Escolhidos escrita por Sahh


Capítulo 4
4


Notas iniciais do capítulo

Ô/ Maais um!



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Estou sentada na cama desde que cheguei ontem em casa, não consigo dormir. O que vou fazer sem o Oliver? O que direi ao Luke quando ele estiver crescido e perguntando pelos pais e pelo irmão? Me pergunto, triste. Estou a madrugada toda aqui, sentada, chorando. Quanto tempo mais Oliver têm? Pergunto-me novamente. Meu despertador toca e o desligo, não quero ir pra escola, não vou conseguir encarar o mundo lá fora, não conseguirei impedir minhas lágrimas de escaparem. Pego meu lençol e cubro minhas pernas, abraço o joelho junto ao peito. Alguém bate na porta do meu quarto, me levanto e destranco a porta.

– Eve, não vai pra escola? – pergunta minha mãe, esfregando os olhos. Me deito na cama e me cubro.

– Desculpe, mãe, não estou bem – digo, quase sussurrando. Minha mãe senta na minha cama e bota a mão quente na minha testa.

– O que você têm? – pergunta ela, com a voz um pouco preocupada.

– Não estou bem, por favor, não me obrigue a ir para a escola, por favor – digo, com vontade de chorar.

– Tudo bem. Vê se descansa – balanço a cabeça em concordância. Minha mãe ajeita o lençol á minha volta. – Não está com fome?

– Não – digo. Perdi minha fome. Ela beija minha testa e sai do quarto. Fecho meus olhos e me preparo para dormir.

Não sei por quanto tempo cochilei. Meia hora, quem sabe. Escuto a porta do meu quarto abrir, viro o pescoço e Oliver vem andando em minha direção.

– Sua mãe me deixou entrar – diz ele. Me sento na cama e me cubro com o lençol. Oliver senta na ponta da cama. Acho que ele não conseguiu dormir, seus olhos estão cansados, assim como sua postura. – Não vai pra escola?

– Não consigo, não quero enfrentar a escola hoje. – Oliver balança a cabeça.

– Seus pais já saíram. Posso ficar aqui com você?

– Eu adoraria – digo. Oliver tira as botas e senta ao meu lado, pega o lençol para se cobrir também. Deito a cabeça em seu ombro, ele passa o braço pelas minhas costas. – Não consegui dormir – digo.

– Nem eu... – sussurra ele.

– Como... Como você está?

– Não mentirei para você – diz ele. – Estou pior a cada dia. Não consegui nem tomar café da manhã hoje – diz ele. Sinto um peso no estômago.

– Você têm que comer – digo.

– Eu sei, eu até comi um pão, foi a única coisa que meu estômago aceitou. – Levanto a cabeça para olhá-lo, seus olhos azuis estão mais brilhantes. – Faris ainda me estranha – diz ele. Ele queria a mesma coisa que eu, mudar de assunto. Isso nos deprime, nos deixa tristes. Sorri. Depois do dia em que Oliver pisou sem querer na pata de Faris, ele o estranha.

– Ele ainda não te desculpou pela pata – digo e ele sorri. Aproximo meu rosto do seu e encosto nossos lábios. Eu quero mudar tudo isso, quero que ele fique comigo, para sempre, assim como nos contos que leio nos livros da escola. São só contos, mas o desejo de realizá-los é grande. Nos afastamos. Eu beijo sua bochecha e volto a deitar a cabeça em seu ombro.

– Não vamos esquecer do bar – digo.

– Que pena – diz ele. – Queria ficar aqui pra sempre – sorri.

Ficamos assim, sentados, abraçados. Eu não quero sair dos braços dele, mas minha barriga ronca. Na cozinha, eu esquento a sopa. Oliver está escorado na cadeira, observando a janela. Ele me olha e nota que estou olhando-o por muito tempo. Ele sorri.

– O que foi?

– Você está parecendo meu pai – digo, sorrindo. Ele sorri.

– Será que ele vai aceitar que fiquemos juntos? – pergunta ele. Minhas mãos tremem.

– É com isso que você se preocupa?

– Quero me preocupar com os problemas menores, os maiores me dão dor de cabeça – diz ele, sorrindo. Tiro a panela do fogo e boto um pouco no prato. Me sento na mesa, mexo na sopa com a colher, esperando ela esfriar. E lá se vai a primeira colherada. Estendo para Oliver, mas ele torce o nariz. Largo minha colher no prato.

– Você não vai comer, também não vou – digo, com os cotovelos em cima da mesa.

– Olha, não estou com fome.

– Mas você têm que comer, Oliver – digo. Ele olha pro prato e suspira.

