Obstáculos De Um Amor escrita por LA_Black


Capítulo 41
Capítulo 38


Notas iniciais do capítulo

Penúltimo capítulo amores! :´(
Muito triste com isso... Espero que vocês continuem me acompanhando em outras fics porque, se não, vou sentir muitas saudades.
Capítulo dedicado à Larissa Cullen Black, que fez a 4ª recomendação *o* Amei!
Sigam o exemplo dela, okay?
Algumas leitoras tiveram alguma dificuldade em entender o capítulo anterior, então vou deixar bem resumido aqui o que aconteceu:

— Sue Clearwater é sobrinha da Vó Aine, o que faz com que a Leah seja sobrinha da Aine e prima de segundo grau da Duda.
— A mãe da Lucy é irmã da Susan, ou seja, Lucy é prima dela.
— Tristan Black e Jacob Black são irmãos e os primeiros Black da linhagem, Jacob ficou nas terras quileutes e Tristan viajou pelo mundo, parando na Irlanda, e conhecendo a ancestral da Eduarda, Astrid Sullivan.
— Só as mulheres podem se transformar porque a sociedade celta, embora não fosse matriarcal, era matrilinear e, sendo, os filhos nomeados com o nome da mãe e, muitas vezes, as mulheres podiam lutar em guerras em pé de igualdade com os homens. As mulheres celtas podiam ser guerreiras, o que continua no sangue das mulheres da família Sullivan, principalmente no das primogênitas. É isso que "ativa" o gene lupino nelas.
— Sim, existe a cura para o vampirismo, porém, vocês entenderão, neste capítulo, o que aconteceu com ela.

Espero que gostem do capítulo e tenham algumas dúvidas sanadas :)



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CAPÍTULO 38


Os rosnados e o barulho de corpos se chocando era ensurdecedor. A clareira havia se tornado um completo caos. Dizem que até ele tem uma ordem, e a ordem, naquele momento, era dor e desespero.

Os vampiros que ali estavam, não faziam ideia do motivo da batalha. Com os pensamentos confusos só atacavam e se enfureciam mais ao se depararem com a derrota.

A matilha combatia os oponentes com afinco, mas eu conseguia ver alguns feridos. Carlisle cumprira sua palavra e estava ajudando. Infelizmente, não era o suficiente.

Os frios desmembrados eram jogados na imensa fogueira de chamas arroxeadas. A fumaça exalava um odor forte e enjoativo que parecia afastar todos à sua volta.

Ninguém havia me notado.

Então eu vi o Jacob. Inteiro. Lutando bravamente com um olhar feroz e determinado. Imponente. Continha um brilho que ninguém ali possuía. Ele atacava um vampiro e distraído não viu que um deles estava bem às suas costas, pronto para infligir o mesmo dano que outro de sua espécie causou anos atrás.

Não pensei. Segurei a espada em minha mão com firmeza e de repente eu sabia o que fazer. Corri ao seu encontro e no momento em que o vampiro saltava em suas costas eu tomei impulso e pulei. Fiquei exatamente entre Jake e ele. Ergui a espada e a lâmina passou em seu pescoço separando a cabeça do resto do corpo. Caí de pé, ainda sem acreditar no que acabara de fazer.

Por um momento a batalha cessou e eu senti todas as atenções voltadas para mim.

Jake parecia chateado por eu não ter seguido suas recomendações, porém nada que ele dissesse mudaria minha decisão. Mirei em seus olhos pedindo desculpas e virei-me, atacando um vampiro desatento, reiniciando o combate.

Uma mulher morena de olhos sangrentos, não deveria ter mais de vinte anos, sem uma ínfima gota de lucidez lançou-se sobre mim. O impacto foi tão grande, que minha cabeça bateu com força nas pedras e minha mão, subitamente, soltou a espada. Levou alguns instantes para que eu percebesse as intenções dela e quando o fiz, fechei os olhos me preparando para um golpe que não veio. Jake, já na forma humana, havia lançado a vampira direto na fogueira. Eu conseguia escutar seus gritos de dor, enquanto as chamas consumiam o que um dia fora carne.


