CAPÍTULO 7

-- Então... Christopher hein?! – perguntei pra Lucy ao fechar a porta.

-- Não sei do que você está falando.

-- Qual é Lucy?! Vai me dizer que ele não é bonito?!

-- Duda! Eles vão escutar!

-- Não vão não. Esqueceu que eles não escutam através de paredes a prova de som? E essas paredes e as da sua casa são assim. Então pode começar a me contar tudo o que se passa nessa sua cabecinha...

-- Leia meus pensamentos! – falou se fingindo de brava.

-- Não. É muito mais emocionante com você me contando. Ah Lucy! Me conta, por favor... – implorei.

-- Contar o quê? Não tem nada.

-- Eu vi a troca de olhares!

-- E só. Não aconteceu mais nada.

-- Lucy! Vocês se conheceram hoje! Do jeito que você é devagar, é óbvio que não iria acontecer nada.

-- Eu não sou devagar. Só não gosto de sair beijando e me atracando com todo cara que aparecer... Além do mais, ele é um vampiro!

-- E daí?

-- E daí? Como assim e daí? Eu mato vampiros Duda!

-- Mata os vampiros retardados que não conseguem ser discretos e gostam de sair matando por aí. Pelo que eu percebi o “seu Chris” não é assim.

-- Ele não é meu Chris!

-- Pensa pelo lado positivo... Você não sente o fedor dele! O porquê eu ainda não sei, mas isso não importa. Assim a sua relação com ele pode ser muito melhor.

-- Não vou ter nada com o Christopher.

-- Lucy... Lucy... Eu posso até ver que vou ser madrinha do casamento de vocês.

-- Você é completamente louca.

-- Uma louca que você ama.

-- Amo. – falou me abraçando. – Chega desses momentos. Não gosto de contato físico.

-- Mas bem que você queria ter contato físico com o Christopher né? – ela me olhou brava e eu levantei meus braços em rendição.

-- Como vai resolver seus problemas com o Jacob?!

-- Eu não vou resolver nada. Ele que venha me pedir desculpas.

-- Você é orgulhosa hein Duda?!

-- Não é orgulho. Eu me amo demais pra me humilhar assim. Ele nem sabia o meu lado da história e já chegou me atirando pedras. Sabe o quanto eu odeio que as pessoas falem de mim sem ao menos saber das coisas não é? – ela assentiu. – Não é porque eu gosto dele que vou me esquecer de uma hora pra outra.

-- Ok. Você quem sabe. Mas agora vamos dormir porque amanhã...

-- Ou hoje...

-- É. Hoje nós temos que dar uma olhada na construção da loja. E ainda tem a parte da decoração e da pintura, que você gosta de escolher.

-- Tinha esquecido que estávamos aqui a trabalho.

-- Infelizmente sim. Vou pra minha casa ok?!

-- Ah não! Dorme aí. Tem dois quartos de hóspedes, escolhe qual você quer.

-- E minhas roupas?

-- Você pega uma minha. Eu quero te levar pra conhecer minha mãe.

-- Me convenceu. Mas eu quero você de pé às nove horas ok?!

-- Sim Senhora! Boa noite Lucy. Sonha com os anjinhos... Ou melhor, com um certo vampirinho...

-- Não vou nem responder. Boa noite Duda. – ela saiu e eu fui para o meu quarto tomar um banho e tentar dormir.

[...]

-- Então... Quais os planos pra hoje? – perguntou Lucy quando me sentei à mesa para tomar meu café.

-- Trabalho. Trabalho. E depois eu vou te levar à La Push. Você tem que conhecer a minha mãe. Ela ficou super curiosa a seu respeito.

-- Você contou o que pra ela hein?

-- Nada demais. Só que você era a minha amiga do peito e me acompanhava nas “caçadas”...

-- E o que mais...

-- Mais nada. Ela sabe que você é uma loba. Só isso.

-- Tudo bem então. Mas primeiro...

-- Trabalho. Nós podíamos tirar algumas férias. Deixamos o Jesse no comando por pelo menos uns dois meses e viajamos pras Bahamas. O que acha?

-- Ótimo. Estou precisando de um descanso. Mas vamos passar logo nessa obra antes que eu desista. – falou pegando sua bolsa e indo na direção da garagem. – Vai em qual carro?

