Obstáculos De Um Amor escrita por LA_Black


Capítulo 38
Capítulo 35


Notas iniciais do capítulo

Capítulo novooooooo!
Quem tá feliz por sábado ter chegado??? Eu estou!
Ansiosíssima para ver a reação de vocês com este capítulo.
Boa leitura.



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CAPÍTULO 35

Depois de ouvirmos o aviso do bando só tivemos tempo de trocar de roupa e voltar para La Push. Deixamos o carro no chalé e fomos correndo, seria mais rápido.

No caminho uma sensação horrível tomava conta de mim. Eu não sabia o que tinha acontecido ou com quem, afinal minhas visões haviam sumido completamente, mas eu tinha certeza de que era algo ruim.

Assim que saímos da mata nos deparamos com um grupo enorme de pessoas, todas aglomeradas ao redor de algo. O cheiro de sangue era muito forte e além dos pensamentos assustados da maioria, ainda havia o choro desesperado de alguém.

Olhei para o lado e encontrei o olhar preocupado de Jake. Segurei firme em sua mão, como se somente com aquele gesto eu estivesse a salvo de todo o mal do mundo, e segui em frente.

À medida que nos aproximávamos, as pessoas abriam o caminho para passarmos. Cada batida do meu coração era um eco em meus ouvidos. Até que finalmente chegamos ao centro.

Primeiro vi minha mãe chorando e sendo amparada por Tio Billy. Era ela a fonte de todo o desespero ali. Todos voltados para o chão e enviando ondas de piedade a quem quer que fosse.

Então, como se o mundo todo parasse e o ar esfriasse muito mais, eu olhei para o que tanto prendia a atenção dos curiosos.

Minha avó deitada no chão. Os olhos abertos em agonia. As mãos apertando o tronco de onde saía uma quantidade absurda de sangue.

-- Vovó... – sussurrei sem querer acreditar no que via.

Soltei a mão de Jacob que segurava com força a minha e me aproximei dela, caindo de joelhos no chão.

-- Vó! – chamei-a fazendo seu olhar cair sobre mim, solucei.

-- Vai dar tudo certo. – tentava me acalmar quando nem ela conseguia.

Coloquei as mãos sobre o ferimento tentando parar o sangramento.

-- Escute. – falava com dificuldade.

-- Não. Não diga nada. – rasguei um pedaço da minha blusa e enrolei envolta da ferida. – Não se esforce. – minha testa suava e eu não conseguia enxergar nada direito devido às lágrimas que teimavam em ser derramadas. – Alguém chame uma ambulância! – gritei desesperada para os que somente olhavam e nada mais faziam.

-- Acalme-se minha criança. – agarrou firme em minhas mãos obrigando-as a se aquietarem. – Chegou a hora de encontrar-me com a deusa. – olhou para a lua e novamente para mim. – Agora me escute. – tomou fôlego. – Sempre recorra à deusa Morrigan na hora da batalha. Ela é a “Grande Rainha”, deusa da guerra e da morte e lhe guiará na guerra. Sempre ore por ela olhando para a Lua, pois lá é o seu lar e também o de todos os seus filhos que já passaram pela vida terrena.

Uma mão pousou carinhosamente em meu ombro. Era Jake.

-- Jacob. – ela o chamou. – Continue sendo o guerreiro forte e corajoso, o verdadeiro guardião dos quileutes. Cuide de Eduarda. – ele assentiu. – Não se esqueçam: “Quando a filha da Lua for desperta do sono eterno pelo filho do Sol, ambas as almas finalmente se tornarão uma e eles viverão pela eternidade, trazendo glória, paz e harmonia para as terras quileutes até o fim dos tempos”.

-- O que isso quer dizer? – perguntei.

-- Tudo a seu tempo. – me lançou um singelo sorriso e fechou os olhos... Para sempre.

Meu choro, que estava contido, veio irrefreável e eu só consegui me abraçar a Jacob esperando que aquela dor e o vazio que ela deixou fossem embora.

Não sei quanto tempo passou, mas em um momento eu percebi que minha irmã não estava ali e minha mãe não tinha nenhuma condição de pensar nas burocracias de um sepultamento. Eu teria que cuidar disso.

Levantei-me e tentei limpar o sangue, agora seco, de Vovó Aine que ainda estava em minhas mãos. Procurei Jake com o olhar e seguimos para dentro de casa, juntamente com minha mãe e Tio Billy, e deixando um aviso para que Sam e Paul recolhessem o corpo, enquanto tomávamos as devidas providências.

Foi por volta das dez horas da manhã que tudo havia sido organizado e só aguardávamos a chegada de Cecília e Seth para o sepultamento.

Eu estava sentada na varanda, com a cabeça apoiada nos ombros de Jake, que dormia, quando um corvo pousou elegantemente sobre o cercado e me olhou com atenção. Suas penas brilhavam e seus olhos negros eram tão profundos que eu me senti intimidada a observá-los por muito tempo.