–- Falei pra você ficar em casa Duda. – reclamou me ajudando a levantar.

–- Não vou me deitar, enquanto todos vocês se arriscam por um problema que eu trouxe. – me apoiei nele quando a tontura me atingiu em cheio.

–- É para a sua segurança.

–- Não me interessa Jake. – agachei-me para pega a espada. – Eu posso ajudar, e é isso que eu farei.


Dei-lhe as costas com medo de fraquejar quando visse o medo em seus olhos.

Um vampiro de cabelos compridos, parecendo experiente, apesar da aparência de jovem tentou puxar a espada da minha mão. Desviei-me e girei com rapidez pondo-me às suas costas. Deitei a lâmina em sua direção, mas ele saltou para trás nos últimos segundos. Buscando me atacar novamente, correu em minha direção, golpeando todas as partes descobertas do meu corpo. Ele conseguiu atingir minha perna esquerda, que com o impacto me levou ao chão. Pensando ter a vantagem pulou pra cima de mim prevendo seu movimento fiquei de pé e o ataquei. A cabeça caiu aos meus pés e o corpo também.

Após alguns minutos eu me dei conta de que por mais que lutássemos, os vampiros sempre reapareciam. Era impossível, mas pareciam existir milhares deles. Mais determinados e mais inteligentes que os primeiros. Eles sabiam perfeitamente onde atacar, o que não era normal para recém-nascidos.

Foi aí que reparei, todos os que eu havia matado ainda estavam lá, com roupas diferentes e pequenas expressões bem distintas que, se não observadas com cuidado, passariam despercebidas, fazendo com que os achássemos diferentes dos vampiros anteriores.

Fechei os olhos e respirei fundo enquanto andava para o meio da clareira ninguém me atingiu, era como se eu fosse o ar, cortando por entre os obstáculos. Quando enfim cheguei, apertei as pálpebras sem saber ao certo o que fazer, mas eu não precisava saber, só confiar.

Assim que me permiti acreditar, eu enxerguei muito mais que uma guerra. Todos se focavam em uma luta inútil. Eles estavam cansados, exaustos, combatendo inimigos que não existiam. Tudo era uma ilusão. Distraiam-nos para depois atacarem sem pudor.

Por trás das árvores havia uma garota loira, usando roupas sujas e desgastadas, sentada sobre as pernas e bastante concentrada. Recitava algumas palavras e fazia gestos com as mãos iguais aos golpes dados pelos frios que lutavam. Era ela quem os controlava.

A garota estava absorta demais para notar minha aproximação. Quando o fez, abriu os olhos assustadoramente negros e olhou desesperada para os lados, procurando por uma ajuda que não veio. O erro dela foi ter confiado em quem não devia.

Não poderia salvá-la. Se errou assim uma vez, com certeza erraria em outras. Havia muitas vidas em jogo para eu me arriscar. Apertei o punho da espada e desferi um golpe limpo e preciso. Estava feito. Mas Steffano não estava ali.

Foram poucos minutos até que tudo se acalmasse e eu explicasse o que acontecera.

O céu se abria com vários tons de rosa e alaranjado e os únicos sinais da batalha na clareira eram as árvores derrubadas e os pequenos tufos de grama arrancados da terra. Eu e Jake ficamos para trás e, provavelmente, àquela hora todos já deviam estar em casa, salvo alguns garotos da matilha que ficaram na ronda.


–- Jake! – nos viramos para encontrar uma Renesmee desarrumada e igualmente desesperada. – Ele está chegando! – puxou as mãos dele sem nem perceber que eu estava ao lado. – Precisa vir comigo.

–- O quê? Por quê? – ele perguntou.

–- Steffano. – Renesmee respondeu alarmada. – Ele me enganou.

–- É claro que te enganou achou mesmo que ele ajudaria alguém além de si mesmo? – falei sarcástica fazendo-a me olhar com ódio.

