Escolhidos escrita por Sahh


Capítulo 16
16


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!! ^~^



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Abro os olhos na esperança de que eu tenha acordado do pesadelo de ver minha família desmaiar e de que eu tenha estado em um lugar com quartos brancos com mais sete pessoas. Mas me engano. Acima de mim ainda está a outra cama. A única notícia que me conforta é que não estou sozinha.
Olho para cama de Maggie, vejo-a dormir tranquilamente. Sei que ela não vai estar melhor, eu não estou. Diferente dela, eu tenho alguém comigo. Levanto-me da cama e só encontro Maggie dormindo. Viro-me e abro a porta. É só um banheiro. Lavo o rosto na pia. Ao lado da pia, têm um pequeno armário. Abro-o e vejo toalhas.
Desço as escadas, com uma mão na parede. Chegando na sala, vejo todos espalhados. O tal Mark está numa mesa conversando com Dylan. Na outra mesa está Rose e Lucy, estão cochichando e olhando pros garotos da outra mesa. Lembro disso na escola. Tinha garotos bonitos na escola, mas nunca fui muito de cochichar com minhas amigas, poucas vezes fazíamos isso. Balanço a cabeça para não ficar pensando em coisas que me farão chorar. Isso não vai me fazer sair daqui. Nas mesas, têm bandejas com comida. Minha barriga ronca baixo. Só não sei em qual mesa eu vou. Olho para os lados e não vejo Oliver.
Resolvo ir na mesa das meninas. Elas me olham estranho, do mesmo jeito, me sento um pouco distante delas.

– Desculpe – digo, tentando chamar a atenção delas. – Onde é que tem comida? – pergunto apontando para suas bandejas.
– Eles botam por baixo da porta – diz Rose, que aponta para a única porta da sala. Olho para Lucy mas ela me olha estranho.
– Obrigada – digo. Não gostei como ela me respondeu. Só queria saber como conseguir comida, acho que não custava nada. A conversa delas é como uma conversa normal de garotas. Oh, ele tem um cabelo tão lindo. E os olhos? Você viu? E o sorriso? Que coisa mais linda. Suspiro.
– Algum problema? – pergunta Lucy.
– Não. Com licença – digo e me levanto. Chego perto da mesa dos garotos. – Posso?
– Claro – diz Mark.

Eles são educados, disseram que eu conseguiria comida só apertando um botão verde que tem ao lado da porta, onde eu não havia notado. Aperto o botão e em minutos uma bandeja aparece embaixo na porta por uma abertura. Minha bandeja está com algo que não conheço, uns pedaços de algo numa tigela com leite. Tem também um copo de suco, dois pedaços de bolo e um pão. Me sento na mesa dos garotos e até converso um pouco com eles. Sobre nossas casas, nossos costumes e nossos pais. Mesmo ficando um pouco triste sobre esse assunto.
– Dylan, seus pais trabalham de quê? – pergunta Mark.
– Minha mãe morreu em uma epidemia de gripe. Meu pai é mercador – diz Dylan. Essa palavra me despertou.
– Mercador? Qual o nome dele? – pergunto, segurando a colher da tigela com força.
– Paul Griffiths – diz Dylan, mexendo na tigela com a colher.
A colher em que eu estava segurando cai na tigela, fazendo leite espirrar na minha cara. Dylan me olha confuso, Mark se assusta, as garotas riem baixo. Levanto da mesa e vou em direção ás escadas. Antes de desaparecer no segundo degrau, pelo canto do olho vejo Oliver. Subo correndo e passo direto pelo quarto, quase atropelando Maggie no caminho.
– Eve?
Não digo nada, entro no banheiro e fecho a porta. É algo que não dá pra acreditar. Lavando o rosto, meu corpo treme. Seguro na borda da pia e encaro a torneira prateada. Paul, aquele que me salvou, me protegeu. Pai de Dylan. O garoto que estaria esperando seu pai voltar depois de seu trabalho. Ouço uma voz no andar abaixo. No pequeno armário, pego uma toalha e seco o rosto. Saio do quarto e Maggie olha de um lado pro outro.
– Desculpe. Você está bem? – pergunto. Ela balança a cabeça em concordância e aponta para a outra porta.
Ela pega a minha mão e me leva. Descemos as escadas. No primeiro degrau, vejo a mesma coisa que vi ontem, uma imagem de um homem projetada na parede. Só que é outro homem. Oliver está encostado perto da escada, olhando para frente. Sigo seu olhar. Joseph Jenkins, irmão de Callum e Presidente está sorrindo na imagem projetada. Ele está atrás de uma mesa, e entrelaça os dedos.
– Todos aqui? – pergunta ele. Todos olharam pelo quarto até chegarem á mim e Maggie. Todos voltam a olhar para a tela. – Que ótimo. Bom, Callum já disse á vocês sobre das duas etapas. Vamos á primeira. Vocês serão devidamente treinados.
– Treinar o que exatamente? – pergunta Mark. Ele está em pé, ao lado de Lucy.
– Os levaremos para a sala de treinamento. – Cochichos na sala. Maggie agarra meu pulso e sussurra:
– Do que estão falando? – Não faço ideia. Nos treinar para quê?
– Daqui á uma hora os levaremos para a sala. Tenham um bom apetite. – Joseph sorri e a imagem projetada desaparece.

