CAPÍTULO 25

Perceber que eu estava apaixonado pela Duda foi a parte mais fácil. Tentar terminar com a Nessie era a parte difícil. Eu não sabia nem o porquê de querer terminar com ela! Quer dizer, a Duda estava com aquele mauricinho e eu não fazia a menor ideia do que ela sentia por mim. Contudo, no fim das contas, não era certo ficar com a Nessie enquanto outra mulher povoava meus pensamentos.

E ainda havia o vampiro...

Duda não me falou muita coisa, mas eu tinha certeza de que ela sabia muito mais do que aparentava. Por que o sanguessuga esperaria ela se distanciar do grupo para atacá-la? Se ele tinha o dom de “tirar” os poderes dos outros, poderia ter atacado Seth e Embry também. Obviamente seu alvo era a Duda, mas por quê?

Não adiantaria eu ficar me matando pra descobrir isso. O melhor seria resolver o primeiro “problema”: terminar meu namoro de quase seis anos com minha impressão.

-- Paul! – falei para meu cunhado que estava concertando o motor de um Jaguar XF. – Vou sair, mas daqui a pouco estou de volta. Segura as pontas pra mim aqui na oficina, por favor. – peguei as chaves do meu carro e a jaqueta que estava jogada no sofá do escritório.

-- Vai ver a Nessssssie? – puxou o “s” de propósito pra me irritar, o que não aconteceu.

-- Vou. – respondi já saindo da oficina.

-- WOW! Espera aí. Eu brinquei com o nome da sua namoradinha e você nem ligou! – falou limpando a mão cheia de graxa na calça.

-- E o que tem isso Paul?! – perguntei irrequieto. Eu precisava chegar à casa dos Cullens rápido pra acabar logo com a tortura.

-- O que tem?! Cara, não me diz que vai terminar com ela?! – começou a gargalhar. Quando viu que eu não achava a menor graça ele parou e arregalou os olhos. – Meu Deus! Você terminar com ela?

-- Eu estou atrasado. Tchau. – fui embora sem falar nada.

Não tinha cabeça pra discutir com Paul o futuro término do meu namoro. Em pouco tempo La Push inteira saberia mesmo. Entretanto, quanto mais eu adiasse o confronto com eles e, principalmente, com meu pai, melhor seria pra mim. Pelo menos eu teria tempo pra pensar em uma razão convincente, sem revelar que eu era apaixonado pela Duda.

[...]

Estacionei o carro de qualquer jeito e respirei fundo algumas vezes pra depois sair. Qualquer um que me visse, de longe perceberia o quão eu estava nervoso e suando em bicas. Parecia um adolescente inexperiente. Ridículo! Eu deveria era aproveitar que meu futuro ex-sogro não podia mais ler minha mente e ficar mais calmo.

-- Amor! – mal entrei na casa e Nessie logo veio me abraçar. – Estava morrendo de saudades suas. – tentou me beijar, porém eu virei o rosto e ela encostou os lábios na minha bochecha. – O que...

-- Precisamos conversar. – “Ótimo jeito de começar Jacob!”, pensei.

Renesmee olhou ao redor e eu a segui, fazendo o mesmo movimento. Toda a família estava ali. Mas assim que perceberem o clima foram saindo da casa discretamente. Em poucos segundos a mansão estava estranhamente silenciosa, a não ser pelo bater anormal de nossos corações.

-- O que tá acontecendo Jake? – me questionou sentando-se na poltrona mais próxima. – Vai terminar comigo não é?! – com essa ela me pegou de surpresa.

-- Renesmee eu...

-- Não precisa me dizer nada. – ergueu a mão. – É por causa daquela amiga, a Eduarda. – “Também...”

-- Não. Renesmee eu preciso rever tudo o que eu estou sentindo. Nós iríamos nos casar em poucos meses... Eu não posso ficar com você sem ter certeza dos meus sentimentos.

-- Mas eu sou sua imprinting! Você é meu! – gritou pondo-se de pé aos prantos.

-- Eu não sou de ninguém Renesmee! – me enervei. Agora eu era propriedade dela?! – E essa é a minha decisão. Não vou discutir com você.

-- Vai se arrepender disso Jacob!

-- E você acabou de me mostrar que essa foi a minha melhor escolha em anos. – dei-lhe as costas e caminhei para a porta.

-- Como?!

-- Isso que ouviu. Quando todos me diziam que você era extremamente mimada eu não acreditava, mas com suas atitudes, acabou de jogar na minha cara que, além de mimada, é egoísta. E infelizmente, eu tenho que admitir que grande parte da culpa por você ser assim é minha. – abri a porta do carro, ao mesmo tempo em que Bella chegava para “consolar” a filha.

-- O que você fez Jacob?! – perguntou-me irada.

-- Nada que você não esperasse. – dei partida no carro e em seguida arranquei dali.

Saí daquela rua tão conhecida com um peso a menos sobre as costas. E eu teria um sorriso no rosto, se não fossem as circunstâncias do fim do meu noivado.

“Poderia ter sido pior.”

Como eu pude me enganar tanto com uma pessoa? Enquanto o imprinting funcionava, Renesmee era tão certa pra mim, embora nunca tenha me sentido completo ao seu lado, eu gostava de estar com ela e de “amá-la”.

A resposta certa é que eu havia me conformado com esse destino e não havia tentado, nem por um segundo, lutar contra ele. Somente com a volta da Duda que eu consegui enxergar o que estava diante de mim todos aqueles anos. Eu consegui, finalmente, perceber que meu lugar é ao lado dela.