– Está bem – diz ele. Pego a colher e levo até a boca dele. Ele engole sem protestar, mas faz cara feia quando eu levo outra colherada á sua boca, mas engole. Me levanto e digo:

– Quando eu voltar, quero ver esse prato vazio.

– Mas, Eve...

– Por favor, Oliver – digo. Beijo sua bochecha e beijo sua boca.

– Pedindo assim, não tem como recusar. – Ele sorri.

Depois de um banho, estou em meu quarto, procurando algo no guarda roupa. Pego um vestido amarelo claro. Calço minhas botas e seco o cabelo na toalha. Penteio o cabelo e deixo a toalha estendida na cadeira. Volto para a cozinha e dou uma olhada em seu prato, limpinho. Ele me olha e sorri.

– Adoro quando você está com esse vestido. – Ele sorri e se levanta. – Que sorte a minha me apaixonar pela garota mais bonita do vilarejo. – Ele me pega pela cintura, eu sorrio. Passo meus abraços pelo seu pescoço e o abraço forte. Eu não quero sair desse abraço, mas a vida passa, principalmente a de Oliver.

Eu não quero chorar, isso não iria adiantar, não faria ele melhorar, nada mudaria. Me inclino e o beijo. Estar nos braços dele me trazia segurança, conforto, algo que nunca senti desse modo. Um tremor passa pelo meu corpo, vou sentir falta desse conforto. Nos afastamos e ele me olha atentamente.

– Antes de ir pro bar, queria te perguntar algo – balanço a cabeça. – Você conhece alguém chamado Jordan Harvey? – Demoro um pouco para responder, estou vendo se lembro de alguém com esse nome. Nada.

– Não, nunca ouvi falar. – Fico curiosa. – Por quê?

– Ontem, lembra que fui com o Joel ajudar com as mercadorias? – balanço a cabeça. – Junto com os mercadores, veio um homem, ele era meio estranho, chegou para mim e eu não entendia nada do que ele falava, coisas muito sem sentido. Só lembro que ele parecia louco para encontrar esse tal homem de quem lhe falei.

– Que estranho. Todo mundo aqui se conhece. E nunca vi ninguém de fora além dos mercadores.

– É... Vamos? Temos mais trabalho, Sue não melhorou.

– OK. – Saímos de casa e Oliver para no meio da escada, me viro para ele e pergunto:

– O que foi?

– Me lembre de falar com o senhor Marshall de noite? – Ele sorri, e eu penso no assunto.

– O que quer com meu pai? – pergunto. Meu coração bate rápido, esperando pela resposta.

– Ah, falar de mim, de você... – Ele cruza os braços e levanta o rosto, apontando o queixo para mim – Hum... Você me acha bonito? – Olho atentamente para ele e começo á rir. Oliver é bonito, estou rindo por causa de sua postura esquisita.

Ele faz bico e eu sorrio. Ele se aproxima de mim, deixando nossos rostos quase se encostando, fazendo minhas bochechas queimarem.

– Você não me acha bonito? – pergunta ele, fazendo bico. Eu não consigo tirar meus olhos dos dele; como eu amo aqueles belos olhos azuis. Ele sorri e me beija. O beijo que faz meu mundo dar voltas. Ele se afasta e sinto tudo á minha volta girar.

– Você é mais do que bonito – digo e ele sorri. Sinto um nó na garganta. Sinto um aperto no coração. Eu nunca mais veria aquele sorriso ou aqueles belos olhos. Sinto as lágrimas se acumularem nos meus olhos. Lágrimas malditas escaparam de meus olhos, eu não quero chorar, não quero pensar sequer que não o verei mais. Argh! Abaixo a cabeça e seguro meus braços, me abraçando. Braços passam pelos meus ombros e enterro meu rosto no peito de Oliver. Ele coloca o queixo no alto da minha cabeça e suspira.

– Por favor – sussurra ele. – Não chore. – Ele beija minha cabeça. Eu tento reunir palavras, mas elas me escapam. Solto meus braços e abraço Oliver. A quentura de seu corpo, aos poucos me tranquiliza.

– Não quero perder você, Oliver. Se tivesse dito antes, eu faria qualquer coisa para impedir isso.

– Tenho certeza que sim – diz ele. Sinto ele respirar fundo. – Meu caso não tem volta, Eve...

Me inclino para olhar em seus olhos.

– Oliver, a cidade, eles podem... podem...

Oliver fecha os olhos e balança a cabeça em negatividade, como se a idéia de ir á cidade fosse impossível. Ele se inclina e beija minha testa.

– Vamos? – Concordo com um aceno de cabeça e levo minha mão ao rosto, tirando qualquer sinal de que eu tenha chorado. Começo á andar com Oliver á caminho do bar.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo capítulo!
Bjss'
;*



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