–- É tudo culpa sua! – me apontou o dedo. – Se não fosse por você eu ficaria com o Jacob e Steffano não iria mata-lo. – meu coração falhou.

–- O quê?

–- Steffano disse que se eu matasse a sua avó, ele terminaria com o romance de vocês e depois o Jake seria meu. Mas era mentira. – começou a chorar e se ajoelhou. – Essa noite ele me falou que não pode ter você enquanto o Jake viver. Então teria que mata-lo e depois me mataria também. Essa era a forma de eu ficar junto dele.

–- Não.


Olhei para o Jake tentando encontrar em seu rosto algum indício de que aquilo era mentira, mas nem eu mesma tinha esperanças disso.

Minha vontade de chorar era imensa, entretanto eu teria que engolir as lágrimas e pensar rápido se quisesse encontrar uma saída.


–- Você tem que ir embora.

–- Eu não vou fugir.

–- Não quero que fuja. Quero que se salve.

–- Não vou te abandonar, Duda. Eu fiz uma promessa de estar sempre ao seu lado. Não vou quebra-la por causa de um vampiro.

–- Mas ele vai te matar. – abracei-o.

–- Vamos vencê-lo. Confie em mim.

–- Eu confio Jake... Com a minha vida, mas eu sinto que algo vai dar errado. – ele levantou meu rosto, depositando um beijo casto eu meus lábios.

–- Ah... O último beijo de um casal apaixonado. – Steffano entrou na clareira e caminhou até nós com tranquilidade. – Não se envergonhe meu rapaz. Imagino quão doces devem ser os lábios de minha Astrid. – pôs os olhos sobre mim e eu me agarrei ainda mais ao Jake, que começava a tremer.

–- O nome dela é Eduarda. – Jacob rosnou.

–- Nesta vida é Eduarda. – falou entediado. – Renesmee, minha querida, acredito que tentou alertá-los estou certo?

–- Não vai mata-lo.

–- É aí que você se engana. Vou cumprir o nosso acordo, os dois ficarão juntos, na morte, e eu ficarei com minha Astrid. – tentou passar a mão em meu rosto e Jake me puxou pra longe dele.

–- Não a toque. – Jake o empurrou e em seguida se transformou.


Ele não teve tempo de fazer nenhum movimento. Steffano o atacou distribuindo inúmeros golpes por seu corpo e, como estivesse cansado de brincar, deu um meio sorriso, antes de lhe acertar um chute tão forte que eu mal pude enxergar quando Jake foi de encontro a uma árvore, quebrando-a no processo.

Steffano pôs-se a minha frente impedindo-me de chegar até Jacob e Renesmee não perdeu tempo em correr para abraça-lo enquanto eu não podia fazer isso.


–- Não sabe quanto tempo esperei para tê-la só para mim. – recuei.

–- Você é insano. – ele sorriu.


Um sorriso conhecido. A sensação de já ter presenciado aquilo. De repente eu vi Steffano com a mesma expressão, mas vestindo roupas diferentes. Como se fossem de outro tempo.


–- Lembre-se de mim Astrid. – ele ordenou completamente transtornado, me assustando mais do deveria.


Tentei encontrar uma brecha e sair de seu campo de visão, mas ele sempre estava um passo a frente. Seu olhar se tornava mais doentio à medida em que se via frustrado, ao tentar me fazer lembrar de algo que não vivi.


–- Não pode ser! – ele gritou agarrando-me pelos cabelos. – Você... Tem que ser você.


Meu corpo não respondia aos meus comandos, por mais que eu quisesse sair dali algo me mantinha presa.


–- Eu não sou Astrid! – gritei em vão.


E, quando menos esperava, ele me prensou sobre uma árvore e segurando-me com selvageria pelo pescoço forçou os lábios gélidos nos meus. Minhas mãos tentavam empurrá-lo e eu procurava uma forma de me libertar. Tudo em vão. No começo somente minha boca se tornava fria, porém, quanto mais tempo eu ficava ligada a ele, mais essa sensação se alastrava pelo meu corpo, concentrando-se em meu coração.


