É meio difícil dormir com inimigos no mesmo quarto que o seu. Eu não devia considerá-las assim, estamos na mesma situação. O jeito como elas riram de Maggie só me fez ter mais raiva desse lugar. Tenho que pensar em algo para sair daqui. Mas lutar contra o governo não é uma boa opção.

Ao acordamos, temos uma surpresa no andar de baixo. Roupas separadas para cada um de nós. Blusas, calças e botas escuras. Tudo em cima das mesas. A mensagem do Presidente diz para nos vestirmos com essas roupas e, em seguida, tomarmos o café da manhã. Pego qualquer uma e subo primeiramente ao quarto. A roupa serviu perfeitamente. Essas botas são mais macias do que as minhas velhas botas. Mas ainda prefiro as minhas velhas botas.

Maggie entra no banheiro e espero por ela, com Lucy e Rose no quarto. Maggie não precisou me pedir para esperá-la. Fico olhando minhas botas á sua espera.

Saindo com Maggie do quarto, Lucy e Rose não fazem nada, é como se nem estivéssemos ali.

Vou com Maggie até a porta e pegamos nossa bandeja. Leite numa tigela com cereal, pãezinhos num pequeno pode de plástico e um copo de chocolate quente. Eu e ela nos sentamos á mesa e Oliver veio até nós com sua bandeja. Tomamos o nosso café da manhã em silêncio.

Lucy e Rose haviam aparecido e sentado na outra mesa, e, praticamente, expulsando Conor novamente da mesa.

– Não deixe elas fazerem isso – cochicha Maggie para Conor. Ele sorri.

– Não têm problema. – Ele morde um pedaço do pãozinho. – Elas estão mais agitadas depois de ontem na escada. – Maggie sorri. – Não podem chegar perto de Mark e nem de Dylan. Elas vão se chatear – comenta ele, rindo. Sorrio.

– Há quanto tempo você está aqui? – pergunto para Conor. Ele mastiga o resto do pãozinho antes de responder.

– Quase uma semana e meia.

– Vocês faziam as mesmas coisas que fazemos agora? – pergunta Oliver.

– Não. Ficávamos no quarto.

– E o que vocês faziam? – pergunto, deixando de lado o café da manhã.

– Nada. É um interrogatório, é isso?

– Só queremos saber o por quê de estarmos aqui – diz Oliver. Dou minha atenção para o cereal na pequena tigela na minha bandeja.

– Acredite – diz Conor –, me pergunto isso toda vez que acordo.

Olho para Oliver. Ele têm a mesma reação que tenho agora. Ele está segurando o copo e olhando para ele. Meu estômago revira. Perco a fome.

Percorremos o mesmo corredor branco de antes. Um dos guardas abre a mesma porta oval, com o pombo no meio. As armas continuam na sala. Darren e Viollet estão no mesmo painel anterior no meio da sala. Darren levanta os olhos para nós e sai do circulo azul, tornando-o preto.

– Vamos treinar um pouco os socos e os chutes hoje antes do outro treinamento – diz Darren. – Já que ontem, muitos de vocês não foram capazes. – Seus olhos passam por mim e Maggie, ao meu lado, em seguida ele olha para Lucy e Rose.

Entram oito pessoas na sala. Darren diz que teremos que treinar com essas pessoas. Fico com uma mulher baixa com a expressão bem zangada. Estou decidida a não cair mais. Começamos assim que Darren nos manda. Estou indo bem, diferente de Maggie e Rose. Elas caem sempre que tentam chutar seu adversário. Talvez elas melhorem com o outro treinamento. Lucy melhorou com os pés.

Darren nos manda descansar. Um guarda de cabelo ruivo entra quando Darren grita para trazerem água. O guarda volta com uma caixa e nos joga as garrafas de água. Sentamos no chão, exceto Mark e Conor que optaram por deitar.

– Você melhorou, Eve – diz Maggie, ao meu lado. Sorrio.

– Você também vai – digo. Ela dá um meio sorriso.

Tenho melhorado por causa das roupas, talvez. Acho que não; tenho sentido uma vontade grande de saber me defender.

Maggie, Oliver e eu estamos afastados do resto do pessoal. Darren está no painel, á nossa esquerda. Olho para o lado, Viollet está olhando o painel em que Darren mexe. Volto minha atenção para o pessoal. Lucy e Mark estão conversando. Ao lado, Conor está de olhos fechados. Perto dali, Rose conversa, ou tenta, com Dylan. Ele está olhando para cima, apenas balançando a cabeça. Olho para cima. Atrás dos vidros, pessoas nos observam novamente. Umas riam, outras mexiam em pequenos aparelhos. Abaixo os olhos e encontro os de Dylan me olhando. Ele dá um sorriso torto. Sorrio. Rose ao seu lado, me fuzila com os olhos. Desvio o olhar e bebo um gole de água. Dylan se parece um pouco com seu pai, por isso achei que o conhecia. O sorriso deles são parecidos.

Lucy e Rose não são boas pessoas. Riram da pequena Maggie sem piedade alguma. Quase bati em Lucy, mesmo não sendo boa nisso. Na verdade, eu não sei o que aconteceria se eu tivesse batido nela. Perderia, é óbvio. É melhor ter cuidado com essas duas.