-- Qualquer um. Escolhe aí e pode dirigir.

-- SÉRIO! – gritou me abraçando.

-- Aproveita que eu estou de bom humor.

Chegamos ao local onde a loja estava sendo construída às dez horas. Conversamos com o mestre de obras e os engenheiros, que nos informaram que em oito meses, pouco mais, pouco menos, estaria tudo pronto e depois fomos escolher as cores tema para a decoração da loja. Terminamos tudo eram quase duas da tarde. Estávamos exaustas e sem almoço.

-- Lucy, vamos pra La Push direto. Eu estou morrendo de fome e com certeza deve ter comida na casa da minha mãe.

-- Você não é nem um pouco folgada, não é?!

-- É a casa da minha mãe. Ela tem um genro lobisomem que come demais e vive lá praticamente. Tem que ter comida que dê pra gente. Não tenho a menor vontade de fazer almoço hoje. Vamos... – falei fazendo uma cara de coitada. – Por favor...

-- Ok. Você vai ficar me devendo essa.

[...]

-- Mãe! – a chamei tomando a liberdade de entrar em casa. – Mãããe!

Escutei o barulho de algo caindo e depois minha mãe apareceu toda esbaforida e corada.

-- O que é que você estava fazendo hein?! – perguntei curiosa e tendo uma vaga ideia do que ela havia aprontado.

-- Eu?! Nada filha! Imagina. – quando ela terminou de dizer isso Tio Billy apareceu na porta atrás dela.

-- Ah! Agora eu entendi. A Ceci está aqui?

-- Não. – minha mãe respondeu sem entender o porquê da pergunta.

-- Vocês estavam se pegando né?! – falei de cara.

-- Eduarda! – disse indignada. – Como você fala uma coisa dessas? Eu sou sua mãe ainda garota! Mais respeito.

-- Respeito?! Eu que peço respeito. Você se atracando com o Tio Billy em plena luz do dia e às escondidas?! Tsc tsc... Coisa feia mamãe. – falei balançando a cabeça em negativa. – E você Tio Billy?! – olhei pra ele.

-- Eu não fiz nada. – falou levantando as mãos.

-- Mas estava fazendo. Minha mãe é uma senhora de respeito. Se quiser pegar ela, tem que namorar.

-- Tudo bem. – ele virou-se para minha mãe, e perguntou na maior cara de pau - Susan quer namorar comigo?

Minha mãe a esse ponto estava quase tendo um treco.

-- Responde mãe! Vai deixar o homem sem um sim ou um não... – olhei sugestivamente para Tio Billy.

-- AH! Eu aceito! – ela falou pulando no colo dele sem a menor vergonha, nem tinha visto a Lucy atrás de mim.

-- Mãe! – falei pigarreando e atrapalhando o beijo dos dois. – A Lucy está aqui.

-- OH Meu Deus! Como você me faz uma coisa dessas?! Agora a menina vai achar que eu sou louca.

-- Não se preocupe Sra. Sullivan, eu convivo com a sua filha há tempo demais. Já me acostumei com malucos.

-- Você tá me chamando de louca Lucy?! – ela deu de ombros.

A tarde se passou entre conversas e risadas. Minha mãe adorou Lucy, a ponto de esquecer-se da própria filha. Como a conversa delas estava muito boa e ninguém me notava, saí de fininho e fui até o carro pegar meu violão.

Fui caminhando até a praia ali perto, me sentei na areia e observei a paisagem. Fazia bastante tempo que eu não vinha aqui. Não havia mudado tanta coisa, mas era estranho... Aquela sensação de que tudo está igual e só você está mudando.

Por incrível que pareça estava quente, e o pôr do sol dava ao local uma aparência maravilhosa. Eu estava em casa, mas não sentia isso. Há muitos anos eu não me sentia em casa, no meu lar... Eu não tinha isso, e ao que parecia, nunca iria ter.

(Nobody’s Home – Avril Lavigne - http://www.youtube.com/watch?gl=BR&v=66MFvu4-VaA)

I couldn't tell you
Why she felt that way she felt it everyday
And I couldn't help her
I just watched her make the same mistakes again
What's wrong, what's wrong now?
Too many, too many problems
Don't know where she belongs, where she belongs

She wants to go home, but nobody's home
that's where she lies, broken inside
With no place to go, no place to go
To dry her eyes broken inside

Alguém se aproximou e sentou-se ao meu lado. Nem precisei olhar pra saber quem era. O cheiro amadeirado era inconfundível.

