Criatura...

A floresta naquele momento estava silenciosa, talvez os animais soubessem do grande perigo que os rondava, como se soubessem que o mal que estava presente os destruiria ao sinal de qualquer presença, qualquer mínimo ruído.

O instinto animal era incrível algumas vezes e pode fazer qualquer tipo de animal, seja racional ou irracional tomar atitudes inesperadas. No entanto contrariando todos os tipos de instintos de auto preservação aquele ser em particular caminhava em direção ao grande mal.

Nunca se acostumaria a aquela presença opressiva, mas havia feito um juramento de lealdade e assim como seus pais uma vez foram servos, havia chegado a sua vez, mesmo que isso cobrasse a sua vida e tudo aquilo que descobriu querer um dia.

Não poderia pensar dessa forma, senão teria o mesmo destino daqueles, anterior a sua convocação. Respirando fundo seguiu em direção a velha casa, protegida por algum tipo de feitiço que nem os lobos ou os Cullen poderiam sentir, só se alguma vez tivessem entrado na mesma. Era complicado chegar até ela e não era rápido, mas já havia passado tantas vezes por aquele caminho que se acostumou, no entanto nunca se acostumaria a aquela presença.

Ao entrar na casa não olhou para todo o aspecto da casa ou o que acontecia a sua volta, tinha proteção, ou melhor, certa proteção, e os poucos que haviam não poderiam lhe tocar. Seguiu sem prestar atenção aos olhares raivosos e desdenhosos que provocava, tinha uma missão e deveria cumpri-la. Entrou na sala que estaria seu senhor e esperou

– Acho que o plano não deu certo, Mestre. – falou depois de um longo silêncio. Sua voz tremia e quase amaldiçoou, mas sabia que seu Mestre não gostava de tal mania moderna, meu tipo não amaldiçoava na sua frente. Nunca. Havia aprendido a dura lição a muito tempo atrás.

– Você acha? – a voz dele poderia ser calma, mas o conhecia a tempo suficiente para saber suas mudanças de humor, mesmo que não pudesse ver sua expressão, sabia que estava furioso. – Perdi o meu melhor homem. – falou se levantando. Então ele já sabia, afinal o que seu Mestre não sabia?

– Mas ele cumpriu o que foi dito para ele fazer. Ele de fato descobriu que elas não são Naardas. – se atreveu a falar, mesmo que para mim nada disso fizesse sentido. Ainda não entendia o que eram Naardas e o que Leona e Sophia tinham a ver com isso. Na verdade não queria entender, não se isso fosse prejudicar minha missão.

– Você... – o Mestre avançou em sua direção, mas parou a meio caminho. Seus olhos irradiavam ira e pode ver o quanto dela era direcionada a sua pessoa. – Saia daqui, volte ao seu posto e espere novas ordens minhas.

– Sim Mestre. – antes mesmo que seu senhor pudesse mudar de ideia correu para fora daquele lugar que lhe dava arrepios.O melhor seria esperar novas instruções, não deveria ter vindo. Nunca era sábio colocar o Mestre contra você.

Mestre...

Enquanto observava a correria daquela criatura deprimente para fora da casa, sentiu a presença de seu irmão no quarto.

– Então a criatura voltou? – falou com desprezo - Sabe de algo novo?

– Nada novo, mas acha que o plano não deu certo.

– Tão débil quanto seu pai – seu irmão sentou-se elegantemente em umas poltronas do quarto. – Mas de certo mandou ficar de olho nas Naardas?

– Não sabe o que elas são ou representa, por isso acha que o plano não deu certo. Não contei que o motivo de Jeremy ficar ensandecido foi por ela ser uma Naarda. – sua boca salivou aos pensamentos desejosos que Jeremy o enviou antes de morrer, o mesmo era um telepata, muito mais poderoso que o Cullen, podia não só ler os pensamentos, mas comandar a mente do adversário e enviar seus próprios, e foi o que fez com o Mestre assim que descobriu o que elas eram. Mesmo que o poder do sangue o tenha cegado, afinal uma vez que se tenha provado o sangue de uma Naarda nunca se é esquecido e o controle estando tão perto é quase impossível. A Naarda ainda tinha que dá-lo de boa vontade para que o poder pudesse fluir, mas o cheiro não poderia ocultar seu poder para um antigo conhecedor.

– Não vai contar? – a voz do irmão o tirou de seus pensamentos.

– Ainda não. Basta sabermos que elas estarão por aqui e ficarmos de olho. Uma Naarda é muito valiosa para meus planos futuros, mesmo porque elas são protegidas dos lobos e ainda não quero mexer com eles.

– Mas...

– O plano em vigência ainda é o mesmo. Nossa prioridade é acabar com qualquer tipo de acordo que haja entre os lobos e Cullen. Mas em um futuro próximo elas serão uma grande carta na manga. Leona vai gostar de rever um velho amigo, mesmo que não se lembre de nosso último encontro.

– Você a conhece?

– A conheci, ela ainda era uma criança e um dos meus homens quase a conseguiu pegar, se não fosse um lobo a ajudar. Eu pretendia criá-la junto a mim para sempre ter uma Naarda a disposição, infelizmente não consegui. Mas dessa vez será diferente, essa Naarda um dia será minha. Somente minha.