–- Cuimhnigh orm Astrid ... Rinneadh gach rud faoi tú dom. Meallann Do boladh dom agus bhí sé as dó go Fuair ​​mé thú. Bhí a cara a bhí an boladh céanna ... (Lembre-se de mim Astrid... Tudo em você foi feito pra mim. Seu cheiro me atrai e foi por ele que eu te achei. A sua amiga tinha o mesmo odor...) – riu silenciosamente. – Sin boladh ... A bhí ag na déithe ar tú, agus na daoine a throid in aice leat go háirithe a mhealladh vampires ina ngréasán. (Esse cheiro... Jogado pelos deuses em você e nas pessoas que lutam ao seu lado especialmente para atrair vampiros em sua teia.) – passou o nariz pela extensão do meu pescoço. – Rinneadh é dom. (Ele foi feito pra mim.) – sussurrou voltando a cabeça para o meu colo.


As lágrimas corriam livres por meu rosto. Eu estava assustada. Não sabia o que aconteceria, já que eu não tinha mais visões há um tempo. Então as últimas palavras da minha avó ecoaram em minha mente: Sempre recorra à deusa Morrigan na hora da batalha. Sem saber ao certo o que pensar ou fazer eu só levantei a cabeça e supliquei à Morrigan não me importando se ela existia ou era apenas fruto da imaginação fértil de Vovó Aine.

Os céus escureceram. A lua apareceu novamente, brilhando como se aquela luz pertencesse somente a ela. O corvo surgiu sobrevoando nossas cabeças, e quanto mais ele se aproximava do chão, mais forma seu corpo tomava. As asas dando lugar aos braços. As penas formando um tecido longo e negro. E assim que ele pousou, suas feições eram de um humano. Uma mulher. Os cabelos eram tão escuros quanto às roupas e tão compridos que davam a impressão de que tocavam a terra.


–- Cén fáth a glaoch orm iníon? (Por que me chamaste filha?) – ela falou.

–- Bhí mé eagla nach bhfuil ag fáil ina n-aonar . (Tive medo de não conseguir sozinha.)


Não parecia que era eu pronunciando aquelas palavras. Steffano havia desaparecido. E ela chegava cada vez mais perto de mim causando um sentimento tão forte que eu sentia meus joelhos prestes a se dobrarem por tamanho respeito.


–- Tá an cath do leanbh. Ní féidir troid an cogadh ar do shon. (Esta batalha é sua criança. Não posso lutar a guerra por ti.)

–- Mar sin, mar a thug tú dom le chéile comhraic a théann i bhfeidhm i bhfad orm mar sin? (Então porque me deste um oponente que me afeta tanto?)

–- Gan go dtéann sí i gcion ort. An bhfuil a ligean ar cíos tú féin tionchar a bheith aige. Is é do bhac. An bhfuil sé go mbeidh tú ag maireachtáil le do aghaidh Anam Cara. (Não é ele que te afeta. És tu que deixa-se afetar por ele. Ele é o teu obstáculo. É ele que terás que enfrentar para viver com teu Anam Cara.)

–- Agus más rud é nach féidir liom? (E se eu não conseguir?) – perguntei temendo a resposta.

–- Mura féidir leat bás arís chomh maith le do pháirtí agus an fuar i saol eile aghaidh. (Se não conseguires morrerás novamente junto com teu companheiro e enfrentarão o frio em outra vida.)

–- Cheana féin an duine? (Já o enfrentamos?) – não entendia o que sempre esteve em minha frente.

–- Smaoinigh leanbh. A aisling. Astrid. Tristan. Steffano. (Pense, criança. Seu sonho. Astrid. Tristan. Steffano.)

–- Tá sé dodhéanta. Ní féidir liom a bheith aici. (É impossível. Não posso ser ela.)


Ela deu me presenteou com um sorriso sombrio.


