Escolhidos escrita por Sahh


Capítulo 14
14


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura! ^~^



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Bato duas vezes na porta da casa de Edlund. Não estou passando mal. Ele é a pessoa certa para quem darei tantas informações. Confio em Oliver, mas não quero preocupá-lo com mais coisas. Ele têm passando pelo suficiente. Não que eu não confie em Roland, ás vezes, não gosto do jeito dele. Paul disse que Edlund sabe sobre a organização de Harvey e de Phelps. Quem melhor que ele para me esclarecer tantas duvidas?

Edlund abre a porta.

– Quero saber sobre o sequestro do filho de Paul – digo. Edlund levanta as sombrancelhas, em seguida, respira fundo.

– É melhor você ir pro bar. Oliver já te contou o que sabemos.

– Não contou, não. Têm algo errado aí. E quero saber.

– Já disse. Tudo o que sabemos já contamos ao Oliver, para ele te contar...

– Quero saber também sobre a organização de Harvey e Phelps – digo. Edlund se assusta, ele arregala os olhos.

– Como você sabe? – pergunta ele, olhando para trás de mim, em seguida, de um lado para o outro. Ele se afasta da porta. – Entra.

Ele coloca uma xícara de chá na mesa á minha frente. Pego-a e levo á boca. O chá está muito bom. Mesmo eu não sabendo de que ele é feito. Edlund coloca um pequeno prato com alguns biscoitos redondinhos. Pego um e levo á boca. Edlund se senta na poltrona ao lado do sofá, entrelaça os dedos sobre o colo e me olha.

– Sobre o que você sabe?

Conto á ele tudo o que Paul havia me contando na floresta. Conto também das minhas suspeitas. Eu já havia comido uns poucos biscoitos e tomado metade do chá. Coloco a xícara na mesa. Pergunto á ele se o sequestro do filho de Paul tem haver com o que houve na floresta. Ele nega.

– Já haviam planejado sequestrá-lo – diz ele. Se eu estivesse com a xícara na mão, eu a derrubaria.

– O-o quê?

– A organização têm investigado á fundo essas desaparecimentos. Eles descobriram uma certa lista de ¨Escolhidos¨ que contém os nomes de pessoas que seriam desaparecidas. Eles chegaram até a casa de Paul, só que tarde demais. – Minha cabeça gira. Demoro para digerir tudo isso. Impossível.

– Lista de quê? – pergunto, confusa. – O que eles querem sequestrando essas pessoas? – sussurro.

– Contém o nome de pessoas escolhidas para algo que a organização ainda não descobriu – conta ele. – Dentro do governo, têm alguém disfarçado para mandar recados para a organização. Mas algumas das informações são restritas, as que sabemos agora foram somente vazadas. – Edlund ajeita os óculos. Me arrependo de ter comigo os biscoitos, meu estômago revira. Um arrepio sobe pela minha espinha.

– Se eles têm uma lista... Quantos desaparecerão? Quem são?

– Isso eu não sei. Só sei o que acabo de lhe contar. O que tenho que fazer é saber se há um impostor ou se somente alguém do governo aparece por aqui do nada.

É informação demais para minha cabeça. Preciso respirar ar puro. Mas antes eu tenho que perguntar.

– Não... não têm nenhuma cura para a doença de Oliver? – Já sei a resposta, e é isso o que me deixa pior. Edlund balança a cabeça.

– Não sou um médico que possui muitos estudos. Mas o que eu sei, é que a doença dele já está avançando. E não iria adiantar se ele tivesse vindo antes, é algo que está no organismo dele há muito tempo. – Ele abaixa os olhos.

Engulo em seco. Oliver não queria que eu fosse na cidade. Eu iria pedir á um mercador. Balanço a cabeça. Não vou perder a esperança.

Levanto-me e vou em direção á porta.

– Eve – chama-me Edlund, me viro. – Você não pode contar isso para ninguém.

– Eu sei. – Abro a porta e saio da casa do doutor. Meu corpo treme. Minhas mãos soam. Não perderei a esperança.

Não volto pro bar. Ando pelas ruas cinzentas do vilarejo. Chuto uma pedrinha. Imagino o desespero de Paul. A tristeza em seu rosto. Em nenhuma vez eu o vi triste. Concentrada na conversa que tive há pouco, não notei que estava perto do poço, em frente á prefeitura. Curvo-me para olhar a escuridão do poço. Á minha volta estão tudo tão calmo.

Entro na cozinha do bar pelos fundos. Pego um copo de água. Sue está varrendo o chão perto do fogão.

– E aí, Eve. Está melhor?

– Sim.

– Ah, Brandon vai hoje á noite lá em casa. – Ela sorri. – Ele não está tão nervoso quanto antes.

– É. – Balanço a cabeça.

– Está tudo bem mesmo? – pergunta ela. Forço um sorriso.

– Claro. Vou ver se têm algo que eu possa fazer – digo e saio da cozinha.

Sento-me ao lado de Roland. Espero Joel se afastar das estantes. Observo-o ir á uma das mesas do canto do bar.

