Escolhidos escrita por Sahh


Capítulo 8
8


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!
^~^



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Contornamos alguns arbustos á nossa esquerda. Estou á frente deles. Ouço Roland e Paul cochicharem. Olho por cima dos arbustos e paro. Paul e Roland passam por mim, afastados. Acima dos arbustos, avisto tendas brancas estendidas numa área plana, a grama é curta e tem dois heliaérios. Parece ser um acampamento.

– É melhor vocês virem isso aqui – digo em voz baixa. Paul e Roland se aproximam.

Nos abaixamos atrás do arbusto, observando o que acontecia ali. Entravam e saiam homens de dentro das tendas brancas, vestindo macacões cinza, que iam do queixo ao tornozelo; uns iam nos heliaérios, outros entravam na floresta. Eram poucos homens, uns dez, no máximo. Um homem de terno preto, cabelo castanho escuro penteado para trás e um par de óculos retangulares sai de umas das tendas. É até espantoso ver algo assim, um homem de terno no meio da floresta. Eu o conhecia, eu já o vi antes. Claro, irmão do Presidente, Callum Jenkins. Ele sempre está com seu irmão na televisão, ele faz parte de algo do governo. Mas o que ele faz em um lugar como este?

– Temos que falar com o Harvey, Paul – diz Roland. Olho para ele.

– O que você acha que ele quer aqui? – pergunta Paul. Roland dá de ombros.

– Quem vai saber? Harvey têm que saber disso – diz ele. Eu já ouvi esse nome antes, aonde, eu não lembro. Eu não queria, mas tinha que perguntar.

– Do que estão falando? – Esperava que eles não fossem me responder. De repente, sinto uma mão no meu ombro, me empurrando para trás. Tento agarrar algo, mas sem sucesso, caio no chão.– Ei.

– Se abaixa – sussurra Roland. Ele tira a mão do meu ombro. Me sento.

– Um deles quase nos viu – diz Paul, que está agachado ao meu lado. – Vamos cair fora daqui.

Paul vai agachado até uma árvore atrás de nós. Roland o segue e faço o mesmo.

Andamos por uns minutos em silêncio. Do que eles estavam falando? Por que Harvey me parece tão familiar? Por que esses homens estão aqui na floresta? Eu não aguento esse silêncio, quero saber o que foi isso tudo.

– Eu já ouvi o nome Harvey antes. – digo. – Mas do que vocês estão falando? – pergunto novamente. Não seria surpresa se não me respondessem.

– Só o que sabemos, é que Harvey faz parte de uma organização.

– Ei, espere aí, você não vai contar essas coisas para essa garota, não é?

– Calma, Roland. Não seria má ideia contar á ela.

– Boa não é – bufa Roland.

– Eve – chama-me Paul. – Harvey tem uma organização criada para descobrir sobre os desaparecimentos que vêm acontecendo nesses vilarejos. Já não aconteceu isso antes? – pergunta ele. Balanço a cabeça em concordância. – Certo.

¨O que nós mercadores sabemos, é que, se vermos alguém do governo em um lugar incomum como este, relataremos ao Harvey ou ao Phelps, os líderes da organização. Eles vêm estudando esses desaparecimentos por anos. Pelo o que eles sabem, isso acontece há dez anos. – Ele para. – Os desaparecimentos são estranhos, acontece mais á noite e os desaparecidos são jovens – continua ele. – A organização descobriu que dentro do governo, existe experimentos esquisitos, num lugar dentro da floresta. Por isso eles dizem que têm animais selvagens nessas florestas, para as pessoas não saírem por aí e derem de cara com um depósito de experimentos. Os líderes da organização acham que esses experimentos e os desaparecimentos, de alguma forma, estão ligados. Mas como estão ligados, ainda não descobriram¨.

Penso nos desaparecidos de nosso vilarejo. A quantidade de desaparecidos vai além do normal para aparentar um acidente ou um sequestro comum. Mas não é hora de eu ficar me preocupando com isso, tenho que ir na cidade. Paul para e põe as mãos em meus ombros.

– É extremamente importante que você não conte nada á ninguém. – Seus olhos castanhos ficaram firmes.

– Não contarei nada á ninguém. – Quero saber o porquê. Mas sua expressão me fez pensar que, talvez, ele não me contaria.

– Só umas poucas pessoas sabem sobre isso no seu vilarejo. O Edlund, por exemplo – fala Paul.

Agora lembro onde ouvi Harvey, foi Oliver quem disse no outro dia, um dia depois de ele dizer sobre sua doença.