–- Mura bhfuil tú ag iarraidh a fheiceáil nach féidir liom bhfeidhm é. Ach is féidir liom cabhrú leat teacht ar an fhréamh a bronntanais. (Se não queres ver não poderei força-la. Mas posso ajudá-la a encontrar a raiz de seus dons.)


A mulher então abriu os braços e flutuando transmutou-se no corvo. Enquanto grasnava ele voava em círculos o vento foi ficando mais forte, fazendo as árvores balançarem e formando um grande redemoinho negro. A poeira que a ventania levantou impedia que eu enxergasse muito, mas vi perfeitamente quando o animal lançou-me um olhar feroz entreabriu os bicos e se arremessou contra mim. O susto foi inevitável e eu, tomando uma grande lufada, fechei os olhos em rebate.

Tornei-os a abrir no momento em que um aperto na garganta ficou insuportável. Steffano me observava atentamente como que esperando por um retorno. Minha cólera por ele só aumentava e assim que notei meus membros livres da sensação de morte causada pelo vampiro preparei-me para a resposta que ele tanto ansiava.

Com um safanão tirei suas mãos de meu pescoço e num movimento hábil o joguei para longe. Infelizmente isso não foi o suficiente e quando ele se deu conta do que havia acontecido – o que durou menos de dois segundos – jogou-se contra mim em uma tentativa frustrada de me prender em suas garras.

Eu estava mais forte. Mais ágil. Mais determinada. Ao passo que eu melhorava ele parecia mais enraivecido por não conseguir me deter.

Num momento de distração perdi-o de vista. Não conseguia enxerga-lo, nem ouvi-lo e muito menos sentir seu cheiro. Meus sentidos pareciam alterados. Mal conseguia ver. Antes que pudesse me desesperar uma sensação conhecida me tomou e eu agarrei o pulso de Steffano antes que ele me acertasse. Eu estava literalmente de volta ao jogo.

Enquanto lutava procurei com os olhos por Jacob. Renesmee ainda não havia saído de seu lado e tentava ajuda-lo de todas as formas. Abri um sorriso quando o vi levantar-se e recusar a oferta. Ele estava bem.

Steffano, vendo minha alegria momentânea, rosnou como um animal e buscou com afinco uma brecha para poder atingir Jake de alguma forma. Seus pensamentos eram desconexos e quando vi um lampejo da espada passando por eles, me alarmei. Mas antes que eu pudesse impedir, meu adversário andou até o local onde a vampira loira fora morta e tomou Lan Naofa nas mãos, apontando-a para mim.


–- Agora está assustada. – ele sorriu ironicamente. – Mas não se preocupe. Vou acabar rápido.

–- Por quê?

–- Porque você é minha! Porque seu povo infringiu uma lei. Eles tentaram ser mais fortes que nós. Criaram um antídoto. Algo que em milhares de anos nunca alguém havia conseguido.

–- Então é verdade?

–- A Cura? Você não é muito crente, não? – deu um pequeno passo em minha direção rodando a espada nas mãos. – Quando era Astrid, você tinha muita fé. Acreditava que me venceria, mas não. Acabou matando seu Tristan em vez de mim. – meu coração doeu ao ouvi-lo dizer isso. – Dói?! Saber que você matou seu único amor? Saber que destruiu a chance de viver eternamente com ele?

–- Como...

–- Você não ficará com Jacob. Nem como Astrid. Nem como Eduarda. E não importa quantas vidas vocês vivam, eu sempre estarei aqui para ter certeza de que isso acontecerá.


Eu não me recordo muito bem do que aconteceu em seguida. Só sei que eu consegui ver os planos de Steffano: lançar a espada e acertar Jacob. Então eu corri. Eu via a espada chegar cada vez mais rápido e perto dele. Daria tempo de pegá-la antes que atingisse Jake. Porém eu errei nos cálculos, e, no momento em que parei, senti a lâmina atravessar meu peito.

Meu coração retumbava através dos meus ouvidos. Minha respiração estava pesada e assim que olhei para frente Steffano me olhava com espantado.

