Escolhidos escrita por Sahh


Capítulo 7
7


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!!
^~^



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/297037/chapter/7

Ouço passos, mas estão se distanciando. Solto a respiração devagar. Me viro, mas não os encontro. Olho de um lado e do outro. Começo á andar por trás das árvores. Começo a achar que está tudo muito quieto. Sinto um medo percorrer meu corpo. Será que os perdi de vista? Não posso ficar parada, ou me perderei nessa floresta. Ando mais alguns passos. Paro atrás de uma árvore e olho atentamente para a esquerda e para direita.

– Você de novo? – pergunta alguém. Foi como um choque por todo o corpo. Me viro rapidamente e Roland está segurando a mala numa mão e está com a outra no quadril. – O que você está fazendo aqui?

– Seguindo vocês.

– Isso já percebemos – diz outra voz, me viro e vejo Paul. – Mas o que quer nos seguindo?

– Preciso ir na cidade.

– Como assim? E seus pais? – pergunta Roland. Desvio o olhar e dou de ombros.

– É uma história difícil.

– Então vamos ouvir – afirma Paul.

Contei á eles o porquê de eu segui-los. Eles me ouviram em silêncio, sem me interromper. Eles se afastaram, Roland disse que os dois precisavam discutir aquilo. Ficaram á uns metros de mim e os via falando, apontando para trás, para frente e para mim. Roland perde a discussão, já que está com a cara emburrada e me ignora ao passar por mim. Paul vêm em minha direção sorridente.

– Vamos começar com nossos nomes, certo? – balanço a cabeça em concordância. – Eu sou Paul Griffiths, aquele nosso amigo ali. – Ele aponta pra Roland, que está sentado numa pedra. – É Roland Morris. E você?

– Eve Marshall.

– Thomas Marshall é seu pai, não é?

– Sim. Trabalha no bar para o Joel – digo. Ele balança a cabeça em concordância.

– Nós concordamos em ajudar você á ir até a cidade.

– Nós? Que nós é esse? Eu não concordei em nada. – Roland já está de pé, apontando para mim. – Se acontecer alguma coisa com essa garota, nós é que levaremos a culpa – diz, dando ênfase ao nós.

– Nada vai acontecer. Não deixaremos – diz Paul. Sinto que vou gostar do Paul, mas de Roland...

– Olha, se não quiser me ajudar, tudo bem – digo. – Posso fazer isso sozinha. – Não sei o que estou dizendo, sem eles, me perco fácil nessa floresta. Mas não deixarei Roland falar assim comigo.

– Isso. – Roland aponta para o lado, por entre as árvores. – Vá em frente. Nos encontraremos na cidade.

– Chega, Roland! – diz Paul em voz alta. Me assustei. Paul parece ser o tipo de pessoa que dificilmente perde a paciência. Exatamente como o meu pai. – Eve, nós levaremos você, não se preocupe com nosso amigo Roland aqui.

Nos entreolhamos e logo vi que ele vai ser um cara difícil. Não quero que ele goste de mim, isso é o de menos. Andamos um pouco. Roland um pouco na frente, afastado de nós. Na verdade, acho que é de mim. Não fiz nada para ele. Paul sussurrou para mim que ele têm problemas em ser amigo de pessoas. Eu não quero ser amiga dele, só não quero que ele me odeie por um motivo que desconheço. Paul sussurrava coisas sobre Roland, e quando o ouviu resmungar, parou de sussurrar.

Paul decide montar logo acampamento, já está ficando tarde. E andar na floresta de noite não é uma boa ideia. Mesmo para pessoas experimentes como Roland e Paul. Eles fizeram uma fogueira e esquentam a carne que Roland havia comido uns pedaços antes. Comemos e logo depois Roland estendeu uma toalha com madeiras em duas pontas para ele, e entrou nela sem falar nada. Paul fez uma também e me ofereceu, eles não tem sacos de dormir sobrando. Paul disse que não haveria problema se ele só estendesse um pano no chão e se cobrisse com a metade dela.

Entro na tenda feita por Paul e o vejo se ajeitar ao meu lado. Rapidamente ele cai no sono. Fico acordada um bom tempo, imaginando meus pais preocupados. Brandon preocupado demais, pois qualquer coisa que acontece comigo, ele já entra em desespero. Como na vez em que fomos cozinhar pra nossos pais no aniversário de casamento deles. Brandon ficou inconformado com o bolo que ele havia preparado e jogou uma faca na pia, no mesmo momento, eu ia pegar uma colher na pia e a faca passou de raspão no meu dedo mindinho. Foi um corte pequeno, mas a quantidade de sangue que saia fazia parecer que era bem pior. Brandon correu pro quarto dos meus pais e se enfiou debaixo da cama deles. Ele tinha quatorze anos e eu tinha nove, ainda me lembro disso. Eu lavava meu dedo na pia, quando meu pai apareceu e me ajudou a limpar, passou um remédio pastoso que o doutor um dia havia lhe dado. Brandon saiu do quarto dos meus pais com minha mãe, agarrado ao roupão dela. Ele estava tremendo, com o rosto vermelho e molhado. Ele não acreditou que estava tudo bem, ele ficou se culpando por causa disso.

Tiro a luva e olho pro dedo mindinho. A cicatriz é agora uma linha tênue e rosadinha na minha pele branca. Eu o abracei naquele dia e disse que ele era o meu irmão mais velho e que não importa o que ele faça, eu sempre amarei ele. Ele parou de chorar e saiu de casa. Quando voltou, era de tarde e trazia uma sacola com morangos dentro. Com o pensamento, um sorriso brota dos meus lábios. Só espero que todos em casa estejam bem. Luke deve estar lá, já que meu pai disse que teriam que deixar Oliver por perto. Fecho os olhos e tento não lembrar de coisas ruins.

