Escolhidos escrita por Sahh


Capítulo 13
13




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Terminado com as bandejas, volto pro balcão. Sue estava cozinhando e cantarolando na cozinha quando passei por lá. Joel está jogando dardos no alvo, a maioria não era no centro, nenhuma era. Joel vira e sorri.

– Antes, eu conseguia acertar o alvo até de costas – diz ele, e sorri.

– Eu lembro. Foi você quem me ensinou – digo sorridente.

– Vem cá. Vamos ver se você continua tão boa quanto antes.

Me levanto do banquinho e contorno o balcão. Joel me entrega três dardos vermelhos, contorna o balcão e senta no banco. Pego um dardo e seguro-o na frente do rosto, a parte fina do dardo virado pro alvo. Um pé na frente e outro atrás. Faço movimentos de vai e vêm com o dardo e, com força, solto-o. O acerto no centro vermelho do alvo. Joel bate palmas. Me viro para ele e o vejo sorrir.

– Continua boa – diz ele. Sorrio.

Volto minha atenção para o restante dos dardos. O segundo dardo acerto do lado esquerdo do anterior e o último acertei do lado direito do alvo, deixando os três dardos em linha reta. Eu não brincava com os dardos já faz um tempo. Quando eu era mais nova, vinha aqui para observar meu pai trabalhar e ficava rindo das piadas de Joel, via as mágicas de Elliot e acertava os dardos no alvo. Claro, no começo eu era péssima, acertava perto da janela, nunca no alvo. Com um pouco mais de treino, acertava no alvo e dificilmente errava uma. É algo na qual sou realmente boa. Eu meio que me chatiava quando via que Oliver acertava tão bem quanto eu. Ele havia desistido de acertar dardos, isso eu ainda não entendo, ele gostava bastante.

– Impressionante, Eve – diz Joel. Me viro e sorrio. Oliver tinha colocado um copo na mesa da senhora Jones e sorri. Joel olhou para trás, seguindo meu olhar. – Tenta lá, garoto. – Joel aponta para o alvo. Oliver hesita. Ele me olha apreensivo. Giro o corpo e ando até o alvo. Tiro os dardos e vou até Oliver, que havia paralisado no lugar. Pego sua mão e coloco os dardos. Pisco o olho.

– Vai lá. – Sorrio. Ele sorri e vai em direção ao balcão. Deixado a bandeja de lado, Oliver se prepara para acertar o primeiro dardo. Oliver acerta bem no alvo. O segundo é lançado á três centímetros do alvo. O terceiro dardo foi lançado entre o primeiro e o segundo dardo. Oliver está muito bom no dardo para quem havia desistido dele.

Oliver, em seguida, volta ao trabalho. Joel volta a arremessar os dardos. Eu o observo e balançava a cabeça e sorria sempre que ele fazia uma piada por ser ruim com os dardos. Eu ainda estou preocupada, por que Oliver foi no doutor e não me disse nada? A ideia de ele ter piorado assombra meus pensamentos. Perguntas na qual respostas não encontro. E se ele estiver chegando perto de morrer? Eu não vou aguentar.

Já está tarde e o bar está prestes á fechar. Hoje teremos um jantar com a mãe da Sue.

Olhando para o céu estrelado da janela do meu quarto, espero pelo jantar. Minha mãe é ótima na cozinha, uma pena que eu não seja tão boa quanto ela. Alguém bate na porta do meu quarto, digo que já vou, coloco um jeans e uma blusa branca amarrotada e grande demais pra mim. Vou para a mesa da cozinha e me sento.

Brandon não parece tão nervoso quanto antes, talvez Sue o tivesse acalmado um pouco. Sue é bonita igual a mãe. A diferença entre elas é a altura e as rugas nos cantos dos olhos da mãe da Sue, Rebecca. Ela é alta, olhos escuros e cabelos encaracolados. Ela parece ser uma mulher de ótimo humor. O jantar corre normalmente, no final, Brandon repete mais uma vez suas palavras á Sue, acrescentando umas coisas á mais. Rebecca abençoa eles. Ela ficou realmente feliz com os dois juntos.

Brandon acompanha Sue e Rebecca á sua casa. Meu pais foram dormir, enquanto eu e Oliver tiramos a mesa. Coloco uns pedaços de carne no pratinho de Faris na sala. Volto á cozinha, lavar á louça.

