Escolhidos escrita por Sahh


Capítulo 21
21


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura! ^^



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Agora lembro-me exatamente como conheci Dylan.

Era uma tarde tranquila, e eu não aguentei ficar trancada em casa. Eu queria morangos, mas tinha medo do Spense. Achei melhor pedir á Brandon depois, já que da última vez, Spense tinha reclamado com meus pais.

Tinha uma árvore de maçãs perto da praça. Sai de casa e fui lá. A árvore era bastante alta para meu tamanho, eu era tão baixa. Mas subia em árvores como ninguém. Eu subi na árvore e me sentei num galho. A árvore não tinha maçãs. Procurei pela árvore toda. Até que eu achei somente uma, mas ela estava fora do meu alcance. Subi num galho fino, tremendo, com medo de cair. Eu estava perto de pegar a maçã.

– Cuidado, ou vai cair – gritou alguém. Olhei para baixo e vi um garoto.

– Não vou cair – gritei para ele.

– Então boa sorte, macaquinha – gritou ele.

– Não me chame disso – gritei de volta. Quase perdi o equilíbrio, segurei no tronco da árvore. Andei um pouco mais no galho e agarrei a maçã. Desci da árvore e sorri. O garoto era bonito, tinha um cabelo curto e olhos verdes. – Consegui, viu? – Dei língua e o garoto sorriu.

– Ainda bem que não caiu, ou eu ia levar a culpa, macaquinha.

– Já disse para não me chamar assim! – Fiquei emburrada, o garoto sorriu e olhou para a maçã. – Quer um pedaço? – perguntei. Ele balançou a cabeça e sorriu. Sorri. Entreguei a maçã á ele e ele mordeu. Nos sentamos na praça e dividimos a maçã. – Qual o seu nome?

– Me chame de Di, estou acostumado á todos me chamarem assim – disse ele.

– Sou Eve.

– Mas macaquinha é legal – insistiu ele.

– Não é não – cruzei os braços. Ele riu. – Ei, eu nunca te vi na vila, de onde você é?

– Sou de outra vila. Meu pai é um mercador.

– Uau, ele é corajoso.

– Eu também sou, passei pela floresta – disse Dylan.

– Mas um mercador passa mais. – Di cruzou os braços.

– Mas eu também passei – insistiu Di. Sorri.

– Está bem. Ei, você vêm aqui sempre?

– Algumas vezes. Ah, acho que tenho que ir encontrar com meu pai, nos vemos outra hora. – Ele se levantou e eu também.

– Quando aparecer, me visita. – Ele sorriu.

– Ok. Até mais, macaquinha – disse ele.

– Não me chame disso – disse irritada, ele sorriu e correu da praça em direção á prefeitura á frente.

Di... Por que não me disse? Como eu não precisava dele? Penso. Ele era meu amigo, toda vez que ele aparecia na vila, eu ficava feliz. Boto o travesseiro na cara. Di apareceu sempre que podia na vila, brincávamos, nos divertíamos. Subíamos em árvores e ele continuou me chamando de macaquinha, eu odiava na época, mas quando ele não estava, eu sentia falta até disso. E quando ele aparecia, eu fazia pouco caso com o apelido. Ele não me disse seu nome, acostumei á chamá-lo de Di, eu não me importava com o nome dele, eu gostava de ser amiga dele e ponto. Eu era uma criança, conheci ele quando eu tinha doze anos, ele tinha treze. Não entendi, depois de um tempo ele não apareceu mais na vila, e acabei esquecendo ele, já que eu virei amiga daquele que sempre gostei, Oliver.

Minha cabeça dói. Dylan podia ter me dito, ele achou que eu ia o quê? Argh! Ele têm razão, eu não o reconheci, o cabelo dele cresceu, ele ficou mais alto e um pouco mais forte.

Acordo com o travesseiro molhado. Aquilo tudo não foi um sonho. Suspiro. Como vou enfrentá-lo agora? Eu havia esquecido ele. Entro no banheiro. Meu rosto está vermelho e meus olhos estão inchados. Lavo o rosto na pia.

Desço a escada para o café da manhã. Suspiro por não ver Dylan. Oliver está numa mesa conversando com Mark. Conor está na porta para pegar a bandeja. Vou até a porta.

– Tudo bem? – pergunta Conor, com a bandeja nas mãos.

– Claro – digo.

– É que... seu rosto... – Boto a mão no rosto.

– Estou bem – digo. Aperto o botão e pego a bandeja. Nos sentamos com Oliver e Mark. Oliver toca de leve meu ombro.

– Aconteceu alguma coisa? – pergunta ele. Não respondo e encaro a bandeja. – Tudo bem.

– Obrigada. – Têm coisas que você não consegue contar nem para a pessoa em que você mais confia.

Dylan senta na outra mesa com a bandeja. Rose o segue. Dylan me olha e em seguida abaixa os olhos. Rose me encara. Desvio o olhar e volto á comer. Maggie aparece com a bandeja. Conor se levanta.

– Têm certeza que vai aguentar elas? – pergunta Mark. Conor ri.

– Sim.

– Obrigada – diz Maggie para Conor, ao meu lado. – Eve, tudo bem?

– E-eu...

– Ah, Maggie, como foi com as facas ontem? Nem tive a chance de perguntar e nem de ver – diz Mark. Agradeço mentalmente á Mark.

– Não fui muito boa... – Ela têm que aprender a se defender, vou ajudá-la.