– Espere aí, é Jordan Harvey? – pergunto. Roland me olha curioso.

– É. Por quê? – pergunta Paul.

– Meu... amigo falou dele um dia. – Eles não notaram que demorei para dizer quem me disse. – Ele disse que tinha um homem atrás dele. E que esse homem, veio com vocês no outro dia para o vilarejo.

– Ah, estou lembrado – diz Paul. – Ele perguntou para nós e mentimos para ele. Ele queria nos seguir, saber se sabíamos de Harvey. Sabíamos que ele não tinha nada com a organização.

– Não corremos risco de sermos pegos pelo pessoal lá de trás? – pergunto.

– Acho que não.

Continuamos andando em silêncio por uns minutos. Essa conversa toda me deu no que pensar em nossa caminhada. Mas á frente, vejo dois homens conversando; eu os vi antes sair do acampamento para entrar na floresta. Eu paro e puxo o braço de Paul, eu aponto para onde os homens estão e ele vê. Ele segura no ombro de Roland e aponta para os homens.

– Vamos voltar e esperar a barra ficar limpa – sussurra Roland.

Dou alguns passos de costas e encosto em algo. Sabia que não era uma árvore; árvores não respiram. Me viro e dou de cara com um homem alto, ombros largos, cabelo preto bagunçado e olhos muito escuros. Ele faz uma cara medonha. Ele levanta o punho, pronto para acertar em mim, mas algo o acerta bem na cara e o faz cair no chão. Roland tinha batido nele. Ouço passos e olho para trás, os mesmos homens que tínhamos visto, estão lutando contra Paul. Roland foi ajudar o amigo e olho em volta, a procura de mais daqueles homens.

Os quatro continuam brigando, ninguém consegue bater em Paul, ele se esquiva muito bem. Roland investe em socos e chutes. Roland soca o rosto de um deles, fazendo-o cair no chão. Roland vai ajudar Paul e os dois vencem, deixando os três homens inconscientes no chão. Eles estão cansados, Roland pega de dentro da mala o cantil e leva á boca. Paul senta no chão.

– Até que foi divertido – diz Roland, ele joga o cantil para Paul.

O que acontece em seguida é muito rápido. Eu só ouço o som de algo muito forte. Como se um furacão tivesse passado pela floresta. Não era como o heliaério que passou por nós. Era mais forte. Caio no chão para me proteger, com as mãos nos ouvidos. Vejo os pés de Paul correrem para trás de mim. Me viro e avisto Paul aos socos com o cara grandão que Roland havia me defendido minutos antes. Viro de volta e Roland mexe o braço para frente, tenta andar e cai de quatro no chão. Seus braços estão sangrando, e dá pra ver que há vários cortes pelo seu corpo. Ele coloca a mão no peito e tosse. Me levanto e corro até ele.

– Precisamos sair daqui. Os outros vão chegar logo – diz ele, com a voz rouca. Eu continuo olhando para seu estado e balanço a cabeça em concordância. – Eve, pegue a arma no chão.

É a primeira vez que ouço Roland dizer meu nome. Eu poderia ficar em estado de choque se a situação não fosse uma das piores que vivi. Olho para trás a procura da arma dentre as folhas. Mais a frente, Paul dá uma joelhada na barriga do grandalhão. Dentre as folhas do chão, vejo algo de prata, que brilha com a luz do sol. Me levanto e vou na direção da arma. Ao tê-la nas mãos, fico intrigada com ela. É diferente das armas que vejo nas guerras pela televisão, diferente das armas que eu estava acostumada á ver em alguns dos livros da escola. Essa arma é prata, a parte de cima é em oval com cordas leves azuis, a parte em que segura é branca, não tem gatilho, é um botão verde no lugar. Entrego-a para Roland. Paul chega até nós, cansado. Ele limpa a testa suada com o braço.

– Vamos voltar pro vilarejo. É mais perto – diz ele. Sinto um aperto no peito. O que vai acontecer se eu voltar? Respiro fundo. Não está na hora de pensar nisso, Roland precisa de um médico. Há cortes em todos as partes á mostra de seu corpo. Nas costas das mãos, nos braços, no pescoço e no rosto.

Paul pega uns pedaços de pano e amarra nos braços de Roland, para estancar o sangue. Ele anda muito devagar, e o medo de que mais daqueles homens cheguem, só aumenta. Roland não pode lutar, e só tem o Paul, eu não sei lutar. Pode vir o dobro deles. Vamos ser pegos.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo capítulo! ô/
Bjss"



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