De repente o cenário mudou. As árvores formavam uma floresta mais densa e havia um caminho por elas. O lugar onde eu estava parecia um altar destinado a execuções. Inúmeras pessoas estavam ali, algumas com expressões tristes, outras mal podiam conter a expectativa, entretanto nenhuma parecia, de fato, me enxergar. Havia uma pedra retangular bem no centro e um rapaz estava ajoelhado, com a cabeça sobre ela e com as mãos amarradas às costas. Um homem segurava uma espada e se preparava para o golpe quando uma mulher surgiu do meio da multidão que os cercava.


–- NO! Ní le do thoil. (NÃO! Por favor não.) – ela jogou-se sobre o corpo do rapaz e chorou.

–- Faigh amach as ann! (Tirem-na daí!) – a multidão gritava. – Fhealltóir! (Traidora!)

–- Daidí! Ní Cuir in iúl iad a mharú dó. (Papai! Por favor não deixem que o matem.) – a moça implorou para um senhor que caminhava em sua direção.

–- Tá brón orm. (Lamento.) – ele a levantou com força fazendo com que os cabelos caíssem em seu rosto claro.


O rapaz nada dizia. Mas ao que parecia ele também chorava.

O pai da moça assentiu para que o homem continuasse a execução. Mas a garota em desespero gritou:


–-No! Is féidir liom. (Não. Eu faço.)


Ninguém entendeu, mas não a impediram de andar até o centro e tirar a espada da bainha.


–- Tá brón orm, Tristan. (Sinto muito, Tristan.) – soltou um soluço sofrido.


Aproximei-me sentindo um solavanco no peito ao distinguir o rostos dos dois jovens.


–- Ba chóir dom a bheith déanta cúram níos fearr de tú. (Devia ter cuidado melhor de você.)

–- Go raibh mo dhualgas, betray, áfach, a muinín agus fuair baint acu le fuar. (Esse era o meu dever, no entanto traí sua confiança e me envolvi com frios.)

–- Ní raibh an Tristan do locht. Iachall siad. Cad a úsáidtear chun a fháil amach faoi na Cure. Ba mhaith leat a bás ina lámha féin. Nach raibh ach ag iarraidh a bás ag mo lámha. (A culpa não foi tua Tristan. Eles o forçaram. O usaram pra descobrir sobre a Cura. Tu morrerias nas mãos deles de qualquer forma. Só não queria que morresse por minhas mãos.)

–- Ba mhaith liom bás in áit ag na lámha na ndaoine a bhfuil grá, ná ag executioner. (Prefiro morrer pelas mãos de quem amo, do que pelas de um carrasco.)


Coloquei as mãos na boca, sufocando um grito.


–- Féach tú i eternity Astrid. (Vejo-te na eternidade Astrid.) – Tristan fechou os olhos e aguardou o golpe que poria fim à sua vida.

–- Is breá liom tú. (Eu te amo.)


A espada passou pelo pescoço de Tristan com facilidade e logo já não era mais ele ali.


A paisagem se modificou. Agora Astrid estava à beira de um rio. Um corpo, que deduzi ser o de Tristan, estava enrolado em panos de linho branco sobre uma jangada. Nas mãos, ela carregava um baú. O mesmo que eu e Jacob havíamos encontrado anos atrás. Abriu-o e em seguida retirou seu colar, colocando-o lá dentro. Depois pegou outro colar, este se encontrava vermelho, sangue. Era o colar de Tristan. Após limpo, ele teve o mesmo fim do outro. Astrid fechou o baú com um cadeado e lançou-o às águas.

Assim que o objeto desapareceu de suas vistas, ela tirou as botas e entrou no rio empurrando o corpo com uma das mãos e com a outra, segurava uma tocha. Quando achou que estava a uma boa distância da margem ateou fogo nele.

Enquanto assistia o corpo de seu amado ser devorado pelas chamas, notou uma fumaça espessa vindo da aldeia. Correndo, ela chegou até lá e se deparou com uma cena catastrófica. As pessoas estavam sendo queimadas vivas dentro de suas próprias casas. As que conseguiam sair eram abatidas por vampiros. Abate era a palavra. Elas eram tratadas como animais.

