Naomi

Já não podia esconder o óbvio de ninguém. Naomi estava grávida de Phillip há quase seis semanas. E logo seus pais iriam descobrir. E ela preferia que não fosse do pior jeito, por isso decidiu contar para eles.

Entrou na sala onde seu pai lia um livro e sua mãe costurava como de costume.

-ahh, querida. Que bom que você apareceu. Eu estava justamente conversando com seu pai sobre as nossas férias no verão. Que tal viajarmos para algum lugar no oriente? –

-é uma ótima ideia mãe. – Naomi pensou em diversas maneiras de dizer o que tinha pra dizer, mas nenhuma parecia correta o suficiente para que os fizesse entender a sua situação.

-Mãe... eu... eu queria conversar com você e com o papai... –

- já estamos conversando querida. O que é? É a escola? –

-que? não, não é a escola. Eu... bem. Você lembra quando bateu o carro, você me disse que erros aconteciam e que precisávamos assumi-los não importassem as consequências? Que devemos lidar com nossos problemas da melhor forma possível. –

-Lembro sim, mas por que você está falando nisso agora? Aconteceu alguma coisa? –

Só nesse momento o pai de Naomi levantou os olhos do livro.

-não. Quer dizer, sim aconteceu. Um problema. Problemão. Cometi um erro grande e sem conserto e acho que vou precisar da ajuda de vocês para... bom, tentar resolver as coisas –

-o que você fez Naomi? –o pai dela perguntou do sofá.

-Bem, não tem forma fácil de dizer, e antes de dizer eu queria deixar claro que eu sinto muito, mesmo –

-Pula essa conversa fiada. Naomi Freelan – o pai dela disse sério – o que você tem a nos dizer? –

-eu... –Naomi quase não conseguia mais segurar as lágrimas –eu... eu estou grávida! – imediatamente ela tapou a boca. Mas via a da sua mãe se abrir em um grande “O” e o pescoço de seu pai ficar vermelho. De olhos arregalados, a sua mãe deixou cair as agulhas de costura e seu pai pôs o livro de lado e abaixou a cabeça por alguns instantes. Quando voltou a ergue-la, Naomi pode ver a fúria em seus olhos.

-saia – ele disse – saia agora dessa casa –

Mesmo sabendo que aquilo aconteceria, Naomi não pode evitar o choro. Sua mãe nada disse, ela estava parada no mesmo lugar, chocada pela noticia da filha.

-papai por favor! – Naomi disse

-Você tem vinte minutos para arrumar suas coisas. Quando eu voltar para essa casa, não quero ver um sinal de sua existência – e com isso, ele saiu porta a fora.

-mamãe – Naomi se voltou para a mãe mas ela apenas a olhou chocada demais para falar e subiu as escadas se trancando no quarto.

Naomi ligou rapidamente para Amy.

-como foi? –a garota perguntou com urgência na voz ­–você falou? ­–

-sim – Naomi disse –e foi exatamente como eu disse que seria. Você pode me pegar em vinte minutos? –

-claro, já estou indo pra sua casa! – e com isso Amy desligou o telefone. Ela pegou as mochilas e esvaziou o guarda roupa, depois as comôdas.

Deixou apenas os porta-retratos. Saiu porta afora sem se preocupar em olhar para trás. Ela sentia o olhar de sua mãe da janela do andar de cima da casa.

-está tudo bem? – Amy perguntou após colocar as malas no carro.

Naomi confirmou com a cabeça enquanto limpava as lágrimas do rosto.

Durante a viagem até a casa de Amy, esta perguntou:

-E o Phillip? Como ele reagiu quando você contou? –

-ele ficou chocado, é claro. Pediu-me para voltar com ele, mas eu recusei. Não é só por que estou grávida que vou voltar com ele! –

-então... – ela disse – você vai fazer o que quando o pequenino, ou pequenina nascer? –

-acho que... acho que vou entregar. Para adoção. Não posso criar uma criança! Recém sai de casa, tenho que aprender a cuidar de mim mesma. –

- mas, se precisar de qualquer coisa, ou mudar de ideia... sabe que pode contar com a gente! – Naomi sorriu para a amiga e segurou sua mão como que em forma de agradecimento.

Os pais de Amy haviam sido muito compreensivos com o caso de Naomi. E os irmãos da garota praticamente idolatravam a amiga da irmã.

-o que importa é que você não está sozinha Naomi –Amy disse –você tem a mim, meus pais e irmãos, o Phillip, a Lucy, os meninos, e até a Mellie se dignou a responder meu email dizendo que logo volta e vai te ajudar o máximo possível –

Naomi sorriu. Era bom pensar que ela não estaria sozinha naquilo.