– Quando foi que pegaram o filho dele? – pergunto. Ele não demonstra reação alguma por eu estar falando com ele.

– Por que quer saber? – pergunta, olhando para as estantes de bebidas detrás do balcão.

– Paul é meu amigo – digo entredentes. – E é um desaparecimento suspeito, não acha?

– Não se sabe quando pegaram o filho dele – diz ele. – E não. Não pegariam o filho dele porque ele deu uns bons socos em uns carinhas do governo.

Roland cutuca o brinco em sua orelha. Claro que não pegaram o filho de Paul por isso. O nome do garoto estava numa lista, não é mesmo? Penso, com raiva. Sou curiosa demais, é isso que me atrapalha ás vezes.

– Você não está nem um pouco preocupado com Paul?

– Não é só por que estou aqui bebendo, não quer dizer que não me preocupo com ele. Mas o que posso fazer?

– Dar um pouco de apoio ao seu amigo, por exemplo. – Levanto-me e saio do bar.

Grande amigo, o Roland. Sento-me no banco azul. A cada dia, eu o odeio mais.

Já é de noite e venta forte. Eu tentava me ocupar com qualquer coisa para não ter que pensar em tudo o que aconteceu hoje. Tentava rir com as piadas de Joel, mas não dava certo. Não me interessei muito pelas mágicas de Elliot. E evitava Sue, gosto dela, mas ela é alegre demais para eu ficar perto. Eu não conseguia sorrir com nada.

Em casa, ajudo minha mãe á preparar o jantar. Meu pai está tomando banho e Oliver vai chegar á qualquer momento com Luke no colo.

– Estou tão feliz por Brandon e Sue – diz minha mãe, que acabara de colocar a panela na mesa. Olho para ela. Ela sorri enquanto coloca a colher na panela.

– Também estou. – Minha voz sai rouca. Tusso. – Ele parece mais bobo agora. – Minha mãe ri.

– Não minta. O que há de errado, filha? – Admiro minha mãe. O poder que ela tem de ler as pessoas. Suspiro. – É o Oliver. Eu sei... – Minha mãe parece mais nova agora. Ela suspira. – Filha, eu... – Ela não termina, só me olha nos olhos, com pesar. Eu entendo, é algo na qual não temos o que falar, somente lamentar.

– Tia – chama alguém. Olho para o lado e Luke está sorrindo, estendendo os braços para frente, para minha mãe. Oliver o segura sorrindo.

– Oi, Luke. Deu trabalho pra tia hoje não, né? – pegunta minha mãe, sorridente. Luke balança a cabeça negativamente. Oliver coloca Luke na cadeira alta, passa por mim e toca levemente minha mão, e sai da cozinha.

Sento-me ao lado de Luke. Pego sua mãozinha gorducha. Ele aperta meu dedo. Ele não sabe, mas esse pequeno aperto me conforta. Levo meu dedo com a mãozinha de Luke nele e beijo seus dedinhos. Sinto meus olhos lacrimejarem. Não vou chorar. Limpo meus olhos com os dedos.

Começamos nosso jantar. Minha mãe pergunta á Oliver como ele está. Ela não quer me magoar, ela só está preocupada com ele. Oliver diz como está. Não faço nada a não ser levar a colher á boca, com os olhos no prato. Não levanto os olhos quando Oliver diz que está bem. Sei que ele não está, ele só não quer preocupar meus pais. Ficamos em silêncio uns segundos.

– Ah, está tão quieto. Esqueci que Brandon tem uma sogra agora – comenta meu pai, rindo. Minha mãe ri. Olho pro lado, Oliver está levando a colher á boca de Luke. Minha mãe me olha, sorrio.

Minha mãe se levanta para tirar a mesa, meu pai a ajuda.

O que acontece em seguida, me deixa totalmente confusa. Várias pessoas entram pela porta da cozinha com um macacão cinza, cobrindo-os dos pés ao pescoço, com algo no rosto que o tampava. Com os gritos de minha mãe, o choro de Luke, entro em desespero. Umas das pessoas de macacão cinza joga algo redondo no chão, onde faz sair uma fumaça branca. Olho em volta e meus pais parecem desnorteados. Minha mãe cai no chão, quebrando o prato que havia em sua mão. Meu pai tenta chegar até minha mãe e ele cai também. Eu tento levantar da cadeira, ir até eles, mas eu me sinto mal. Levanto-me da cadeira, sem forças nas pernas, caio da cadeira e fico de joelhos no chão. Eu não sei o que fazer, eu só sinto o cheiro forte dessa fumaça que me faz tossir. Boto a mão no nariz. Respirando com dificuldade, eu tento me arrastar para a porta, o cheiro é forte, preciso de ar puro, chamar alguém para nos ajudar. Faris sai correndo da cozinha, latindo alto. Engatinho até a porta da cozinha, olho para trás e vejo Luke com a cabeça encostada na cadeira alta. Oliver está ao lado de Luke, segurando-se na cadeira alta. Tudo á minha volta gira, eu só vejo sombras nos cantos dos olhos, pisco o olho várias vezes e perco as forças dos braços. Caio de cara no chão.


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