Astrid tentou lutar, mas eram muitos. A única saída era recuar. Procurar por sobreviventes. Foi o que fez. Mas não havia muitos a quem salvar. Somente sua família ficara viva e se demorasse muito a fazer algo, nem eles se salvariam.

Porém existia um caminho usado por seus ancestrais para chegarem até aquelas terras. Serviria para ajuda-los a fugir. Era pelo rio. As águas encobririam seus rastros.

Deste modo foi feito.

Escondendo a Cura numa parte do rio, coberta completamente pelas águas, ela foi salva e seus segredos também.

Todos passaram, menos Astrid. Os vampiros a encontraram. Mas ela não temeu. Se morresse seria com honra. Esse era até um caminho melhor do que a vida sem Tristan.


–- Ní féidir liom a chreidiúint cheap tú faoi reáchtáil ar shiúl. (Não acredito que pensavas em fugir.) – uma voz conhecida se aproximou de onde Astrid estava.

–- Níl mé Coward. (Não sou covarde.) – ela trincou os dentes.

–- Uimh nach bhfuil. (Não, não o é.) – Steffano andou a cercando. – Cén chaoi a raibh a mharú Tristan? (Como foi matar Tristan?) – uma lágrima se derramou deixando a marca pelo rosto dela. – Mar a bhí go bhfuil a chuid fola ar a lámha? (Como foi ter o sangue dele em suas mãos?)

–- Lig dom. (Deixe-me.)

–- Ná bheith brónach. Ní raibh sé ar a chinniúint. Tá mé. Agus tá mé sásta a logh a botún agus a chlann liom glacadh leis. (Não fique triste. Ele não era seu destino. Eu sou. E estou disposto a perdoar o seu erro e o de sua família se me aceitar.)

–- Ná. (Nunca.) – Steffano fez uma careta de desgosto. – Cén fáth gá duit mo thoiliú? (Por que precisa de meu consentimento?)

–- Toisc go bhfuil tú ag glacadh dom. Tá tú a rá gur fearr liom. Díreach mar sin mé a roinnt a chuid bronntanais. Ach ansin beidh mé ag teacht isteach i do chroí agus beidh tú go deo mianach. (Porque você tem que me aceitar. Você tem que dizer que prefere a mim. Só assim eu também compartilharei de seus dons. Só assim eu entrarei em seu coração e você será eternamente minha.)

–- Ní féidir liom grá. Beidh Ná. (Não o amo. Nunca o amarei.)

–- Más amhlaidh... (Se é assim...)


Ele tirou um punhal do cinto e, sem dar chance de Astrid se defender, fincou-o em seu coração. Entretanto, o sangue não escorreu, do local onde a lâmina fora cravada, subiram, até seus olhos, várias linhas escuras, e lá, elas se concentraram na íris que tornou-se tão negra quanto um poço de piche. Steffano então tirou o punhal e perguntou:


–- Astrid Ghlac mé mar a maité Soul amháin? Ach fear in ann a ghlacadh do chroí? (Aceita-me Astrid como seu único companheiro de alma? Único homem capaz de tomar seu coração?) – ele mal continha a excitação.

–- Tá. (Sim.) – seus olhos estavam vagos.


O vampiro a abraçou e beijou-lhe os lábios, mas algo deu errado. Assim que ele a soltou seus olhos voltaram ao normal e o sangue, que antes não havia caído, pingava sobre a grama verde.


–- Ní fheicfidh tú a fháil. (Nunca me terás.) – Astrid respondeu entregando-se nas mãos da morte.


Voltei à clareira sem notar a seriedade da situação. Jake surgiu a meu lado igualmente confuso. Nós dois tivemos a mesma visão. Sentimos as mesmas sensações. Sofremos as mesmas perdas. Fiquei alguns segundos aérea, até me dar conta da verdade: Eu era Astrid. Jacob era Tristan. Por isso as visões, os poderes, a nossa ligação. Não havíamos nos conhecido nessa vida e sim em outra. Por isso a espada apareceu para mim.

