Se os bombeiros não tivessem sido chamados instantaneamente e o fogo não fosse contido, o prédio teria desabado. Ainda bem que a reforma fora rápida. Mary não teria conseguido pagar se Janeth não tivesse deixado um bom dinheiro guardado em um cofre escondido na biblioteca, que a finada diretora confiava a Sra. Strauss, a bibliotecária velha de Shavely, que tinha tufos de pelos escapando das orelhas e do nariz.

Uma batida na porta interrompeu o devaneio de Logan e ele olhou para Mary. Ela sustentou o olhar dele, mas rapidamente disse em um tom de voz alto:

— Entre!

A maçaneta da porta se mexeu e uma garota que Logan reconhecia entrou; os cabelos castanhos eram tão grandes que suas pontas chegavam a alcançar seus glúteos. Os olhos castanhos eram claros, mas ao mesmo tempo uma estranha escuridão parecia emanar deles. Usava uma roupa inteiramente branca e justa, que combinava com a palidez de sua pele. Logan não conseguiu notar mais nenhum detalhe da garota quando seus olhos pararam nos seios avantajados. Talvez estivesse com a boca aberta e babando, pois ela o olhou como se ele fosse um doente.

— Com licença, diretora. — ela disse, educadamente — A senhora disse para eu vir aqui.

Logan estava fazendo força para se lembrar do nome dela, mas ele não conseguia. Sabia que ela entrara no colégio um mês antes das férias se iniciarem e, mesmo assim, ele a considerava como uma das alunas novas, porque talvez não tivesse usufruído nada do único mês de aula que teve em Shavely. Ainda não entendia por que cargas d’águas uma pessoa entraria em um colégio com tão pouco tempo para o início das férias, mas não se atreveria a perguntar, já que não tivera nenhum contato com ela até então, tanto que nem sabia como ela se chamava.

— Oh, claro, Fanny, querida — disse Mary — Desculpe-me, mas tinha quase me esquecido. É que é tanto trabalho que fico atordoada.

Fanny. Então era esse o nome. Agora ele se lembrava. Ela tinha perguntado pela sala de Mary assim que chegara ao colégio. Provavelmente estava indo fazer a matricula, mas era mais comum de se ver os pais de adolescentes fazendo isso, ainda mais adolescentes problemáticos. Logan, mais uma vez, não iria julgá-la sem nem ao menos conhecê-la.

Fanny deu um sorriso tímido.

— Bem, estou aqui agora.

Logan ia perguntar a Mary se ela queria que saísse da sala para que pudesse conversar mais à vontade com Fanny, mas ele foi interrompido quando a garota se aproximou e debruçou-se na mesa bagunçada. Mary começou a falar:

— Estamos com um problema no internato. Superlotação. — ela deu um sorriso amarelo — Costumamos dividir os dormitórios para que duas pessoas se alojem nele. Por isso tem um beliche dentro de cada quarto. Entretanto, vários alunos novos se matricularam e vários deles ficaram sem nenhum dormitório pelo fato de todos já estarem ocupados. Mandei colocarem uma cama extra sob a janela de todos os quartos. Vai ficar um pouco apertado, mas é melhor do que dormir na sala de estar. Você gostaria de escolher em qual dormitório quer ficar?

A garota estreitou os olhos castanhos e eles brilharam, ficando um pouco mais escuros.

— Tenho quais opções?

Mary pigarreou e pegou um papel em especial que estava repousado na mesa. Passou o olho diversas vezes por ele, provavelmente tentando encontrar os dormitórios disponíveis.

— Meninas devem ficar no quarto de meninas, então você pode escolher entre o dormitório de Caroline e Chelsea; Addison e Katie ou Helena e Sophia. Os das outras meninas já estão ocupados.

Os olhos de Fanny brilharam ainda mais e ela não hesitou nenhum segundo em responder.

— Hum, acho que vou ficar com o dormitório de Helena e Sophia. Elas me parecem ser as mais simpáticas. Lembro que quando cheguei, Sophia me explicou como chegar à sua sala.

Mary sorriu e assentiu com a cabeça. Logo em seguida, pegou uma caneta e fez o que pareceu um X ao lado do papel. Talvez aquele fosse o símbolo que indicava que um dormitório estava ocupado.

— Ótimo. Pode pegar as suas coisas e se dirigir para lá, então.

Fanny fez um pequeno sinal com a cabeça que parecia quase com uma reverência, virou o corpo delicado e saiu da sala, deixando uma trilha de perfume doce por todo o ambiente. Logan não precisava nem dizer que se sentiu como uma pessoa de cinco centímetros por ela praticamente nem ter percebido a sua presença dentro da sala.

Ele olhou para a tia, que tinha um olhar entretido no rosto.

— Também terá alguém novo no meu quarto com Tommy?

Mary fez que sim com a cabeça, enquanto sorria.

— Só porque é meu sobrinho, não quer dizer que não precisa seguir as regras do internato.


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Notas finais do capítulo

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