Open your eyes
And look outside find the reasons why
You've been rejected
And now you can't find, what you left behind
Be strong, be strong now
Too many, too many problems
Don't know where she belongs, where she belongs

She wants to go home, but nobody's home
that's where she lies, broken inside
With no place to go, no place to go
To dry her eyes broken inside

Her feelings she hides
Her dreams she can't find
She's losing her mind
She's fallen behind
She can't find her place
She's losing her faith
She's fallen from grace
She's all over the place

She wants to go home, but nobody's home
that's where she lies, broken inside
With no place to go, no place to go
To dry her eyes broken inside
She's lost inside, lost inside... oh oh
She's lost inside, lost inside... oh oh yeah.

Terminei de tocar e olhei para o mar.

-- Eu não sei como dizer isso.

-- Pode começar com um: “Desculpa Duda. Eu fui um idiota.”

-- Você podia ser pelo menos um pouco compreensiva, não acha?

-- Igual você foi comigo? Faça-me o favor Jacob! – falei me levantando.

-- Aonde você vai?

-- Pra casa.

-- Sua casa é aqui.

-- Não. La Push deixou de ser minha casa há muito tempo.

Me virei e voltei correndo para a casa da minha mãe.

-- Deixa eu adivinhar... – Lucy disse quando cheguei. – Você encontrou o Jacob e não deixou o cara se explicar.

-- Mas ele chegou pra mim e ao invés de pedir desculpas logo de cara, disse: “Eu não sei como dizer isso...” Qual é?! O homem tem quase trinta anos e não sabe conversar?

-- Duda! Você que é muito nervosa. Agora eu quero ver quando é que vocês vão se acertar.

-- Nunca. – sentei no sofá, praticamente derrotada.

-- Porque você quer.

-- Porque eu quero não! A culpa é dele.

-- Vocês estão parecendo namorados.

-- Mas nós não somos. Infelizmente. – disse a última parte em sussurros.

-- Por favor, Duda, sem tristeza e melancolia. Vai dar tudo certo. Nós já vamos? – perguntou mudando completamente de assunto.

-- Vamos. Amanhã eu tenho que revisar alguns contratos com os investidores.

-- Então tá. Vou me despedir da sua mãe, e você também vai. Levanta desse sofá e aja garota!

Ri e fui me despedir da família.

A semana passou sem nenhum acontecimento especial. Nossa rotina era trabalho, casa, La Push, e receber visitas da Alice e do Christopher. Este último se tornou um grande amigo meu, que com os dias tinha um tombo cada vez maior pela Lucy. Ela também estava na mesma situação, mas não admitia.

Os dois até que formavam um belo casal. Eu tinha que juntá-los só não sabia como. Mas quando Alice chegou em casa falando que precisava da minha ajuda pra fazer uma festa de boas vindas para Emmett e Rosalie, que voltariam de viagem em algumas semanas, uma luz se acendeu na minha cabeça e eu tive uma ideia genial. A festa seria perfeita para fazê-los, pelo menos, se aproximarem mais.

Estava decidido, eu juntaria aqueles dois nem que fosse a última coisa que eu fizesse. O melhor é que pra nenhum deles o cheiro era problema, já que a Lucy não sentia o cheiro extremamente doce e enjoativo do Chris e nem ele sentia o dela. Isso que era o destino!

[...]

O tempo voou e faltava apenas mais um dia para a festa. Eu evitava ao máximo ficar perto da Renesmee, que também estava ajudando a organizar tudo, não sei por que, mas eu não fui com a cara dela. Falsa... Pra se ter noção nós nem fomos apresentadas.

Deitei em minha cama e tentei dormir. Impossível. Eu estava totalmente carente. Fazia quase um mês que eu não conversava com o Jacob. Eu só o via com a Renesmee quando ele ia buscá-la. Aparentemente ela queria esfregar na minha cara que estava com o Jake. Fazer o que né?! Mas isso era o de menos. O que realmente me preocupava era o que iria acontecer nessa festa.