CAPÍTULO 31

Chegamos a La Push o mais rápido possível e enquanto deixei Jake guardando as peças do carro dele, fui para a praia cheia de tralhas, que na verdade não eram tralhas, eram ferramentas para auxiliar o meu trabalho.

Dei graças por terem tirado todos os enfeites e logo desmanchei todo o altar e comecei a fincar três estacas de madeira em cada um dos quatro lados de onde seria realizada a cerimônia.

Tudo estava calmo demais. Provavelmente, deveriam estar na casa da minha mãe tentando acalmar a Cecília e lhe ajudar a resolver o problema. Se ela não fosse tão cabeça dura teria escutado Seth e feito o casamento em julho, no verão.

Estava observando o pouco que tinha feito e visualizando o que ficaria melhor na decoração, quando senti os braços do Jake envolverem minha cintura e ele encaixar o rosto no meu pescoço.

–- Terminou de guardar as peças? – perguntei passando a mão em seu cabelo e ele só sacudiu a cabeça afirmando. – Ótimo! Agora levanta daí e me ajuda a arrumar isso antes que venham aqui pra fora.

–- Certo. Mas com uma condição. – falou divertido e eu levantei a sobrancelha curiosa. – Quero um beijo ou nada feito.

Sorri e não hesitei em me aproximar dele e ceder para sua chantagem. Não seria uma tortura fazer aquilo, afinal eu ansiava estar mais próxima de Jake a cada segundo da minha existência.

–- Eu te amo.

–- Também te amo... Muito. – sorriu abertamente para em seguida me dar um selinho.

–- Me ajuda a colocar o teto? – pedi apontando para o altar.

–- Te ajudo em tudo que precisar, contanto que seja rápido e que antes do almoço estejamos livres.

–- Tudo bem. – lhe dei outro selinho e o puxei pra perto das ferramentas.

Como Jake havia desejado, terminamos antes do almoço e uma vez que nenhum de nós estava a fim de cozinhar fomos pra casa da minha mãe. E é claro que nos preparamos psicologicamente para o mar de perguntas de nossas famílias e amigos.

Lá dentro o pessoal se encontrava a beira do desespero. Dava para escutar os lamentos de Cecília do lado de fora da casa. Minha mãe sentada ao seu lado a consolava e minha avó só rolava os olhos e dizia que tinha avisado, mas que tudo daria certo no final.

Quando entramos as atenções se voltaram para nós e olhares se intercalavam entre as nossas mãos dadas e nossos rostos. Vovó Aine nos observava com um sorrisinho que dizia: “Eu já sabia.”.

–- Onde é que vocês estavam? – minha mãe nos questionou nervosamente.

–- Ficamos presos em Port Angeles por causa da neve. – Jake respondeu.

–- E... – Cecília insinuou o “algo a mais”.

–- E mais nada. Nós nos acertamos, só isso.

–- Só?! – Tio Billy nos olhou divertido. – Estamos esperando esse “acerto” há anos! Achei que morreria antes de ver vocês dois juntos. Pelo visto os deuses atenderam minhas preces. – quase corei com esse comentário, coisa que nunca acontece.

–- Certo. Chega de perguntas porque eu quero comer, estou morrendo de fome. – Jake interrompeu várias pessoas que queriam fazer algum comentário e me abraçou.

–- Como você pensa em comer seu insensível?! – Cecília jogou uma almofada em nossa direção. – Meu casamento não vai acontecer! – voltou a chorar.

–- Deixa de ser exagerada e vai lá de fora. – falei deixando-a curiosa.

Observei ela ir até a rua e andar um pouco, parando num local que dava pra ver perfeitamente a praia. Quando entendeu o que havia sido feito, gritou chamando Seth e o resto da família. Não fazia ideia de que minha irmã ficaria tão feliz por eu ter simplesmente feito uma espécie de cabana ao redor do local da festa e de onde seria realizada a cerimônia. Não esconderia os convidados do frio, mas não os deixaria ao relento.

–- Obrigada! – Cecília me abraçou com força.

–- De nada. Faço tudo por você irmãzinha. – sorri retribuindo o gesto.

–- Não sabe o quanto isso é importante.

–- Faço uma ideia... Agora vá se arrumar porque é normal da noiva se atrasar, mas não pode ser muito.

–- Certo. – secou algumas lágrimas que insistiam em cair e saiu correndo para seu quarto, expulsando Seth de casa e chamando minha mãe.

Depois disso o dia passou bastante corrido. Não consegui ficar muito tempo perto do Jake porque os padrinhos teriam que ficar com o noivo, e as madrinhas com a noiva. Resumindo: passei o resto da tarde ao lado de mulheres nervosas, falando de maquiagem, roupas e sapatos.

Pouco antes das seis horas Cecília estava pronta e, pra variar, muito nervosa. Seth não estava diferente, pelo que Jake me disse, quando consegui escapar das vistas da minha irmã e ficar um pouquinho com ele.

–- Pronta?! – perguntei me aproximando de Cecília enquanto ela se olhava no espelho.

–- Acho que sim. – demos as mãos.

–- Você está linda! – Cecília usava um vestido longo e branco, como a tradição mandava. A cintura era bem marcada e o decote discreto e ao mesmo tempo ousado tinha detalhes em brilhantes logo abaixo. A saia era bem solta, dando a impressão de ser bastante confortável.

–- Queria que o papai estivesse aqui. – suspirou. – Mesmo não tendo o conhecido direito sinto falta dele.

