Lucy

Chegou a casa e bateu a porta ao entrar. Estranhou que sua mãe não reclamou afinal ela sempre reclamava quando Lucy batia a porta.

- Lucy – A mãe dela entrou na sala –que bom que você chegou querida! A gente queria falar com você... –

-a gente? –

-Eu e seu pai. Vem querida, estamos na cozinha –.

Ela seguiu a mãe até a cozinha e se se sentou à mesa junto dos pais

-onde estão o Fred e a Annie? –

-Seus irmãos estão na casa de uns amigos. Essa é uma conversa particular sobre você e achamos melhor eles não participarem dela – o pai dela respondeu

-querida – a mãe dela começou a falar –bom. Como você já sabe você é nossa filha, apesar de não ser biologicamente –.

Lucy mexeu a cabeça positivamente. Era agora. Aquele era o momento da conversa. A que ela insistiu por anos em falar, mas seus pais se recusavam.

- bem. Você não deve se lembrar, pois quando te adotamos você era uma coisinha tão pequenina e frágil. Desde aquele momento você passou a ser nossa filha. –O pai dela falava enquanto segurava as mãos de Lucy – mas, nós combinamos que nunca, nunca esconderíamos a verdade, não mentiríamos sobre o seu passado. E por anos você quis saber sobre seus verdadeiros pais, o que é uma curiosidade normal em casos como esse. –

Lucy entendia que ele queria tranquiliza-la, mas ela esperou por tanto tempo por qualquer sinal dos seus verdadeiros pais que tudo o que ela mais queria naquele momento, era pular a conversa e ir direto ao ponto: quem eram seus pais, e por que não a quiseram?  Uma dúvida normal, e que a incomodava há anos.

-Bem querida –foi à vez de sua mãe falar –achamos que você já está preparada para saber mais sobre seus pais. E quem sabe até conhecê-los. Você sabe que te amamos mais que tudo no mundo, e sempre estaremos aqui pra você. Bom, você pode não gostar, mas o mínimo que podemos fazer e dizer a verdade. Sua mãe se chama Katherine Rose. Ela mora aqui na cidade e é dona do restaurante Le Carte. –

-Ela teve uma... gravidez antes da idade esperada. Ela engravidou de você quando era adolescente. Nós a conhecíamos, pois ela era filha de um cliente do seu pai. –

Lucy não queria, e nem imaginaria que nesse momento estava chorando. Ela foi um acidente de dois jovens imaturos e não preparados. Já devia imaginar isso.

-Por que... Por que vocês só me falaram isso agora? O que mudou? –ela conseguiu perguntar. A mãe dela correu para abraçá-la e seu pai respondeu:

- Ela... Procurou-nos. E quer te conhecer. A Katherine é uma pessoa realmente legal e que quer fazer parte da sua vida, minha filha. E se você quer um conselho: você devia aceitar que ela faça parte da sua vida. Afinal, ela também é sua mãe. Você está bem? –

Lucy novamente acenou com a cabeça.

-Eu quero vê-la – Ela disse

-agora? –

-Sim – Lucy respondeu –eu quero... Não sei. Conhecê-la. Me apresentar. –

-Mas são oito da noite –a mãe de Lucy disse – ela deve estar ocupada ou... –ela se calou com o olhar que o marido lhe deu

-Vamos jantar no Le Carte então - Ele disse sorrindo para a filha.

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Lucy estava extremamente nervosa. Eles entraram no restaurante e foram recebidos por uma garçonete com um grande sorriso que logo conseguiu uma mesa para eles. Lucy nem sequer conseguiu escolher a comida, ela olhava o tempo inteiro para a porta da cozinha de onde saiam incontáveis pessoas, esperando que uma delas fosse sua mãe.

Finalmente, ela não se aguentou mais e chamou a garçonete sorridente de novo a mesa deles.

-Com licença, mas a proprietária do restaurante está aqui? –

-A Srta. Rose está na cozinha, gostaria que eu a chamasse? – Perguntou a moça com um olhar de dúvida

Lucy olhou para os pais que deram de ombros.

-É com você querida – o pai dela disse

Lucy pensou por um momento até ter a ideia perfeita.

-Não precisa chama-la, obrigado. Mãe, pai, podemos ir? – eles cancelaram os pedidos e voltaram ao carro.

- o que houve querida? Não quer conhece-la? –perguntou sua mãe

-Mãe. Eu tive uma ideia melhor. Mas vou precisar da permissão de vocês. –

Os pais a olharam e depois trocaram olhares em dúvida.

-Acho melhor voltarmos para casa, é muita noticia para um dia só - a mãe dela disse.

-Calma Sophie. Diga Lucy, qual é sua ideia? –

-Eu... Eu queria conhecê-la, mas sem ela saber quem eu sou. Eu quero conquistar a amizade dela antes. –Lucy disse

-e como você vai fazer isso minha filha? –

-Trabalhando. Aqui, no Le Carte – Lucy disse esperançosa pelo consentimento dos pais.