Not That Simple Maid escrita por RoxyFlyer21


Capítulo 2
Capítulo 2 - Responsabilidade




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/297891/chapter/2

Riley, com as mangas da camiseta branca de linho dobradas e com seu cardigan amarrado na cintura, diminuiu sua velocidade quando viu o contingente de funcionários de escritório atravessando ao mesmo tempo a avenida dupla. Uns saiam da estação de metrô, com sua enorme entrada logo em frente, por onde diversos estudantes voltavam para casa. “Tenho que economizar tudo o que puder; até mesmo o trocado para o metrô,” pensou, imaginando a longa jornada que teria até sua casa.

Contornou a avenida e cruzou o centro da cidade, passando por diversas vitrines de lojas caras e suntuosas. Os altos prédios espelhados quase a deixavam intimidar; porém logo que apertara o passo novamente, entrou em um bairro residencial. E assim como um degradê, as casas passavam de grandes e lindas à pequenas e mais simples.

De longe viu uma ambulância branca com as cruzes vermelhas pintadas estacionada em uma das casas mais simples. Viu dois enfermeiros saindo da porta de trás com uma maca em mãos, e pôs-se a correr.

– Mãe!

Aproximando-se, não pode conter sentir um misto de felicidade e pesar. Notou que diversos fios do cabelo negro antes sedoso de sua mãe estavam grisalhos, sua pele considerada jovem para alguém de 45 anos estava profundamente marcada por olheiras arroxeadas e flacidez, e os seus olhos pretos como ébano demonstravam cansaço, mas que, ainda assim, sorriram para sua filha mais velha.

– Minha querida! – sua voz saiu fraca e trêmula, porém alegre. – Senti sua falta mais do que você possa ter imaginado!

Riley segurou com as duas mãos os dedos esguios e frágeis de sua mãe, deitados ao redor de seu corpo, enquanto os enfermeiros caminhavam em direção a casa. Sorria para ela, mas mal podia conter algumas dolorosas lágrimas de se formarem.

– Eu senti mais, mamãe. Como está se sentindo?

– Muito melhor agora que estou em casa, com você e....

– Mamãe!!

Ouviu-se um grito da porta, e atravessando o quintal seco e triste da entrada da casa com os braços abertos, Suzana abraçou forte sua mãe, ignorando completamente os enfermeiros. Riley imaginou que sua irmã mais nova se parecia muito com ela própria, exceto talvez que seu rosto era mais oval e seu cabelo estava sempre preso em duas marias-chiquinhas. Ela usava o uniforme do Ensino Fundamental ainda, e Riley tinha inveja dos olhos negros que herdara da sua mãe. Riley possuía os olhos castanho-claros de seu pai.

– Cuidado, mocinha!

Riley virou-se para a ambulância para ver quem falava, e supervisionando o grupo estava uma mulher baixinha e corpulenta, com os cabelos ruivos curtos na altura do queixo. Ela tinha um ar doce e amável, porém austero.

– Riley, essa é a Sra. Kit, do hospital. Ela ficará conosco durante esta transição.

Dois enfermeiros retiravam aparelhos metálicos, suportes de remédio e outros utensílios de observação domiciliar da ambulância, e adentravam a casa. Sra. Kit a cumprimentou na porta de entrada, com um sorriso aberto.

– Sua mãe acaba de passar por uma cirurgia delicada – ela disse, abaixando o tom de voz quando viu que a mãe das garotas já estava sendo colocada em segurança na cama de seu quarto. – e necessita de atendimento diário, com controle contínuo. Seu pai pagou uma quantia extra para que uma enfermeira ficasse ao lado dela pelas próximas semanas.

Riley estava atônita em pensar que seu pai chegaria a fazer uma gentileza daquele tamanho, mas logo recompôs-se.

– Puxa, isso significa muito para mim, Sra. Kit. Fico muito agradecida por você estar aqui para ajudar.

– Não há pelo que agradecer, jovenzinha! – a senhora abriu um sorriso simpático, e aumentou o tom de voz. – Sua mãe contou tudo sobre vocês para o pessoal do hospital! Ficamos encantadas e sinto como se já as conhecessem!

Já deitada na cama, com a porta aberta e Suzanna ajoelhada ao seu lado, sua mãe sorriu. Os enfermeiros posicionavam o suporte de medicamento próximo, assim como o resto da aparelhagem.

– Riley, deixe-me perguntar. Há algum cômodo onde posso ficar? De preferência bem próximo ao quarto da sua mãe?

O único andar da pequena casa guardava logo na entrada as portas dos quartos de Suzanna, à esquerda, e de Riley e de sua mãe, à direita. Em frente estavam a pequena sala de estar, e a mesa de jantar em frente a cozinha. “Não, não há mais lugar algum,” suspirou triste, já sabendo a solução.

– A senhora pode ficar no meu quarto, - ela disse, entrando no quarto de sua mãe e indicando uma outra porta deslizante. – Essa porta conecta os dois quartos, e não há lugar melhor.

– Mas e você, filha? – sua mãe soou preocupada, e Riley sorriu a mostrar que estava bem.

– Não tem problema, mãe. Eu durmo na sala.

Kit fez menção de recusar, mas Riley manteve-se firme, e logo a enfermeira saiu para se despedir da equipe de médicos. Suzanna foi até a cozinha pegar uma tigela de cereal, e Riley aproximou-se ainda emocionada da cama.

– Seu pai foi muito gentil em providenciar tudo isso a nós. Gosto de pensar que depois de todos esses anos de isolamento, talvez ele possa ter mudado de idéia.

“Ela não sabe que eu o visitei,” a garota pensou, engolindo uma lágrima.

– Tudo ficará bem a partir de agora, mãe. – Riley sabia que já havia tomado a responsabilidade por tudo, mas ainda queria nunca mais ter que depender de seu pai. – Eu cuidarei de tudo, e nunca deixarei faltar nada.

Logo Suzana estava parada na batente da porta, mastigando seu cereal, e Riley virou para olha-la. No entanto, o relógio pendurado na parede ao lado dela chamou mais a atenção.

– AH MEU DEUS!!! ESTOU ATRASADA!!

Riley levantou-se e nem trocou de roupa, apenas pegou sua bolsa e dirigiu-se a porta. Entao lembrou-se de sua mãe e gritou da porta:

– Te vejo no fim do dia, mãe!

E recomeçou a correr.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Esperem por mais! :DD