–- Eu também, Ceci... Ah! Mas não vamos ficar tristes. Hoje é o seu dia e tem que sair tudo perfeito. Onde quer que o papai esteja ele está feliz por nós. Por você ter crescido e estar casando!

–- Ele deve estar dando pulos de alegria isso sim! Finalmente sua filha mais velha desencalhou! – disse gargalhando.

–- Sem graça.

–- É verdade e você não pode negar. Me conta... Como é que você e o Jacob estão?!

–- Bem?! – respondi com uma pergunta. – Felizes. Completos. Apaixonados. Nunca pensei que eu pudesse me sentir assim. Nunca imaginei que ele sentisse o mesmo que eu. É surreal, sabe?!

–- Não é surreal. É amor. – sorriu olhando para nossas mãos unidas. – Espero que seja muito feliz.

–- Desejo o mesmo pra você. Em dobro. – nos abraçamos ao mesmo tempo em que minha mãe batia na porta nos chamando. Estava na hora.

Cada madrinha entrou ao lado do padrinho designado. Eu fui a última, juntamente com Jake. Fiquei imaginando se eu demoraria muito tempo pra passar de marinha para noiva... Se eu sonhava muito alto e isso era demais pra mim... A verdade era que por mais que eu tivesse Jacob como meu namorado, ou qualquer coisa que possa denominar a nossa relação, meu futuro ainda era incerto.

A marcha nupcial começou e todos olharam para trás aguardando ansiosamente a entrada da noiva, que estava radiante. Cecília havia optado por entrar sozinha, já que papai só estaria presente em nossos corações. Seth não conseguia parar de sorrir em nenhum momento, assim como ela.

Rapidamente eles fizeram os votos e como num passe de mágica já eram marido e mulher. Com toda aquela coisa de na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza e até que a morte os separe. Essa eu deseja profundamente que demorasse muito pra aparecer.

–- E aí?! – Jake perguntou depois que nos acomodamos na mesa designada para a família dos noivos. – Quando vai ser a nossa vez?

Devo confessar que em menos de vinte e quatro horas ele quase conseguiu me matar duas vezes. Mas eu gostei dos motivos.

–- É só você marcar. Se quiser pode ser amanhã ou hoje mesmo! – falei divertida pulando em seu pescoço e lhe dando um beijo de tirar o fôlego, sem me importar com o que os outros pensariam. – Sabe... Esse é o pedido de casamento mais estranho que eu já vi, – olhei em seus olhos sorrindo. – mas é perfeito pra nós.

–- Ainda está nervosa por eu ter mandado você ir pra Port Angeles com Jacob? – Vovó Aine sentou-se ao nosso lado.

–- Não. Obrigada por ter feito isso.

–- De nada. Eu sei o que faço. – falou cheia de si.

–- Claro que sabe vó. – Jake deu um beijo em sua bochecha fazendo-a rir.

–- Achei que não fosse tomar uma atitude nunca filho! – Tio Billy aproximou-se juntamente com minha mãe.

–- Demorei muito?!

–- Não. – me virei para ele. – Só alguns anos. – ri.

–- Verdade. Se não fizesse algo, provavelmente um de nós faria. – minha mãe falou. – Vocês ficam tão lindos juntos. – nos olhou com um sorriso sonhador.

Ficamos mais algum tempo conversando... Aproveitando o clima de alegria e prosperidade que um casamento proporcionava. Perto das nove horas, Sue chegou animada dizendo que estava na hora do discurso da madrinha, ou seja, eu. Não havia escrito nada, não por falta de tempo, e sim por falta de palavras, e quando eu vi todas aquelas pessoas olhando pra mim esperando que eu dissesse alguma coisa, eu só deixei meu coração falar.

–- Primeiramente eu quero agradecer pelo convite e dizer que é uma honra poder fazer parte desse momento tão importante na sua vida. Parece que foi ontem que nós corríamos pela casa deixando a mamãe louca. Se bem que você passava mais tempo brigando com o Seth do que fazendo qualquer outra coisa. – arranquei risadas de todos. – Quando eu saí daqui você era uma garotinha e só anos mais tarde, depois que eu vi uma mulher linda abrindo a porta pra mim percebi que você tinha crescido e que havia perdido grande parte desse crescimento. Sinto muito por isso, mas saiba que eu pretendo recuperar todo o tempo perdido! – suspirei segurando as lágrimas. – Você se tornou uma mulher forte, decidida, que sai em busca de suas realizações... Papai está orgulhoso de você, onde quer que ele esteja. Você merece ser feliz e sei que a sua felicidade é com o Seth, por isso eu desejo tudo de bom pra vocês. – terminei escutando a salva de palmas das pessoas presentes. Cecília me olhava sorrindo sendo abraçada por Seth. Minha mãe chorava agarrada a Tio Billy.

Olhei atentamente o rosto de cada um ali. Minha mãe, Vovó Aine, Tio Billy... Cecília com Seth, meu, oficialmente, cunhadinho... Minha família. Parei na pessoa que eu mais amava e que, fisicamente ou não, esteve presente em todos os momentos da minha vida. Jacob. Sem eles eu não conseguiria seguir em frente. Eu não teria crescido e me tornado a mulher que tinha coragem pra defender seus ideais. A mulher que faria de tudo pra ser feliz. Eu devia tudo a eles e só agora tinha percebido.

Casamento da Cecília - http://img29.imageshack.us/img29/5861/montagemya.jpg

Duda - http://imageshack.us/a/img835/8305/vestidomadrinhahorz.jpg