O tempo melhorou. Ao ser acordada por Paul, o sol brilhava, mas ainda fazia um pouco de frio. Guardo minhas luvas na mochila e comemos algo, nossas barrigas roncavam. Andamos por um bom tempo em silêncio, ás vezes, umas perguntas eram lançadas para mudar o clima. Paul disse que demora uns três dias e meio para chegar á cidade. Será que Oliver aguentará três dias?

Paul e Roland precisam de mais mercadorias, não só para vender no vilarejo onde vivo, como também em alguns vilarejos dessa floresta. Eu realmente não sabia que existiam mais gente morando nessa floresta, achava somente que existia o vilarejo onde vivo e o outro, onde os mercadores vivem. O nome do vilarejo de Paul é Foster. O nome de seu vilarejo tem quase a mesma história que a nossa. Um homem chamado Kieran Foster, com um grupo de pessoas pobres, acharam uma vila abandonada. Certamente, se instalaram nessa vila abandonada por não haver lugar para eles. De certa forma, é uma história interessante de se ouvir.

Cansados, resolvemos descansar um pouco. Alguns dos locais na floresta está clareada pela luz do sol que passa pelas árvores. Me sento em umas das raízes espalhadas de uma árvore e pego meu cantil. Está um pouco mais quente agora, minha água já está na metade. Paul coloca a mão dentro da camisa e tira algo. É um colar com a corrente marrom, na corrente têm um pingente que nunca vi antes. O pingente é um circulo azul claro. Com a claridade do sol, o pingente brilhava. É meio hipnotizante isso. Com a luz refletida no colar, manchas azul claro encontram o chão, as folhas e os galhos brilham.

– É lindo – sussurro. Paul levanta a cabeça e sorri.

– Ele me lembra meu filho – diz, voltando a olhar para o reflexo azul do colar no chão. Roland, sentado ao seu lado, observa o cantil que segura nas mãos. Paul se levanta. – Vamos.

Andamos um pouco mais. Estava realmente quente. Guardo meu casaco na mochila. Eu quero andar mais rápido, quero chegar logo na cidade. Não sei se Oliver aguentaria três dias. Um tremor passa pelo meu corpo. E se ele morrer enquanto eu estiver fora? Não. Balanço a cabeça. Oliver é forte. Ele vai aguentar.

Roland está com fome e senta-se sob uma árvore e acende uma fogueira. Se eles fazem isso sempre, está explicado o porquê de demorarem três dias para chegar á cidade. Eles querem descansar sempre. Não os culpo, sou a única jovem aqui. Mas Roland não parece ser tão velho. Ele deve estar em seus trinta e nove anos, mais ou menos. Paul é quem tem cara de mais velho. Resolvo subir numa árvore, quem sabe numa bem alta eu aviste a cidade. Olho em volta a procura da mais alta. Acho uma e começo á escalá-la.

– O que você está fazendo aí em cima? – ouço a voz de Roland.

– Quero ver a vista – digo em tom alto.

Subo um pouco mais e encontro um galho fino e firme. Fico em pé nele e olho ao redor. Não vejo nada, só a copa das árvores. O céu está com poucas nuvens. Sento-me no galho. Eles não irão embora sem mim, não o Paul. Quem sabe Roland o convença disso, provavelmente não. Não o bondoso Paul. Encosto a cabeça no tronco da árvore e me afundo em pensamentos. Aquele dia em que Oliver disse aos meus pais que quer ser mais que um amigo para mim poderia ter sido um dos melhores dias da minha vida. Provavelmente, minhas mãos soariam, uma alegria preencheria meu peito. Mas não. Aquele poderia ter sido um dia especial, mas eu estava triste demais. Oliver também estava triste, quando ele fica nervoso, ele gagueja um pouco. Sorrio. Oliver dificilmente mentia para alguém, era sempre descoberto. Menos com Luke, é só um bebê e, as mentiras que ele contava, não era para o mal de ninguém. Muito pelo contrário. Luke pergunta demais da mãe e do pai. Suspiro. Não deixarei Luke perder sua única família. Não deixarei Oliver morrer.

– Estamos indo embora – diz Roland em voz alta. – Mas se quiser ficar aí, melhor para nós. –Bufo.

Desço e encontro Roland apagando a fogueira com os pés. Paul está olhando para Roland, em seguida, revira os olhos. Uma poderosa ventania passa pela floresta, Paul e Roland caem no chão. Caio de joelhos no chão e olho pra cima, a procura do barulho ensurdecedor que está passando. Acima das árvores, um heliaério passa lentamente. Mas esse era diferente, o que eu via na televisão era maior e tinha mísseis nas asas. A frente dele é mais pontuda.

– Eve, vem pra cá – ouço Paul me chamar. Olho pro lado, Paul e Roland estão debaixo de uma árvore, agachados. Me levanto e corro até eles. Me agacho ao lado de Roland.

– O que está acontecendo? – pergunto em voz alta, sobre o som do heliaério.

– A única coisa que sei é que temos que dar o fora daqui. Antes que eles nos encontre – diz Roland ao meu lado.

– Eles quem? – pergunto. Olho pra Roland, mas ele está ocupado, olhando pra cima. Ele não me responderia, sei disso. Olho pro lado e Paul está fazendo o mesmo que Roland. Por que não me respondem? O barulho pára e o silêncio se arrasta na floresta. Paul se levanta.

– Vamos.

Prefiro não perguntar, eles não iriam me responder. Me levanto e começamos a andar pela floresta. As perguntas se formavam em minha cabeça rapidamente. Aqueles heliaérios são da cidade. O que fazem aqui? E por que Paul e Roland não responderam a minha pergunta?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Até o próximo! ô/
Bjss'



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Escolhidos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.