Talvez agora seja de noite. Não dá mesmo para saber de nada nesse lugar. Eu havia voltado da enfermaria com Dylan ao meu lado. E claro, Rose havia me fuzilado com os olhos e subiu correndo ao quarto. Lucy a seguiu. Rose não fez nada além de tentar me vencer com a espada, mas não conseguiu. Elas não fizeram mais nada até agora. Duas contra uma não será muito certo.
Mark, Dylan, Oliver e Conor estão na mesa. Estou com Maggie no sofá.
– Você está bem? – pergunta Maggie.
– Me sinto um pouco tonta. Mas vai passar assim que eu dormir – tranquilizo-a.
– Espero que sim. Ei, ainda vamos treinar com as espadas? – Sorrio e coloco a mão em sua cabeça.
– Claro. Amanhã mesmo, se quiser. – Maggie sorri e balança a cabeça em concordância.
– Ei, Eve. Por que você saiu daquele jeito? – ela pergunta. Entrelaço os dedos no colo. Nem eu mesma sei o por quê direito.
– Eu... estava um pouco mal. Queria ficar sozinha – sussurro. Espero que o pessoal da mesa não tenha escutado.
– Por-
Maggie é interrompida pela entrada dos guardas no quarto. Eles nos mandam os seguirem. Andamos pelo corredor em silêncio. Quase ninguém aqui conversa quando somos tirados do nosso quarto. Estamos indo por um caminho diferente, aqui não há portas. Viramos num corredor e damos de cara com uma porta parecida com as demais, só que maior.
A porta se abre e fico totalmente paralisada no lugar. É uma floresta. É parecida com a floresta ao redor de casa. O cheiro é o mesmo. Meu coração bate rápido. Alguém segura meu pulso. Olho para baixo. Maggie me olha triste. Esse lugar deve lembrar sua casa também.
– Dá pra entrarem logo? – A voz de Darren surge atrás de nós. Olho para trás e ele me encara. Entro rapidamente. – Iremos treinar aqui á partir de hoje. Vocês escalarão árvores, passarão por pontes de madeira e outras formas de treinamento. Queremos vocês mais rápidos e mais fortes.
E assim começamos. Entre uma árvore e outra, uma grande ponte de madeira e malfeita tinha. Nos fizeram correr quase pela floresta toda. E subíamos em árvores. Eu me sentia feliz todo vez que íamos á essa floresta.
Voltamos aos testes cerebrais. Eu melhorei um pouco. Tinha conseguido na semana passada pôr em cima do outro, dez deles. Oliver conseguiu melhorar também, assim como Dylan. Maggie conseguiu três, pelo menos. Continuo dizendo à ela que consegui alguns, não quero vê-la triste por conseguir tão pouco.
Estamos há quase quatro semanas fazendo as mesmas coisas. Bem, eu acho que são três semanas e meia. Quando não é a floresta, é a sala de armas ou o teste cerebral. Isso têm sido cansativo. Só quero ir pra casa. É o que todos queremos.
Eu conversava bastante com Mark. Com Dylan já não é a mesma coisa. Mas ele sempre tentava conversar comigo. Eu não recusava, mas poucas coisas conversávamos. Lucy me encarava mais do que Rose. Isso me irritava. Elas sabem bem que eu estou com Oliver. O que eu iria querer com Mark e Dylan?
Depois do banho, saí do banheiro secando meu cabelo na toalha. Rose e Lucy estão no quarto, me encarando. Desvio o olhar e estendo a toalha ao lado da minha cama. Sinto um puxão no cabelo.
– Quer os três só pra você? – ouço Lucy perguntar. – É melhor você ficar longe de Mark.
– E de Dylan – diz Rose.
– Acham mesmo que farei o que querem? – digo. Puxam o meu cabelo com mais força. Alguém se aproxima.
– Que tal machucar esse seu lindo rostinho. – Lucy fala no meu ouvido.
Dou uma cotovelada para trás e acerto sua barriga. Ela urra de dor. Rose vêm pra cima de mim e lhe dou uma joelhada na boca do estômago. Lucy levanta e me dá um soco no rosto. Aperto com força o punho e lhe dou um soco no queixo. Rose me dá um chute na barriga e me dobro de dor. Sinto sangue sair do meu nariz. Uma delas chuta as minhas costas e caio de cara no chão. Faço força nos braços para me levantar, Lucy me chuta. Cuspo e sai sangue. Levanto-me devagar. Estou coberta de sangue. Lucy vêm pra cima de mim com um soco. Que vai bem no meu rosto. Mais sangue. Alguém abre a porta. Maggie fica parada na porta e sinto algo passar pelas minhas pernas. Caio no chão. Maggie solta um gritinho ao ver meu rosto.
– Também cansei dessa pirralha – diz Rose. Ela caminha em direção à Maggie. Me arrasto atrás dela. Ela estava perto de alcançar Maggie quando agarro com força as pernas de Rose, fazendo-a cair no chão.
Alguém agarra minhas pernas e me puxa. Levo Rose comigo. Chuto as mãos de Lucy e me levanto devagar. Rose novamente avança para Maggie e tento correr para impedi-la de machucá-la. O chute de Rose que deveria ser para Maggie, vai direto na minha barriga. Respiro com dificuldade. Pego seu pé e o jogo para o lado. Chuto sua lateral e ela cai no chão. Lucy pula para cima de mim, Maggie agarra o cabelo dela e tenta tirá-la de cima de mim. Lucy dá um chute na barriga de Maggie, fazendo-a cair e bater a cabeça na cama.
– Maggie – grito roucamente. Lucy está em cima de mim, segurando meus braços. Alguém abre a porta com força.
– Você está maluca? – pergunta Mark. Dylan agarra os pulsos de Lucy e a tira de cima de mim. Ela se debate e grita para soltá-la.
Engatinho até Maggie e coloco sua cabeça no meu colo. Ela está respirando, ainda bem. Limpo o sangue do meu rosto na minha blusa. Oliver aparece com os guardas na porta.
Na enfermaria, observo Maggie enquanto a enfermeira limpa meu sangue. E a todo momento me pergunto o por que de nenhum dos guardas aparecer para separar a briga. Talvez quisesse ver se sabemos nos defender. Solto um gemido quando a enfermeira passa algodão com álcool no corte ao lado da minha sobrancelha.
– Gosta da enfermaria, né? – pergunta a enfermeira.
– Acho que a enfermaria sentiu minha falta – digo. A enfermeira ri. – Maggie vai ficar bem?
– Com certeza.
Voltamos para o quarto. Eu só tinha uns pequenos machucados. Maggie estava bem melhor. Rose e Lucy nos encararam. Eu não as vi na enfermaria, parece que elas foram tratadas aqui. Eu talvez devesse ter socado a cara delas para deixar a marca. Elas nos ignoram e subiram para o quarto. Espero que elas não mexam conosco de novo. O Prefeito avisou que da próxima vez, todas seremos castigadas pelo o que aconteceu. Como se eu fosse deixá-las fazer algo de novo. Só espero que tenham aprendido que não conseguiria nada me batendo. Mark e Dylan as ignoraram. Bem pior dessa vez. Mark disse que elas parecem crianças, na mesma hora concordei.