Enquanto lavo a louça, Oliver as enxuga e coloca no armário. Eu não quero perguntar á ele sobre ele ter ido ao doutor, quando ele achar que deve me contar, ele me contará. Oliver disse que não mentiria para mim. Ele deve achar que eu vou atrás de algum médico na cidade. Impossível não pensar nisso. Mas respeitarei a vontade dele.

Oliver para de enxugar o prato e desvia o olhar para mim. Ele não está triste, muito menos feliz.

– Você é amiga do Paul. Precisa saber.

– Paul? O que preciso saber? – pergunto apressadamente. Largo a esponja e a colher na pia. – Eles pegaram Paul? – Isso não sai mais do que um sussurro.

– Eles? Não, sequestraram o filho dele. Do que é que você sabe? – Oliver me olha intrigado. Eu não havia contado á ele sobre o nosso encontro com o pessoal do governo na floresta.

Lavo minhas mãos, deixando a louça de lado. Sento-me na cadeira, ele também. Conto tudo o que aconteceu na floresta. Tudo o que eu não havia contado. Ele me houve atentamente.

– Oliver, e se pegaram o filho dele pelo o que aconteceu na floresta?

– Não sei. Eles não fariam algo assim por tão pouco.

– Mas não podemos esquecer que o pessoal do governo não quer ninguém na floresta – digo. Oliver sabe de algo. – O que você sabe sobre o governo?

– Só o que você me disse – diz ele. – E o que o mercador Roland me contou.

– Roland?

– Ele me disse quando eu fui no doutor... Ele disse para lhe contar, porque você é amiga de Paul.

Sinto um peso na boca do estômago. Oliver está pior de saúde. O filho de Paul foi pego. Como e por quê? Abaixo os olhos.

– Eve, eu estou bem – diz Oliver. Levanto os olhos. – Fui no doutor porque eu só precisava de um remédio para abaixar a febre do Luke. – Olho para Luke, sentado na cadeira alta, com a cabeça encostada, quase dormindo. Levanto-me e o pego no colo.– A febre dele abaixou. O doutor me deu o remédio – fala Oliver.

Levo Luke até o sofá e o cubro. Volto á cozinha, Oliver está lavando o resto da louça. Pego o pano e começo á enxugar os pratos. Pergunto ao Oliver como souberam que o filho de Paul foi sequestrado. Nessie passou por aqui e contou á Roland.

Obrigo Oliver á comer algo. No jantar, eu notei que ele não havia tocado no prato. Ele resmunga, recusa, mas no fim, limpa o prato. Brandon chega e vai se deitar no colchão.

Minha cabeça dói. Paul não merece isso. Ainda acho que sequestraram o filho dele por causa do que houve na floresta. Fecho os olhos com força. Me viro na cama e encaro a parede no escuro.

Têm desaparecido jovens nos vilarejos. Tem algo científico do governo na floresta. O pessoal do governo estava na floresta. O filho de Paul foi sequestrado pelo pessoal do governo. O que farão com ele e com todos os outros jovens sequestrados?

Encaro a parede com a cabeça girando.

Está sendo uma tarde tranquila no bar. Roland está sentado ao meu lado, encarando sua bebida. Ele havia entrado no bar, trocado umas palavras com Steel e se virado ao balcão. Me disse um ¨oi¨, algo que eu não esperaria dele, e sentou-se ao meu lado. O momento é crítico, mas não dei importância se ele falou ou não comigo. Paul é nosso amigo.

Joel me chama para acertar dardos. Não é uma má ideia, é mas uma distração.

Acerto com força o primeiro. A ponta do dardo perfurou mais do que devia no alvo. Paul não merece algo assim. O segundo dardo é arremessado ao lado do primeiro. Sequestraram o filho dele, assim como os outros jovens. O terceiro dardo bate no alvo e cai no chão. O governo não se importa com ninguém.

– Faz tempo que não a vejo errar um dardo. O que há? – diz Joel, sentado no balcão. Ele está certo, faz muito tempo que não erro um dardo. Minha cabeça gira com tanta informação. Para quem contarei?

– Hum, eu estou um pouco mal – digo.

– Pode ir ao Edlund, se quiser.

– Irei – digo.

Saio do bar. Antes de sair, digo ao meu pai e ao Oliver que é só um mal estar. Atravesso a rua, em direção á casa de Edlund.

Provavelmente o pessoal do governo nem sabe que existem vilas espalhadas pela sua floresta. Se sabem, são egoístas o bastante a ponto de nos deixar de lado. É claro que sabem sobre os vilarejos. Eles são egoístas.


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