Mellie

Estava conversando com James sobre os remédios que cada um usava quando o seu celular tocou.

-é ele de novo? O tal de Dylan? – James perguntou meio que cantando o nome do rapaz

-pra variar –Mellie respondeu –desde que ele descobriu a PTI, não para de mandar mensagens e me ligar. Ele está é me assustando... –

-por quê? Ele não é seu namorado? –

-não – Mellie já repetira aquilo diversas vezes para o garoto

-mas ele parecia gostar de você. Parece do jeito que ele se preocupa. E por que ele te assusta? –ele perguntou

-é que... Bom, nós nunca tivemos uma relação boa. Sempre brigamos. Nós nos odiávamos na verdade, ou era o que parecia... – Mellie já confiava plenamente no rapaz de apenas dez anos. James era como um irmão mais novo que ela nunca teve, às vezes chato, às vezes legal, mas sempre estava lá para ela, independente do momento.

-Bom... Acho que você devia responder as mensagens dele. O que ele diz? –

-Ele quer saber se eu estou bem, como foram os exames e coisas assim... –

-Então, ele se preocupa com você – Mellie não respondeu. Já havia chegado a essa conclusão sozinha.

-Cansei desses corredores. Vamos voltar para meu quarto e jogar videogame? –

Mellie concordou. James tinha leucemia há cerca de cinco anos, e sua vida sempre foi cheia de altos e baixos. O quarto do hospital que ele ocupava era cheio de seus objetos pessoais, como o vídeo game.

Entraram no quarto, mas ele não estava vazio.

Um rapaz de cerca de dezesseis anos estava sentado na cama, lendo um livro. Mellie não o conhecia, mas pelo sorriso de James e a velocidade que ele usou na cadeira de rodas para chegar ao rapaz, ele definitivamente o conhecia.

-SAM! – o rapaz desviou os olhos do livro e se juntou a James em um abraço cheio de saudades.

Quando se separaram, James perguntou:

-o que você está fazendo aqui? Achei que o internato não deixava vocês saírem no meio do ano! –

-e não deixam –Sam respondeu – eu sai do internato. Não podia deixar meu irmãozinho aqui sozinho sem me ter por perto para cuidar dele. Mas pelo visto, você está sendo bem cuidado... –Sam e James desviaram o olhar para Mellie que estava pensando em um modo de sair do quarto sem ser notada.

-Sam, essa é Mellie. Ela é minha amiga aqui do hospital. Mellie, esse é o Sam, ele é meu irmão mais velho –.

Os dois trocaram um rápido aperto de mão.

-Bom... Eu vou indo então – Mellie se despediu dos garotos e saiu do quarto.

Seu celular tocou novamente, e não foi surpresa ver que era Dylan. Decidiu atender.

-o que você quer? –ela perguntou

-Respostas. Da última vez que conversamos foi um monólogo. Você não falou nada. –

-Por que eu não quero. Não tenho o que falar! –

­-Bom, mas você vai ter que falar um dia. De preferência hoje. Eu trouxe o conteúdo da escola pra você, e o diretor te deseja melhoras rápidas. –

-Como assim? –

Mas era tarde demais, Dylan desligara na sua cara.

Ela subiu para seu quarto e lá encontrou o que ela já esperava. Dylan sentado em uma poltrona com a mochila ao seu lado.

-O que você está fazendo?  - Mellie perguntou

- Mellie. Chega de papo furado. Você está me evitando desde que nos beijamos, e isso aconteceu você não pode ignorar isso! –

- Certo. Nos beijamos. Eai, vamos ficar amiguinhos agora? Qual é você tem idade mais que suficiente pra saber o significado de um simples beijo –

-O primeiro nos fez inimigos. Não tem como piorar. Aliás, não vim aqui discutir. Mellie, eu não te odeio e nunca odiei. Você é uma das minhas melhores amigas! E está doente. Será que não pode dar uma trégua? –

Mellie pensou na oferta.

-Feito. Mas se você estiver querendo... repetir sua lista de incontáveis namoradas, vai se arrepender feio Dylan! –

-juro não tentar nada a não ser que você queira... – ele disse, mas o olhar dela o fez mudar de humor – não está mais aqui quem falou! –

-Ok. Amigos. Então, me atualiza sobre o que está acontecendo na escola. Vou ter alta semana que vem, mas quero chegar informada –.

Dylan contou que Vivian havia inventado uma falsa gravidez e agora não falava com mais ninguém na escola. Estava se auto excluindo. Doug e Amy não ficaram juntos afinal, e Naomi ao que parecia estava morando com Amy.

Estavam conversando tão animadamente que não notaram que alguém batia na porta. Dylan se levantou para abri-la, e, ao fazer isso um enorme buquê de flores apareceu.

-De quem são? – Dylan perguntou a Mellie

- Paul. Pedindo desculpas, e que eu tente entender o lado dele – Mellie jogou as flores no lixo.

- Mellie, você não devia fazer isso. Se fechar assim para seu pai. Devia tentar entende-lo –

-Dylan, recém fizemos uma trégua, se eu fosse você ficaria calado para não acabar com a paz –.

Passaram o resto do dia conversando. Parecia que Dylan não era afinal um idiota, sem cérebro e babaca que Mellie sempre achou que ele fosse.

Quando ele teve que ir embora disse:

-Fico feliz que você resolveu ser agradável –

-é. Vamos ver quanto dura isso – Ela disse sorrindo.

Esperou que ele se fosse. O restante da tarde, Mellie passou fazendo seus exames rotineiros, e jantou com sua mãe.

Quando o sono chegou Mellie teve um estranho sonho com Sam, o irmão de James. Eles estavam sozinhos no hospital, abraçados e chorando, enquanto olhavam para uma cadeira de rodas vazia.

Mellie acordou suando. Virou-se de lado tentando esquecer o sonho, mas não conseguiu.