– O treino corpo á corpo irá melhorar suas técnicas – diz Darren. Levantamo-nos. Darren mexe no painel. – Por isso, as espadas existem aqui. Elas os ajudam no combate corpo á corpo. – Ele para de mexer no painel e sai do circulo azul. – Vocês aprenderão hoje á usar uma arma. Tanto espada, faca, arma de fogo e tantos outros.

Darren começa á andar em direção ás armas no fundo da sala, separadas por vidro. Ele entra em um dos locais com armas e pega duas espadas. Ele volta e entrega uma espada á Conor.

– Vamos ver como você luta com uma espada – diz Darren. Ele anda até o meio da sala. – Venha.

– Ei, espere aí. Eu terei que lutar? Atacar você? – pergunta Conor.

– Claro. – Darren diz em voz alta. – Serei educado e deixarei você começar – diz Darren. Ele se posiciona. Conor olha para e pesada espada em sua mão, segura-a com força e caminha até o meio da sala.

Conor avança para cima de Darren. Darren consegue bloquear o ataque de Conor com sua espada. Darren empurra a espada e Conor anda para trás. Darren anda para trás e tira sua espada da frente. Conor avança novamente, Darren consegue bloqueá-lo. Conor está vermelho e suado. Darren somente sorri. Ele abaixa a espada.

– Hum, você é forte – comenta Darren. Conor sorri vitorioso. – Mas isso não quer dizer que você me derrotaria.

Darren se vira para as pessoas que antes lutaram conosco.

– Escolhidos, dependendo da arma que vocês escolherem, vocês treinarão com essa pessoal aqui novamente. – Darren aponta para eles.

– Bem, vocês serão livres para escolherem a arma que irão treinar. Podem achar vários tipos de arma ali atrás. Podem ir – diz o homem moreno que havia treinado com Mark.

Conor não havia vindo conosco, ele preferiu ficar com a mesma espada. Com Oliver de um lado e Maggie do meu outro lado, começamos á caminhar em direção aos fundos da sala. É um corredor estreito separados por vidros. Eu não sei o que escolher, não sei em qual tipo de arma eu sou boa. Posso considerar dardos uma arma? Provavelmente eles nem têm isso aqui. É algo na qual sou boa. Entro no primeiro cômodo de armas. Têm espadas penduradas na parede de vidro. Abaixo têm pequenas facas. Olho pro outro cômodo, onde Lucy, Rose, Mark e Dylan estão. Lá eles têm vários tipos de armas de fogo. Aos lado das facas, têm um arco e flecha, será que conseguirei usar um? Acho que não. Maggie ao meu lado segura uma faca, com um olhar triste. Seguro em seu ombro. Não acredito que eles deixam uma criança mexer com armas. Oliver pega uma espada. Não gosto de ver ninguém morrer. Essas armas matam mais lentamente, isso seria horrível de ver.

Saio do cômodo e entro no outro. Lucy entra no cômodo em que acabo de sair. Viro o rosto e olho para as armas. Arrumadas embaixo estão as pequenas. Pego uma arma um pouco maior que a minha mão. Sinto um peso na boca do estômago. Segurar coisas tão perigosas assim não faz eu me sentir melhor, muito pelo contrário. É meio que errado segurar algo assim.

Voltamos ao meio da sala. O homem moreno sorri, enquanto conversa com Darren.

– Bom, aos que escolheram armas de fogo, acompanhem Darren – diz o homem moreno. – Sophie, acompanhe a garota com a faca. – diz ele para a mulher do grupo.

Sophie leva Maggie para um canto na sala, onde têm alvos de todos os tamanhos. Espero que Maggie fique bem. Olho para Oliver, ele sorri. Mark, Dylan, Rose e eu acompanhamos Darren. Atravessamos a sala, passamos pelos cômodos de vidro e entramos por uma porta. O lugar é amplo, paredes azuis e o chão cinza. Bem á frente, têm vários alvos. Pequenas cabines estão á nossa frente.

– Já que escolheram a arma, podem começar – diz Darren, atrás de nós. – Ali têm fones de ouvido, usem quando for atirar. Vocês não iriam gostar do barulho sem ele.

Caminho até umas das cabines e coloco o fone de ouvido. Sempre fui boa com alvo, só espero conseguir com uma arma. Seguro a arma com as duas mãos, localizo bem o centro do alvo, minhas mãos tremem. Ouço o primeiro tiro, mas eu não havia apertado o gatilho. Giro o pescoço e vejo que Mark já havia começado. Volto minha atenção ao alvo. Não vou me distrair assim. Aperto o gatilho e com o disparo, meu corpo é levado um pouco para trás. Posiciono meus pés novamente. Olho para o alvo, eu não havia acertado o alvo e não sei onde a bala foi parar. Seguro novamente a arma com as duas mãos, elas tremem. Seguro firmemente para não tremer. Atiro e acerto perto do centro do alvo. Alguém tira meu fone de ouvido. Olho para trás e Rose sorri.

– Poxa, apaixonada, é melhor você melhorar a pontaria, ou Oliver vai achar você fraca demais – diz ela. Empurro seu ombro e ela anda para trás. Eu devia ter empurrado mais forte, assim ela cairia no chão. Rose ri e ponho novamente o fone no ouvido.