Espada... Ela ainda trespassava o meu peito, mas ao contrário do que imaginava, eu não senti dor, e talvez por isso eu tenha encontrado coragem para tirá-la de dentro do meu corpo. Quando o fiz, olhei para a lâmina e ela pingava sangue, o meu sangue.


–- Você se lembra? – Steffano olhou-me apreensivamente.

–- De cada palavra. De cada momento de desespero que me fez passar.

–- Então sabe que tudo o que fiz foi para ficar com você, minha princesa.

–- Não sei. – olhei para Jacob mandando-o se preparar.

–- Como não sabe?! Você se lembrou! – ficamos a menos de um metro de distância.

–- Você fez por poder.

–- Não, eu...


O impedi de responder lançando a espada sobre ele. A lâmina cortou um pedaço de seu braço. Steffano urrou de dor. Não imaginei que ele revidaria com tanto afinco, mas quando senti o impacto no ombro, tive certeza de que o frio não aceitaria a morte tão facilmente.

Jacob parecia ter encontrado o equilíbrio entre sua forma humana e seu espírito lobo. Ele estava mais feroz, determinado e atento a Steffano. Já o último tinha ignorado qualquer sinal de racionalidade e nos atacava sem remorso. Todas as vezes em que disse que me amava foram esquecidas. Ele nem me enxergava direito. E eu não fiquei triste por isso. Pelo contrário, assim eu não teria pena de mata-lo.

Assim que a espada foi novamente ao encontro de Steffano seu braço foi decepado. Com raiva ele não percebeu que Jacob estava bem atrás e não teve tempo de ver nossas intenções. Antes que pudesse revidar meu golpe, Jake o jogou ao chão e, sem esperar, abocanhou sua cabeça. Quando ela se rompeu do resto da carcaça, o barulho de vidro se quebrando ecoou pelo lugar enviando ondas de arrepio pelo meu corpo.

Finalmente estava acabado. Olhei para o sol que já havia nascido. Um sinal claro de nova vida para todos.

Jake andava em minha direção, já na forma uma humana, quando uma forte dor me levou ao chão. Olhei para o meu abdômen e dele saía uma quantidade absurda de sangue.


–- Duda! – ele chegou se abaixando rapidamente e segurando minha cabeça em seu colo.


Eu tentei falar, mas o gosto de sangue preencheu minha boca e logo senti o mesmo, escorrendo por minha boca. A dor era cada vez mais forte. Queimava. Apertei a mão dele num pedido mudo de ajuda. Talvez, ele não pudesse me ajudar. Talvez, aquele fosse o meu destino. Talvez, eu nunca pudesse estar com Jake de fato. Talvez, eu o amasse demais para aceitar essa sina. Talvez, eu esperasse por um milagre.




Baú: http://imageshack.us/photo/my-images/28/90552145.jpg/

Pingente do Colar: http://imageshack.us/photo/my-images/7/smlbvof2211510436651.jpg/


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Notas finais do capítulo

Resumindo: a única pessoa que sabia onde a Cura estava morreu, com isso ela foi perdida.

Gostaram? Choraram? Eu sempre choro quando leio a cena da Astrid com o Tristan, muito triste o destino deles.
Quero reviews e recomendações.
Espero que tenha superado as expectativas de vocês.

Dica para o próximo, e último, capítulo: Releiam o prólogo, com música e tudo.

Meus amorecos, ODUA está participando do 1º Concurso de Sinopses da página Ficwriter Facts no Facebook, curtam a imagem da fic, por enquanto é só copiar o link abaixo e curtir :D

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=261943830614024&set=a.261936447281429.1073741826.202458146562593&type=3&src=https%3A%2F%2Ffbcdn-sphotos-g-a.akamaihd.net%2Fhphotos-ak-ash3%2F943604_261943830614024_1053591457_n.jpg&size=700%2C600

É isso!

Beijos e nos vemos nos comentários.



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