Cap 02 – O começo

Bella

Já fazem cinqüenta anos que me tornei vampira,ou seja,cinqüenta anos de casada,considerando que Edward só me mordeu depois do casamento.Para ser mais exata,em Portugal,lugar de nossa posterior lua-de-mel.

Mas isso não importa,não mais.

Edward deixou de me amar,como mulher pelo menos.Hoje ele me vê como vê Alice ou Rose.E no fundo,eu acho que sempre soube que isso ia acontecer.Quando a esmola é demais,o santo desconfia.

Apareceu á uns seis anos uma tal de Melanne,uma vampira de belas formas,olhar profundamente cativante,sorriso de anjo e muito parecida com Edward.Toca muito bem diversos instrumentos,é fluente na maior parte das línguas,se tornou vampira numa situação bem parecida com a dele,é da mesma época,mesma cidade...é possível que tenham se conhecido.

Como posso competir com isso?

A imortalidade me trouxe muitos benefícios.

Me tornei bela,graciosa,inteligente...mas nem chego perto das semelhanças entre Edward e ela.

Atualmente,moramos numa cidade no interior da Suíça.

Ela mora na Irlanda,mas está passando uma temporada conosco.Se vocês soubessem a vontade que tenho de esquartejá-la e queimá-la...se fizesse direito ninguém ficaria sabendo.E Rose não se importaria nem um pouco em me ajudar...

Mas e depois?

Quanto tempo demoraria para que aparecesse outra?

Desço as escadas calmamente e a primeira coisa que vejo é Alice e Jasper no canto da sala praticando Ioga.É visível que Jasper só está ali por não conseguir dizer não a pequena.

Emmet está “escondido” rindo da cena.Faria piadinha daquilo pela próxima década.Não pude deixar de sorrir.

Esme estava no jardim,cuidando dele.

Carlisle no hospital.

E Mellane estava na biblioteca com Edward...olhar para aqueles dois me dava náuseas.

Eu gostava de estudar com ele,mas nem de longe ele se derretia daquela maneira.Aquele sorriso que antes era só pra mim,ele dava pra ela.

Andava distante,sempre que ela não estava por perto nada parecia ter graça.

-Algum problema,Bella? – ele olhou pra mim –

-Não amor...só estava...procurando um livro.

-Quer ajuda?

-Não,pode continuar o que está fazendo. – pego um livro qualquer e saio o mais rápido possível –

Mais que droga!Se eu pudesse chorar,choraria.

Volto para sala e começo assistir Jasper e Alice.Que inveja.

No canto,Emmet e Soraya riam.

Soraya é uma vampira amiga da outra que também está hospedada aqui.Ela e Emmet são muito parecidos.

Rose está igual a mim,mas consegue disfarçar melhor.

-Bella...

Era Jasper,será que ele sentiu minha angustia?

Não pode.Se Edward descobre vai ficar culpado por algo que não está sob o controle dele.Não quero pena.

-Sim... – eu fiz o melhor que pude –

-Será que podemos falar?

-Acho que depois seria melhor...Alice...

-Tenho certeza que a Alice não se importa,não é amor?

-Claro que não,se precisam conversar.

-Por favor Bella... – sussurrou suplicante –

-Ok.

Jasper

O clima por aqui não anda bom.Desde a chegada das Irlandesas,parece que foi atração iminente.

E o que mais me incomoda Edward,passou noventa anos sozinho e encontrou Bella.Nunca vi nada assim.E agora essa Mellane parece ter roubado ele.

Ele não parece estar notado,mas ela...eu sinto a distância.Apesar dela esconder isso muito bem.

Preciso falar com ela,tenho medo dela tomar alguma atitude idiota.Fora que se eu ficasse mais cinco minutos com Alice seria motivo de piadas para sempre,literalmente.

Estamos na beira do rio.

-Então,jazz?

-Tenho percebido que está deprimida...

-Olha Jazz,é passageiro.

-Bella,dor de amor nunca é passageira.

-Ele não me ama mais,ponto e acabou.

-Não diga isso,ele só está deslumbrado.

-Eu sei,eu sinto.

-Por que você não abre o jogo com ele?

-Não,não mesmo.Jazz,ele se sente culpado por ter me “matado”,se eu disser o que sinto ele vai se afastar dela mas não ficará feliz.Eu o amo mais que minha existência,se ele estiver feliz... – deve ter doido muito dizer aquilo – Eu abro mão dele,caio no mundo e nunca mais dou as caras.

-Isso não é amor,é burrice.

-E o que é amor?Ser egoísta e feliz deixando-o infeliz?Não!Quem não devia estar aqui sou eu.Por mais que eu quisesse a eternidade com ele,não valeria sua infelicidade.Meu amor transcende limites racionais,jamais escolheria a mim se isso o fizesse infeliz.Diga que não faria o mesmo por Alice?

Ela me pegou. É muito fácil dizer o que fazer quando se está de fora.

Não tenho duvidas de que o caminho certo é o dialogo. Abrir o jogo.

Mas se fosse comigo, faria a mesma coisa.

-Eu faria.

-Então por que tenta me fazer agir contraditoriamente?

-Porque eu vi a relação de vocês começar. Vi todos os desafios que vocês superaram. O amor de vocês não pode ter virado fumaça!

-O meu não,o dele.E não digo que virou fumaça,digo que ele foi confundido e hoje é o sempre deveria ter sido. – a voz dela estava quebrada – Eu vou sofrer,mas vou superar.Não tenho raiva nem rancor.E sinceramente,desejo que ele seja feliz.Com ela ou qualquer outra.

Ela levanta, limpa a roupa e começa a voltar para dentro.

-E Jazz...

-Sim?

-Não conte pra ele, eu peço.

-Eu sorrio – Nem que quando eu estiver perto dele eu tenha que traduzir o Hino coreano para árabe. – sorri de volta –

-Obrigada.

Eu sei que deveria contar, mas não posso. Isso só lhe faria sofrer mais. Ele tiraria satisfação...acabariam discutindo. Se for para acabar, que seja como ela pretende.

No fundo acho que seria melhor para os dois.Sem recentimentos,sem magoas.

Continua...