– Se quiser uma ajuda é só pedir – diz Mark. Maggie sorri.

– Obrigada. Eve disse que vai me ajudar hoje. – Balanço a cabeça em concordância.

– Vocês tiveram um dia difícil ontem – diz uma voz alta. É da projeção. Não vou me virar para olhar. – Hoje vocês não precisarão lutar. Hoje será mais o treino cerebral de cada um. Estejam preparados daqui á uma hora.

Ouço um zumbido. A projeção desapareceu. Queria ter me sentido aliviada por não ter que usar uma arma hoje, mas não. Sinto-me necessitada á lutar com uma espada, atirar em alvos ou o que fosse. Treino cerebral... isso não parece bom. Será que a pessoa precisa de um controle cerebral? Acho que não sou apta á isso.

Enquanto esperamos, Conor conversa com Maggie, enquanto Oliver somente me observa. Não gosto de preocupá-lo, ele já tem tanta coisa para se preocupar. Sorrio para ele. Espero que ele não saiba quando finjo um sorriso. Talvez saiba, somos amigos á tanto tempo.

Somos levados á uma sala diferente. Nela, o local é totalmente branco, com cadeiras em fileiras, quatro de um lado e quatro de outro. Ao lado de cada cadeira, há um aparelho e uma cadeira pequena. Lewis entra na sala com sete pessoas atrás.

– Sentem-se nas cadeiras, por favor – pede ele. Minhas mãos tremem, fecho-as para conter o nervosismo. Ando até o meio da sala. Não há porque demorar á escolher uma, são todas iguais. Sento-me em uma do meio. Dá para se inclinar na cadeira.

Todos estão sentados nas cadeiras. A sala começa á ficar escura, exceto por uma luz fraca vindo de cima. Alguém senta ao meu lado, uma mulher baixa. Ela pega algo de cima do aparelho e coloca na minha cabeça. O objeto é estranho, partes dele estão entre minhas sobrancelhas e ao lado delas.

– Fique calma – diz ela. – Isso não vai doer. – Minhas mãos tremem. Respiro fundo e balanço a cabeça em concordância. – Vão aparecer objetos na sua cabeça onde você têm que movê-los. Você deve empilhá-los.

Eu queria perguntar que tipo de objetos e por que eu faria isso, mas meus olhos se fecham antes que eu a pergunte. De repente, fica tudo claro. É como se eu estivesse na mesma sala em que sentei na cadeira, só que sem as cadeiras e as pessoas. Cubos do tamanho da minha mão e de várias cores aparecem no chão, espalhados. As instruções dizem que devo movê-los. Toco um cubo, mas minha mão o atravessa. Não posso nem tocar no cubo, como farei ele se mexer?

Eles disseram que era um treino cerebral. Em nossa cabeça, podemos fazer o que quiser. Talvez fosse isso, tentar mover o cubo só com o pensamento. Isso é possível? É em nossa mente, talvez seja possível. Olho fixamente para o cubo azul mais próximo. Quero fazê-lo se levantar e colocá-lo em cima do cubo laranja ao seu lado. Mexa-se, penso. Se levante, pule ou sei lá. Tento novamente. Argh! Isso não é fácil. Hum... O problema não seria o cubo... Olho fixamente para ele. Se levante, penso. O cubo azul treme no chão. Isso! Agora, se levante. Penso, novamente. O cubo paira no ar. Sorrio. Agora, em cima do cubo laranja, penso. Estou falando com um objeto, é ridículo. E ele ainda obedece. Seguro a risada. O cubo azul vai tremendo no ar. Solto-o em cima do cubo laranja.

Faço o mesmo com o cubo vermelho. Ele balança no ar, enquanto tento levá-lo para cima do cubo azul. Pego outro, um verde. Coloco-o firmemente em cima do vermelho. Quatro cubos, um em cima do outro. Pego um branco e coloco em cima do vermelho. Quanto tempo será que estou aqui?

Esse negócio de mover objeto é até divertido. Tudo á minha volta escurece. Sinto meus dedos entrelaçados em cima do colo. Pisco os olhos várias vezes. Estou na sala escura de novo. Olho para o lado, a mulher me olha surpresa. Em seguida ela sorri.

– Nossa, você foi incrível – diz ela. – Foi lento, mas foi incrível.

– Lento? – Não entendi. Sei que demorei para fazer os objetos levantarem, mas eu não acho que tenha sido demorado.

– Sim. Demorou uma hora para você fazer uma pilha de cinco quadrados – diz ela. Ajeito-me na cadeira.

– Uma hora? Achei que foi uns minutos. – Ela sorri.

– Tudo o que acontece na nossa cabeça é diferente de como é na realidade, principalmente em um teste cerebral. Não desanime, você foi realmente incrível. Poucos aqui conseguiria o que você conseguiu.

A mulher retira o objeto estranho da minha cabeça. Olho em volta, quase todos estão de pé, perto de Lewis. Levanto-me e Maggie me segue.

– Que teste estranho, não é? – pergunta ela.

– Bastante. – Sorrio. – Como você foi?

– Ah... eu não consegui.

– Nenhum objeto? – pergunto.

– Nenhum. Você foi bem, não foi?

– É. Fiz o que pude – digo á ela. Se eu disser que consegui cinco quadrados, ela talvez vai se sentir mal. Sorrio e coloco a mão em sua cabeça. – Na próxima, você consegue. – Maggie sorri.


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