Os cochichos no quarto aumentam. Chego perto de Oliver, com Maggie ainda agarrada ao meu pulso. Olho para frente, onde Oliver continua olhando, pensativo. Dylan me olha atentamente, procurando respostas com o olhar para aquilo que acabara de ocorrer com o leite. Toco o braço de Oliver, abaixo do cotovelo. Ele vira o rosto em minha direção.
– O que aconteceu? – pergunta, apontando pro meu rosto. Passo a mão pelas bochechas e sinto-as geladas.
– Leite – digo. Ele fica confuso.
Tomamos o que seria o nosso café da manhã. Não sentei com as meninas, sentei entre Oliver e Maggie, de frente para Dylan. Mark foi sentar com as meninas junto com Conor. Oliver puxa assunto com Dylan, conversavam sobre nossas casas, nossas vidas antes de sermos arrastados para cá. Dylan é filho único. Ignorando as olhadas de Dylan, mexo com meu café da manhã em silêncio. Imagens de Paul chegando em casa, vendo que seu filho não está em casa, que ninguém sabe sobre ele, me vêem a mente. Dylan é a sua família.
Passado-se uma hora, mais ou menos, a porta sem maçaneta se abre. Dois homens altos entram no quarto, carregando as mesmas armas prateadas que vi na floresta com Paul e Roland. Eles nos mandam ficar em uma fila de frente para eles. Entra no quarto uma mulher alta do cabelo preto amarrado num coque, um forte batom vermelho, com um vestido azul por baixo do jaleco. Ela está carregando uma caixa cinza. Ela coloca a caixa em cima do sofá e limpa a garganta.
– Estendam as mãos, por favor – pede ela.
Me inclino e olho para todos na fila. Rose, Lucy, Conor e Maggie deixam as mãos á frente dos corpos. Olho para a mulher, que pacientemente espera pelo resto de nós para fazer o mesmo. Levanto minha mão, na altura do peito, Oliver ao meu lado faz o mesmo. Mark e Dylan o fazem em seguida. A mulher coloca a mão na caixa e retira algo de dentro parecido com uma pulseira. O objeto é cinza claro. Ela anda até a primeira da fila, Rose. De dentro do jaleco, ela tira um pequeno aparelho, da mesma cor que o bracelete e aperta em um botão verde, fazendo a pulseira se abrir. Ela a coloca no pulso estendido de Rose e volta para a caixa para pegar a próxima. Colocado as pulseiras em todos nós, ela se retira do quarto. O objeto em meu pulso não têm peso, mas incomoda. Sinto-me como um animal.

