Se há algo que os demônios não possuem são sentimentos. Algo que já faz parte dos humanos, algo que nós aproveitamos. No que está pensando em iludir essa garota? Qual seu plano? Sebastian Michaelis, você é realmente quase incompreensível. - dizia Claude sentado ao seu lado.

– Humpf. Achei apenas divertido. Como você disse, nós nos aproveitamos do sentimentos e fraquezas dos humanos. Eu sempre estive os observando, os servindo. Não os entendia. Queria ao menos uma vez poder sentir algo do tipo...

– Impossível! - interrompeu Claude - Não somos como os humanos

– Eu sei muito bem disso, a única coisa que conheço é o sabor de uma alma...

– Então...?

– Quando encontrei aquela garota. Mesmo ela tendo tudo aquilo, todos aqueles a sua volta, havia um buraco em seu coração, uma solidão em sua alma. Achei interessante e a observei. A única coisa que a mantinha feliz de verdade pelo jeito era o amor de sua falecida mãe. No dia em que ela morreu, não a vi sorrir, mas também não a vi chorar. Naquela noite ela foi para fora, e no meio da floresta começou a conversar sozinha...

(Lady)

Naquela noite eu estava fora de casa, no meio da floresta. Achei que estava falando sozinha... mas avistei um corvo, ela parecia me conhecer e me observar. Me deitei sobre aquela grama gelada e fechei meus olhos... "por que, deus? por que isso?" disse eu "tudo que mais amei você me tirou. Nem mesmo meu pai me daria tanto amor quanto ela me deu" já chorando eu mesma pensei "você a abandonou".

Senti uma mão gélida secar minhas lágrimas. Mas quando abri meus olhos, só vi o mesmo corvo a minha frente. Aquela mão gélida parecia até nostálgica.

(Sebastian)

Ainda lembro da primeira vez que a encontrei.Não, não foi quando sua mãe havia morrido. Foi bem antes. Aquele corpo frágil e perdido estava chorando no meio daquela mesma floresta. Enxuguei suas lágrimas e ela me olhou assustada. Se não fosse aquela noite escura e a própria escuridão que me envolvia, ela teria visto minha verdadeira forma completa. Ela pegou na minha mão gélida e sorriu. "por que sorri para um monstro?" me perguntei. Acho que para ela eu não parecia um monstro. Apenas a mostrei o caminho de casa. Ela acabou se perdendo mais algumas vezes, acho que só para me ver.

(Lady)

Na noite em que minha mãe morreu, os corvos me cercaram. Por algum motivo eu sorria e mesmo assim as lágrimas caíam. Era como um velho amigo me confortando. Dancei no meio daquela escuridão de corvos e ar gélido. Logo já estava em casa.

Quatro anos depois foi quando conheci Sebastian, mas aquele ar envolta dele me era tão familiar, ainda mais quando ele colocou sua mão sobre meu olho direito para colocar sua marca em mim.

(Narração volte pra mim)

Você brinca com uma alma mas no fim ela pode acabar brincando com você. Tome cuidado dessa vez, Michaelis. Se ela visse como você era de verdade, será que ela continuaria do seu lado? - pensava Claude olhando pela janela - Quando isso acontecer, eu irei abraçar essa alma.

– Vocês brigam como duas crianças, parecem até irmãos - disse Hannah - E você, Claude, nunca entenderá os sentimentos de uma garota. ela nunca iria confiar em alguém como você.

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