No instante em que decidi me aproximar, para olhar tal criatura ela virou-se para a mata e grasnou com força, me assustando e acordando Jacob.

-- O que foi isso? – ele olhou de mim para o pássaro.

-- Não sei. – tentei me aproximar, e novamente ele grasnou para a mata, como se tentasse afastar algo.

-- Saia de perto desse bicho Duda. – Jake tentou pegar meu braço e me puxar para trás.

-- Não. – cheguei mais perto e o corvo olhou para mim. – Vem cá... – levantei a mão em sua direção, mas o pássaro apenas voltou-se para a mata e alçou voo.

Não tive tempo de comentar nada, pois um carro acabava de parar na porta de casa deixando Seth e Cecília.

-- Duda! – minha irmã correu para me abraçar.

Seus olhos estavam inchados e vermelhos denunciando que ela havia passado a noite chorando.

-- A vovó... – soluçou.

-- Eu sei. Vai ficar tudo bem. – beijei-lhe a fronte. – Aposto que Vovó Aine não gostaria de nos ver abatidos. Provavelmente ela diria que nós estamos chorando à toa e que ela continua viva bem ao lado da deusa. – sorri ao vê-la concordar comigo. Vá para dentro, tome um banho. Daqui a pouco vamos sepultá-la. – ela assentiu e entrou, sendo seguida por Seth.

-- Tudo bem? – Jake me abraçou pelas costas.

-- Tudo. Acho que você merecia um aniversário melhor que esse, não?

-- Eu comemorei ele ontem. – sorri com tristeza. – Vai dar tudo certo. – afirmou.

-- Eu não sei o que fazer sem ela. Era Vovó Aine que sempre me ajudava com toda essa coisa de celtas e com meus “dons”, como ela dizia. Era ela quem conseguia me levantar e mandar-me persistir.

-- Então faça isso.

-- Como?

-- Sempre me terá ao seu lado. Posso muito bem te colocar de pé quando cair e se estiver doendo muito, posso me deitar com você e lhe abraçar até passar.

-- O que seria de mim sem você?

-- Provavelmente ninguém. – fez piada.

-- É... Ninguém.

(Skinny Love – Birdy - http://www.youtube.com/watch?v=lT67liGjZhw)

Olhei para o horizonte, observando o modo como tudo parecia calmo demais. O vento apenas balançava as folhagens calmamente, produzindo uma melodia tranquila e relaxante. Quase não havia pessoas nas ruas, e as poucas exceções se aproximavam de casa para o funeral.

Logo todos se dirigiam ao cemitério. Vovó seria sepultada em um local mais afastado, já que ela não era quileute e sim irlandesa, mas em seu coração sempre houve uma parte reservada para o povo que a acolheu tão bem.

Minhas mãos seguravam uma rosa branca. E minha cintura era amparada pelas mãos de Jacob.

Esperávamos o senhor Ateara terminar os dizeres para o fim do sepultamento. Era surreal. Nunca tinha imaginado que eu estaria ali, dando o último adeus para a pessoa que povoou minha infância com diversas histórias e que me ajudou a compreendê-las na vida adulta.

-- Alguém gostaria de dizer algo? – ele perguntou quando o último monte de terra foi jogado sobre o túmulo.

Minha mãe apenas balançou a cabeça negando, Cecília abraçou-se a Seth deixando as lágrimas jorrarem de seus olhos molhando sua camisa.

-- Saibas que sua ausência está repleta de terna presença e que jamais estará perdida ou esquecida. Que sejas acolhida por Macha, em quem o amanhecer e o crepúsculo se unem, e que a tua integração habite os seus sonhos mais profundos no interior do abrigo das terras de Emania¹. – joguei a rosa sobre o túmulo e olhei para o céu no exato momento em que o corvo, o mesmo da varanda, o sobrevoava em direção à lua que estava cada vez mais evidente em razão do crepúsculo.

A morte da minha avó não havia sido natural. A ocasião para realizarem tal ato não fora escolhida ao acaso. Tudo parecia estar interligado, só não sabia como. Mas eu iria descobrir. Nem que para isso precisasse passar o resto da vida procurando. Algo meio irreal, já que eu sabia por onde começar.

¹- Texto adaptado do livro “Ecos Eternos” de John O’Donohue [original no link: http://www.ippb.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=5772:863-cinco-oracoes-celtas&catid=31:periodicos&Itemid=57]


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Notas finais do capítulo

Não me matem!
Por favor.
Ainda vão precisar de mim para saber o resto da história.
Pra quem gostava da Vovó Aine... Meus pêsames. Ela teve o seu papel na fic, que era deixar vocês mais curiosas :D
Brincadeira, mas digam o que acharam deste capítulo pelos comentários. Se alguém quiser deixar alguma recomendação não vou achar ruim, não! kkkkkk
Beijos e até semana que vem.



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