Nos mandam andar em fila, fico perto de Oliver e Maggie. Ao sairmos do quarto extravagantemente branco, entramos num corredor largo, com as paredes brancas, o chão cinza, um corredor bastante claro. Passamos por mais ou menos umas cinco portas de ferro com o símbolo de um pombo voando e que, ao lado, existem pequenos aparelhos com números. Câmeras por todos os lados. Os homens que nos guiam com as armas param de frente para uma porta oval, essa têm um grande pombo no centro, uma porta diferente das demais. Um dos homens digita algo no pequeno aparelho de números e pressiona o dedo na parte lisa preta. A porta se abre e nos mandam para dentro dela, o lugar é enorme, lugares separados por placas de vidro com vários tipos de armas em cada local. Sinto um tremor pelo corpo. Olho para cima e vejo, através dos vidros, várias pessoas. Umas estão com algo na mão escrevendo nele, outros estão conversando entre si e uns apenas nos observam. Olho para Oliver que está fazendo o mesmo, seu rosto mostra preocupação. Maggie me olha e aponta para as diversas armas que se encontram na sala, abaixo os olhos e ela segura firmemente meu braço. Os homens que nos guiaram, nos mandar ficar em fila reta, de frente para um circulo no chão. Maggie continua segurando meu pulso. Esperando por uns minutos, a voz de Joseph Jenkins se anuncia no alto.
– Caros Escolhidos! – Sua voz soa com felicidade. Ninguém aqui em baixo está feliz. Olhamos ao redor e não encontramos nada. Olho para cima e o vejo através do vidro. Ele sorri. – Os ensinaremos como lutar, por isso, um instrutor entrará daqui uns segundos para lhes dar melhores instruções. – Meu estômago revira. – Se esforcem!
Parece brincadeira para ele. Me esforçar?
Duas pessoas atravessam o grande salão de armas. Uma mulher e um homem. A mulher é velha, baixa, dos cabelos brancos. Ela carrega algo nos braços. O homem é alto, magro, pele bronzeada e cabelo curto preto. Eles vestem jalecos estranhos, azul escuro. Estou tão perto de Maggie que sinto seu corpo tremer. Boto minha mão sobre sua mão no meu braço, aperto-a. Os dois se aproximam. O homem entra no círculo do chão e o círculo toma cor. O círculo fica azul, uma barra de ferro sobe dele; o homem toca a sua superfície e ele se abre, tomando a forma de um quadrado em cima da barra de ferro. A mulher fica ao seu lado, com algo preto e quadrado na mão; o objeto é um pouco maior do que sua mão.
– Eles são mais educados que os outros – comenta a mulher para o homem ao seu lado.
– Eu não estava aqui – diz ele, olhando para o quadrado á sua frente, falando sem tirar os olhos dele. – Então eu não poderia concordar ou não.
– Você está ranzinzo hoje, Darren – resmunga ela. – Está parecendo um velho. – Ela sorri, rugas se formam nos cantos de sua boca e olhos. – Ainda bem que é a última remeça. Estou cansada disso – diz ela, revirando os olhos.
– É. – Darren ainda mexe no quadrado, tocando. – Deve mesmo.
– Ah, vamos começar logo. – Ela se vira para nós.
A mulher anda até Rose e aperta seus braços, suas panturrilhas, suas coxas e sua barriga. Rose resmunga quando a mulher aperta seu braço direito.
– Preciso ver o quanto de músculos vocês precisam – diz ela, de frente agora para Mark.
Enquanto ela mexe em nossos corpos, ela mexe no quadrado em sua mão, como se estivesse anotando algo. Depois disso, a mulher se posiciona ao lado do homem. Ele sai do círculo e fica de frente para nós.
– Me chamem de Darren. Essa é Viollet. Seremos seus instrutores. Ensinaremos vocês á lutar.


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